A Janela, A Árvore, O Garoto escrita por God Save The Queen


Capítulo 3
Capítulo 3


Notas iniciais do capítulo

Minha avó acha que eu estou dormindo... aaah, tenho pena dela!
Espero que gostem! ♥



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– Então, Nathan, o que faremos primeiro? - perguntei.
Tínhamos acabado de chegar em seu quarto, eu mal tirei a bolsa do meu ombro, Nathan já tinha me dado uma caixa.
– Faz um favor pra mim? Tira as coisas dessa caixa.
– Quanto carinho. - ele sorriu e pegou outra caixa.
Na caixa que estava na minha mão, tinha várias fotografias e mapas. Eu fui tirando uma a uma e observando a semelhança entre elas, todas eram de lugares marcados nos mapas. Sentei no chão e espalhei as fotos pelo chão. Tinham lugares famosos e comuns como Inglaterra, França, Itália, Austrália, Holanda e outros. Mas também tinha lugares famosos e inusitados como Tailândia, Indonésia, Pequim, Marrocos, Egito e vários outros.
– O que é isso, exatamente? - perguntei. Nathan me encarou constrangido como se estivesse na defensiva.
– Isso é... Hum...
– Você já foi a todos esses lugares? - ele sentou ao meu lado e pegou algumas fotos.
– Na verdade não. - eu percebi que tinha algo a mais nessa história.
– O que aconteceu? - perguntei - Qual é a história?
– Meu maior sonho é conhecer todos esses lugares para descobrir o lugar mais feliz do mundo. - eu o encarei por um tempo e tentei entender a profundidade do que me disse.
– Você quer descobrir a felicidade do lugar ou quer encontrar o lugar que você será mais feliz? - ele ficou um tempo em silêncio.
– Como você consegue me enxergar dessa forma? - perguntou e eu sorri.
– Talvez porque você seja assustadoramente parecido comigo.
– Você não é feliz, Jessica? - eu tentei entender a sua pergunta e descobrir um jeito de respondê-la.
– Eu amo a minha mãe e amo a Charlotte, minha melhor amiga. Isso me faz feliz, mas sinto que aqui não é o meu lugar.
– Jessie, você mesmo me disse que ficava sozinha por opção.
– Eu sei o que eu disse, mas isso é mais ou menos verdade.
– E por quê? - eu ri dessa pergunta.
– Ah fala sério, Nathan. Olha pra mim!
– Estou olhando. - e estava mesmo, seus olhos me encaravam com tanta clareza e atenção que eu não conseguia desviar o olhar.
Depois de um tempo desse silêncio constrangedor, levantei e peguei outra caixa.
– Você ainda não me respondeu, Jessica.
– Não é que eu me ache feia. - comecei sem olhar pra ele. - Mas não faço o estilo "líder de torcida".
– O que quer dizer com isso?
– Ah você sabe. Eu não faço o estilo nerd de filme com óculos e aparelho, não me acho feia e não faço de tudo pra ficar, mas mesmo assim não sou linda. - Nathan demorou um pouco pra responder, talvez não soubesse o que dizer.
– Jessica, se você se sentir bonita, vai ser. Pelo menos é isso que a Oprah diz. - eu ri e comecei a levar as suas roupas para o closet.
– Não é assim tão simples, Nathan. Eu me acho comum, só isso.
– E é aí que está o problema. - não respondi.
Não é que eu não goste de mim como sou, eu só não gosto mesmo. Ser normal não é nada demais, já me acostumei a mesmice. Ficamos em silêncio por bastante tempo, eu praticamente já tinha terminado de arrumar as roupas dele dentro do closet quando ele me chamou.
– Jessie, você vai adorar isso aqui. - falou. Saí de dentro do closet sem confiança, mas sorri quando vi seu rosto.
– O que foi?
