Bleach: Afterlife escrita por David Solace


Capítulo 1
I


Notas iniciais do capítulo

Essa parte da história se passa no passado fictício do universo de Bleach. Parte da história foi remodelada para atender os requisitos do texto.

Os capítulos são meio curtos, para tentar evitar o cansaço na hora da leitura, mas resolvi seguir as dicas do site e adicionei mais um... Espero que gostem! ^^



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I

Hiyo acordou novamente com aquele pressentimento... Era a terceira ou quarta vez essa semana? Perdera a conta. Ele só sabia que algo estava prestes a dar errado, e ele seria o provável responsável. Vestiu seu yukata e saiu. Logo seria o ano novo... “1864” pensou ele. Sorriu, começaria bem o ano. Olhou para o futón. As duas moças dormiam como anjos. Ele acendeu um cigarro. Aquilo se tornara um vício. Um vício que seu pai reprovaria. Tinha apenas 20 anos, e aquilo não era vida. Não a que ele planejou... Olhou para o céu limpo da noite. A lua parecia estar mais perto... Passou um tempo observando. Ser um membro do Shinsengumi... Tinha conseguido uma honra dentro do xogunato. Poucos conseguiam entrar no grupo desde que Hijikata-sama e Kondo-dono começaram com os novos testes de admissão. Uma das moças acordou.

– Meu bravo espadachim... – Disse sorrindo. A voz com um leve tom de ronronar – Por que não volta pra cá? Está tão frio...

Hiyo sorriu, foi até ela e a trouxe pra ver a lua.

– Veja isso, meu amor... – Ele disse, olhando em seus olhos – A lua nos observa nesta noite... Ela sabe o que fizemos...

– Mas o meu pai não – Ela riu e corou – E jamais saberá... Você não a deflorou... Nem a mim...

– Quando casarmos, minha linda flor... – Ele riu e a beijou... – Quando casarmos, Lily...

Ela colocou os cabelos loiros para trás da orelha, como sempre fazia. Hiyo adorava isso nela... Ele adorava tudo nela, desde as sardas no rosto e nos ombros, até aqueles olhos verdes provocantes. Ele se apaixonara à primeira vista.

Lily Worns era filha de um investidor inglês, que viajara até o Japão para fazer negócios. Adam Worns gostava de Hiyo, por isso o colocou como guarda-costas de suas filhas sob permissão do Shinsengumi, que via vantagem em se aproximar de Worns. Tão logo Hiyo confessou seu amor por Millena, Adam não viu problema algum. Gostava dos japoneses e, além disso, Lily era sua quinta filha, a mais nova, não teria tanta importância dentro da família. Worns estava apenas feliz em se livrar de um peso.

Já a segunda moça... Era apenas uma empregada, Hiyo supunha. A ideia tinha sido de Millena. Eles haviam bebido demais, Hiyo sabia, mas, mesmo assim, as duas haviam gostado, e ele também, então não reclamou. Abraçou Millena pela cintura e a beijou. Fumou um pouco mais.

– Se um dia eu acabar morrendo... – Começou a dizer.

Lily o puxa para ela e o beija, interrompendo sua frase. Hiyo fecha os olhos e retribui o beijo. O futuro podia esperar. O presente, não...

Enquanto isso, uma figura se aproxima da cidade. Usava um roupão preto e uma espada na cintura... Ele andava pela cidade... Pelo ar. O homem correu numa velocidade absurda em direção à ponte da cidade.

Uma criança gritava de medo, enquanto uma espécie de sapo gigante tentava atacá-la. O sapo tinha cerca de cinco metros de comprimento e três de altura. Seu corpo era de uma cor verde brilhante. Algo parecido com uma máscara cobria seu rosto e um buraco se projetava das suas costas.

– Um Hollow? – Disse o homem, descendo até a criança – Tá fazendo o quê aqui?

O homem desembainhou sua espada e protegeu a criança de um ataque realizado pela língua do hollow. Ele olhou para trás e confirmou que a garota estava bem. “Preciso acabar logo com isso...” pensou consigo mesmo. Correu na direção do monstro e o atacou, abrindo um corte no seu braço. “Só tem tamanho, mas é tão lento quanto uma pedra”. O sapo pulou com grande agilidade, surpreendendo o espadachim, que se encontrou encurralado.

