Lista de Música Chrisse escrita por Heather Bloo


Capítulo 1
Só Sei Dançar Com Você


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/660752/chapter/1

Clarisse virou-se para o outro lado da cama, e quando nem mesmo assim sentiu-se confortável, bufou irritada.

Estava tentando dormir há pelo menos uma hora, mas sem sucesso. Poderia culpar os altos roncos de seus meios-irmãos, porém já tinha se acostumado com eles, tanto que chegava a estranhar quando o silêncio se fazia presente.

Para completar a situação, seu dia fora bem cansativo. Só ela sabia o quão difícil é manter Percy e Annabeth irritados a ponto de quererem matá-la.

Puxa vida! Se não dormisse agora, talvez não tivesse disposição suficiente para repetir a dose na manhã seguinte. Ou melhor, hoje, pois com certeza já se passava da meia-noite.

Quando mais uma vez lutou para se fazer a vontade na cama, perdeu a paciência e resolveu dar uma volta pelo acampamento ou beber água.

Não importava, qualquer coisa seria mais produtiva do que ficar ali deitada brincando de quem fica mais tempo sem piscar com o teto. Levantou-se num pulo e fez seu caminho até a porta.

Mesmo no escuro, conhecia os obstáculos em sua frente como cada arranhão em sua adorada lança. E se por algum acaso, acabasse esbarrando em algo, tinha convicção de que não seria o bastante para acordar seus irmãos. Se não fosse pelo barulho que produziam durante o sono, juraria que estavam todos mortos.

Assim que abriu a porta, suas sobrancelhas se franziram em um claro sinal de confusão. Se fosse capaz de sentir medo – quase gargalhou ao pensar na hipótese -, com certeza teria soltado um grito capaz de acordar Long Island inteira.

Parado em sua frente, parecendo tão confuso quanto ela própria, estava Chris Rodriguez. Sua mão direita encontrava-se erguida no ar, como se estivesse prestes a bater.

Recuperando o costumeiro sorriso suicida, abaixou o braço e disse:

-Boa noite, Clarisse. Noite adorável, não concorda?

Ah, claro! Se você fosse capaz de ignorar a estranha aparição de certo alguém àquela hora.

-O que você quer? – Perguntou grosseiramente.

A simpatia não era exatamente o seu forte naquele momento. E nem em qualquer outro, para ser sincera. Contudo, o sorriso do filho de Hermes só fez crescer, como se ele estivesse saboreando seu tom arisco.

-Estava apenas procurando companhia para uma caminhada.

Clarisse encostou-se ao batente da porta.

-Deixe me adivinhar, achou que seria uma boa ideia convidar o Mark para dar uma voltinha?

O adolescente soltou uma curta risada ao responder:

-Na verdade, eu estava pensando em alguém bem mais interessante, e que, por acaso, fica adorável com o cabelo todo bagunçado – Ele inclinou a cabeça levemente para o lado – Conhece alguém com essas características?

Dois fatores foram responsáveis por sua resposta. O primeiro era o constrangimento por ter sido chamada de adorável, e o segundo era não saber o que fazer sob o intenso olhar de Chris.

-Vamos acabar logo com isso – Fechou a porta e deixou-se ser guiada por ele.

Um vento frio os atingiu e a filha de Ares não pode deixar de lembrar os torturantes filmes românticos que já assistira com Silena. Aquele provavelmente seria o momento em que o cara ofereceria o casaco para a garota se aquecer.

Não ia rolar aqui, Chris estava tão exposto ao frio quanto ela, e mesmo se não estivesse, provavelmente o teria feito engolir o agasalho se tentasse tal gracinha.

Ao menos se lembrou do estado de seu cabelo e tentou arrumá-lo da melhor maneira que pôde penteando-o com os dedos, apesar de não saber bem o motivo. A julgar pelo horário todos já estariam dormindo, então para que se preocupar com o que Rodriguez pensaria de sua aparência?