– Achei meu iPod nessa bagunça. Vem cá, quero te mostrar algo. - cheguei perto dele e ele colocou o aparelho no adaptador para alto falante.
– Quer que eu escute uma música?
– Melhor. - uma música que eu não conhecia começou a ecoar pelo quarto. Nathan pegou a minha mão e usou o outro braço para segurar a minha cintura.
– O que está fazendo? - perguntei surpresa.
– Nós estamos dançando. - ele puxou meu corpo para mais perto do dele e minha respiração quase parou. (Por que ele me fazia gostar cada vez mais dele?)
Nós dançamos a música nem agitada nem devagar até ela acabar em silêncio, Nathan me olhava nos olhos com sinceridade e eu não sabia ao certo como agir. Quando a música acabou, eu me afastei dele devagar e sentei na cama.
– Por que fez isso? - perguntei e ele sorriu.
– Você parecia triste. - eu sorri de volta.
– E aí, você resolveu dançar comigo?
– Exatamente. - eu não conseguia não rir diante tamanha sinceridade.
– Você é um garoto interessante, Nathan Gilbert. - saiu, eu falei sem pensar e depois me arrependi de ter dito. Ele me encarou por um tempo em silêncio, depois sentou ao meu lado.
– Vou considerar isso um elogio, portanto agradeço. - antes que eu pudesse pensar em algo para responder, ele levantou e pegou a última caixa.
– O que tem aí? - perguntei e ele sorriu.
– A caixa de livros. - Nathan sentou no chão e olhou dentro dos meus olhos. - Desde que você pegou aquele livro eu sinto que nunca fiquei tão íntimo de uma pessoa.
Fiquei sem reação, ele estava elevando a nossa relação a um nível que eu não podia imaginar. Éramos conhecidos, passamos direto pela amizade e chegamos no estágio melhores amigos em apenas dois dias.
– Dois dias. Eu te conheço há apenas dois dias. - falei e ele riu.
– Loucura?
– Qual parte?
– A parte em que eu falo que confio mais em você do que qualquer outra pessoa. - eu suspirei e sentei ao lado dele.
– Não faz isso, Nathan. Não deposita a sua confiança e fé em uma pessoa que você mal conhece. - ele sorriu.
– Está me dizendo que não é digna de confiança?
– Não, estou dizendo que você se apega as pessoas rápido demais. - por algum motivo, Nathan gargalhou descontroladamente, riu muito.
– Você não entendeu. Eu raramente confio em alguém. Por isso que eu estou assustado. Ontem a noite quando fui ao seu quarto estava tentando encontrar um motivo para confiar tanto em você. - sem parar pra pensar, me estiquei e beijei sua bochecha. Não disse mais nada, apenas levantei e voltei ao closet.
>>o
– Acho que fizemos um ótimo trabalho. - falei. Eu e Nathan finalmente tínhamos terminado o quarto dele, colocamos os mapas e as fotos nas paredes, os livros nas prateleiras, as roupas, sapatos, relógios, óculos enfim, o vestuário no closet. Sentamos na cama dele para admirar o nosso trabalho e fiquei muito orgulhosa.
– Acho que valeu a pena. - falou ele e eu assenti.
– Seu quarto está mais organizado que o meu. Não acredito que organizei o quarto de outra pessoa e deixei meu quarto uma zona de guerra. - Nathan encarou a janela do meu quarto e riu.
– Jessica, seu quarto está assustadoramente arrumado. - eu segui seu olhar e não pude deixar de rir. O meu quarto realmente estava parecendo arrumado para os padrões normais, mas eu era e sempre serei metódica.
– Eu sei, eu sei. Eu sou bem chata com arrumação.
– Então escolhi a companhia certa para a minha "faxina". - eu apenas sorri e olhei a hora.
– Nathan, eu tenho que ir pra casa. Passei a tarde toda aqui, minha mãe vai acabar reclamando.
– Ah para, por que você não janta aqui em casa?
