Saga Halfmoon escrita por Cyn


Capítulo 34
Cinco




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/660739/chapter/34

……………………

Sangue

……………………

                   -Bom dia, família linda e adorada!- Digo abraçando Crissy que estava sentada na bancada de costas para mim.

                   -Alguém acordou bem disposta.- Michelle diz me olhando curiosa e sorri-o animada pegando numa peça de fruta.

                   -Eu adoro Forks. Vocês não?- Pergunto sentando-me olhando para cada um deles.

         Michelle estava encostada á bancada me olhando com divertimento. Crissy me olhava confusa e como se me tivesse nascido uma terceira cabeça. Max parou de comer apenas para me olhar com um sorriso bobo.

                   -Essa alegria toda tem a ver com o…

                   -Hannah podemos conversar?- Isa aparece com Alex e interrompendo Max.

                   -Claro.- Digo trincando minha maça.

                   -Hoje não vais á escola.

Paro e a olho.

                   -Como?

                   -Max contou-nos de ontem.

Fecho meus olhos por incríveis 5 segundos e fuzilo Max. O mesmo se encolhe olhando seu bolo e comendo em silêncio.

         -Não aconteceu nada.

         -Nós sabemos, mas achámos mais prudente ficares por cá hoje.- Alex diz.- O carregamento com o sangue chegará hoje, então amanhã já poderás ir.

         -Mas eu estou bem!- Insisto.

         -Hannah, nós sabemos o quão controladas és, mas não pudemos deixar que volte a acontecer o mesmo que daquela vez.- Isa me diz tranquila e bufo largando a maça.- É para o teu bem, Han.

         -Eu sei, eu sei.- Resmungo levantando-me e saindo dali.

Fecho a porta de meu quarto e desabo na cama. Incrível como pequenas coisas conseguiam acabar com o dia de alguém.

         -Hanninha!- Crissy abre a porta de meu quarto depois de algum tempo.- Que tal aproveitar-mos para organizar teu guarda-roupa?

         -Não me apetece.- Falo olhando o teto.

         -Anda lá, Han. Eu mal tenho tempo de fazer isto contigo. Pudemos fazer as unhas! Isso! Eu comprei uns vernizes novos que vais amar.

Ela desaparece mas logo volta com a sua caixa rosa cheia de vernizes. Adiantava eu dizer que não? Não. Nem por isso.

Crissy passou o dia todo comigo. Fez e refez minhas unhas até achar a combinação perfeita. Ela falou e falou e falou. Eu já conhecia suas histórias de namorados humanos de trás para a frente, mas ela parecia que se esquecia disso. Michelle gritou lá de baixo que o homem dos carregamos já tinha chegado.

Dei graças a deus por uma brecha e corri para lá.

         -Obrigado.- Elle agradeceu ao homem e este saiu enquanto eu me sentei no sofá.- Aqui. Toma. Isa mandou-me que te enchesse de quantos conseguisses.

Reviro os olhos mas não reclamo o tomando. E como sempre, o gosto era horrível! Eu queria puder vomitar tudo aquilo. Tomei três e suspirei aliviada.

Elle me sorriu.

         -Não é assim tão mau depois de te habituares, Han.

         -Estou desejosa por esse dia.- Levanto-me.- Vou dar uma volta. Não quero passar outra vez pelas mãos da vampirinha ruiva.

         -Eu ouvi!- Crissy grita e ri-o correndo dali para fora.

Não fui muito longe. Minha visão começou a ficar búzia e tive de parar. Mal me segurei á árvore, o sangue que á pouco entrara saíra como um jato. Contorci-me sentindo minha barriga doer como um inferno. Tossi e fechei meus olhos encostando minha testa á árvore.

         -Droga.- Resmungo olhando o líquido vermelho todo espalho pelo chão.

Deixo-me ficar ali um tempo até me sentir melhor. Corro de volta para a casa. Senti Elle em seu quarto e Crissy cantando no banheiro. Aliviada por um tempo só meu, corri até meu quarto trancando a porta. Sento-me na cama olhando para o espelho que ficava de frente para ela.

Meu rosto estava pálido demais. Eu era uma vampira, mas não exageremos. Eu tinha certeza que todo o sangue que bebera se tinha ido. Pelo menos algum devia ter ficado, mas isso não aconteceu.

O que se passa comigo?

Esfrego meu rosto e desabo na cama suspirando.

         Apenas me levantei quando ouvi Isa me chamar para jantar. Ninguém preguntou nada. Tudo estava normal. Eu e Max comemos e cada um foi para seu quarto. Os lobos apareceram algum tempo depois e Elle e Isa foram com eles. Perdida em pensamentos, acabei dormindo me esquecendo de tudo.

