– Oh, me desculpe. Não sabia que já haviam chegado. – Falei totalmente sem jeito.

– Tudo bem. – Disse Elizabeth. – Já ouvi o suficiente.

– Então. – Gilbert disse tentando amenizar a situação. – Vamos para sala?

E assim fomos. Sentamos Gilbert, Lorenzo, Julia e eu no sofá, e os fiscais ficaram nas poltronas. Conversamos um pouco sobre a família, um pouco sobre Lorenzo, e principalmente sobre a escola de Lorenzo, já que lá era o único lugar onde realmente havia problemas. No mais, os fiscais aparentavam estar gostando muito do rumo que as coisas estavam tomando, bem como o modo que Gil e eu estávamos o educando.

– Gostei muito do que ouvir conversar com seu filho Sara. – Posicionou-se Elizabeth. – Claramente não sabia que estava ouvindo, e aquela conversa tão espontânea com o menor faz sabermos bem a honestidade que tem, o aconselhando a falar tudo que pensa independente das consequências para vocês.

– Eu só quero que ele seja feliz. – Sorri. – E quero que ele seja feliz aqui, sempre incentivo eles a falarem o que gostam ou não e na medida do possível vamos ajustando isto a personalidade dele. Lorenzo não veio pequeno para cá, e tem algumas manias próprias, estamos aprendendo muito com ele, assim como o ensinamos tudo que ele consegue absorver.

– Isto é ótimo. – Confirmou Roberto. – Quem dera que boa parte das mães tivesse essa mesma paciência com seus próprios filhos.

– Mas ele é meu filho. – Não deveria ter respondido assim, mas de alguma forma senti-me ofendida.

– Não temos dúvidas disso. – Completou Elizabeth por fim. Depois se virou para Lorenzo. – E agora, seguindo o conselho de sua mãe, o que gosta daqui? E o que não gosta também?

– Eu gosto da mamãe e do papai. E da minha irmãzinha também. – Referiu-se olhando a irmã com carinho. – Tinha medo de eles me devolverem como fizeram os outros, mas eles são diferentes. Disseram que assim que puderem levarão para eu conhecer meus avós.

– Ele ainda não conhece o restante da família? – Roberto virou-se a Gilbert.

– Não. Nossa família mora em outro estado. – Explicou. – E com o trabalho e os estudos das crianças acabamos por não poder apresenta-lo ainda. Creio que meus pais irão vir até o fim do ano, e nas férias quero viajar para lá, e pouco a pouco apresentar ele a toda a sua família.

– Vocês sabem o quanto é importante a introdução da criança na família? – Elizabeth fitou-os.

– E como temos. – Gilbert sorriu. – Por mim já havia levado eles várias vezes, mas infelizmente temos que ver um momento bom para todos.

A visita terminou sem mais problemas. Fizeram mais algumas perguntas para as quais já estávamos psicologicamente preparados. Olharam as notas de Lorenzo, e se impressionaram de como estavam boas, marcaram uma consulta com a psicóloga para conversar com ele em um outro momento já que ela não pode estar presente na visita, e por fim nos parabenizaram pelo modo que criávamos nossos filhos. De algum modo Gil e eu os impressionamos de tal modo que sabia que nunca teríamos problemas com Lorenzo. Pelo menos era o que eu pensava até então.