Promessas escrita por Milly chan


Capítulo 1
Capítulo 1




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O avião pousou em um deslize suave pela pista do aeroporto.

Touro revirou os olhos quando viu Luciares suspirar de alívio.

– Você é muito estressado.

– Estressado? Eu? Não é minha culpa se a droga do braço das poltronas não sobe. – Protestou, realmente irritado.

– Para que diabos você queria que ele subisse?

– Para deitar em seu ombro.

Touro corou.

– Deixa de dengo. – Colocou o punho em frente a boca.

O ariano sorriu, travesso.

– Está com vergonha? Tem a mania de cobrir a boca quando tá.

– Pare de lembrar de coisas desnecessárias por favor.

– Isso não é… - Luciares foi interrompido pela aeromoça que permitiu a saída dos passageiros. – Argh, filha da mãe! Odeio quando me interrom…

– Cala a boca e vamos logo. – Touro bufou e segurou a mão do amigo, o puxando para a saída do avião.

– Até você?

– Até eu o que?

O menor revirou os olhos.

– Esquece.

Touro soltou a mão do ex-namorado e seguiu para sala de desembarque, indo pegar as malas logo depois, sempre sendo acompanhado pelo menor.

– Você me irrita. – Luciares anunciou, enquanto ele e Touro caminhavam a caminho do hotel.

– O que não te irrita, Luci?

– Como foi que você ficou tão alto? – Perguntou. Você era tão… Pequeno. – Fez um gesto com a mão. – Fofo, ainda é.

– P-Para com isso!

– E fica ainda mais fofo quando cora.

– Pare de ser clichê.

– Ah vá. Você adora coisas clichês.

– Já mandei você parar de lembrar dessas coisas.

– Você não manda em mim.

– Ninguém manda né? – Touro sorriu, o olhando.

– Claro que não. – Revirou os olhos e apontou para um conjunto de chalés. – Aquele é nosso hotel.

– Tão exposto? Não acha perigoso?

– Nós viemos nos expor. Se você vai ficar com medo, não deveria ter vindo.

– E quem iria te proteger? – O taurino jogou a mochila nas costas e seguiu para o hotel.

– Eu sei me cuidar.

O maior riu.

– Tá, claro…

Luciares se colocou em frente a Touro, mais próximo do que deveria e se colocou na ponta dos pés, o encarando furiosamente com as testas quase encostadas.

– Não duvide de mim!

Touro esbugalhou os olhos com a proximidade, mas logo se recompôs.

– Está bem, baixinho. – Riu e pôs a mão em cima da cabeça do mais velho, o empurrando para baixo, o fazendo voltar a sua altura normal.

– COMO É QUE É? Mas eu acabo com a sua raça!

– Vai ter que me pegar primeiro! – Touro riu e saiu correndo, ainda seguindo para o conjunto de chalés, que ficava cada vez mais próximo.

– Ora! – O albino arqueou uma sobrancelha, sorrindo desafiador e também saiu em disparada atrás de Touro.

Tudo teria dado certo para o de cabelos azuis se não fosse por uma caixa no meio do caminho.

– Uma caixa! – Ele parou de repente, fazendo com que Luciares tombasse com o corpo do maior, levando os dois ao chão.

A caixa foi esmagada pela queda dos dois.

– Avisa quando for parar! – O menor reclamou, vendo-se sob Touro, que estava caído por cima de seu peito.

– Ai… - Foi a única resposta do taurino, que acariciava a própria cabeça.

– Você não tem jeito. Parece que tem um dom para se machucar. – Luciares bufou.

– A caixa! Desperdiçada! – Touro choramingou, saindo de cima do amigo.

– Eu arranjo outra caixa para você quando voltarmos.

– Mas aí eu vou ter a cesta. E o telhado.

– Você é doido. – O olhou com uma expressão confusa. – E aquele telhado? – Luciares mudou seu tom e olhar para a malícia.

– O-o que tem? – Touro se reprimiu por ter gaguejado.

