Acordei com muita preguiça, o meu despertador tocou cedo demais para o meu gosto. Mas de alguma forma estava ansiosa para descobrir o que o Will estava planejando.
Tomei banho, escolhi a roupa mais estilosa que eu tinha, deixei os cabelos soltos, passei até um pouquinho de maquiagem e desci para tomar café da manhã.
– Ah meu Deus, o que aconteceu? - perguntou minha mãe me encarando com surpresa segurando uma xícara de café.
– O que? Como assim?
– Você está... diferente.
– Obrigada, mãe. Eu só senti que hoje era O dia, sabe? - ela sorriu.
– Sei, espero que esteja certa. Eu odiaria descobri que você se produziu a toa.
– Eu também. Desci mais cedo para que você me desse uma carona, está bem?
– Claro. Termine seu café da manhã e vamos.
Eu sentei na mesa, mas podia sentir os olhares da minha mãe em mim. Eu sabia que ela estava louca para perguntar algumas coisas sobre o Will, mas não era hora e eu não estava mesmo afim de responder.
Terminei de me arrumar e corri para pegar carona com ela. Antes que entrasse no carro, eu vi Nathan na janela. Ele me olhava surpreso e algo dentro de mim inflou.
Durante a viagem eu deixei minha mãe falar, ela queria contar tudo sobre o Richard e o quanto ele era maravilhoso pra ela. Eu só conseguia pensar em como eu tive a coragem de pensar na possibilidade de tirar isso dela.
– Mãe, eu sei que você está feliz, mas eu preciso mesmo ir pra aula. - ela sorriu sem graça.
– Desculpe, é que agora que você sabe estou animada.
– Não tem que se desculpar. Seja feliz! - eu beijei o topo da sua cabeça e saí do carro caminhando direto para meu armário.
– Eu só quero saber o que aconteceu com você. - Charlie me encarava surpresa e eu sorri diante de tamanha confusão.
– Bom dia pra você também.
– Não muda de assunto, Jessica. Você está tão...
– Diferente?
– Bonita.
– Obrigada, mas a sua opinião não conta muito. - ela sorriu de jeito debochado.
– E a daquele garoto que está te encarando do outro lado do corredor? - eu me virei o mais discreto possível. Realmente tinha um garoto bem bonitinho olhando pra mim no armário do outro lado do corredor.
– Por que ele está olhando pra mim?
–Por que? Não seja ridícula, Jessica. Você está linda.
– Eu só me arrumei um pouquinho mais.
– Eu sempre disse que você só precisava disso. - eu revirei os olhos, mas não respondi, apenas voltei a minha atenção para o armário.
Charlotte não comentou mais, eu sabia que ela também queria falar. Percebia pelo olhar dela que queria conhecer o tal William que tinha mexido comigo, e com isso eu podia concordar.
– Jessica? - eu olhei para atrás com um sorriso, Nathan me encarava surpreso.
– Oi, bom dia.
– Você está incrível. - eu sorri sem jeito.
– Obrigada.
– Sério mesmo, você está linda.
– Obrigada, eu só me arrumei um pouquinho mais.
– Uau. - eu não sabia mais o que dizer diante de tamanha atenção. Antes que eu pensasse em algo para responder, Megan apareceu ao lado dele com um sorriso no rosto e cabelos deslumbrantes.
– Nathan, eu estava te procurando. - meu sorriso sumiu, na hora.
– Desculpe, eu estava falando com a Jessica sobre o quanto ela está bonita. - eu achei que ela fosse reclamar, me olhar torto ou apenas tirá-lo dali, mas o que ela fez me surpreendeu.
– Jessica? O Nathan fala bastante de você, são vizinhos né?
– Sim, há pouco tempo. - respondi surpresa.
– Ah sim, você está realmente bonita. Eu amei os seus sapatos. - eu encarei as minhas sandálias sem acreditar.
– Hãm...Hum... Obrigada! Eu adorei... sua saia. - eu não sabia como agir com a simpatia dela. Eu esperava que ela fosse uma megera lunática, como o Will a descreveu. Mas para minha surpresa ela estava sendo... legal!
– Obrigada, Jessica. Você é uma fofa! Nathan, agora que eu te achei, vamos?
– Claro, a gente se vê Jessica. - eu assenti e os encarei enquanto saiam. Não sabia o que pensar depois dessa pequena conversa, Megan não era a garota que eu pensava.