– Não quero deixar minha mãe sozinha. Quem sabe outro dia?
– Eu vou cobrar. - levantei da cama e caminhei até a escada. Nathan veio atrás de mim correndo e pegou o meu braço. - Você iria se importar se eu invadisse seu quarto hoje de novo?
– Claro que não. Está mais que convidado. - o sorriso que ele me deu fez meu corpo estremecer.
– Ótimo. Até daqui a pouco.
Saio da casa dele devagar, dou adeus para a Mrs. Gilbert e encaro o ar frio da noite em Nova Jersey. Pelo que incrível que isso possa parecer, a amizade de Nathan está sendo mais que satisfatória para mim, ele é um garoto com uma personalidade que eu jamais iria imaginar.
– Mãe, já cheguei. - falei, mas não houve resposta. Tinha um bilhete colado na geladeira:
"Precisei sair para jantar na casa do Mr. Eaton. Faz alguma coisa pra você comer e por favor, não me espere acordada. Não sei que horas vou chegar.
Te amo,
Mamãe."

Mr. Eaton é o chefe da minha mãe e quando ela janta lá realmente não tem hora para voltar. Ele fala, a mulher dele fala, todo mundo naquela casa fala demais.
Subi as escadas em direção ao meu quarto, me arrependi de não ter aceitado jantar na casa de Nathan, agora eu ia ter que cozinhar pra mim, coisa que eu nunca fui muito boa.
– Ei, Jessica, tudo bem? - perguntou Nathan pela janela.
– Minha mãe saiu e eu vou ter que fazer o jantar.
– O convite para jantar aqui ainda está de pé. - eu sorri aliviada.
– Ótimo, chego aí em alguns minutos.
– Estaremos te esperando. - fechei a cortina e entrei no banho. A última coisa que eu queria que Nathan visse era eu trocando de roupa.
Provavelmente demorei mais que o necessário no banho, mas eu precisava colocar a cabeça e estabelecer aquilo que eu quero. "Sou apaixonada pelo Nathan. Confere! Ele é meu amigo. Confere! Ele não sabe que eu sou louca por ele. Confere! E ele não precisa saber disso. Confere! E o que fazer agora? (...)"
Resolvi não fazer absolutamente nada, o importante é deixar as coisas acontecerem naturalmente, mas para o meu "eu" que sempre planeja tudo, isso ia ser tortura.
Peguei uma roupa confortável, mas arrumadinha no meu armário e penteei os cabelos. Deixei os cachos soltos pela primeira vez desde muito tempo, para falar a verdade tinha até esquecido como era o meu rosto com o cabelo solto. Sempre achei que o cabelo chamava atenção demais para mim, mas ter os cachos roçando na pele era uma sensação agradável. Sorri para mim mesma no espelho e suspirei, Nathan Gilbert estava me mudando aos poucos.
>>o
– Demorou, hem... - falou Nathan assim que abriu a porta.
– Desculpe, eu demorei demais no banho. - ele não respondeu ficou me encarando de um jeito engraçado. - O que foi?
– Seu cabelo, não está preso. - eu sorri.
– Eu sei, percebi antes de sair de casa.
– Ele fica bonito assim, porque você prende? - eu encarei os meus sapatos.
– Estou adorando essa conversa, mas eu realmente prefiro entrar.
– Ah claro, desculpe. - entrei devagar e esperei ele fechar a porta atrás de mim. - Agora, por que não deixa o cabelo solto?
– Sempre achei que o cabelo solto chamava muita atenção pra mim. - ele riu.
– Anota aí: Cabelo solto é muito melhor. - eu sorri.
– Estou começando a ficar assustada com a frequência que venho aqui ultimamente. - falei.
– Não exagere, eu me mudei ontem.
– E mesmo assim é a terceira vez que eu venho aqui.
– Está certo, vou frequentar sua casa mais vezes para empatar.
– Combinado.