Droga, Luciares. Precisava lembrar dessas coisas?

– Espero que não tenha levado outra pessoa lá. Tiraria o romance da nossa noite especial.

Touro não teve como não corar. Seu rosto ficou em vermelho vivo.

– Não tiraria não… Não! Não é isso que eu queria... quero dizer… Eu… Eu quero… - Começou a se perder em palavras. – Esquece. Vamos para o nosso quarto.

– É só um? – Surpreendeu-se Luci.

– Claro. Queria o quê? Desperdiçar dinheiro?

Touro ajudou o ex-namorado a se levantar e finalmente eles chegaram na recepção do hotel.

– O seu marido não vai ficar com raiva?

– Não caso você não toque em mim. – Deu de ombros.

– Vou ter que ser forte. Você é bem gost…

– Bom dia senhores. – Uma recepcionista os recebeu, em inglês. – Os senhores têm uma reserva?

– AAAAAAH vão se foder! – Luciares tacou a mochila na parede e saiu batendo o pé.

Touro revirou os olhos e pediu desculpas aos presentes, indo resolver a estadia dos dois com a recepcionista que olhava atordoada para o ariano.

Dez minutos tinham se passado quando Touro foi até Luci com a chave de um quarto.

– Vamos, estressadinho. – O chamou, caminhando para a área dos chalés.

– Não é uma cama de casal? – Foi a primeira coisa que Luciares falou quando entraram no quarto.

– Como é que é?

– Queria uma cama de casal.

– Você está doido?

– Não importa. Mas a primeira coisa a se fazer é… - Luciares o olhou travesso, largando a mochila no chão e caminhando lentamente até o maior.

– Não, você não está pensando nisso… - Touro recuou uns passos, também deixando seu bornal em um canto qualquer. – Ah sim, você está!! – Gritou quando se sentiu ser agarrado e puxado para a cama.

Luciares gargalhava enquanto botava Touro de pé em uma das camas e começava a pular junto a ele.

Touro não aguentou e se entregou à brincadeira, começando a dar risadas altas.

Eles seguraram as mãos e começaram a pular de uma cama para outra, até o momento em que caíram juntos, entregando-se ao cansaço, mas ainda rindo.

– Não importa para quantos lugares eu viaje, sempre faço isso quando chego nos hotéis. – Luciares falou, depois de recuperar a respiração.

Touro também recuperou o seu ritmo, mantendo apenas um sorriso calmo nos lábios. Virou-se para o lado, encarando o amigo, naquela cama de solteiro.

– Você viaja para muitos lugares? Lembro que era seu sonho…

– Claro! Depois que… É… - Ele deixou a voz morrer.

Touro apoiando a cabeça em um dos travesseiros, desviou o olhar para a parede branca do quarto.

–Me... desculpe pelo que aconteceu - fala perdendo aos poucos o ar de brincadeira - Você tem um pouco de culpa... - para um instante sem saber se continua ou não - Quem foi Luci?

Luciares olhou confuso para o amigo.

–Quem foi o que?

–Com quem você me traiu?

A voz de Luci vacilou.

– C-com…

Ele não terminou a frase. Ficou em silêncio e respirou fundo. Se colocou sentado na cama, jogando os pés para o lado, tocando o chão. Apoiou os cotovelos nos joelhos e baixou a cabeça.

– Touro. Precisamos conversar.

O mais novo sentiu o peito doer.

– O que foi, Luciares? O que é que eu não sei?

– Eu… Eu não… - Tentou dizer enquanto sentia o olhar do azulado pesar sobre si. – Eu não te traí. Nunca.

Touro entrou em choque, ficando estático. Tentou absorver aquela informação.

– Como é… que é…? – Perguntou com a voz baixa.

O menor virou o rosto para encara-lo.

– Eu prometi para você, não foi, Touro? – Se voltou por completo ao maior, agora segurando suas mãos. – Prometi que nunca seria infiel a ti. Que não te trataria como te tratavam quando éramos crianças. Prometi que estaria contigo.