– Isso é realmente um problema. - Charlotte me encarava com os braços cruzados encostada na porta do armário.
– O que é um problema? - perguntei ainda confusa.
– Megan! Ela não deveria ser legal, porque aí você teria motivos para não gostar dela ou fazer o Nathan não gostar dela. Mas até agora, ela é... perfeita!
– Muito obrigada, Charlie. Você muito me ajudou. - ela deu de ombros.
– Sinto muito, honey. Mas essa é a verdade. Megan Dashner é uma garota que vale a pena.
– Não de acordo com o Will.
– E quem disse que devemos acreditar nesse Will? Você conhece ele apenas dois dias.
– Para mim é o suficiente para acreditar nele. Ele passa confiança, Charlie.
– Você quem sabe. Sua vida, suas escolhas...
Com essa frase de efeito, Charlie saiu andando a caminho da aula sem me dar tempo de responder. Respirei fundo e fui atrás dela com a cabeça lotada de pensamentos.

>>o
– Fim da última aula. Estou ansiosa. - eu sorri.
– Você parece estar bem mais ansiosa que eu.
– A diferença é que você mente melhor sobre o que está sentindo. - eu dei de ombros sem concordar, mas também sem desmentir.
Antes de guardar minhas coisas passei no banheiro, me olhei no espelho e estranhei a garota que me encarava. Ela tinha os meus olhos, a mesma boca e o mesmo cabelo, mas não era eu. Não podia ser! Mas antes de acontecer a minha crise existencial, respirei fundo, contei até dez e sorri. Eu estava bonita e no momento era só isso que importava.
Assim que terminei de guardar as minhas coisas, eu ouvi um burburinho surgir no corredor entre as garotas, o que me deixou bastante intrigada.
"Só pode ser a Megan. Bonito demais para ser qualquer outra pessoa." - disse uma garota do segundo ano.
"Talvez não seja ela, soube que ela está de caso com Nathan Gilbert." - respondeu a amiga.
"O que não seria uma surpresa, já que os dois combinam e muito."
Antes que pudesse tirar minhas próprias conclusões, Charlie veio andando na minha direção com os olhos arregalados, mas não parecia estar surpresa e sim, animada.
– O que aconteceu? - perguntei.
– Tem um garoto lindo, lindo mesmo. Quando eu digo lindo, quero dizer de verdade...
– Eu entendi, Charlie, o que tem ele?
– Esse garoto está esperando uma garota, pelo menos foi o que eu ouvi. Não sei o nome, só sei que... - primeiro ela me encarou confusa, depois sorriu como se tivesse redescoberto a pólvora.
– Charlotte?
– Só pode ser você. Acho que o garoto é o William. - eu sorri.
– Será?
– Claro! A descrição que você me deu dele bate com o menino que está aí fora. - eu dei de ombros embora o meu coração estivesse na boca.
– Vamos descobrir.
Segui pelo corredor em direção ao estacionamento, algumas garotas conversavam pelos cantos em busca de respostas e fofocavam sobre quem seria esse tal garoto e o mais importante: Quem será que ele estaria esperando?
E lá estava ele com seus óculos escuros, calça jeans e camiseta branca, nada demais. Porém de longe eu conseguia ver, os braços bem malhados, o rosto bem desenhado e mesmo sem conseguir ver os olhos, esse garoto era lindo. De braços cruzados, encostado no carro olhando para o lado, aparentemente distraído. Inconsciente da confusão que causara só com a presença.
Eu poderia admirá-lo assim por muito tempo, mas já estava na hora de eu ir vê-lo. Will parecia estar esperando muito tempo pela minha presença. Quando eu comecei a me encaminhar para o estacionamento, eu ouvi a voz de Megan quase do meu lado e resolvi esperar pela reação dela.
– O que está acontecendo? Quem é o... - eu me virei para vê-la e seu rosto demonstrava surpresa.
– Megan? Megan? - chamou Nathan logo atrás, mas antes que ela respondesse, ele também o viu. - O que ele está fazendo aqui?
– Você o conhece? - perguntou Megan sem tirar o espanto do rosto.
– Conheci ontem, mas a pergunta é: Você conhece ele? - ela pareceu ficar sem graça e enrubesceu.
– Ele é meu ex-namorado. William Corrigan. - algumas garotas começaram a repetir o nome com um sorriso nos lábios, ajeitaram o cabelo e passaram batom. Acho que depois que descobriram o nome do tal garoto viram que ele era mesmo real.