– Agora vem, meus pais estão esperando a gente.
Caminhei atrás dele devagar analisando com cuidado as pinturas que cobriam o corredor, ainda não tinha reparado nelas.
– Gosta? - perguntou Nathan apontando para as telas.
– Sim, você não?
– Não muito, são todas da minha mãe.
– Ela tem muito bom gosto.
– Ela vai adorar ouvir isso.
A sala de jantar era enorme, tinha uma mesa de oito lugares e um lustre grande e brilhante exatamente em cima da mesa, me fazia lembrar a nobreza européia. Esse pensamento me fez sorrir. "Quem pensa nisso quando vê um lustre?"
– Boa noite, Mr. e Mrs. Gilbert. - falei com um sorriso. Ele estava sentado na ponta da mesa e ela ao seu lado direito, Nathan sentou na frente da mãe e eu sentei ao seu lado. Olhando eles do meu ângulo pareciam a família de algum comercial, todos lindos.
– Boa noite, Jessica. Como está a sua mãe? - perguntou Mrs. Gilbert.
– Está ótima. Essa noite teve que jantar na casa do chefe, por isso não está aqui.
– Que bom que pode vir.
– Obrigada pelo convite. - eu estava me sentindo tão confortável com todos eles que parecia que fazia parte daquela família.
– Ah que isso, pode vir quando quiser.
– Eu estou achando isso muito lindo, mas estou realmente com fome. - Mrs. Gilbert olhou para o Nathan com um olhar mortal, mas eu apenas ri diante da afirmação.
– Vamos jantar, então. - disse Mr. Gilbert com um sorriso no rosto.
O jantar de forma geral foi bem animado, Nathan e os pais parecem ter um relacionamento bem amigável. Eles estão sempre rindo e brincando um com o outro, o que deixava a noite muito mais divertida. Mas uma hora, infelizmente, eu tive que ir embora.
– Eu realmente tenho que ir. - falei levantando da mesa.
– Ah fica mais um pouco. - falou Nathan e eu quase aceitei, mas eu sabia que se minha mãe soubesse que eu fiquei na casa dos vizinhos até tarde, ia pirar.
– Eu não posso, mas agradeço de coração pelo jantar.
– Agradecemos a você pela companhia. - falou Mr. Gilbert.
– Eu levo você em casa. - falou Nathan levantando da mesa também.
– Não precisa, mesmo.
– Eu sei, mas farei assim mesmo.
– Então, tudo bem. Mais uma vez obrigada pelo jantar, até mais.
Nathan pegou um casaco do lado da porta e me seguiu porta a fora. Estava bem mais frio do que antes, pelo jeito ia ser uma noite bem gelada.
– Realmente não precisava me levar em casa. - falei e ele deu de ombros.
– Não é nada, só uma gentileza. - falou e eu sorri.
– Obrigada pelo jantar e por tudo.
– Obrigado a você pela ajuda no quarto e a companhia no jantar. Meus pais adoraram você.
– Eles são incríveis.
– Eu sei. - respondeu Nathan. Estávamos parados em frente a minha porta, pelo jeito minha mãe ainda não tinha chegado, mas não esperava encontra-lá em casa.
– Então, até amanhã. - falei.
– Eu te encontro daqui a pouco. - eu ri.
– Vai invadir o meu quarto de novo?
– Na verdade não foi invasão porque você abriu a janela pra mim.
– Está certíssimo.
– Mas seja como for, irei bater na sua janela de novo.
– Já que é assim, estarei te esperando. - ele beijou minha bochecha lentamente e automaticamente sorri.
>>o
Entrei correndo em casa e fechei a cortina para tomar banho. Dessa vez não demorei tanto tempo assim no banho quente, mas já que ia passar a maior parte do tempo muito perto de Nathan passei mais hidratante.
