Não Me Deixe Ir escrita por Juliane Bee


Capítulo 4
Querendo ou não, aqui é a sua casa.


Notas iniciais do capítulo

Hello, it´s me.
GENTE!! Eu amei ver vocês nos comentários, muito obrigada pelo apoio! Para vocês terem noção, estou na casa de uma amiga usando a wifi dela para programar esse capitulo. São 2 da manhã do dia 7 (amanhã dia 8 sai o resultado do vestibular #vamotime) e to morrendo de sono, mas não esqueci de vocês. Espero de verdade que curtam o capitulo, e que deixem um comentário bem bacana :) Escrevo com muito carinho, e teve uma parte aí que meu Deus, eu amei! MAS SEM SPOILER! To bem surpresa com essa fic, é realmente diferente de tudo que já escrevi. A Claire é tão madura, gostaria de ser como ela.
Sobre o capitulo, sei que está curtinho, mas não gosto de embolar os assuntos. Meus leitores fieis já me conhecem, mas aos novos, sejam bem vindos :) O próximo vai ser bem bacana, conheceremos novos personagens e veremos como a Claire vai se sair com tudo isso. No capitulo de hoje temos momentos fofos de recordação, e uma pergunta, o que é um lar?
Escolhi Home da Gabrielle Aplin porque acho que essa música combinou demais com o tema desse cap. Eu amo ela - já coloquei uma outra música dela no cap 2 - e teremos mais Gabs ao longo da fic :) Espero que gostem também da música.
Então é isso, uma boa leitura pra vocês!
Nos vemos em breve,
E não esqueçam de comentar!
Beijão~
ps: adorei vocês mencionando a Carola :) Também amo ela!
Ps2: SEI QUE NÃO RESPONDI ALGUNS COMENTÁRIOS, MAS NÃO CONSEGUI IR ATÉ A LAN HOUSE. TENHO UFSC ESSE FINAL DE SEMANA, E AULA O DIA TODO. PERDÃO.
Ps3: ALGUMAS PALAVRAS ESTÃO SEM ACENTO, I KNOW, BUT MEU WORD NÃO TEM CORRETOR, E MEU NOT É EM INGLÊS, NÃO CONSIGO. QUANDO EU ESTIVER NA MINHA CASA VOU CORRIGIR :) Tenham paciência comigo, muito obrigada.
Agora vão!!!



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'Cause they say home is where the heart is set in stone

It's where you go when you're alone

It's where you go to rest your bones..

Home— Gabrielle Aplin

 

(...)

 

Ao longo do caminho continuei calada. Observava a paisagem em silêncio enquanto memórias de anos atrás berravam dentro de mim. Tudo era tão familiar, nada tinha mudado.

Nada.

É como se Madison tivesse parado no tempo.

— Preciso levar vocês a um bistrô recém inaugurado no centro, é muito chique. - Gabrielle sorriu para a avó. - Você também pode nos acompanhar, Claire. Aposto que vai gostar. - ela me passava um ar divertido, do tipo que ou você a ama ou a odeia.

Fiquei com a primeira opção.

— Onde você quer que a Elle te deixe? - percebi que Carola falava comigo.

— Bem.. - eu deveria ir direto para o hotel, mas não era isso o que queria. Havia um lugar muito importante que pretendia ir primeiro. - Para o Hotel Hampton. - era o melhor a se fazer, devo ir sozinha até lá.

— Ahh! Então você já veio aqui antes? - Gabrielle perguntou.

— Minha assistente fez reserva. - sorri. Ela não precisava saber mais do que isso.

— Elle, nem te conto como eu e Dex conhecemos a Claire. - Carola começou a falar, mas sua voz ficou cada vez mais distante.

Fitei a janela. Do outro lado do vidro o verde dos campos mostrava que o inverno tinha acabado recentemente. As flores estavam começando a aparecer, e a cor das árvores estava mais viva do que nunca.

Flashbacks de uma infância feliz voltaram.

Como era divertido andar por esses campos descalça. A última vez que sujei meus pés de terra foi mês passado, em uma clínica de estética. Não é a mesma coisa, nunca mais foi.

— Não acha? - Dex me cutucou. Lembrei de Helen, o que será que ela está fazendo nesse exato momento.

— Me desculpe, o que disse? - pisquei rapidamente - O jetlag me pega de jeito, sabe como é. - tentei disfarçar.

— Sem problemas, querida. - sorriu me tranquilizando - Estava falando como aquele homem na fila era desagradável.

— Você não faz ideia.. - revirei os olhos.

Adam.

— Você tem internet em casa, Elle? - a mesma encarou Dex com um olhar fulminante.

— Por favor, Dexter. Aqui não é tão fim de mundo assim, olha o jeito que você está apresentando a cidade para os visitantes.

— Ele só está brincando, querida. - Carola disse - Minha neta veio para cá faz pouco tempo, e essa é a primeira vez que viemos visita-la.

— Eu me apaixonei por Madison assim que desci do avião. - tentou conter a euforia em sua voz. Gostaria de me sentir desse jeito, mas não tenho todo esse carinho pela cidade. Na verdade creio que seja o oposto.

