Second Chances escrita por Mares on Mars


Capítulo 1
Broken Ribs




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Supostamente, ela não deveria estar ali. Deveria ter obedecido as ordens de Phil e permanecido no avião, mas não pôde se conter após ouvir tantos sons desesperadores. Tiros, gritos, estouros e uma ou duas explosões. Era demais aguardar o silêncio nos comunicadores, nenhuma palavra do resto de sua equipe há quase quinze minutos.

— Já chega - rosnou e socou o botão para abrir a porta de carga do avião. O sol quase cegou-a por alguns segundos antes de sair caminhando decidida para a porta estourada do velho armazém no cais de Nova York. Onde há minutos atrás havia um inferno de sons assustadores, agora reinava o silêncio. Respirações profundas Melinda, você ainda não está bem o suficiente para combate. Mentalizou e puxou uma respiração afiada, sentindo uma dor incômoda em seu pulmão - Cadê você Phil? - sussurrou, mais para si do que para o cosmos, e revistou todo o andar inferior do local, sem o menor sinal da presença de Phil, ou Skye ou Mack. Merda. Amaldiçoou e forçou o corpo para cima de uma escada de emergência. Subiu-a com dificuldade, sentindo uma contração intensa em seus órgãos interiores e uma dor lancinante em suas costelas ainda não curadas por completo. Eu não vou aguentar bater em ninguém. Constatou e fechou os olhos com força. Foco. Com passos lentos e silêncios, direcionou-se a única porta do corredor, de onde uma luz fraca saía e algumas vozes podiam ser ouvidas.

— … é muito ousadia vir aqui e atrapalhar a minha reunião sabem? - a voz fria de um homem perguntou, e May arrepiou-se até a espinha. Era uma voz baixa, comedida, educada. Porém a frieza com que falava delatava a crueldade no homem - Se hoje fosse um bom dia, eu deixaria que pedissem desculpas e fossem embora - continuou, e ouviu-se o som de um chute forte acertando um corpo. Um gemido abafado foi ouvido, e respirações pesadas iniciaram-se - Mas não é um bom dia, porque 3 capangas que se acham muita coisa atrapalharam minha negociação, e eu perdi mais de 8 guardas - disse na mais baixa e perigosa voz que May havia escutado em sua vida. Houve silêncio nos segundos seguintes, onde a chinesa arriscou espiar por uma brecha na porta. Skye e Mack estavam amordaçados e amarrados no chão. Havia algo preso com força nos pulsos da garota, que chorava silenciosamente, olhando para um canto distante da sala. Onde está Phil? Melinda perguntou-se e ouviu o clique de uma arma sendo preparada. Acabou o tempo, pensou e com uma respiração profunda, chutou a porta com força e invadiu o cômodo - Parece que as visitas por hoje não acabaram - o homem, que agora era visto por Melinda em seu terno alinhado e cabelos grisalhos, disse com empolgação, e um brilho em seus olhos assustou-a pra valer.

— Deixe eles irem - a chinesa ordenou com firmeza após localizar Phil, pendurado,ferido e desacordado,com sangue pingando de um corte profundo na bochecha e no braço,e recebeu um sorriso psicótico em troca.

— Por que nós não nos apresentamos? - ele sugeriu afastando-se do corpo inerte do diretor, e olhou-a com atenção - É um prazer conhecê-la senhorita May - disse de forma galante, causando-lhe um arrepio ao perceber que ela sabia seu nome.

— Como…? - começou, mas foi interrompida pela risada doentia do homem que aproximava-se cada vez mais.

— Como eu sei seu nome? - completou a centímetros de distância da chinesa - Você é uma lenda viva. Eu sei tudo sobre você. Eu li tudo sobre o que aconteceu no Bahrein, e francamente não acredito naquela porcaria nos arquivos da SHIELD - declarou e recebeu um olhar confuso em resposta - Me diz Melinda, o que aconteceu naquele dia? - perguntou com os olhos esbugalhados, as pupilas dilatadas cobrindo quase toda a extensão de seus perturbadores olhos cinzas.

— Deixe eles irem - ordenou novamente, tentando ignorar a pergunta do homem.

— Não - rebateu e com uma rapidez impressionante, socou-a no rosto. Foi forte, preciso e perturbador. Merda. Melinda xingou em seu cérebro e engolindo toda sua dor em uma respiração, partiu pra cima do homem, que com apenas alguns golpes, o teve presos sob seus joelhos. - Vou pedir de novo. Deixe eles irem - repetiu e socou-o com força, deixando- o desacordado. Demorou alguns segundos para sair de cima do homem,garantindo que ele realmente estava apagado. Quando levantou-se, sem pensar duas vezes, arrancou uma faca de um espaço de sua roupa e cortou as cordas que prendiam Mack e Skye - Vocês estão bem? - perguntou preocupada e a garota assentiu - Me ajudem a soltar o Phil - pediu e Skye segurou-a pelo braço.

— Mack e eu fazemos isso. Você precisa revistar o prédio. Tem duas garotas aqui dentro, duas crianças - disse, impedindo que May caminhasse até Phil - May por favor, vai - enfatizou aumentando o tom de voz e a chinesa moveu-se rapidamente para fora da sala. Que droga crianças estão fazendo aqui dentro? Perguntou-se e começou a abrir porta por porta. Era um corredor longo, com mais de 7 delas. Na sexta, já estava convencida que era impossível.

— Tem alguem aí dentro? - perguntou ao abri-la. Varreu a sala com o olhar, e por um instante acreditou que estava vazia, até concentrar-se no som ambiente e perceber que não era o vento ou algo do tipo, e sim o choro baixo de uma criança. O choro vinha de um canto da sala, detrás de imensas caixas com sabe-se lá o que.

— Por favor não me machuque - disse uma garotinha de cabelos escuros e rosto sardento, olhando-a com medo. Enrolado no colo da garotinha, dormindo calmamente, estava um bebê.

— Eu não vou fazer isso - garantiu e estendeu uma mão para a menininha - Você consegue andar? - perguntou ao perceber um ferimento na perna da garota.

— Não - respondeu e suspirou duas vezes, como se contivesse o choro - Minha perna dói muito, e eu não consigo caminhar com minha irmã no colo - admitiu e a chinesa assentiu.

— Me dê ela aqui - pediu e a pequena hesitou antes de estender o embrulhinho para a mulher. Foi difícil para May encontrar a posição ideal para carregar o bebê, afinal, nunca fizera isso na vida toda. Quando finalmente alcançou sua meta de conforto - o bebê em seu braço esquerdo, com a cabeça apoiada firmemente em seu peito - passou um braço em volta da mais velha e ergueu-a no ombro- Me desculpe se doer - pediu antecipadamente e saiu caminhando pra fora da sala. Havia alcançado a metade do corredor quando uma nova explosão aconteceu, e foi aí que Melinda soube que precisaria correr. Correu até o fim do corredor, onde havia uma escada real, diferente da que havia subido, e desceu o mais rápido possível. No andar inferior, encontrou Mack carregando Phil por cima do ombro, e Skye causando pequenos tremores para afastar alguns capangas que se aproximavam - Pro Zephyr, agora - May gritou e correu para fora do armazém, seguida de perto pelos dois agentes - Abre logo a porta - gritou pelo comunicador para o avião que permanecia em piloto automático.


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Notas finais do capítulo

E aí, o que acharam? Titia ama vocês



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