Encarei as minhas roupas com dúvida, o que fazer? A minha roupa ia deixar muito na cara o que eu pretendia com aquela noite. Respirei fundo e me encarei no espelho, ri da ideia que tive. "Como se Nathan Gilbert fosse achar você interessante. Pelo menos não nesse sentido." Peguei minha blusa branca lisa de alças e uma calça de moletom, acho que não podia mudar muita coisa. Antes que eu pudesse prender o cabelo, ele bateu na minha janela.
– Eu nem prendi o cabelo ainda, Nathan. - falei e ele sorriu.
– Fico feliz. Você fica mais bonita assim. - eu não respondi, acho que estava tão sem graça que apenas abri a janela. Nathan deslizou para dentro do meu quarto e se encaminhou para minha cama.
– Acho que já estamos próximos para isso. - falei.
– Você já sentou na minha cama, Jessie. - eu dei de ombros e sentei ao seu lado. Encostamos na cabeceira da cama um do lado do outro com os ombros colados.
– Quer conversar sobre o que? - perguntei.
– Estava pensando sobre isso no banho e cheguei a uma conclusão.
– Prossiga.
– Vamos conversar sobre sua vida amorosa. - eu soltei um ruído esquisito. - O que foi?
– Péssimo assunto. Pra falar a verdade, eu nem tenho vida amorosa. - para minha surpresa, ele riu. - Por que está rindo?
– Até parece, Jessica. Você é uma garota bonita. Não tem possibilidade de não ter nenhuma relação amorosa. - eu deixei o comentário dele fazer sentido na minha mente. "Ele me acha uma garota bonita?"
– Acredite em mim, eu não tenho relações amorosas. Na verdade nunca tive. - falei e ele me olhou incrédulo.
– Tá, sei. Então vamos voltar ao início. Quando foi o seu primeiro beijo? - eu suspirei. Estava com medo dele fazer essa pergunta, na verdade, eu esperava que ele ignorasse esse assunto.
– Temos mesmo que falar sobre isso?
– O que? Foi tão ruim assim? - eu olhei para o outro lado.
– Na verdade, eu nunca beijei ninguém. - silêncio no quarto. Nem o vento fazia barulho.
– Por quê? - Nathan parecia tão surpreso que me deixou surpresa.
– Eu passei muito tempo preocupada com as minhas notas quando eu era criança e quando cheguei na adolescência ficava com medo de não saber fazer isso direito. E depois eu... hum... - como eu ia dizer isso. "Olha, Nathan, eu passei a maior parte do meu ensino médio sonhando com você. Surpresa!"
– Depois, o que?
– Queria ter certeza que o primeiro garoto que eu beijasse ia gostar de mim pelo que sou, se importar comigo, com os meus sentimentos. - Nathan sorriu.
– Nem sei o que dizer.
– Eu falei para a gente trocar de assunto.
– Eu estou achando isso incrível. Você é realmente uma garota interessante. - eu ri.
– Você realmente não sabe o que significa a palavra "interessante".
– Jessica, acho que você não tem noção de como é incrível. - eu sorri e dei de ombros. O silêncio estava tão tenso que resolvi prender a respiração também, apenas fitava os meus pés.
Nathan virou o meu rosto devagar e colocou uma mecha do meu cabelo para trás da orelha e tirou o meu óculos.
– O que está fazendo? - perguntei.
– Não quero que pense em nada, está bem? Só quero ter a certeza que o primeiro garoto que te beijar se importa com você. - eu assenti ainda meio confusa.
Ele encostou seus lábios nos meus devagar, eu comecei a curtir cada segundo disso. Antes que eu percebesse abri os meus lábios e finalmente, fechei os olhos. Depois disso a minha mente ficou em neblina, mas meu corpo parecia saber exatamente o que estava acontecendo. Coloquei as minhas mãos no seu cabelo e acariciei sua nuca com cuidado meio incerta. Nathan sorriu, mas não parou de me beijar acho que estava percebendo que eu não sabia o que estava fazendo.