— Não só por Madison, não é? - as duas riram compartilhando um segredo. Sorri fraca, faltavam só algumas quadras para o hotel.

— Muito obrigada pela carona, Gabrielle. - me adiantei colocando a bolsa em meus ombros - Carola, Dexter, nos vemos pela cidade.

— Sem problemas, Claire. Espero que aproveite bem sua estadia. - estacionou em frente ao portão. - Dex, ajude-a com as malas.

— Foi bom te conhecer, querida. - Carola pegou carinhosamente em minhas mãos.

— Digo o mesmo. - assenti, descendo do carro.

Já não chovia tanto, então não tive problemas para andar uns metros até a entrada. Meu salto - mesmo que baixo - ficava cravado na grama a cada passo.

Sabe, é engraçado como um cheiro pode te transportar para outro lugar ou até mesmo para uma lembrança. O aroma doce que pairava no ar me lembrou as guloseimas que minha avó costumava fazer enquanto estava viva.

Toda vez dezembro chega, uma saudade imensa me atinge. Vovó tinha o costume de faz biscoitos natalinos, e ela sempre decorava uns especiais para mim. Eu amava os de rena, ela fazia com tanto carinho. O Natal pode até ser a melhor época do ano para muitos, mas sem minha avó ele jamais foi o mesmo. Grande mulher, sinto tanta falta dela.

Ao abrir a porta escutei um sininho tocando.

— Joshua, mais hóspedes! - a voz disse alto o bastante para que eu ouvisse.

— Desculpe a demora, temos um casamento na cidade e recebemos muitos visitantes. - controlei minha cara de surpresa. Joshua Hampton, meu Deus!

— Tudo bem.

Na verdade eu queria dizer: Lembro do seu batizado, eu estava lá.

— Você fez reserva, não é? - assenti. Ele deve estar com uns 16, 17 anos. - Posso ver seus documentos? - abri minha bolsa e entreguei minha identidade. Ele riu. - Você é daqui? Nossa, não imaginava.

— Mudei-me de Madison há alguns anos. - peguei a chave do quarto, guardando tudo de volta. - Quarto número 23?

— Isso mesmo. - sorriu - Bem, hoje minha mãe está servindo o café até ás 10 horas, se quiser.

— Obrigada. - fitei o relógio, 8 da manhã.

Joshua me ajudou com a mala, deixando-a na porta do quarto, que ficava no segundo andar. Abri a carteira sacando uma nota de vinte dólares.

— Não precisa. - balançou a cabeça.

— Pegue, obrigada pela ajuda. - ele assentiu, saindo de lá.

Coloquei a mala ao lado da cama e tirei meu casaco encharcado, assim como minhas botas. Deitei no colchão desmanchando - infelizmente - o cisne feito com toalhas.

— Até agora deu tudo certo. - murmurei.

Tirando aquele babaca no avião.

Procurei uma tomada, e arrumei meu celular para carregar. Aproveitei para checar alguns emails, como sempre. Helen havia me ligado 1 vez, mas deixou uma mensagem no lugar.

"Espero que tenha feito uma boa viagem, e que tudo esteja saindo como programado.

Att,

Helen."

Gentil da parte dela, mas um pouco puxa-saco demais.

Aproveitei para tomar um banho quente e trocar de roupa, colocando algo mais apropriado. Optei por uma calça jeans escura, blusa leve, e um cardigã preto.

Agora eu realmente aparentava ter 28 anos.

*****

Uma pequena fila tinha se formado na mesa dos salgados, e confesso que quase me passou pela cabeça voltar para o quarto, mas a fome era maior. Fui primeiro na dos doces, as tortas tinham uma cara boa.

— O que é isso? - uma mulher conversava com seu marido, acho, apontando para uma cuca.

— Eu não sei, querida. - ele ficou receoso, mas colocou uma no prato.

— É um doce alemão, e essa farinha em cima do bolo é um tipo de açúcar. É bem gostoso, chamamos de cuca. - me meti no assunto.

— Obrigada, eu nunca comi. - sorriu.

— Gosto muito da recheada com doce de leite, mas algumas pessoas preferem com fruta. - como minha avó, mas cortei essa parte.

— Se é assim, pegarei mais uma. - o homem se serviu de novo.

Coloquei uma no meu prato, cuidando para não pegar a de uva.

— Foi uma bela explicação. - uma mulher estava recolocando comida na mesa. Encarei-a. - Engraçado, seu rosto é tão familiar. - suas sobrancelhas se contraíram.

— Sou eu, Sra. Hampton. - sorri - Claire. - seu rosto ficou estático.

— Meu Deus! - ela largou tudo e me abraçou - Depois de todos esses anos… Nossa! Você está linda! Tão adulta, - sorriu - tão parecida com a sua mãe.

— Obrigada. - mordi a bochecha.

Ela foi uma das melhores amigas dela.

— Eu não sabia que você estava hospedada aqui, veio para o casamento da Jenny? - assenti.

