Waking Up - Aprendendo a Viver escrita por Soll, GrasiT


Capítulo 4
Capítulo 3 - VOLTANDO A INFÂNCIA




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Quando chegamos à nossa casa Renée nem se moveu. Nenhum músculo facial. Eu realmente não me importei, mas Charlie pareceu se torturar. Eu já esperava essa reação dela, não era novidade seu desprezo ainda mais agora que eu voltara com vida. Mesmo querendo ter acabado com ela, eu ainda respirava. Aposto que em sua cabeça ela devia estar gritando todas as injurias possíveis dirigidas a mim e Charlie que fizera de tudo para me trazer de volta a vida. 

A palavra que definia a expressão de Renée era: Injustiça.

A palavra que definia a expressão de Charlie era: Hipócrita.

A palavra que definia a minha expressão era: Ingrata.

Era isso o que eu pensava dela, ingrata. Charlie era devotado a ela. Louco de amor, sempre pude ver isso, aliás, qualquer cego poderia ver. Quando era pequena, em vídeos de família, em suas ações, tudo o que ele fazia era pensando em seu bem-estar e conforto. Sempre correto em suas atitudes, ele podia não ser um pai realmente presente, mas era irrevogavelmente apaixonado por Renée, nunca cometera um deslize sequer com ela. Em seu primeiro vacilo (infelizmente fatal) ela não o compreende nem o perdoa. E ele continua ali do seu lado, sendo fiel e tendo paciência, vendo todos os seus devaneios e ainda a amando. E ela continua o desprezando, o julgando e o culpando. Mas sobre seus próprios atos ela não refletia e nem se julgava. Não, minto. Ela se julgava sim. Julgava-se a vítima. Mas o que ela não via era que todos ali éramos vítimas, todos sofríamos a perda. Mas para ela só o sofrimento que lhe causaram era importante, o que ela proporcionava ao próximo não fazia a menor diferença. Gostaria que Charlie algum dia se livrasse desse sentimento que nutria por ela. Porque ela sempre seria uma ingrata.

As semanas foram se passando indistintamente.  Voltei para escola 1 semana depois que retornei. Parecia que lá todo mundo sabia da filha suicida do General Swan. Cochichos por todos os cantos, piadinhas e mais piadinhas. Eu detestava aquela gente.  Parecia mesmo que Charlie estava disposto a mudar e saber de minhas necessidades. Por ele eu tentava parecer mais animada. Mas sabia que não conseguiria esconder minha depressão por muito tempo. Ele passava mais tempo em casa. Até cogitou a possibilidade de me dar um carro. Isso já não fazia diferença para mim. Mas aceitaria se ainda não estivesse com uma ideia martelando em minha cabeça.  Sim eu ainda não tinha desistido.  Não sabia quando iria tentar de novo, mas eu tentaria. 

Mesmo com Charlie mais aberto, mais disposto a ficar comigo e me dar à atenção que me era negada anteriormente, ainda me sentia rejeitada dentro dessas paredes. Ainda não sentia apreço pela vida. De que me adiantava um Charlie mil vezes melhor se eu tinha uma Renée cem mil vezes pior. Ela sempre estava lá pra me puxar cada vez mais para baixo. A cada vez que eu respirava, ela me puxava para um buraco muito, muito mais fundo. Ela me fazia mal. Ela me fazia desistir da vida.  E assim o tempo foi passando. Charlie estava realmente melhor. Para o desespero de Renée, ele não ia mais a casa dos amigos. Agora, os amigos vinham a nossa casa. Ela sabia que isso era culpa minha, e me odiava a cada dia mais. Era isso que via em seus olhos azuis, ódio. Por mim e por Charlie.

Cheguei da escola e subi direto para meu quarto. Charlie chegaria dali a alguns minutos e viria me ver no quarto como todos os dias. Fui tomar um banho rápido para aliviar a tensão de mais um dia naquele sanatório. Demorei uns 10 minutos apenas. Ao sair levei um susto com a visão de Renée enfiada em meu quarto. Ela me fitou.

“Você pelo menos podia ter feito a coisa direito garota.” 

 “Uhmm... o que Renée?”

