Assassin's Creed: Omnis Licitus escrita por Meurtriere


Capítulo 14
Friday


Notas iniciais do capítulo

Esse cap foi polêmico no outro site que posto porque ficou grande e o povo de lá parece que não gostou. Pensei em dividir, mas realmente não achei um momento certo em dividir esse cap. Então ta aí o maior cap da fic até o presente momento.



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— Isso definitivamente não dará certo. – Jenny encarava Bonny que lhe sorria como se tivesse apena pedindo para fechar a janela, pois estava muito frio. – Não pode está falando sério... Achilles é muito atento e como você acha que eu conseguiria chegar perto o suficiente para pegar qualquer coisa dele?

Anne cruzou os braços e alargou o próprio sorriso, sem precisar dizer uma palavra se fez compreendida pela jovem que a fitava boquiaberta.

— O que te faz pensar que Achilles prestaria atenção em mim? – Ela voltou a se observar no espelho, talvez ele até notasse essa Jenny diferente que estava a sua frente.

— Ora, se Sexta-feira prestou atenção mesmo você andando em trapos de pele e toda suja...

A assassina relaxou os braços e aproximou-se dela, deixando o rosto sobre o ombro esquerdo da menina. A Kenway corou instantaneamente e desviou o olhar dos dela, mesmo que fosse pelo espelho.

— Sexta-feira é diferente... – Foi tudo o que ela conseguiu pensar e concluíra que não fora bom o bastante.

— Não duvido. – A ruiva lhe deu as costas, aliviando a tensão de seu corpo. – Entenda Jenny. Os Templários comumente andam rodeados de capangas e mesmo agindo nas sombras é difícil encontrarmos brechas para um assassinato bem sucedido. Por isso precisamos aproveitar todas as oportunidades. Isso lhe será útil em um futuro não muito distante.

Jenny permaneceu calada e ouvindo-lhe atentamente. É claro que toda aquela explicação fazia sentido, era válida e Bonny certamente tinha experiência suficiente para lhe garantir isso. Não havia como rebatê-la. Sem ouvir uma resposta, a ruiva prosseguiu.

— Soube que hoje haverá a cerimônia para Achilles tornar-se um assassino. E eu trouxe rum suficiente para toda Tulum beber, então a principio apernas certifique-se que ele irá beber o suficiente para sorrir. Isso se ele souber sorrir.

Elas riram juntas, como duas amigas confidentes que acabaram de compartilhar segredos. Bonny era o ponto descontraído daquele grupo de assassinos. Adewale estava sempre muito centrado em sua missão de libertar os escravos e sério nas poucas vezes em que Jenny o vira. Ah Tabai não parava um minuto de ensinar, tudo o que fazia deveria servir como exemplo. Rir não estava entre essas coisas.  Sexta-feira era tranquilo como Anne, mas ele era sorridente até demais. Talvez depois de ter sobrevivido tanto tempo ilhado a vida lhe parecera mais bela do que para a maioria das pessoas. Ele era grato pelo simples fato de estar vivo. Os outros noviços conversavam algumas vezes com ela, porém eram assuntos sobre o credo, sobre a história dos assassinos e suas habilidades. Mas a antiga quartel mestre de Edward chegava a ser libertina. Ainda que conversasse sobre coisas do credo ou suas missões sua expressão nunca era tão séria como a de Adewale ou Ah Tabai. Sua voz nunca era fria e falava sobre qualquer coisa, desde homens a assassinatos de maneira tão simples que fazia parecer que tudo era uma grande brincadeira.

Jenny caminhava até a saída da cabine quando um lampejo lhe cortou a mente, uma curiosidade peculiar.

— Bonny, diga-me. Você já fez isso com o meu pai? - Ela virou-se para encarar a ruiva frente a frente. – Quero dizer, já o seduziu?

A mais velha arqueou a sobrancelha e um sorriso discreto no canto de seus lábios quase passou despercebido.

