Ele e Ela escrita por Red Coat


Capítulo 1
Alarme de Incêndio




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A minha cabeça latejava. E essa música não ajudava. Enquanto eu tentava colocar, a todo custo, tudo aquilo sobre cálculo III na minha cabeça, eu podia imaginar aqueles imbecis bêbados com seus corpos suados dançando no quarto ao lado. Sem nenhuma preocupação. E eu não posso ser assim, como eles, eu tinha muito em jogo. Eu tinha um foco a seguir e nada, absolutamente nada, pode me desviar desse caminho.

Eu realmente não conseguia entender qual o tipo de matemática eles usavam para conseguir enfiar tantas pessoas em um quarto de república e fazer com que ele parecesse espaçoso o suficiente para dançar, beber e fazer todo tipo de imoralidade das quais ele estavam acostumados. E eu também não conseguia entender o porquê de eles nunca serem punidos.

Eu estava finalmente começando a entender a ordem de todos aqueles números quando eu escutei a música ficar impossivelmente mais alta. Apertei aquele monte de folhas que se encontravam em minhas mãos a ponto de amassá-los e os arremessei na parede com um grunhido frustrado. Ah, mas eles não têm idéia do que eu estou disposta a fazer para tirar um 10 na prova de amanhã.

Qualquer coisa.

Levantei-me estupefata catando todos os papéis espalhados pelo chão do quarto. Depois de deixá-los novamente em cima da minha mesa de estudo, fui para o corredor principal do dormitório, em busca do principal item do meu plano. Quando o avistei ao longe, quase ri. Vermelho, quadrado e perfeito.

O alarme de incêndio.

Esses babacas vão ver só. Assim que eu quebrei o vidrinho e apertei o botão, saí correndo em disparada de volta para o quarto. E não foram nem dez segundos o tempo que demorou, para aqueles idiotas começarem a correr depois que a sirene começou a tocar. Tranquei-me no quarto e esperei todos aqueles pés passarem correndo pelo corredor enquanto eu ria internamente. Depois de pouco tempo, tudo estava no mais absoluto silêncio. Perfeito para estudar. Mas essa seria a primeira de muitas noites sem sossego.

Não deu tempo fazer nem mais duas linhas de cálculo antes de baterem na porta do meu quarto. Meu sangue gelou e arregalei os olhos. E se alguém me viu?

Fiquei em silêncio enquanto tentava não tremer, esperando que, quem quer que esteja do outro lado, desistisse e fosse embora.

— Eu sei que você está aí. Pode abrir a porta.

Aí. Meu. Deus. Eu estava suando frio. Era uma voz masculina e não parecia nada feliz. Engoli em seco e me levantei para abrir a porta. Cogitei pular a janela, mas uma queda de quatro andares não seria lá muito agradável. Pus a mão na maçaneta e contei até três. Um. Dois. Três. Abri a porta para dar de cara com o que todas as garotas da faculdade morriam correndo atrás. Músculos, tatuagens e um rostinho bonito, com direito a olhos cor de carvão e um cabelo pouco ondulado nas pontas.

— Pois não?

Ele riu mostrando uma covinha em sua bochecha esquerda.

— Não se faça de sonsa. Eu vi o que você fez com o alarme de incêndio. — Ele disse isso sorrindo, o que me deixou com ainda mais medo.

Esse cara parece um psicopata.

— E daí? — Eu disse tentando parecer indiferente.

Ele empurrou a porta me fazendo recuar para dentro do quarto enquanto ele também entrava e fechava a porta atrás dele.

— E daí, que você estragou a nossa festinha.

Fiquei calada esperando o que ele iria dizer a seguir.

— E isso foi demais.

Esse cara estava me fazendo tremer.

— O que você quer aqui? — Eu perguntei me afastando até a parede oposta do quarto.

Ele veio para mais perto.

— Eu só queria confirmar que foi você mesma que fez isso. Eu achei muito legal. Eu mesmo já estava começando a ficar entediado naquela festa e você acabou me entretendo um pouco. Foi engraçado até, aquilo tudo. E, olhando bem para você, até que você não é feia. — Ele disse me olhando de cima a baixo.

Eu não era feia, eu tinha longo cabelo castanho-claro que era sem sal, mas não era feio, e tinha olhos verdes que davam pra chamar de bonitinhos, mas ouvindo isso da boca desse cara, não me pareceu algo bom.

Eu me tremia dos pés à cabeça. O que quer que esteja passando pela cabeça desse cara, não era nada bom.

— Sabe, — Ele continuou. — Eu costumo recompensar as pessoas que me entretém.

Ele se aproximou o suficiente para deixar nossos rostos frente a frente.

— O que você quer dizer com isso? — Eu perguntei na esperança de que fosse somente uma brincadeira.

Ele sorriu.

— Como assim o que eu quero dizer? Eu fico com você por uma noite. Provavelmente sou o melhor que você vai ter por muito tempo.

Quando eu vi que ele falava sério mesmo, eu ri para não bater na cara dele.

Ele me olhou desconcertado.

— O que foi tão engraçado?

Limpei as lágrimas que haviam se formado em meus olhos de tanto rir.

— Nada. É que você é tão ridículo quanto qualquer cara da faculdade. Vocês realmente acham que qualquer garota vai se jogar aos seus pés por causa dos seus rostinhos bonitos? Surpresa. — Eu disse estalando os dedos. — Eu não estou caindo aos seus pés. Você pode dar o fora do meu quarto agora, porque eu tenho que estudar.

Esses caras daqui são surpreendentes.

— Você está falando sério mesmo?

Quando ele viu que não era brincadeira ele riu novamente. Que cara estranho.

— Eu gostei de você. Vamos ser amigos. Isso é afirmação, só pra você saber, e não uma pergunta. A sua vida só de estudos deve ser muito chata. Eu vou te apresentar pro submundo da faculdade. Você vai gostar, eu tenho certeza. Isso vai ser sua recompensa. Não posso ficar em dívida com você.

Balancei a cabeça em negativa.

— Obrigada, mas eu dispenso a sua oferta, eu prefiro continuar como eu estou.

— Eu não aceito não como resposta. Amanhã eu venho pegar você aqui. Se prepare, porque pela noite vamos sair.

Afastei-me dele novamente e dessa vez ele não se aproximou.

— Eu já disse que não. Eu não vou sair com alguém que eu nem conheço. Ainda mais com alguém como você. — Eu disse apontando para os braços tatuados dele.

Ele pôs a mão no coração.

— Aí, assim você me magoa. E isso de não nos conhecermos é temporário. Tenho certeza de que em menos de uma semana vamos ter nos conhecido até demais. — Ele disse deixando subentendido o que ele quer realmente.

Não. Não. E não. Não caia nessa, Samantha.

— Eu venho pegar você de uma forma ou de outra, mas, por hora, eu vou indo. Tenho outras festas para ir essa noite. E, aliás, eu sou Derik, Derik Summers. Você não precisa me dizer seu nome se não quiser. Eu descubro.

E dizendo isso ele saiu. Esse estranho garoto. Se ele acha que vai me arrastar pra esse mundo de imoralidades, ele está muito enganado, tenho um foco e não vou me desviar dele.

Mas eu não imaginava que o que viria a seguir só seria o início de muitas confusões. Esse foi só começo.


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