“Da próxima vez tente usar uma corda”. Ela se limitou a apenas virar as costas e ir embora dali. Eu não acreditei naquelas palavras. Ela definitivamente me detestava. E me queria longe dali. Fiquei bestificada com aquilo, como podia uma mãe dizer isso a um filho? Nem de longe eu conseguia chegar a uma resposta aceitável. Soltei o ar que involuntariamente segurava. E junto desabei de joelhos no chão de meu quarto. Soluçando com a dor dentro de meu peito. Ela sempre conseguia esmagá-lo. Aquilo estava me torturando. Será que ela não via o quanto aquilo me machucava? Será que ela não percebia que se ela fosse um pouco mais aberta em receber o amor que eu e Charlie estávamos dispostos a doar a ela, as suas feridas se cicatrizariam? Diferentemente dela, eu não a odiava. Renée ainda era a minha mãe e a amava.

Depois desse episódio não pude deixar de ficar mais abatida ainda com a minha situação e da minha família. Eu estava decidida. Começava a andar pelos cantos e me fechando para o mundo novamente. Meu olhar estava sempre fora de foco. Cada vez mais no escuro. Eu tentei me agarrar a Charlie, pra achar um motivo pelo qual continuar ali. Mas minhas ideias suicidas estavam se firmando em minha mente. Sentia a depressão chegar e aos poucos me dominar. Eu esperava o instante que me encheria de coragem e acabaria logo com essa estupidez. O que eu não esperava era a reação de Charlie.

Estávamos jantando, meu pai e eu. Nunca Renée se juntava a nós. Ele parecia bastante nervoso. As suas garfadas eram pesadas, batia os talheres contra o prato, bufava, resmungava. Achei que fosse algo com seu grupo de comando. Ele enchia a boca de uma só vez e engolia quase tudo inteiro. Ele estava com raiva. Foram raros os momentos na vida que vi Charlie com tamanha raiva. Seu rosto estava vermelho tipo uma pimenta. Achei que ele teria um ataque a qualquer momento.

“Hey hey hey paiiii! A comida não vai fugir fica calmo!” Eu quase gritei para chamar sua atenção de tão absorto que estava em seus pensamentos.

“FICAR CALMO ISABELLA SWAN?” Opa, ele vai surtar. “COMO VOCÊ QUER QUE EU FIQUE CALMO? VOCÊ ACHA QUE EU SOU BURRO OU O QUE?” Olhei espantada com a sua reação, largando os meus talheres imediatamente. Ele agora estava sobre seus pés, jogando suas mãos no ar. Gesticulando a cada palavra que proferia. “SIM, SÓ PODE QUE ACHA QUE SOU BURRO! EU VEJO SUAS ATITUDES ESTÁ BEM! EU SEI QUE VOCÊ ESTÁ INFELIZ DE NOVO! OU NÃO ESTÁ? NÃO TENTE ME ENGANAR! BELLA ESQUEÇA ISSO... SE EU TIVER QUE LARGAR O COMANDO E FICAR COM VOCÊ 24 HORAS AO DIA, ACREDITE, EU VOU FAZÊ-LO, SÓ PRA EVITAR QUE VOCÊ TENTE COMETER MAIS UMA VEZ ESSA LOUCURA DE SUICÍDIO! VOCÊ ESTÁ ME ENTENDENDO MOCINHA?!”

 Mocinha? Eu não era um de seus soldados. Em uma reação involuntária e exagerada explodi também. Levantei-me da cadeira, ficando em pé em um pulo. Apoiei-me na mesa com as duas mãos e gritei.

“O QUE CHARLIE? EU ACHAR VOCÊ BURRO? NÃO NEM PENSAR... MUITO PELO CONTRÁRIO, EU PERCEBI QUE VOCÊ REPAROU EM MINHAS ATITUDES... MAS QUE DIABOS VOCÊ QUER QUE EU FAÇA? AQUELA MULHER... QUE UM DIA EU CHAMEI DE MÃE FAZ DA MINHA VIDA E DA SUA VIDA UM VERDADEIRO INFERNO NA TERRA. E ME MACHUCA VER O JEITO QUE ELA TE TRATA POR MINHA CAUSA OK?! VOCÊ NÃO VÊ ISSO PAI? VOCÊ NÃO VÊ QUE ELA TE IGNORA MAIS AINDA, SÓ PORQUE, NÃO BASTANDO, VOCÊ TER INSISTIDO PARA O JOSHUA IR PRA GUERRA, VOCÊ AINDA LUTOU POR MIM! E ELA ACHA ISSO COMPLETAMENTE ERRADO. EU FUI TOLA EM PENSAR QUE TUDO PODERIA SER DIFERENTE. ELA CONTINUA ME ODIANDO MAIS E MAIS... E A VOCÊ TAMBÉM! VOCÊ SABE QUE OUTRO DIA ELA ME MANDOU TENTAR COM UMA CORDA DA PRÓXIMA VEZ? SABIA DISSO CHARLIE? E ISSO NÃO É POR MIM. É POR VOCÊ QUE EU VOU FAZER CHARLIE! NÃO SUPORTO VÊ-LA TE ODIANDO TANTO. LOGO VOCÊ PAI, QUE NUNCA NEGOU NADA A ELA! SEMPRE FOI UM MARIDO MARAVILHOSO! E ELA O QUE TE DÁ DE VOLTA? ÓDIO... ÓDIO POR TER ME SALVADO!”

