Avatar: A lenda de Tara - Livro 1 Terra escrita por Glenda Leão


Capítulo 2
Meu coração vai seguir




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É noite. O clima é ameno, o som da conversa de todos soa insistente ao meu redor. Jinora me pediu para segui-la até o escritório do meu pai, por instinto segurei a mão de Dao li e o arrastei comigo. Em uma mesa redonda estão sentados meu pai, general Kono e os lideres. Todos conversam alegremente, parecem estar planejando minha vida daqui por diante sem perceber que estão me ignorando. Dao li me guia até uma cadeira ao lado do meu pai e fica em pé ao meu lado, a companhia dele me faz esquecer o alvoroço que esta acontecendo no escritório. Quando me sento todos se calam e me olham atentamente.

— Tara, minha filha — meu pai me abraça animado — nós todos estávamos discutindo algo muito importante querida, decidimos que você deve começar a treinar os outros elementos o mais rápido possível e...

Eu o interrompo:— Mas que maravilha, eu mal posso esperar pra conseguir dominar os outros elementos.

— Que bom que você pensa assim Tara — um homem de cabelo vermelho que eu ainda não tinha visto toma a palavra — ficarei muito feliz em me mudar para Ba Sing Se para treina-la.

— Como assim se mudar pra cá? E quem é você?

— Tara, esse é Kazan, ele é o melhor dominador de fogo da nação, treinou Sadako desde criança e eu vou disponibiliza-lo para o seu treinamento de dobra de fogo— Honora o apresenta.

— Espera, espera ai... Com licença senhora do fogo Honora... — me volto para meu pai — como assim eu vou treinar AQUI? Eu pensei que como os outros avatares eu viajaria o mundo pra dominar os outros elementos

— Claro que não, aqui você terá os maiores mestres do mundo para ensina-la, e alem disso só aqui o meu exercito e a lótus branca vão poder te proteger.

—Eu não quero proteção pai — eu levanto bruscamente da cadeira — não posso simplesmente ficar trancada aqui enquanto o mundo precisa de mim, tenho que abraçar meus deveres como avatar, o senhor tem que entender.

— Tara você entende o poder que tem nas mãos? Existem pessoas que vão tentar te destruir. Você é o avatar mas antes disso é minha filha ... Você vai treinar aqui sob a nossa proteção e essa é minha palavra final.

— EU NÃO VOU FICAR AQUI — dobro a mesa de metal na frente de todos e a arremesso na parede com fúria. Enquanto os lideres me olham admirados meu pai parece que vai arremessar a mesa de volta na minha cabeça, posso ter herdado a aparência de minha mãe mas meu pavio curto veio todo dele. Acho que general Kono percebeu que ele perderia o controle então foi para seu lado para acalma-lo, não consigo desvendar a expressão no rosto de Jinora. — Ninguém vai decidir minha vida por mim, eu não vou ficar trancada em lugar algum com nenhum de vocês... Sem ofensas claro.

— Não ofendeu, imagina — não tinha notado a presença de Kai no escritório.

— Mas, de onde você veio?.. Não importa, agora se me dão licença. — sigo para a porta mas sinto um cabo de metal no braço que me força a dar meia volta.

— Essa conversa ainda não acabou mocinha, sugiro ir direto para seu quarto pro seu próprio bem. — eu corto o cabo.

— Sim "senhor presidente"

Chego ao meu quarto e começo a separar minhas roupas pela cama. É uma cama muito rústica, uma peça única retirada de uma imensa árvore atingida por um raio na noite em que nasci. Uma linda e assustadora tempestade elétrica que obrigou minha mãe a dar a luz dentro de uma caverna em meio a um ataque terrorista, rodeada de enormes toupeiras texugo, eu nasci. Jinora ajudou minha mãe a me trazer ao mundo.

Eu me assusto ao ouvir batidas na porta.

— Tara querida, sou eu, Jinora... Podemos conversar?

Suspiro e abro a porta : — Claro, entre!

Respiro fundo e me preparo para uma conversa longa com olhares ainda mais longos.

— Acho que você sabe sobre o que eu quero conversar.

— Acho que sei sim.

— Sei que está confusa, que não sabe o que fazer, embora Korra tenha crescido sabendo desde pequena que era o avatar muitas vezes ela passou por situações difíceis que você nem pode imaginar. E por causa das coisas que aconteceram com ela seu pai tem medo que algo de ruim te aconteça.