— Tantas vezes que já perdi as contas. Agora vá. – Ela sinalizou com a cabeça para que a menina andasse adiante e assim a Kenway o fez.

Chegando no “acampamento” dos assassinos, Jenny vira pela primeira vez os noviços como jovens normais se divertindo. Aparentemente a cerimônia com as palavras e o juramento do credo já havia passado e Achilles trajava um manto diferente, maior e com alguns detalhes azuis sob a cor parda predominante em toda a sua roupa. A veste era bonita, mas não combinava com Achilles aos olhos da menina.

Em outro canto Sexta-feira conversava alegre com outros noviços que bebiam o rum dado por Bonny. Seu coração se apertou ao vê-lo, pois queria seguir para ele e ficar ali conversando. E o que ele iria pensar quando a visse se aproximando de Achilles? Dentre os jovens que ali treinavam seu amigo era o único que fora capaz de derrotar o agora mestre assassino Davenport. Ele lhe explicou na ocasião que contra alguém grande a melhor arma é a velocidade, pois corpos grandes tendem a ser mais lentos e um tanto mais desengonçados.  Isso se mostrou verdadeiro quando ambos se enfrentaram na arena. A mais longa das lutas pelo o que ela se lembra.

—x-

O sol naquele dia tomara os céus determinado a derreter todos sobre a face da Terra, o que tornava a floresta de Tulum úmida e abafada. Para Jenny parecia um grande banheiro repleto de vapor quente e água. A parte boa era que em dias como aquele ela e Sexta-feira nadariam até se exaurirem por completo, contudo hoje era uma exceção. Ah Tabai gostava de treinar todas as habilidades de um assassino em todos os seus recrutados e Sexta-feira não era exceção, ainda que ele tivesse sido incumbido de treinar a jovem Kenway, suas habilidades também mereciam treinamento.

Todos os dias havia luta no acampamento, a maioria chamava pouca atenção e outras eram mais aguardadas, o exato caso daquele dia. Pela primeira vez Sexta-feira lutaria contra Achilles, o prodígio favorito de Ah Tabai. Davenport vencera todos os outros noviços e sua luta com Sexta-feira fora adiada porque este partira ao mar com Bonny e Adewale atrás de Edward a pedido do próprio Adewale. O ex-contra mestre do assassino pirata criara grandes expectativas para o rapaz.

Todos os iniciados aglomeraram-se ao redor do que eles chamavam de arena, alguns estavam nos galhos próximos ao espaço em que a lutaria aconteceria. Jenny que ainda era incapaz de subir em árvores como os outros se dirigiu AO limite da arena. Ambos já estavam lá, sob a terra batida e dura, resultado de muitas quedas e pisadas. A arena era circular e teria por volta de seis metros de diâmetro.  Achilles permanecia inerte no extremo norte da arena enquanto Sexta-feira estava no extremo sul. Ah Tabai observava tudo do lado contrário de onde a Kenway estava, sério e com as mãos para trás.

Sexta-feira preparou-se nos últimos dias para a luta, reservando a noite para treinar sozinho. Em uma das noites ele trouxe uma onça de volta morta por estrangulamento, ainda com as marcas dos dedos dele no pescoço. Sexta-feira não confessara, mas ela sabia que ele não foi atacado, ele foi atrás dela para medir a própria força e agilidade. Achilles, por outro lado, era muito solitário e de poucos amigos e palavras. Jenny não era próxima o suficiente para saber se o rapaz treinou de maneira diferenciada ou não.

Ah Tabai ergueu ambas as mãos, chamando a atenção para si. Os murmúrios cessaram vagarosamente até que o único som do local fosse a brisa e o farfalhar das folhas das árvores.

— Ambos conhecem as regras. – Os dois acenaram com a cabeça sem desviar o olhar um do outro. – Que vença o melhor.