“O QUE ISABELLA? VOCÊ DISSE QUE VAI FAZER ISSO POR MIM?”

“SIM, EU DISSE QUE MORREREI POR VOCÊ, PARA QUE ELA PARE DE TE TORTURAR A CADA VEZ QUE ME VÊ, FAREI ISSO PORQUE EU REALMENTE ME IMPORTO”. Respirei, puxando com força, o ar que já me faltava.  Ele, que também estava de pé, exatamente na mesma posição que eu, respirando como um touro bravo, se jogou na cadeira, cansado daquela situação.

“Filha” falou em um fio de voz. “O que você pensa: vale mais a pena morrer por aquilo que se ama ou viver para poder lutar por isso?”.

Ok. Por essa eu não esperava mesmo. Pensei sobre sua pergunta. 

“Sinceramente... eu não sei”. Admiti com vergonha.

“Eu nunca falei porque dói demais dentro de mim. Eu li a sua carta de adeus. E entendi sempre seus motivos. Foi uma atitude egoísta. Mas Bella, quando eu te vi morrendo tudo o que eu queria era morrer junto. Eu achei que não conseguiria. Eu já estava morto. Josh tinha me levado com ele, assim como levou Renée, mas te ver ali, se indo, notei que eu precisava viver para lutar por você. Para salvar você do seu egoísmo. Porque você sabe o quão egoísta foi ao tentar se matar. Olha, eu poderia não ter tido nenhuma ação, assim como Renée naquele quarto. Mas eu precisava de você viva e para você estar respirando eu tinha que estar respirando. Entende o que eu digo Isabella?”

Nossa. Não pude reagir àquelas palavras. Sempre pensei que ele não teria coragem de ler, porque eu ainda estava viva.  Senti uma lágrima deixar um rastro quente sobre meu rosto. 

“Não quero que você me responda agora, quero que pense em aquilo que ama! Seja eu, seja você mesma, seja a Renée ou que seja Josh. Só quero que entenda que vale muito mais vivermos por aquilo e por quem amamos... e a propósito, eu estou aqui, vivo, por você.” Ele se levantou, deu a volta na mesa afagou meu cabelo e beijou minha cabeça rapidamente e sussurrou.

“Filha, eu te amo mais que tudo”.

Ok Isabella. Hora de rever seus conceitos.

Subi desolada para meu quarto depois de ouvir aquelas palavras de Charlie. Chorei por horas a fio tentando me controlar e encontrar uma lógica nos meus pensamentos. Entendia o que ele queria dizer com tudo aquilo. Entretanto, buscava em mim uma motivação para continuar ali. Charlie estava ótimo. Aquilo que acontecera foi uma prova real de que ele realmente se preocupa.  O que eu não compreendia era como podia ser diferente. Como eu poderia resolver essa situação, se o simples fato do meu coração ainda estar batendo o feria indiretamente, ela ainda era louco por Renée. Se não fosse já a teria internado ou a entregado para seus poucos parentes.  Ele era apunhalado diariamente por ela. Indiretamente era eu que posicionava a mão dela no peito de Charlie. Eu não via uma outra saída. Eu amava Charlie, e amava Renée também, a minha morte seria pelos dois. A primeira vez não era por eles, e sim, como meu pai disse fora um ato egoísta. EU estava cansada das pessoas me ignorando, EU estava exausta de todos rirem de mim na escola. EU estava cansada de sentir dor por Joshua. EU estava farta de mim. E EU não pensara em mais ninguém. EU, EU, EU, EU e EU.

Nesse momento, eu estava pensando nos dois. Que eles ainda poderiam ter uma chance sem mim. Renée se sentiria muito mais aliviada sem minha presença ali. Sem minha vida para lhe lembrar de meu irmão, de que fora Charlie e ELA que o forçaram a ir para o exército, de que fora Charlie que não conseguira o tirar de lá a tempo antes que os piores ataques começassem. Não haveria uma outra filha para lhe lembrar de que o preferido dela já não estava mais ali.  Mas o que eu faria? Como resolveria essa situação? Não via outra estrada a percorrer se não essa, dessa vez seria mais doloroso. Porque, eu merecia.