— Acho que posso imaginar sim, as vezes tenho sonhos... Eu não sei como dizer, são pessoas que nunca vi na vida... Nessa vida pelo menos.

— Você... você tem certeza disso? — Jinora abre um enorme sorriso — Talvez seja Korra tentando se comunicar com você, querendo te guiar querida.

— É, talvez.

— Mas você quer me dizer o que pretende fazer com essa mochila cheia de roupas? Por acaso pretende ir a algum lugar?

— Err, não... Eu pensei... Na verdade... Vou passar a noite na arena treinando e vou trocar de roupa quando chegar lá. — abro um sorriso tentando parecer sincera.

— Jura? — Jinora arqueia a sombrancelhas — Tara, você não é boa em mentir.

— Ta, ta, ta, já entendi... Vou fugir, satisfeita?

— Por Raava — ela me abraça feliz da vida — Você se parece tanto com ela.

— Pff, você não esta chateada?

— Eu? Chateada? Não, não... Escute, eu vou sair por aquela porta e quando eu chegar ao corredor a memoria dessa conversa vai... Sumir... Até qualquer dia minha querida. — ela me abraça forte e sai do quarto.

Fico atenta a qualquer ruído, sei que general Kono colocou todos os guardas em alerta por minha causa, poucas vezes ele sente necessidade de interferir em discussões minhas com meu pai, conseguimos resolver a maior parte das discussões sozinhos. Ou assim ele espera.

Consigo chegar até o portão do jardim. Os guardas do portão se entretem jogando pedras em uma enorme toupeira-texugo que tinha surgido há alguns minutos. Não consigo me controlar e ataco um dos guardas pelas costas, os outros dois não vêem que sou eu e lançam rochedos na minha direção, um deles me atinge e eu sou lançada pra longe, a enorme toupeira pula em cima dos dois guardas e os deixa desacordados. Ela vem até mim e me olha com seus grandes olhos. Ela é realmente grande, de costas altas, rígida, pesada e forte. Parece estar me agradecendo, me cheirando de longe, mantendo as pernas traseiras a certa distância e se aproximando apenas com as dianteiras, quase deitando no chão. Fico em pé com dificuldade e vou até ela, acaricio seu focinho úmido.

— Oi garota, está perdida? É, eu também estou, não nesse sentido, mas eu não sei o que fazer a partir de agora. — de repente eu ouço os alarmes soarem — Essa não... garota, eu preciso de uma carona ta bem? — ela parece me entender e se abaixa um pouco para que eu suba em suas enormes costas, quase sou jogada para trás quando ela começa a correr pela estrada.

Alguns minutos depois passamos pelo ultimo anel da cidade e continuamos até estarmos fora de perigo, paramos próximas a um lago para nos refrescarmos.

— Parece que agora somos companheiras de viagem garota, acho que você precisa de um nome, o que acha de Zena? — abanando a cauda e lambendo meu rosto parece que ela aprovou o nome — vamos continuar ? — volto a subir em suas costas e acabo dormindo por causa da mansuetude de Zena.

Horas depois eu acordo e o sol esta nascendo, Ba Sing Se já esta fora da minha visão, Zena para com seu peso notável e vira os olhos escuros pra mim. Ela aponta o focinho na direção de uma pequena vila, ouço o ronco de nossos estômagos e saio das costas dela para deixa-la descansar um pouco, com passos rápidos seguimos até a vila, onde as pessoas já começavam a preencher o caminho.

Enquanto caminhamos paro para pensar. Meu pai deve estar com medo. Ele me conhece bem demais para não temer que eu atraia perigo. Sei que a vida que me espera será dura, até meu último dia. Sinto meus pés doerem, tiro os sapatos e continuo andando, sentir a terra me ajuda a relaxar.

Tenho que dar um jeito de aprender a dominar os outros elementos rapido, se não pode ser que eu me torne um avatar completo apenas quando o mundo for uma ruína devorada pela guerra, e ficaria assim por centenas, milhares de anos! Posso demorar demais e voltar só quando tudo que conhecia não mais existir. Paro em frente a uma casa com os pés descalços sentindo a terra fria. O cheiro de cozido.


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