Os lutadores deram dois passos para frente cada um e rodearam a arena sem olhar para nada a não ser o adversário à frente. Jenny calculava as diferenças entre um e outro. Achilles era uns quinze centímetros mais alto que Sexta-feira, além de ter o tronco mais largo e musculoso. Seu amigo por outro lado, era esguio, seus músculos não era tão evidentes, mas ela sabia que estavam lá. Para um homem negro, Sexta-feira poderia até ser considerado baixo, já que era praticamente da mesma altura que Jenny.

Ambos estudavam-se a cada passo dado para o lado, cada respiração. O calor fazia todos suarem, e era possível ver gotículas escorreram pelo rosto de Achilles. Sexta-feira avançou mais um passo e seguidamente Achilles avançou, mas não um passo e sim com o punho direito. Seu adversário esquivou-se por debaixo de seu braço para a esquerda e aproveitando-se do movimento desferiu uma cotovelada nas costas de Achilles. Por segundos, Sexta-feira ficou de costas para seu adversário, mas Davenport ainda recuperava o equilíbrio do soco mau sucedido e por isso também estava de costas para Sexta-feira.

Jenny sorriu discretamente. A maioria dos noviços apostou na vitória do prodígio, muito porque Sexta-feira passava a maior parte do tempo com a Kenway, nadando ou treinando escaladas nas árvores no meio da mata. Já Achilles permanecia mais no acampamento, treinando luta diariamente, tanto armado quanto desarmado. Era bom em ambas. O melhor talvez. A jovem deveria ser a única que via Sexta-feira treinar de perto, ela tinha ciência de sua agilidade não só para se mover, mas para pensar também.

Achilles virou-se de frente para Sexta-feira enquanto este dera um passo atrás, mantendo a mesma distância de antes. Seu movimento a frente fora uma armadilha. Ele sabia que Davenport atacaria na primeira oportunidade que visse sem pensar duas vezes. E seu soco era potente o suficiente para desacordar alguém quando bem colocado. Provavelmente julgou que pelo peso e estatura, Sexta-feira não teria resistência suficiente para aguentar. Mas viver anos sob a tênue linha que divide a vida e a morte em uma ilha deserta lhe promovera mais resistência e astúcia do que Achilles podia prever.

Contudo, agora ele agiria com mais cautela, seus olhos estreitos demonstravam que estava estudando seu adversário mais detalhadamente. Sexta-feira tinha olhos espertos e brilhantes, combinavam com seu sorriso descontraído, dando-lhe um charme diferente dos outros noviços. Mas não era hora de Jenny pensar naquilo. Com a guarda levantada, Achilles avançou e desferiu uma sequência de socos rápidos, primeiro com a direita, esquerda, direita e por fim mais um com a direita. Desta vez ele fora mais esperto. Sexta-feira desviou-se para a esquerda, direita, esquerda e direita. O último soco lhe atingiu a face em cheio e o fez cambalear para o lado, quase perdendo o equilíbrio e caindo no chão. Sem esperar, Achilles partiu para cima da Sexta-feira que ainda estava zonzo e curvado para frente, lhe desferindo uma joelhada no estômago. O jovem cuspiu um pouco de sangue e afastou-se uns três passo para trás, desta vez olhando para Davenport. Um filete de sangue escorreu de seu nariz e ele apenas limpou com as costas da mão. A luta estava sendo mais difícil do que ambos calcularam.