– Você é mais rápido do quê eu imaginava... – Disse empunhando a espada com as duas mãos.

O sapo preparou a língua mais uma vez, pronto para atacar. O espadachim segurou a espada casualmente.

– Parece que não tenho outra escolha... – Ele olhou para o sapo – Transceda... Mitsuji. (Caminho da Iluminação)

A espada brilhou ao mesmo tempo em que o tempo mudou. Nuvens negras cobriram o céu. Trovões e relâmpagos puderam ser vistos e ouvidos. A espada, que antes estivera em suas mãos, agora se tornara uma lança de classe guan dao de quase três metros de comprimento. A lâmina brilhava com pequenas correntes elétricas que a circulavam. O espadachim tinha consciência de que sua velocidade e ataque haviam aumentado drasticamente, no entanto, sua defesa praticamente estava zerada... Mas isso não importava, ele acabaria com isso num único golpe.

Em menos de um segundo, o hollow havia sido fatiado ao meio, desaparecendo logo em seguida. O espadachim suspirou, cabisbaixo.

– Ainda sou mais lento que aquele maldito... – Sussurrou. Olhou para a garota, que tinha uma corrente ligada ao peito – Você está bem?

A garotinha balançou a cabeça positivamente, olhando intensamente para o espadachim.

– Qual o seu nome? – Perguntou, quase sussurrando. O homem sorriu suavemente e passou a mão pelo seu cabelo.

– Meu nome é Zenny, e eu sou um shinigami – diz sorrindo.

II

Hiyo ouviu barulhos fora da mansão. Pegou seu uniforme azul, as duas espadas e saiu. Parou logo que ouviu uma espécie de rugido. “Um animal selvagem?” pensou e logo desembainhou a espada longa. O shinsengumi possuía duas espadas, que eram revezadas dependendo da situação em que o espadachim se encontrasse. Hiyo não sabia qual espada usar para se livrar de um animal, então pegou a katana. Andou furtivamente na direção do som, esperando surpreender o animal. Ouviu um uivo abafado de dor “Alguém o matou antes de mim?”. Dessa vez correu. A criatura não estava lá, nem mesmo a carcaça, mas havia um homem de cabelos amarelos, usando um roupão preto. Tinha uma espada na mão. Hiyo entrou em posição de batalha.

– Hey – Chamou – Quem é você? De quê facção?

Zenny o olhou. Sentia algo diferente no rapaz. Olhou para os lados, mas não se enganara. O rapaz olhava mesmo para ele... “Esse garoto pode mesmo me ver... Talvez seja apenas sensitivo. Mas tem algo diferente nele, algo como uma centelha de reiatsu...”. Zenny embainhou a espada.

– Garoto, venha cá – Chamou-o com um gesto – Você pode me ver?

– Que brincadeira é essa? É claro que posso! – Hiyo não se aproximou.

– Que pena... – Disse Zenny, apontando para trás de Hiyo – Isso significa que ele também pode te ver...

Hiyo olhou para trás e quase largou a espada. Uma criatura de quase três metros de altura o olhava de cima. Seus braços e pernas escamosos tinham a grossura de um tronco de árvore, o tronco era largo, mas repleto de músculos. Havia uma máscara em seu rosto que parecia estar colada e um buraco em seu peito. Hiyo não sabia o que fazer, estava encurralado. Ele não sabia contra quem se virar... O monstro levantou o braço num movimento de ataque. Hiyo fechou os olhos...

...mas nada aconteceu. Zenny segurava o braço do monstro com uma única mão, enquanto este tentava empurrá-lo, utilizando toda a sua força, sem sucesso. O shinigami sorriu e apertou a mão do monstro, quebrando alguns dedos. Ele urrou de dor, recuando alguns passos.

– Apenas mais um inferior... – Disse decepcionado – Como posso me gabar com aqueles malditos se nunca encontro um bom oponente?

Hiyo apenas observou. Estava em choque. Ele não hesitara em atacar a criatura, e nem ao menos usou a espada... Quem era aquele maldito? Ele não era normal, disso podia ter certeza. Enquanto isso, o homem brigava contra o monstro aplicando golpes impossíveis. Chutes altos, socos múltiplos, ele até caminhara no ar... Hiyo culpou o sakê, balançou a cabeça e olhou outra vez... Estava mesmo ficando louco.