– Seu ex? Como assim, seu ex? - ela não respondeu e ele a olhou de modo avaliativo, no fundo da expressão dela, Nathan notou algo. - Você ainda gosta dele, Megan?
– Não, eu só... Não sei, só... - vê-la tão sem jeito foi música para meus ouvidos, depois me senti mal por ficar tão feliz com a indecisão dela.
– Jessica? - chamou Charlie me cutucando.
– O que foi? - perguntei irritada.
– Vai até ele. O garoto já deve estar cansado de esperar.
– Ah é mesmo, me distraí ouvindo a conversa dos dois aqui. - apontei para o "casal maravilha" com a cabeça e ela sorriu.
– Eu também, agora vai. - respirei fundo mais uma vez (eu estava fazendo muito isso) e comecei a andar em direção a ele.
Eu ainda estava a uma distância considerável quando ele me viu. William tirou os óculos escuros e abriu um sorriso deslumbrante, o comentário das garotas atrás de mim me fez sorrir.
"Oh, Godness!"
"Ele nem precisava de ter esses olhos para ser bonito!"
"Mas ele tem, honey, ele tem..."
"Acho que estou apaixonada!"
Will desencostou do carro e veio caminhando na minha direção. Somente aí as pessoas perceberam que eu era a garota
que ele estava esperando, parei no meio do estacionamento e deixei ele vir na minha direção para ouvir os comentários das pessoas sobre a constatação.
"Ela é a garota? Sério?"
"Mas quem é ela?"
"Jessica? O que a Jessica tem a ver com o Will?" - esse comentário foi da Megan e me fez abrir um sorriso largo.
"Will... Will..." - não foi bem um comentário, mas era só isso que o Nathan dizia.
"É Nathan acho que você foi devagar demais..." - obviamente, a Charlie disse isso deixando ele com vergonha e sem palavras.
Will parou antes de chegar perto de mim e voltou para o carro. Por um tempo as pessoas pararam de falar esperando para ver o que ele faria, eu simplesmente fiquei parada tentando entender o que estava acontecendo.
Para minha surpresa ele voltou com um buquê na mão, eu levantei uma sobrancelha e dei um sorriso fraco. Will deu de ombros e continuou andando com confiança. As meninas a minha volta suspiravam e eu confesso que se tivesse no lugar delas, ficaria suspirando também.
William parou do meu lado e eu virei para encará-lo, ele ficou apenas me encarando e eu fiz o mesmo. Seus olhos me avaliavam e eu dei um sorriso para espantar o nervosismo.
– Então, eu falei que vinha.
– Não duvidei nem por um minuto. - ele sorriu e me entregou as flores.
– Achei que não deveria aparecer de mãos vazias. Espero que goste de tulipas, não queria rosas. Óbvio demais.
– Tem toda razão e sim, eu gosto de tulipas.
– Ótimo. - ele olhou para as pessoas e sorriu. - Acho que causamos certo rebuliço.
– Nós? Não! Você! Você causou muito burburinho, acho que as garotas gostaram de você.
– Sério? Pena que eu me interesso por poucas pessoas.
– E por acaso eu estou nesta lista?
– Por que você não descobre? - eu sorri sem graça enquanto (para minha EXTREMA surpresa) ele se inclinava para me beijar e beijou. Foi apenas um roçar de lábios, mas foi o suficiente para que as pessoas prendessem a respiração. E eu também.
– Por que você me beijou? - sussurrei, ele riu.
– Porque eu queria fazer isso a muito tempo. - sussurrou de volta, eu sorri.
– Sabe que eu também? - o sorriso que ele abriu fez o meu coração pular de encontro ao peito.
– Ótimo, porque eu pretendo fazer de novo.
– Tudo bem.
– Mas não aqui. Vem, vamos dar uma volta. - eu assenti e começou a andar com ele em direção ao carro. - Ah, e a propósito: Você está incrivelmente linda!
– Obrigada!
– De nada, eu que agradeço.
Assim que eu entrei no carro e virei para olhar no olhos de Will, eu soube que ele ia fazer bem pra mim enquanto durasse. Mesmo que não fosse muito, ele ia me ajudar a se livrar de antigas paixões e eu pretendia fazer o mesmo por ele.
– Para onde vamos? - perguntei e ele sorriu.
– Viver novas aventuras.