Jenny mordeu o lábio inferior tentando controlar o próprio nervosismo. Sexta-feira lhe ensinou pouco sobre lutas e seu pai não lhe ensinou nada. Cansado de esperar, Achilles avançou novamente, mas em vez de desviar para os lados, Sexta-feira recuava a cada soco, cedendo espaço para o seu adversário. Quando ele chegou ao limite sul da arena esperou pelo soco e quando este veio, ele segurou o punho de Davenport e girou o seu corpo para dentro do alcance de Achilles. Este que estranhou o avanço usou o outro braço para prender Sexta-feira. Seu erro. Sexta-feira pisou no pé do mais velho e deferiu-lhe uma cotovelada no estomago. Achilles o soltou, mas Sexta-feira virou-se de frente para ele e chutou com o solado do pé direito na rótula do joelho de Davenport com toda a força que tinha, foi possível ouvir um estalo. E quando ele voltou a apoiar o pé que usou para chutar no chão, aplicou uma rasteira na perna que sustentava maior parte do peso de Davenport. O maior caiu, seu joelho estava acabado e não tinha mais condições de manter-se em pé.

— Está acabado. Sexta-feira é o vencedor. – Ah Tabai adentrou na arena ao pronunciar aquelas palavras.

Alguns noviços adiantaram-se em ajudar Achilles a se levantar. Sexta-feira deixou a arena sem dizer uma única palavra e Jenny foi atrás dele.

— Parabéns. – Ela esforçava-se para alcançar o ritmo dele.

— Foi sorte... – Ele respondeu rumando até a praia a passadas largas. – Ele não sabia como eu lutaria, por isso não atacou.

Sua voz não era leve como sempre, estava sério como ela nunca o vira antes.

— Espere. – Ela correu até alcança-lo e conseguir segurar em seu braço. – Me deixe ajudá-lo.

Sexta-feira parou e virou-se para fita-la, estavam no topo do declive, o mar estendia-se no horizonte e o sol já se punha, dando tons alaranjados para o céu que se enegrecia aos poucos.

— Seu rosto já está inchando. – Jenny tateou o lado da face em que ele fora atingido.

— Obrigado... Por se preocupar e não pelos parabéns. – Ele a olhou de canto e sorriu singelamente. Estava voltando a ser o Sexta-feira de sempre. – Eu não gosto de lutar sem um bom motivo.

— Não se preocupe. Seu rosto irá ficar bom logo. – Jenny lhe deu um sorriso e ele riu da piada.

— Não acho que vá fazer diferença mesmo.

— Mas é claro que vai. Eu gosto de como é o seu rosto. – Eles ficaram calados pelo resto da noite apreciando o mar.

— x –

Jenny desviou o olhar de Sexta-feira e balançou a cabeça para espantar aquela lembrança. A Kenway pegou uma garrafa e um copo sobre uma mesa que estava ao seu lado e seguiu o seu caminho com os olhos fixos em Achilles que estava a poucos metros a sua frente recebendo felicitações de alguns noviços.

— Parabéns pelo manto. – Ela despejou um pouco de rum no copo. – Ele ficou muito bem e você. – Mentiu e sorriu.

— Obrigada. – Davenport arqueou a sobrancelha ao fita-la. – Você também está... diferente.

— Uma ocasião especial como esta merecia algo mais requintado. Aliás, merece mais do que isso, merece um brinde. Tome. – Ela estendeu a mão com o copo cheio de rum. – Brindemos.

— Não acho que seja para tanto, além disso... – Jenny o cortara antes que pudesse finalizar sua objeção.

— Achilles... – A jovem se pôs ao lado dele e laçou o braço entre o braço dele e seu tronco robusto. – Logo você irá partir e deixar-nos para trás. Sabe-se lá quando poderás rever seus velhos amigos de novo. Isso se nos vir novamente. – No fundo ela esperava nunca mais ter que vê-lo.

Para encorajá-lo, a jovem levou a garrafa à boca e tomou um gole de rum. A viagem de Londres até ali lhe dera certa resistência ao álcool, pois era tudo o que tinha para beber a bordo do Gralha. Davenport considerou o discurso da menina e bebeu o conteúdo de seu copo. Sua careta obrigou-a a conter o riso atrás da garrafa.

— Não se preocupe, melhora depois do terceiro copo.