— Eu não poderia faltar. - fitei o chão.

— Não, é claro que não. Vocês sempre foram tão amigas. - ela ainda segurava em minhas mãos - Como você está, Claire?

— Bem. - não menti - Indo.

— Eu sinto muito por tudo que aconteceu. - o gosto de sangue já inundava minha boca.

— Eu também, Sra. Hampton. - soltei o ar.

— Tanto tempo se passou, espero honestamente que sua passagem pela cidade seja feliz. Querendo ou não, aqui é a sua casa. - ela acariciou meu braço.

— Obrigada. - apertei sua mão - De verdade.

— Mãe! - mesmo com a conversa dos hóspedes, consegui escutar Joshua.

— Sabe que estou aqui se precisar de alguma coisa, não é? Ainda quero conversar melhor com você, - sorriu - mas agora tenho que continuar meu trabalho, sinta-se a vontade.

— Pode deixar. - voltei a me servir.

— Experimente o bolinho doce, você vai gostar! - ela despejou mais comida na mesa, saindo em seguida.

Gemma Hampton continuava a mesma mulher generosa que eu me lembrava. Ela é uma das poucas pessoas que eu realmente senti falta. É impossível não pensar em minha mãe quando olho para ela, suas visitas sempre foram constantes em nossa casa. Lembro bem de brincar com Joshua enquanto as duas conversavam, e toda vez que ela nos visitava levava algum prato diferente.

Assim como eu e meu pai, Gemma e Joshua sempre se viraram sozinhos. Depois que o primeiro marido dela morreu - a aliança em seu dedo revelou um novo amor em sua vida -, ela tocou sozinha o hotel, não se deixando abalar.

O suporte que ela me deu quando mamãe morreu foi fundamental, mas não somente isso, foi Gemma quem me ajudou financeiramente para que eu pudesse ir embora de Madison. Devo muito a ela, e nunca vou esquecer do que fez por mim.

****

Passei o resto da manhã escutando o barulho da chuva pela janela, e checando mais alguns emails. O que podia ser feito de longe deixei pronto, mas as reuniões presenciais ficarão para uma próxima vez. Eu não era de faltar ao trabalho, mas mereço alguns dias de folga do escritório. Só que esperava passa-los em outro lugar, e não aqui.

Pensei em Jenn e Sam, e sua lua de mel no Caribe. Eles vão gostar do presente. Espero que assim ela não fique me encarando com sua cara zangada, a não ser que Jenny tenha perdido essa mania. Resolvi ligar para ela, precisava saber dos detalhes, hora, data, essas coisas.

Desculpe, mas não posso atender no momento. Estou incomunicável até que o casamento termine, sabe como é, sou um pouco ansiosa. — o recado na secretaria eletrônica veio seguido de uma risada nervosa.

É a cara dela fazer uma coisa assim. Ri sozinha.

Caso você não tenha recebido o email, o chá de panela da Jenny será na sexta feira, ás 3 horas da tarde. Atenção, homens! A despedida de solteiro começara ás 6 da tarde! Não esqueçam! O jantar será no sábado ás 20 horas, e o casamento no domingo, ás 9 da manhã. Era isso, aguardamos vocês. - dessa vez foi a voz de Sam. Pelo pouco que me lembro dele - a fã número 1 era Jenny - ele não mudou muita coisa.

Nenhum dos recados informava o local, mas pressupus que o chá de panela seria na casa dela, já que aqui as pessoas mantem a tradição de só sair da casa dos pais depois do casamento, passando a primeira noite no novo lar.

Lar.

Eu nunca me senti de fato conectada com São Francisco, mas a primeira vez que entrei no meu apartamento foi surreal. Era meu. MEU. Pago com o meu dinheiro, decorado do jeito que eu quis decora-lo. Ele é maravilhoso, mas se até mesmo as princesas voltam para seus castelos belíssimos no final do dia e se sentem solitárias, comigo não foi diferente.

A riqueza não faz de você uma pessoa completa.

Ela te blinda dos perigos externos, mas não do mais cruel.

A sua própria mente.

Deite na cama me cobrindo da cabeça aos pés. Eu estava segura ali, ninguém poderia me achar. Fechei os olhos. Eu ainda tinha mais alguns minutos até o chá de panela.

Repassei em minha cabeça quem poderia estar ali. Simplesmente todos os nossos ex-colegas de escolas, vizinhos antigos, todo mundo. A tortura de ver todos comentando sobre sua vida, e pior, exibindo suas alianças douradas e fotos dos filhos pequenos.

“E você, Claire? É casada? Tem filhos?”

— Não.

Não sou forte o suficiente para me livrar dos fantasmas do passado e seguir em frente.

Sou uma fracassada. Sei disso.

Não preciso que ninguém tenha pena de mim.

Não mais.

 


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Notas finais do capítulo

E então? Gostaram??
Não esqueça de deixar seu comentário que me ajuda pra caramba, okay?
Muito obrigada pelo apoio!
Nos vemos em breve,
Um ótimo final de semana,
Se cuidem!
Beijão~