Charlie me amava, e estava ali por mim como dissera. Eu queria estar ali por ele. Mas era uma encruzilhada. Ou eu ficava e Renée o destruía, ou eu partiria e Renée se comportaria como ele merecia.  Mas como eu iria saber que seria assim? Como poderia ter certeza de que ele não sofreria tanto? Será que Renée algum dia se conformaria e voltaria a viver sua vida no presente? Será que Charlie me perdoaria? Ele se perdoaria? O último pensamento em Charlie me sobressaltou. Eu sabia a resposta dessa pergunta, e era não. Não, ele não se perdoaria.  A angustia foi tomando conta de mim. Ali não existia somente eu. Existiam três vidas em minhas mãos. A minha vida, a de meu pai e a de Renée. Três pessoas em quem eu tinha que pensar. Mesmo se tentasse o suicídio novamente, justificando que era por eles dois, ainda assim era um ato egoísta. E muito. Porque eu não tinha certeza da respostas aos meus argumentos. Nada era certo. Nem mesmo a própria morte. Eu tentei morrer, não consegui. Mas queria fugir daquela vida. Não queria tentar.  Por que que eu queria fugir e nem tentar? 

Medo.  O medo me fazia querer a morte. Ele me impelia para o caminho mais fácil, o caminho da covardia. 

Essa palavra, covardia, me despertou uma pontada em meu coração. Ela feria meu orgulho Eu não queria ser uma covarde. Não mais. Desde sempre fora uma covarde. Não tinha coragem nem de dizer oi para uma pessoa conhecida, eu era tão covarde que tinha medo de enfrentar a minha própria vida.  Isso teria um fim. Mas não o fim que eu queria. Por Charlie haveria uma solução melhor, uma solução em que os três viveriam ou somente, sobreviveríamos, superando as cicatrizes que a existência nos incumbiu de carregar. 

 Agora me bastava saber o que fazer.

Adormeci sem ter respostas.  Por um milagre eu dormi tranquila. Talvez por ter chorado litros antes de cair no sono. E eu sonhei.

Em meus sonhos vi um rosto que há muitos anos não via, e que a dor da saudade me fez bloquear, um rosto que me fazia querer brincar e sair por ai rindo e sendo feliz, eu vi a pessoa que mais foi minha amiga depois de Joshua, eu vi aquela que a qualquer custo estaria ao meu lado, mas que a distância e o trabalho de meu pai impediram de conviver comigo. Vi o lugar onde ela estava e ali não era o melhor lugar do mundo para mim, mas era o lugar em que eu cresci. Vi as suas árvores e as imensas florestas, vi as ruas molhadas e as lojas. Vi as pequenas casas da reserva indígena, vi o meu esconderijo de pique – esconde preferido na infância. E vi o céu cinzento e carregado de água que cobria o local.

 Eu vira Alice. Eu vira Forks.

Quando acordei pela manhã o sol estava a pino, há alguns dias que não se via ele brilhar por aqui. Era sábado graças a Deus. Eu estava animada. Não teria que ir a escola, e me lembrava vagamente de Charlie comentando que estaria de folga esse final de semana. Não tinha certeza. Levantei-me lentamente para não ficar tonta. Coloquei meu chinelo e sonolenta, me dirigi para o banheiro. Fitei a figura que estava estampada no espelho... Deus eu estava uma caco. Meu cabelo tava um ninho de pássaro. Minhas olheiras só estavam menos aparentes porque meus olhos estavam inchados de tanto chorar. Abri o armário sem vontade, peguei minha escova de dente e o creme dental. Enquanto escovava meus dentes, buscava as imagens de meu sonho na memória. Ali, naquelas imagens que mais pareciam fotos antigas, vi a minha solução. Vi que eu teria uma opção segura e que seria bem aceita por meu pai. Vi que eu estava me engasgando com a espuma. Cuspi rápido e enxaguei minha boca. Passei uma água no rosto e voltei ao meu quarto.

