Respostas escrita por Deni Chan


Capítulo 1
Respostas


Notas iniciais do capítulo

Olá!
Juro que não resisti!
Escrevi bem rapidinho, enquanto relembrava minhas musicas favoritas e vinda lááá da época da minha adolescência (nem tanto tempo assim rsrs) me veio uma música do JotaQuest ("O que eu também não entendo", que eu considero uma das mais bonitas deles!), que assim que comecei a escutar já comecei a pensar!
Capitulo único mesmo! Bem rapidinha!
Espero que gostem!
Bjs Bjs!



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Anoitecia naquela tarde de inverno, e Karin chegava em seu pequeno apartamento depois de mais um dia cheio. A faculdade e o estágio de meio período conseguiam acabar com todas as energias que seu corpo tinha, e mesmo tentando treinar regularmente a rotina não deixava.

Soltou a bolsa na cadeira e o casaco no gancho de parede, ativando a secretária eletrônica.

- Olá, você tem três recados - a voz eletrônica anunciou.

- Lá vem gritaria... - resmungou, enquanto sem os sapatos seguia pela cozinha.

- "Karin-chan!! Adivinha? Descobri que não era verdade a história daquela descarada e o Jinta! Nós voltamos!" - os gritinhos histéricos de Yuzu encheram o apartamento, e Karin apertou os olhos - "Quando você vem nos visitar? Não aparece tem quase 6 meses! Podemos fazer algo no Halloween! Por favor não suma! Ah! E Jinta pediu pra lembrar do jogo que ficou devendo! Até logo, Karin-chan!"

- Cabeça de fósforo folgado...

- "Minha filha desnaturada! Coração de gelo!" - Karin engasgou-se - "Abandona seu pai sozinho tendo que aturar a invasão daquele trombadinha que desvirtua e corrompe a doce Yuzu! (-Pai! Não fale assim do Jinta-kun!) Ignora a solidão de um velho pai de família exemplar nesta casa enorme! Nunca mais (-Chega de escândalo, velho tagarela!)" - um barulho de algo se quebrando é ouvido e o recado finalizado.

- "Oe, Karin. De um jeito e apareça no final do mês. Rukia quer todos presentes quando trazer Raiden. Matsumoto-san manda lembranças e quer ajuda pra comprar roupas e maquiagem (-Karin-chan! Vamos nós três ao shopping! Será incrível!). E não me faça sair daqui pra te buscar, baixinha! Espero que esteja tudo bem com você." - sorriu discreto, sabia o quanto era difícil pra seu irmão demonstrar sentimentos verbalmente.

Suspirou. Já estava morando em Tokyo há quase dois anos depois de terminar o colegial, mas não sentia muitas saudades de Karakura. Ok. Era mentira. Sentia falta. Bastante. Mas não daria o braço a torcer. Admitir saudades do velho escandaloso seria impensável. E sentir falta daquele baixinho, inadmissível. Depois daquele jogo de futebol, nunca mais o viu.

- Anão fantasma dos infernos, assombra até hoje...

Pousou o copo na mesa e suspirou. Estava cansada demais para seguir para a academia e socar Hyoga até desabar no chão. Riu sem humor com o nome dado ao boneco das aulas junto com as outras alunas.

Seguiu para o quarto, tirando no caminho a blusa de lã cinza, o gorro bege, a camiseta branca, o jeans azul. No banheiro o chuveiro exalava vapor pela água quente. Pensamentos viajavam por suas memórias passadas e desejos para o futuro, dos quais fugia todos os dias.

- O que eu faço pra você sair de mim?...

O cheiro do shampoo e condicionador impregnavam o cômodo, cheiro de chiclete. A pele branca já avermelhada pela alta temperatura da água. Os cabelos mais negros que penas de corvos. Olhos ônix escondidos por uma camada cheia de cílios escuros e medianos.