         Acordei com vozes no andar de baixo. Esfreguei minha testa dolorida e andei até ao banheiro. Meu rosto ainda estava pálido. Tomei banho e me vesti. Coloquei base para disfarçar minha branqueza extrema.

                   -E aí?

                   -Hannah, diz-lhes que somos tão bons como qualquer vampiro.- Max diz aparecendo ao meu lado um pouco irritado e franzo a testa o olhando.

                   -Oi?

                   -Sois metade vampiro, Max! Estes caras são perigosos. Nunca conseguireis lutar com eles.- Crissy diz.

                   -Nós somos uma mais valia! Com o dom de Hannah e o meu, pudemos chegar de surpresa.- Max rebate.

                   -Como se saltar por aí como um coelho ajudasse para alguma coisa!- Crissy rebate irritada bufando.

                   -O que eu perdi?- Pergunto olhando os restantes.

Elle revira os olhos aborrecida. Alex se mantém na dele com o Alfa da matilha ao lado dele juntamente com a mãe de Harry, Leah. Harry estava sentado no sofá com outro rapaz. Isa permanecia na poltrona com as pernas cruzadas e sua expressão serena. Só Max e Crissy pareciam que iam fazer um buraco no chão só com a energia que rondavam entres os olhares dos dois.

         -Nada, querida. Porque não ides para a escola?- Isa me diz sorrindo e assinto ainda confusa.

         -Nós também temos o direito de saber pelo menos o que se passa!- Max diz.

         -Max, bora.- Seguro seu braço o puxando, mas o garoto estava furioso.

         -Não é justo, Han!- Max diz me olhando e inspiro. Quando queria, Max conseguia ser bem irritante.

         -Max, é melhor falarmos quando voltareis.- Alex entrevem e assinto olhando o loiro á minha frente que ficou frustrado.

Bufa e sai batendo a porta com força. Coço minha nunca olhando os restantes.

         -Eu… falo com ele.

Isa sorri agradecendo e aceno antes de seguir meu irmão. Max devia estar mesmo com o ego ferido porque ele se tinha sentado no passageiro. Entro e o olho arrancando com o carro.

         -Não somos assim tão inúteis.- Meu irmão resmunga batendo com força na porta.

         -Ninguém disse isso, Max.

         -Sim, eles disseram sim!

Mordo meu lábio inferior olhando para o caminho á nossa frente.

         -Estás muito calma com isto.- Ele diz depois de um tempo.- Normalmente estarias tão revoltada com isto tanto quanto eu.

Sorri-o e o olho. Ele franze a testa.

                   -Qual é o teu plano?- Sorri e ri-o aumentando o volume do rádio.

                   -Espera e verás, Maxy. Espera e verás.

         Estava acabando de arrumar minhas coisas quando Deb se aproximou de mim. Era o final do dia, e eu não via hora de voltar para casa e começar meu plano magnífico, incrível, brilhante!

                   -Vamos?

                   -Vamos.

                   -Meu irmão quer saber quando lá vais a casa.- Deb diz enquanto andamos pelo corredor.

Ri-o compondo a minha mala em meu ombro.

                   -Acho que pudemos inventar alguma coisa sábado, não? Não pudemos deixar Joshua muito ansioso por minha presença gloriosa.- Digo dramática e rimos.

         Andamos até ao estacionamento onde nos esperavam. Deb logo vai abraçando Lucas que sorri a beijando. Eles eram tão fofos juntos! Mia estava encostada ao carro conversando com Max e Peter. Harry se mantinha ao lado deles, mas alheio a tudo.

                   -Jim não veio hoje?- Pergunto.

                   -Ele teve … coisas a fazer.- Lucas responde olhando Peter e assinto entendendo.

Em outras palavras, Jim está de vigia.

                   -Oi.

Olho para o garoto que se colocou ao meu lado. Seus cabelos eram castanhos e seus olhos azuis. Bonito e tal mas… quem é ele?

         -Oi?- Digo confusa.

         -Como estás, Hannah?- Pergunta-me e minha confusão não podia ser maior.

         -Bem.- Olho Deb que sorria divertida olhando o garoto.

         -É que ontem faltas-te.- Diz coçando a nuca, claro movimento de nervosismo e assinto erguendo minhas sobrancelhas. Rapazes envergonhados ficavam tão fofos.

         -É eu… tive doente.- Digo e olho Max o fuzilando e ele ri baixo cruzando os braços.