Ela voltou a encher o copo dele e fingiu tomar mais um gole diretamente da garrafa. Quando Jenny abaixou a garrafa novamente o seu falso sorriso se desfez ao encarar Sexta-feira um pouco mais frente a olhando seriamente. A olhando de uma maneira que ela nunca vira antes.

— Como vocês piratas conseguem tomar isso? – Achilles tirou a atenção dela de Sexta-feira ao esvaziar o segundo copo. Jenny voltou a rir.

— Pronto para o terceiro copo? – Ela ignorou sua pergunta e fingiu sua diversão ao encher o corpo dele mais uma vez, mesmo quando seu coração estava despedaço.

— Você está diferente.

— É, você já disse isso. – Ela levou a garrafa à boca, mas desta vez tomara um gole de verdade do rum. Talvez a bebida a alegrasse de verdade.

— Não. Você não parece mais uma menina. Parece crescida e... – Davenport bebeu mais um copo. – Bonita.

Esta era a hora que ela temia. Achilles provavelmente nunca bebera na vida, se bebeu certamente foi muito pouco. Bonny havia lhe advertido que cinco copos talvez já fosse o suficiente, mas parece que no caso dele quatro estava de bom tamanho. E agora ela não podia recuar.

— Obrigada.

Ela virou-se para ele e o olhou nos olhos, Achilles manteve-se de frente para ela e retribuiu o gesto. Jenny aproximou-se mais e quando já sentia o bafo de rum dele próximo a sua boca ela fechou os olhos e virou o rosto rapidamente para dar um beijo demorado sobre a face dele. Não havia como ela fazer aquilo com ele. Ela não podia dar seu primeiro beijo em Achilles Davenport. Não era ele que desejar beijar. Sua mão leve desfez o nó na corda azul que estava acima do seu quadril, mas ele estava atônito demais ao toque dos lábios dela para perceber qualquer movimento. Jenny rapidamente escondeu a corda pela a fenda da saia e afastou-se dele sorrindo.

— Você está bonito também. – Ela desviou o olhar fingindo certa vergonha ao lhe falar aquilo, mas na verdade não queria que ele percebesse que estava mentindo. – É melhor eu ir... Até mais.

A Kenway lhe deu as costas e caminhou tranquilamente até um grupo de noviços que estava ali perto, misturando-se na conversa sem demora. Ela procurou Sexta-feira com os olhos por todos os lados, mas não o viu mais em lugar algum.

Passado algum tempo, muitos iniciados já haviam pegado no sono. Achilles era um deles. Poucos arrumavam a bagunça que ficara no local e Jenny foi até o Gralha atrás de Bonny. Já era meia noite e os marujos estavam todos largados na areia rodeados de garrafas vazias de rum. Ela passou por sob os corpos que roncavam alto e subiu até o convés do navio. Anne estava sentada, apoiando as costas no mastro principal olhando as estrelas. Seu sorriso se abriu ao ver a menina se aproximar.

— Bem vinda de volta. O que conseguiu? – Seus joelhos estavam levantados e suas pernas abertas, mas trajava calças em vez de saia naquela noite.

— Espero que sirva. – Jenny lhe jogou a corda azul que amarrava o manto de assassino de Achilles para a ruiva que a agarrou no ar.

— Tirou toda a roupa dele ou só isso? – Ela sorriu maliciosa.

— Não me faça imaginar algo terrível como isto. Então, passei ou não em seu teste? – Sua voz saiu ríspida e com pouca paciência.

— Por hora sim. Mas o que houve? – Ela arqueou a sobrancelha curiosa com a reação da jovem e deixou a corda de lado. – Não pode ter sido tão ruim assim.

— Você viu o Sexta-feira? - A expressão da assassina transformou-se ao ouvir aquela pergunta. Sua feição tornou-se amena e ela ergueu-se. Bonny percebeu que desde o começo a proximidade entre Sexta-feira e Jenny era muito mais íntima do que deveria ser entre dois jovens que mal se conheciam. Ela viu o rapaz olhando para menina e sorrindo abobalhado por nada. Enquanto Jenny sempre ia atrás dele para conversar ou simplesmente passar o tempo fazendo nada na companhia dele.