Enquanto secava o cabelo, sua mente viajava. O tempo havia passado rápido até demais. Sentia a vida esvair como areia entre dedos. Sua energia espiritual estava agitada, sentia-se arrepiar por qualquer motivo. Bufou. Bastava lembrar daquele nanico albino que a cabeça já dava voltas e seu estômago parecia virar um borboletário lotado.

Sua cabeça tinha um turbilhão de pensamentos. Não conseguia entender como não tinha conseguido se desfazer de algo que não tinha descoberto até hoje como fora cair. Como um pato numa rede. E pior: não conseguia se desvencilhar daquele maldito (ou bendito) sentimento. Como um pássaro acostumado à sua gaiola confortável. Mas aquilo não era nem de longe confortável.

Vestiu qualquer calça de moletom e um pulôver vermelho, calçando as pantufas do frajola e caminhando em direção à mesa baixa de centro da pequena sala, sentando no felpudo tapete prateado - brincadeira de extremo mal gosto de Yuzu que havia decorado o apartamento - e pegando seu caderno e uma caneta. Precisava colocar aquilo pra fora de alguma forma, ou sentia que poderia explodir a qualquer momento.

"Não sei que merda foi isso que aconteceu, eu simplesmente não consigo me desfazer! Sentimentos tão contraditórios que parecem ao mesmo tempo tão complementares que não fariam qualquer sentido se fossem separados. Mais de dez anos depois e eu não consigo achar uma resposta pra essa pergunta que me assombra há anos: como fui me apaixonar por aquele idiota!?

Como sei que amo aquele ser inominável? Simplesmente porque não consigo sequer imaginar outra pessoa em seu lugar! Nem mesmo nas aulas da academia esse idiota não me deixa em paz! Lembro quando vejo a neve do inverno, pintando as ruas ou caindo furiosa durante a noite. Lembro quando vem a primavera e não consigo encaixar aquele verde dos olhos em nenhum tom que já tenha visto. Lembro quando escuto as ordens do sensei na academia cobrando postura, mas que nunca trará tanto respeito e solenidade quanto a dele. Lembro quando vejo e beijo outros garotos e nenhum deles provoca esse desejo mundano do toque quanto só imaginá-lo comigo provoca. Por Kami. Virei uma pervertida. Igual ao velho. Culpa daquele nanico miserável.

Não. Não tenho talento com escrita. Apenas quero extravasar tudo isso aqui de dentro, que acumulou durante tanto tempo e que não sei como liberar.

E não. De jeito nenhum será uma carta de amor. Cartas são enviadas para serem respondidas. E esta ficará aqui, escondida. Até que eu encontre uma reposta, uma saída, uma solução. O que vier primeiro. E quem sabe eu entenda e consiga tirar isso de dentro de mim. Mesmo que algo me diga, lá no fundo, que faz parte de mim tanto quanto fluidos correm por nosso corpo e reatsus emanam de nossas almas.

Não quero ser iludida ou me tornar essas mulheres que sonham com o tradicional casamento com o ser perfeito, uma vida cor de rosa e cheia de babados e frufrus. A vida já me mostrou coisas o bastante pra eu entender que não existe perfeição. E mesmo assim não consigo encontrar alguém real e presente que ocupe essa parte dos meus pensamentos e que não me critique por meus gostos em vídeo-games, futebol e filmes de ação. Se fosse Yuzu, diria que ele seria perfeito pra mim.

As vezes me pergunto se ele sente o mesmo... Não. Seria idiotice demais sequer imaginar essa possibilidade. Ser capitão deve ser muito exaustivo. E nem deve lembrar-se mais de algo relacionado ao mundo humano (indiretamente, lembrar-se de mim). Talvez recorde alguma coisa ou outra, agora que Ichi-nii também está lá como capitão. E não, ele sequer sonha com a possibilidade de eu envolver-me com o mundo espiritual. Seria uma tragédia."