Claro que não teria faltado se não fosse ele mas… disso trato depois.

                   -Isso é uma merda.- Ri e seu nervosismo pareceu aumentar bastante.

                   -Quem és tu?- Harry pergunta aproximando-se e quase pude sentir seu braço tocando no meu.

                   -Eu ah… sou o Erik.- Diz limpando a garganta.- Erik Clyde.

                   -Harry Clearwater.- Harry estende a mão e o garoto a aperta. Ele quase geme com a força que Harry coloca sobre a mão do pobre rapaz.

                   -Ok.- Max ri.- Vaza, garoto. Bora.

                   -Adeus.- Aceno empurrando Harry que parecia querer quebrar os ossinhos do pobre menino.

                   -Isto foi tenso.- Mia diz.

                   -Eu não sei, até gostei.- Peter ri.

                   -Eu disse que intimidas os garotos.- Deb me diz abraçando-me pelos ombros e a olho incrédula.

                   -Mas eu não fiz nada! Eu nunca o vi na minha vida!

                   -Ele senta-se atrás de nós em Biologia.- Ri e dou de ombros bufando.

Nunca tinha reparado.

                   -Fica combinado sábado?- Pergunta e assinto.

                   -Bora, Hanninha!- Max grita do carro.

Sorri-o para Deb e ando até ao carro. Antes de abrir a porta e entrar um braço segura minha cintura e me puxa de encontrão a um abdómen forte e quente. No segundo seguinte, eu tinha sua boca colada á minha batalhando por um pouco de atenção. Atenção essa que eu não me importei de dar.

Até Max apitar que nem um doido.

                   -Bora, Hann! Isto não é local para demonstrações de afeto.- Meu querido irmãozinho grita.

         -Uau.- Sussurro abrindo meus olhos e encarando aqueles olhos escuros.- Para que foi isso?

         -Bateu vontade.- Sussurrou de volta puxando meus lábios para os dele de novo num beijo mais calmo.

Pisca-me o olho e se vai. Sorri-o passando minha mão pela cabeça e entro no carro.

Sento-me e olho Max que me olhava com um sorriso idiota e as sobrancelhas erguidas.

                   -Não te atrevas a abrir essa boca.- Aviso e ele ri ligando o carro e saindo do estacionamento da escola.

         Max conduz até a um pequeno café onde estaríamos longe dos ouvidos coscuvilheiros e intrometidos de nossa família.

                   -Podes começar.- Fala batendo as mãos na mesa.

                   -Primeiro, relaxa. Estás a dar muito nas vistas e eu quero comer.- Falo observando o cardápio.

                   -Hannah!- Rosna e reviro os olhos baixando o cardápio.

                   -Eles querem nos manter fora, certo?- Max assente.- Pois bem. Nós vamos fazer as vigias por nossa conta.

                   -Como assim?

                   -Sabemos que são vampiros e sabemos que eles têm um passado com os lobos. Quem é que está ligada aos lobos e ao mesmo tempo a nós, que não sabe que estamos proibidos de saber o que quer que seja?

                   -Deb e Mia! - Max quase grita e sorri-o.

                   -Exatamente. Eu sábado vou ter todas as respostas que puder e, então, nós mesmo faremos nossas rondas. Basta inventar algo e dizer que vamos estar com nossos amigos. Eles cairão. Temos nossos dons que são o suficiente para os apanhar despercebidos e sairmos como os heróis da história.- Sorri-o brilhantemente com meu plano brilhante.

                   -E se Mia e Deb não souberem de nada?

                   -Os namorados delas são lobos, Max. E, pelo que deu para entender, eles contam tudo a elas. Principalmente, Lucas e Deb.

                   -Perfeito.

                   -Eu sei que sou.- Sorri-o e ele revira os olhos sorrindo encostando-se para trás na cadeira.- Agora vamos comer.

         Convenhamos, eu não tinha 100% de certeza de que meu plano fosse resultar, mas estava bastante confiante na hipótese de Deb e Mia saberem alguma coisa. Lucas e Jim contaram-lhes que eram lobos, porque não lhes contariam que andavam vampiros loucos e psicopatas á solta? Se há coisa que os lobos são é protetores.

Eles protegem os seus com garras e dentes, literalmente.

         Enxugo meus cabelos na toalha e sai-o da casa de banho. Um toque no vidro da varanda chama minha atenção. Franzo minha testa e tento perceber quem está do outro lado.

Porque me custa tanto?

Abano minha cabeça e ando até á porta. O rosto moreno de Harry era tapado pelas sombras da noite.