Decidi por colocar um vestido já que estava quente. Era um vestido velho. Mas eu até que gostava dele. Ele ia até abaixo dos joelhos e era todo xadrez vermelho com azul, de mangas que iam até os cotovelos e sem muitos decotes, na verdade sem nenhum decote, o vesti com orgulho, aquilo ali era a minha cara, só faltava estar estampado em letras garrafais “NERD”. Velho sim, porém a minha cara. Aliás, minhas roupas estavam um lixo, eu não fazia compras há muito tempo, porque sempre pensava que não iria aproveitar muito todas aquelas roupas mesmo, e logo, era um gasto desnecessário para meu pai. Mas eu gostava de minhas roupas, e mesmo que eu não fosse morrer, eu não ia gastar dinheiro e trocá-las sem só nem piedade.  Certamente agora eu precisaria de dinheiro.  Dei um jeito no cabelo e desci as escadas, respirando fundo e contando até dez para conversar com Charlie. Com ele nunca nada era muito certo. Não sabia como seria sua reação a minha decisão. Cheguei à cozinha e vi-o pegando as coisas para o café da manhã.

“Bom dia Pai... Onde está a Luzia?” Ela era nossa empregada.

“Ah bom dia Bells, dei folga para Luzia... ela tinha que ir ver seu filho que ficou doente em Albuquerque”.

“Puts. Que ruim... quer ajuda com isso tudo?” O vi todo enrolado com tantos potes, pratos, frutas, talheres e pães, e antes mesmo dele responder já me dirigi até onde Charlie estava e comecei a pegar algumas coisas de suas mãos.

“Ah... Uhmm, obrigado”. Ele era sem jeito até pra agradecer.  Fomos até a sala de jantar e colocamos tudo lá de qualquer jeito, não era muito de nós ficarmos nos preocupando como os pratos estavam colocados à mesa. Nos sentamos e o silêncio estava me incomodando.

“Charlie...”

“Sim Bella“

“Bem, eu pensei no que você me disse ontem a noite...”

“E?”

 “E eu vi que você está certo. Vale a pena viver e ficar para lutar por aquilo que amamos”. Ele encheu os olhos de lágrimas imediatamente. Respirou fundo e se recompôs.

“Que bom que você percebeu e que desistiu daquela ideia” Falou com a voz entrecortada de emoção e com a boca cheia de um pedaço de maçã.

“Só que eu tomei uma decisão pai” Ele parou imediatamente de mastigar. “Percebi que aqui, não posso mais ficar”.

“Como assim Isabella? Não estou entendendo”.

“É simples, meus argumentos que estava usando para justificar meus futuros atos eram falhos...”

“Não vai me dizer que não desistiu dessa história vai? Não me diga que achou argumentos novos?!” Ele me interrompeu.

“Obviamente, que não! Eu NÃO VOU tentar de novo”.

“Acho bom mesmo mocinha, você...” Ele ia começar a discursar.

“Posso continuar? Eu não terminei aqui ainda!” Ele assentiu. “Obrigada. Como eu estava falando...” Pausei por um breve momento. E então as palavras jorraram para fora de mim. “Vale mesmo a pena viver e lutar. Mas também não vou conseguir suportar ficar aqui, dentro dessas paredes com Renée. A minha justificativa era que se eu partisse daqui, ou seja, se eu... bom, morresse, ela mudaria o tratamento com você, talvez ela superasse a perda e te perdoasse porque eu não estou mais aqui para lembrar a ela que o Josh não está. E depois eu não tinha como saber se isso realmente aconteceria, não tinha certeza de que ela mudaria, de que você ficaria bem e de que tinha feito a escolha certa”.

Ele me ouvia atentamente, esperando que eu concluísse com ansiedade. Respirei fundo e soltei o ar de uma só vez. 

“Pai, eu não vou te deixar, mas eu vou embora daqui”. Ele ficou mudo. Deus ele ia ter um treco agora? Por favor, não faça isso comigo Charlie! Falei comigo mesma. Ele piscou e respirou fundo. Ah! Ainda bem ele estava respirando. Eu iria entrar em parafuso se ele tivesse um AVC ou algo do gênero agora.  Para mim, me bastou esperar ele falar, o que demorou cerca de um minuto.

“Bom... e para onde você pensa em ir?” Bom sinal, bom sinal!

“Eu não penso! Eu DECIDI ir para Forks”.

“Forks Bella? Você detestava Forks!”

 “Bom, mas lá eu tenho alguém que eu amo TAMBÉM. Tenho a Alice para me ajudar. E você tem que admitir que essa É uma boa solução” Falei, lhe lançando um olhar de vitória e dando uma mordida num pãozinho.

“Forks?!” Ele falou ainda em dúvida, hesitando. Ponderando minha solução.

“Sim, Forks – Washington”.

“Mas é tão longe daqui Bells...” resmungou receoso.

“Mas, lá Charlie, não é um adeus para sempre”.


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Notas finais do capítulo

Gente espero que tenham gostado do capítulo!
:P
 
E ai, ansiosas por Alice?
 
Beijos e comentem!



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