Suspirou. Seu estômago roncou de fome. No pulso esquerdo, a pulseira prateada brilhava reluzente. Seu bloqueador de reatsus. Não tinha mais tempo pra treinar como antes. Não era mais uma criança que sonhava em ser shinigami e lutar ao lado dele contra hollows e monstros afins. Levantou-se e indo pra cozinha, faria seu próprio jantar. Estava com desejo de comer... Pipoca.

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- Um beijo por seus pensamentos.

O sussurro delicado o tirou de seu devaneio. Rukia sentou-se ao seu lado, observando a lua cheia no teto do 8º esquadrão. Ichigo suspirou. Não tentava mais esconder seus pensamentos, a shinigami o desvendava como um livro ilustrado.

- Espero que tenha feito o certo...

- Acredite, ninguém mais aguentava o humor péssimo do Hitsugaya Taichou. - sentiu um cálido e quente tocar dos lábios dele em seu pescoço - Só temos como objetivo a felicidade alheia.

- Só se for você. Meu interesse no momento é exclusivamente você.

Os olhos ametistas tão exóticos não encontrariam um par mais perfeito que os cor de ouro à sua frente. E enquanto Kurosaki Raiden mostrava todos os atributos da mistura entre Kuchiki's e Kurosaki's, seus pais aproveitavam uma das raras noites em que eram apenas eles em qualquer dos mundos existentes.

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O apartamento pequeno e de decoração simples estava escuro. O sofá cor de caramelo, o tapete felpudo de fios cinza-prateados, os móveis claros e porta-retratos divertidos. Um cheiro exótico que lembrava algodão doce preenchia o local. O casaco escuro no gancho próximo à porta, a bolsa ao lado do telefone. Na mesa de centro quase tocando sua perna, uma folha de papel. Pegando-a e lendo seu conteúdo, a cada palavra absorvida e entendida, os olhos esmeraldinos arregalavam-se. Seu peito era uma indecisão entre respirar e controlar um coração desenfreado. Controlou a vontade de gargalhar. Sim, como nunca havia feito na vida. Sentia-se o maior idiota vivo - ou morto. Se tivesse deixado de lado seu puritanismo em relação à um relacionamento com humanos, estaria menos insuportável que nos últimos anos. E não tinha deixado sua garota com outros incompetentes. Sim, porque Kurosaki Karin era a sua garota.

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Era sábado, finalmente. E adorava ficar naquela enorme cama até mais tarde. Mas não hoje. Não ao sentir uma energia estranha e porque não dizer conhecida em sua casa. Sentia-se observada o tempo inteiro: escovando os dentes, arrumando a cama, lavando louça e tomando café da manhã.

Cheia de tédio, rumou da cozinha até a sala, desabando em cima do sofá e pegando o controle para ligar a televisão, até seus olhos pararem sobre o texto escrito ontem. Suspirou. Rasgaria aquela carta e depois a queimaria, se não tivesse visto que a folha estava escrita no verso. Por uma letra que não era sua.

"Não chame 'isso' de merda. Pois definitivamente foi o pior e melhor acontecimento pra mim.

Passei todos esses anos me criticando de todas as formas possíveis por ter cedido a sentimentos ditos humanos, cultivando uma fraqueza, uma obsessão, mas ao mesmo tempo minha maior força. Minha insanidade, e também meu maior sonho.

Sinto-me lisonjeado ao saber que era lembrado de tantas formas, poéticas e profanas, e acredite: existe reciprocidade. E me aborrece extremamente saber que tentou me apagar de suas memórias usando outros seres que tenho certeza que não causam o mesmo impacto que eu em você. E para sua informação: o seu efeito sobre mim é mais dominador que a fúria de Hyourinmaru em guerra (ele não admite verbalmente, mas também sentiu sua falta).

Concordo com você que não existe perfeição, mas concordo também com sua irmã, e afirmo que não vai existir combinação mais intrigante do que a nossa. Você é a minha resposta, tanto quanto eu sou a sua. Negar isso é impossível.