         -O que fazes aqui?- Sorri-o e vi seus dentes brancos quando sorriu também.

                   -Tive saudades.

         Ri-o conforme ele me abraça pela cintura me levantando e beijando meus lábios. Largo a toalha e seguro-me em seus cabelos retribuindo o beijo. Seu coração batia pelo quarto numa sinfonia única. Nada mais existia. Nenhum som. Nenhum cheiro. Nenhum problema. Só ele.

Sinto a cama por baixo de mim e me afasto um pouco odiando o facto de ter de respirar.

                   -Não devias estar aqui.- Sussurro tentando encher meus pulmões de todo o ar possível.

                   -Não me queres aqui?

                   -Não foi isso que disse!- Digo rapidamente e ele sorri antes de me voltar a beijar.

Eu sou uma meia-vampira.

Mas ainda assim, o sou. Eu sinto de forma diferente que uns humanos. É tudo mais intenso. O gosto. O cheiro. Tudo se torna o dobro do normal para um humano. Desde sempre, Isa me ensinou a controlar meus sentimentos porque um descuido e eu deixaria meus sentimentos assumirem frente e faria coisas que poderia me arrepender depois.

A raiva. A dor. O medo. A felicidade. A saudade. O amor.

Todos eles, são maus ao extremo.

Harry não era o primeiro que eu beijava, mas era o que mais fazia meu descontrolo ir ao de cima. Mas, o lado bom de se beijar um lobo, é não ter medo que ele se magoe, não ter medo de me descontrolar, porque ele se descontrola da mesma maneira. Eu tenho o meu Eu e o meu Monstro. Ele tem o Ele e o seu Monstro.

Mas há uma diferença entre nós.

O meu Monstro solto, é 3 vezes mais perigoso que o dele.

         Afasto meu rosto dele e deito minha cabeça em seu ombro. Fecho meus olhos com força tentando encontrar meu autocontrolo. Podia sentir meus olhos ficarem vermelhos com a sede de sangue. Sangue esse que eu tinha noção que corria por suas veias. Sangue esse que gritava por mim. Sangue esse que… era proibido. Em todos os sentidos.

                   -Hannah? Estás bem?- Sua voz calma ajuda no meu controlo e inspiro uma última vez sentindo meus olhos voltarem ao normal.

                   -Estou bem.- Asseguro olhando-o. Sorri-o quando vejo seus olhos de um tom amarelado.- Teus olhos. Estão amarelos.

Acaricio a pele próxima aos seus olhos e o vejo enroscar-se na minha mão fechando os olhos por segundos. Seu peito sobe numa inspiração profunda. Seus olhos voltando ao normal lentamente.

         -É o que tu provocas em mim.- Sussurra encostando sua testa na minha olhando fundo em meus olhos.- Tu me fazes descontrolar e, ao mesmo tempo, ter todo o controlo do planeta.

Sorri-o e ele beija minha testa. Ele se deita melhor na minha cama e me puxa para seus braços. Deito minha cabeça em seu peito e passo meus dedos por seu abdómen nu. Os batimentos acelerados de seu coração eram sentidos na ponta dos dedos da minha mão.

         -Tua mãe sabe que estás aqui? – Pergunto apreciando seu carinho em meus cabelos.

         -Eu não lhe contei. Mas ela deve desconfiar.

         -Ela não gosta muito de vampiros, hem?

         -Não é que não goste ela só…- Harry suspira e o olho.- Ela foi criada assim. Nós fomos feitos para odiar vampiros. Mas as coisas mudaram. Os tempos mudaram. Nós mudámos. Já nada é como dantes. Contudo, ainda há alguns que estão presos a esse ódio pelos vampiros.

         -Mas, se tua mãe está contra, tu não devias estar aqui, Harry. Eu não quero problema para a minha família.- Digo sentando-me mas ele me impede de continuar puxando-me de volta para seu peito. Sua mão acaricia meu rosto prendendo meus cabelos atrás de minha orelha.

         -Minha mãe tem de superar esse ódio, Hannah. Ela tem de entender que as coisas mudaram. E, para além disso, ela não me pode proibir de nada. Meu Alfa é meu tio Seth, não ela. Eu apenas obedeço a meu tio. Se ele não for contra, eu não me proibirei de nada.

         -Harry…- Suspiro.

Eu, realmente, não queria problemas. Minha família não merecia isso.

                   -Se Seth algum dia me proibir de te ver…eu sai-o do bando. Eu não me importo se for contra os meus, mas eu sai-o. Ninguém, mas mesmo ninguém, me proibirá de te ver.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Saga Halfmoon" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.