– Prometeu… - Respondeu quase em modo automático.

– Eu cumpri minha promessa, Taury. – Sorriu ao mencionar o antigo apelido carinhoso. – Apesar de não ter estado com você fisicamente, sempre o mantive em meu ser.

– Mas você… - O azulado estava confuso.

Depois de tanto tempo… Tanta coisa… Por que só agora?

– Eu não o traí. – Luci baixou o olhar. – Eu fui ameaçado.

Foi aí que Touro percebeu. As informações se juntaram em sua cabeça.

– Meu pai. – Afirmou, sério.

Luciares confirmou com o mesmo tom.

– Ameaçou não deixar você sair mais, nem para o telhado. E… E ele ameaçou minha irmã.

O mais novo sentiu os olhos marejarem.

– Mas por que você não me falou? – Touro levantou a voz, agora chorando – Você tem ideia do que eu passei? Do que eu senti? Pensando ter sido traído por um idiota feito… - Começava a se levantar, vendo Luciares se assustar quando se deu por si, ficando surpreso com a própria reação. – Me desculpe. – Se deixou cair de joelhos na cama, tapando os olhos com as mãos.

– Tudo bem… Vem cá.

O mais velho o abraçou, colocando a sua cabeça por cima da do amigo.

– Luci… Por que mentir? Me fala… - Touro perguntou baixinho, fungando.

– Eu queria que você sentisse raiva se mim. Seria menos sofrimento se eu fosse o canalha.

– Nós poderíamos ter fugido.

– Seu pai o acharia. Seria pior. Eu tinha medo do que ele poderia ter feito contigo, Touro… Muito medo… - Agora era Luciares que se entregava ao choro.

Touro não sabia ao certo o que dizer. Estava surpreso. Nunca havia visto Luciares temer algo. Levantou a cabeça, encarando o nada.

– Teria sido tudo tão diferente… - Sussurrou, para si mesmo.

– Touro, eu… - O albino deslizou a mão para a bochecha de Touro, que passou a olha-lo, corado.

– Luci…

Luciares comprimiu os lábios e recuou a mão.

– Não é nada. Só… Você me perdoa? – Perguntou baixinho.

– Luci. – Touro o segurou nos ombros. – Você se arriscava muito por mim. Por nós. Naquele telhado. Sempre quando eu precisava… - Touro riu de leve, pelo nariz – Sempre… Você estava lá. Se não fosse por você, Luciares… Eu… Eu não teria aguentado. – Concluiu, em prantos.

– Touro… Não chora…

Mas Luciares também estava chorando. Novamente, abraçou o maior, deitando os dois corpos. Juntos, eles tentaram controlar tantas informações que vieram de uma só vez. O som do quarto era composto apenas por palavras acolhedoras e fungadas.

Demorou para que se acalmassem. Quando o fizeram, o silêncio tomou conta, nenhum dos dois tinha coragem de falar alguma coisa.

Até que Touro se afastou do menor.

– Temos que resolver aquilo. – Disse, sem olhar para Luci.

– Sim. – Respondeu, receoso e se levantou da cama. – Para o mesmo lugar?

– Mesmo lugar.

**

– Ah… Faz tanto tempo… - Luciares sorriu quando finalmente chegaram.

Touro ficou de pé. Os cabelos azuis acompanhavam o movimentar do vento, em ondas suaves e calmas. O olhar do taurino, tomou um semblante tranquilo, enquanto as obres percorriam aquelas telhas tão conhecidas e ao mesmo tempo tão misteriosas.

– Está um pouco… Acabado. Cuidado para não…

O de cabelos azuis pisou em uma telha envelhecida e seu pé pendeu para baixo. Aquela parte começou a ceder e antes que Touro pudesse assimilar o que estava acontecendo, estava sendo segurado por Luciares, a alguns metros do chão de sua antiga casa.