— Sexta-feira viu vocês? – Jenny não lhe respondeu e desviou o olhar de volta a para areia.

— É melhor devolver isso para o Achilles amanhã. Eu não pretendo olhar para ele depois do teatro de hoje.

A jovem deu as costas para Anne e deixou o navio rumando de volta para o acampamento. Ela precisava encontrar Sexta-feira. Ao invés de permanecer abrigada, a Kenway adentrou a mata fechada atrás do amigo. Ela não podia chamar por seu nome e precisava ser discreta. A noite era a hora preferida de caça para as onças. Saltando de árvore em árvore ela vasculhou todos os cantos de que se lembrava. Já desanimada com a busca ela voltou para ruínas e ficou sobre o pilar que ele subiu no primeiro dia dela lá.

— O Rum acabou?

A voz lhe surpreendeu, mas não a assustou. Era a voz de Sexta-feira. Ele estava sentado entre algumas pedras desgastadas há alguns metros abaixo dela.

— Sexta-feira... – Ela desceu o mais rápido que pode e foi até sua direção cautelosamente, como se aproximasse de algum animal selvagem. – Eu não estava fazendo o que você pensa que eu estava.

— E o que eu estou pensando exatamente Jennifer? – A Kenway engoliu a seco, ele nunca a chamava assim.

— Que eu estava flertando com Achilles. – O que de certa forma não era mentira.

— E estava. Não pode negar isso. – Sexta-feira não a encarava, olhava para o vazio da escuridão noturna.

— Não posso. Mas posso lhe explicar o motivo para isso. – Ela respirou fundo. – Bonny pediu para seduzir o Achilles e lhe furtar algo sem ser percebida. Disse que era uma lição importante que eu deveria aprender para usar em missões futuras.

Sexta-feira a fitou de relance, avaliando se devia ou não acreditar naquilo. Jenny nunca mentira para ele antes e ele poderia confirmar com a assassina mais velha depois.

— E você conseguiu? – A jovem lhe assentiu. – E como você fez para que ele não visse suas mãos? Já lutei com Achilles sei como ele é atento.

— Ele fechou os olhos quando eu o beijei no rosto. – Ela desviou o olhar dele, estava ficando envergonhada. – Acho que ele pensou que o beijaria de verdade.

— E não beijou? – Jenny negou com a cabeça e voltou a olhá-lo de frente. – Por quê?  - Ela se sentou ao seu lado e fitou seus olhos cor de avelã.

— Porque não era ele que eu queria beijar.

A garota não espertou uma resposta de Sexta-feira, ela aproximou seu rosto do dele até que não houvesse distância entre seus lábios e os deles. Seus olhos se fecharam e ele a retribuiu intensivamente. Afinal não era de hoje que o rapaz queria beijá-la daquela maneira.


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Notas finais do capítulo

Eu não me acho boa escrevendo lutas, mas essa em específico mesclei algo que li no Divergentes (livro que lia na época que escrevi esse cap) e com algo que aprendi no seriado Prison Break. Me conte se ficou bom ou não. Aliás, me de dicas -Q

OBS.: Ontem e somente ontem percebi que o Haythan pode voltar em qualquer momento da vida dele, pode voltar na época de criança se a maçã quiser. Ou adolescente etc, o que me deu a ideia de que na verdade o final ficará entre aberto para uma nova história ser refeita a partir do Haythan e suas escolhas (já que agora ele sabia nas consequências que cada escolha poderia levar). Se for isso, será um ciclo sem fim (8)

OBS.: A observação acima só é/será/foi entendia por um pessoa em específico. Se você que le/leu isso não entendeu, relaxa.



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