Zenny desviava e atacava numa velocidade absurda... Estava claro que aquele não era apenas mais um hollow inferior... Estava próximo de se tornar um adjuca, ele podia sentir... Acabaria com ele antes que isso pudesse acontecer. Pegou a espada e tentou atacar, mas o hollow foi mais rápido e lhe deu um tapa forte na lateral do corpo. Zenny bateu contra a parede. Zenny urrou de dor, mas avançou outra vez. O hollow rugiu e começou a mudar. Seu corpo começou a ficar maior e mais forte. Espinhos começaram a surgir de suas costas. Ele agora tinha uns seis metros de altura...

– Bem... – Disse Zenny sorrindo – Nunca é fácil.

Atacou o monstro com uma estocada e se surpreendeu ao perceber que a lâmina não entrara por completo. Ele tinha uma defesa era absurda. Precisava de um ponto fraco, ou acabaria morrendo.

Hiyo não conseguiu mais ficar parado. Seus instintos diziam para correr, afinal, aquele não era um oponente fácil para Hiyo. No entanto, seu cérebro dizia para ficar e ajudar, afinal, aquele não seria um oponente fácil para o outro, também...

– Dane-se tudo – Sussurrou enquanto avançava contra o monstro. A katana em posição de estocada.

O homem o olhou. “Merda” pensou “Merda merda merda merda merda”. Parou próximo a Hiyo, que estava decidido a não parar. A espada tocou a perna da criatura, entrando por completo.

Zenny arregalou os olhos “Como ele...”. A criatura gritou de dor, mais uma veze caiu sobre um joelho, tentando, em vão, tirar a espada, agora presa em sua perna. Zenny sabia o que fazer.

– Hadou nº 4: Byakurai! – Gritou. Uma espécie de raio branco saiu de seu dedo, atingindo o monstro bem na máscara, derrubando-o.

Hiyo observava de boca aberta.

– I-i-isso não pode ser real – Sorriu nervoso – Estou tendo alucinações...

– Temo que não – Disse Zenny, recolhendo a espada outra vez – Infelizmente, isso foi de verdade. E você viu tudo...

Hiyo pegou cuidadosamente a espada, que estava caída no chão. Sabia o que viria a seguir.

– Não vai me deixar vivo, vai? – Entrou em posição de batalha.

Zenny apenas riu.

– O-o que é tão engraçado assim???

– Você é engraçado... – Zenny se aproximou e estendeu a mão direita – Vamos nos encontrar novamente...

– Matsui – Disse Hiyo apertando a mão do outro – Matsui Hiyo.

Naquela noite, Hiyo decidiu que seria melhor ir para sua casa. Viu as velas acesas.

– Millena? – Chamou.

Uma garota apareceu vestindo apenas um kimono que mal podia esconder seus seios. Hiyo olhou, mas logo desviou os olhos e limpou a garganta.

– Acho melhor vestir algo mais...próprio – Disse vermelho e com os olhos fechados.

Millena riu como sempre fazia. Morava com Hiyo há mais de dez anos, mas sempre se divertia com as reações do amigo. Era uma garota alta, considerando a idade. Tinha os cabelos loiros e olhos azuis. Poderia facilmente se passar por uma aristocrata, se não fosse pelas marcas nas suas costas. Era uma ex-escrava que conseguiu fugir, assim como Hiyo.

– Deixa de ser chato – Disse ela, abraçando Hiyo – Como foi no trabalho? Não era pra ficar lá até o amanhecer?

– Então... – Disse afastando-a gentilmente. Ele resolveu não contar a ela sobre o ocorrido da noite. Sorriu – Me deram um tempo livre...

Millena ficou séria.

– Tem algo que você não tá me contando, Hiyo – Ela o conhecia bem demais.

– Você não acreditaria em mim... – Sorriu fraco.

– Experimenta – disse Millena se sentando perto de uma vela.

Hiyo se sentou também e começou a falar. Millena não parecia surpresa, e nem desacreditada. Ela prestou atenção em cada detalhe da história de Hiyo. Ele adorava isso nela... Ela podia estar ouvindo qualquer coisinha, qualquer história. Sua atenção seria máxima para qualquer detalhe. Ela evitaria piscar, ou até mesmo comentar, a menos que fosse requisitada. Quando Hiyo terminou, ela apenas assentiu.