Eu estava deixando Nathan comandar tudo, ele colocou as mãos na minha cintura e eu fui escorregando aos poucos no colchão, ele parecia saber exatamente o que fazer. Eu me afastei um pouco para respirar e ele beijou o meu pescoço (o que não ajudou em nada nesse negócio de respirar), mesmo assim era uma sensação nova que meu corpo já tinha amado. Nathan estava acima de mim, mas tomou o maior cuidado para não encostar o seu corpo no meu acho que não queria me assustar, de qualquer maneira eu mal pensava nisso. Não sei quanto tempo se passou até que finalmente ele deitou ao meu lado e nós ficamos olhando para o teto, ambos tentando acalmar a respiração que parecia ter vontade própria.
O silêncio que se seguiu não era desconfortável, acho que ninguém sabia ao certo o que dizer para o outro. Mas mesmo assim eu levantei e fui ao banheiro. Lavei o rosto com água gelada e respirei fundo, quando voltei para o quarto Nathan estava sentado na cadeira do computador e me encarava.
– Jessie, eu... - começou, mas eu cortei.
– Por favor, não diz nada. Eu sei que o que você fez foi impulsivo, não vou imaginar nada com isso, não se preocupa. Só espero que você não se afaste de mim por isso. - ele sorriu o que me deixou surpresa.
– Acha que eu agi por impulso?
– E não foi?
– Jessica, acha que eu me arrependi de ter te beijado? - eu não sabia como encarar aquela pergunta.
– É exatamente o que eu acho.
– Acredite em mim, eu não me arrependo de ter beijado você. E na verdade, nem foi tão impulsivo assim porque a minha mente já tinha pensado sobre isso. - eu encarei Nathan sem acreditar.
Ali estava o garoto que eu fui apaixonada por anos me dizendo que já tinha pensado em me beijar, e que não tinha se arrependido de ter feito.
– Então o que você ia me dizer?
– Eu ia dizer que eu esperava que você não ficasse sem graça comigo depois disso.
– Ah, pode deixar. Já esqueci. - falei e ele riu.
– Nossa, eu beijo tão mal assim? - fiquei sem reação novamente.
– Não, eu... é... Quer dizer, claro que não... - ele quase caiu da cadeira de tanto rir..
– Eu estava brincando, Jessie. Eu entendi o que você quis dizer. Mas eu não te beijei para você esquecer. Na verdade, eu queria ter certeza que uma garota tão maravilhosa como você fosse beijada por alguém que se importasse com você. - eu sorri e cheguei perto dele. Sem pensar beijei os seus lábios devagar.
– Obrigada de verdade. - Nathan estava surpreso demais para responder o que só fez com que eu risse.
– Sabe, Jessica, não conhecia esse seu lado.
– Nem eu. - falei com um sorriso.
– Bom, eu acho que eu tenho que ir pra casa. Adorei a nossa conversa de hoje. - falou e levantou da cadeira.
– Eu também, achei bastante produtiva.
– Concordo em tudo. - abri a janela e me virei para me despedir dele, antes que eu pudesse falar ele me beijou e eu encostei na parede para não cair. - Sabe, Jessica, eu também sei surpreender.
– Não duvidava disso. - sussurrei apenas.
– Boa noite, Jessica.
– Boa noite, Nathan. - e com um sorriso e um aceno ele foi embora.
Fechei a janela e a cortina ainda com o sorriso no rosto, não acreditava em como a minha noite tinha se tornado surpreendente. Por algum motivo lembrei da promessa que fiz a Charlotte:
"Nathan te vê como uma amiga e eu não quero que você tenha grandes expectativas. Porque com grandes expectativas vem as grandes quedas."
"Eu prometo que farei o possível para não ter esperanças."

Então, Charlie... Oops.


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Notas finais do capítulo

Eu já amo vocês, podem me amar?