Não se pergunte mais como eu me sentia. Pois a existência desses dias longe do mundo humano (e de tudo que me lembra a você) foram borrões mal humorados e ácidos, e as noites foram as mais sádicas companhias. Até ontem. Pois agora em todas as noites eu me lembrarei de como é incrível observá-la dormir, enrolada nos lençóis, balbuciando meu nome de forma tão própria, tão Karin, e tão bela.

Afirmo aqui com todas as letras que perdi meu juízo, mas que não faço questão de encontrá-lo. Desde que você esteja comigo.

(Virei buscar minha resposta. Esteja pronta)."

Karin arregalou os olhos, digerindo cada palavra, a folha de papel tremulando em seus dedos. E talvez ficasse como uma estátua, petrificada, se não sentisse um tremular no ar ao redor. Como há tempos não tinha essa sensação. E ao virar-se para a janela, encontrou os olhos turquesa que nunca admitiu, mas que sentiu tanta falta. Mas ao mesmo tempo que seu corpo se agitava com sua proximidade, lembrou-se da espionagem da madrugada, passando a oscilar entre a raiva da invasão de sua casa, a surpresa da presença dele a sua frente, e a alegria pela resposta dele corresponder à sua.

E antes de qualquer reação sua, ele estava à sua frente, quase colado em seu corpo, perfurando sua alma com aquele olhar de gelo que queimava seus pensamentos e bloqueava suas ações. Queria se xingar, mas estava agindo exatamente como as mocinhas protagonistas apaixonadas quando encontravam o grande amor de sua vida. Podia não estar vestido cheio de luxo como os príncipes dos livros, mas a capa branca do 10º esquadrão sobre a shihakushou negra era mais emblemática que qualquer outra imaginada.

- Antes de qualquer coisa - a voz enrouquecida e baixa soou tão próxima que ofegou ao sentir o hálito gelado em seu rosto - Eu não faço idéia do que será de nós a partir de agora, mas não quero mais reviver aqueles dias passados. Então só quero saber: aceita que eu seja a sua resposta? Porque eu sei que você é a minha.

Seu corpo parecia flutuar tamanha leveza sentida, embora seu coração tivesse sido substituído por uma metralhadora de disparos mudos e ininterruptos. Em vão não conseguiu articular nenhuma palavra decente ou compreensível. Mas o simples toque dos dedos gelados em seu rosto quente (e provavelmente muito vermelho) foi o suficiente pra despertar do torpor. E contrariando todas as suas próprias expectativas em relação a um possível reencontro, Karin apenas fez o que sempre teve vontade: lançou-se contra o corpo do shinigami, alguns bons centímetros mais alto, agarrando-o pelo pescoço, sentindo os fios macios cor de neve e provando o gosto dos lábios de Toushirou. E as sensações superaram qualquer expectativa criada ou imaginada. O hálito refrescante, a língua quente, os braços fortes, o tórax enrijecido, o cheiro gelado de inverno. Sentia-se arrepiar por completo, e ser correspondida em igual intensidade a fez ofegar sem notar a ausência do chão sob seus pés.

O beijo foi intenso, tão intenso que a neve novamente caía do lado de fora, como uma suave cortina. Obliterando o pequeno universo criado ali para qualquer interrupção externa. Quando deram por si, Toushirou havia caído sentado no sofá, com Karin sob suas pernas encaixada. Apenas curtiam aquele momento único de cumplicidade, roçar de lábios e pele, carícias singelas, beijos sôfregos e suaves.

- Sempre foi - ela sussurrou, fazendo-o abrir os olhos e encarar os olhos negros e hipnóticos - Você sempre foi minha resposta.

Sorriram. Apenas aquilo bastava. As outras questões... Não importavam se tinham solução naquele momento. E se tivessem, eles as encontrariam. Juntos.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenha gostado!
Sem hentai dessa vez kkkkkk
Bjs Bjs!