– Achei que estava enlouquecendo – Disse ela, sorrindo – Aquelas criaturas... Eu também as vi... Ontem à tarde... Eu pensei em te chamar, mas fiquei com medo de não acreditar em mim.

Hiyo suspirou.

– Realmente, parece loucura – Riu – Mas espero que não estejamos nos metendo em algo ruim...

– Algo me diz que já estamos – Diz Millena indo colocar a água para esquentar – Que tal um chá quente? Pode animar um pouquinho essa noite fria – Ela sorriu e Hiyo também.

Millena dormiu rapidamente. Hiyo tomou mais chá e ficou observando o céu, já claro pela luz do Sol, que nascia.

– Um lugar bonito, não? – Hiyo quase morreu do coração ao escutar a voz. Achava que nunca mais a ouviria novamente. Era o espadachim – O que houve? Parece pálido...

– V-você... – Foi a única coisa que conseguiu dizer, ainda estava suando de nervosismo – Como entrou aqui?! Quem é você?

– Yo – Disse levantando a mão numa saudação e sorrindo bobo. Ficou sério – Matsui Hiyo acho que já é hora de lhe contar tudo... Você e sua amiga ali foram as únicas pessoas que conseguiram me ver nesta cidade. E isso não é coincidência.

Hiyo escutava atentamente.

– Meu nome é Zenny – Disse – E eu sou um shinigami.

Hiyo assentiu.

– Certo – Disse, em tom de entendedor – Então você é maluco.

Zenny dá um soco na cabeça de Hiyo.

– Deixa de ser idiota – Disse Zenny – Você sabe que é verdade.

Hiyo esfregava a cabeça, que ainda doía. Ele realmente sabia que Zenny não era uma pessoa normal. Mas um shinigami? Isso ele achava mesmo difícil de acreditar... Mas algo na sua mente... Não, na sua alma o fazia acreditar que era verdade, de certa forma...

Mesmo assim...

– O que é um shinigami, afinal de contas? – Perguntou Hiyo – Você fica vigiando os humanos pra depois levar a alma deles, quando morrem? É isso?

– Basicamente... – Riu – Claro, é muito mais complexo que isso... Nosso trabalho é manter o equilíbrio entre os mundos, garantindo a passagem segura das almas...

– Mundos? – Hiyo estava confuso.

– Existem três mundos principais – Disse Zenny levantando três dedos da mão esquerda. Abaixou o primeiro – Soul Society, que é pra onde as almas guiadas pelos shinigamis vão. Também é lá que vivemos – Ri e abaixa outro dedo – Há, é claro, o mundo dos humanos, que é uma espécie de mundo intermediário entre a Soul Society e o mundo dos hollow – Abaixa o último dedo – Hueco Mundo... Não sabemos muita coisa sobre esse mundo. Só sabemos que é de lá que os hollow, como aquele de ontem à noite, vêm.

Hiyo respirou fundo.

– Por que esses... hollow vêm pra cá? – Perguntou – Por quê não vivem no mundo deles?

– Eles costumam se alimentar do espírito das pessoas. São predadores que matam sem remorso. Originários de almas que tiveram um terrível fim – Zenny abaixou a cabeça – Almas que não pudemos salvar...

Hiyo sentiu vontade de perguntar o quê incomodava o shinigami, mas não o fez. Sabia muito bem o que era falhar miseravelmente em uma missão, por menor que fosse... E, ainda por cima, havia uma outra questão que fazia sua cabeça coçar.

– Por quê? – Perguntou – Por quê conseguimos ver? Digo, eu e a Millena...

– O processo seletivo de um shinigami leva em conta determinados fatores. Geralmente, humanos que conseguem ver o mundo que habitamos, são mais propensos a se tornarem shinigamis. Você e sua amiga possui certo poder espiritual, ou reiatsu, como chamamos.

– Então é tudo graças a esse poder espiritual... – Hiyo olhou para suas mãos – Quando eu morrer... – Sussurrou.

Zenny achou melhor não dizer nada. Apenas observou o céu, agora completamente claro. Um arrepio mexeu com sua cabeça. “Vem tempestade aí...” pensou “E das grandes”.


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Notas finais do capítulo

Obrigado por lerem até aqui! Se gostarem escrevo outro capítulo pra vocês! ^^



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