Revirou os olhos. Definitivamente não se importava.

Não demorou muito e pararam de andar ao chegarem perto da fogueira que ainda queimava com intensidade. Clarisse estivera ali mais cedo provocando alguns campistas e zombando de outros com seus meios-irmãos. Na ocasião o lugar encontrava-se cheio, mas agora contava apenas com eles dois e outro casal que se mantinha a uma boa distancia.

O menino tocava uma melodia no violão e a garota logo juntou-se com a voz:

Você me chamou pra dançar aquele dia, mas eu nunca sei rodar

A filha de Ares não fazia ideia do que a letra significava, mas parecia o tipo de música melosa que em qualquer outro dia teria reservado um momento para odiar.

Lentamente, Chris virou-se para ela e estendeu uma das mãos. Seus olhos castanhos brilhavam com determinação e a adolescente realmente temeu pelo que ele faria em seguida.

-Dança comigo? – Perguntou num sussurro.

-Eu não danço – Respondeu no mesmo tom, mas mesmo assim, segurou a mão que ele lhe oferecia.

O filho de Hermes tinha o dom de convencê-la a fazer as coisas mesmo quando não queria, impor resistência era uma perca total de tempo, mas era também o que tornava as coisas mais interessantes.

O filho da mãe sorria sem exibir os dentes, de certo sabia que qualquer que fosse o seu feitiço a garota já se encontrava sob o efeito. Mesmo assim, fez um biquinho com os lábios ao implorar.

-Por favor! Até seus irmãos dançaram mais cedo.

-Isso só prova que dançar é coisa de mané. Eu sou uma guerreira e não dançarina – Ela disse. Mas não ofereceu resistência alguma quando ele laçou sua cintura e a puxou para mais perto.

-Clarisse, Clarisse – O adolescente balançou a cabeça negativamente – Se não a conhecesse, diria que está com medo.

Mesmo sem jeito eu fui topando essa parada

Se qualquer outro tivesse ousado dizer isso, o corpo já estaria boiando no lago ou jogado desleixadamente por aí. Todavia, como se tratava de Chris, tudo que ela fez foi exibir um pequeno sorriso enquanto começavam a se mover.

E no final achei tranquilo

Por mais que fosse constrangedor, Clarisse fez de tudo para memorizar cada detalhe. A forma como o fogo parecia dançar também conforme o vento fraco soprava. A sensação de seu corpo contra o do filho de Hermes, assim como o perfume e calor que ele irradiava.

Contrariando a ordem natural do mundo, a adolescente se recusou a fechar os olhos. Ao invés disso, encontrou o olhar de Chris e o que viu lá quase fez com que ela parasse de se mexer.

A luz da fogueira servia para realçar todo o carinho e adoração que ele parecia reservar a ela, tão forte que era capaz de aquecer e preenchê-la com um sentimento bom.

A adolescente não lembrava já ter sido olhada daquela forma intensa por sua mãe e com certeza não pelo seu pai, e a constatação de que aquilo era realmente amor deixou seus olhos marejados e no impulso de esconder sua emoção, jogou-se nos braços dele e descansou a cabeça em seu ombro.

Chris parou a condução ao perguntar:

-Tudo bem?

Com a visão embaçada e sem confiar em sua voz, obrigou-se a dizer:

-Se você ousar pisar no meu pé, vou quebrar suas pernas. E se você chorar, quebrarei os braços também, ouviu?

A risada dele foi tão calorosa quanto o fogo que queimava na fogueira.

-Entendido – Respondeu o adolescente, e então se pôs a dançar novamente.

No fundo, o filho de Hermes sabia que aquela era a forma de Clarisse dizer que se pudesse estar em qualquer lugar no mundo, estaria exatamente ali. Com ele.

Só sei dançar com você

Isso é o que o amor faz


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Por hoje é só, espero que tenham gostado! Não esqueçam de enviar as músicas ou situações. Ah! Comentários também. Muitos obrigada, beijos e até a próxima.