Touro apertou a mão de Luci, sentindo o corpo pesar solto ao ar.

– …Cair. – Completou, meio assustado.

Luciares riu travesso.

– E você diz isso para mim? – Indagou enquanto puxada o maior novamente para cima. – Não deve demorar muito agora.

Touro se recompôs e apalpou a adaga em seu braço, escondida pela manga do casaco.

– Em poucos minutos…

Um barulho surgiu no céu. Era o girar das hélices de um helicóptero preto, com o símbolo de uma águia em sua base. Touro e Luciares se entreolharam e se colocaram a postos, sabendo o que iria acontecer.

– Os dois. Para cima. Agora. – Um homem mascarado apontou um fuzil em direção aos ex-namorados, que reviraram os olhos e calmamente subiram a escada que lhes fora jogada.

– Eles nunca mudam. – Touro deu de ombros, enquanto subia a escada de corda, com Luciares vindo atrás.

– Tô nem aí. Só estou aqui na minha, apreciando a vista. – Sorriu de canto.

Touro parou e sentindo o rosto queimar, pressionou a sola da bota contra o rosto de Luciares.

– Idiota. – Xingou e terminou o trajeto, entrando no helicóptero e estendendo a mão para que o amigo pegasse.

– Você me ama. – O albino sorriu, segurando firme a mão do amigo.

– Quer que eu te deixe cair?

– Iria colocar o punho na boca de novo?

– Vocês dois! Parem de flertar e subam logo. – O fuzileiro atirou em uma árvore qualquer.

Ninguém se assustou com o tiro.

– Nós não estamos flertando. – Touro revirou os olhos e puxou Luciares para dentro. – Eu sou casado, ó! – Mostrou a aliança no dedo.

Ouviu Luciares praguejar em voz baixa e arqueou uma sobrancelha, decidindo entrar no jogo.

– Mas se eu não fosse… A história seria outra.

– Oi? – O menor levantou a cabeça, confuso.

– Oi, tudo bem? – Touro riu.

– Vocês sabem que eu estou a ponto de atirar em vocês, não é? Como conseguem ficar tão tranquilos indo praticamente em direção a morte?

Luciares se jogou no chão, sentado e apoiou a cabeça nas mãos enquanto se encostava em uma caixa.

– Nós temos essa ligação um com o outro.

Touro concordou, sentando ao lado do amigo.

– Nós temos o dom de acalmar-nos.

– Tanto faz. O presidente os espera.

Luciares engoliu em seco. Touro, percebendo o agora desconforto do menor, segurou sua mão, o encarando encorajadoramente.

“Estou com você”, disse, apenas com o movimento dos lábios.

“Sempre”, Luciares respondeu da mesma forma.

Depois de algumas horas de vôo, quando Touro e Luciares haviam adormecido um por cima do outro, o helicóptero pousou. Os amigos abriram os olhos, assustados e logo ficaram de pé.

– Saiam.

Eles obedeceram. Olharam em volta e perceberam que estavam no meio do nada. Com eles, haviam apenas o helicóptero e um galpão abandonado. Quando Luciares foi perguntar o que raios eles tinham ido fazer naquele lugar, o helicóptero não estava mais lá.

– Mas que porr…?

Não pôde completar, logo sua visão foi tapada, e a última coisa que ouviu foi um grito de uma voz conhecida. Touro.

***

O azulado sentiu a cabeça doer quando acordou. Logo levantou a cabeça brucamante, tentando assimilar onde estava.

Era meio escuro e úmido. Não havia barulho, senão o farfalhar das folhas das árvores que provavelmente estavam fora. Olhou para o lado e viu um Luciares desacordado… Amarrado junto a ele em algum tipo de mastro.

– Mas que droga. – Touro praguejou.

Sem pensar duas vezes, mordeu a manga do casaco que usava e rasgou o tecido. Ainda usando a boca, pegou a adaga da bainha e a lançou para trás do próprio ombro, a pegando com as mãos atadas.

Com um pouco de dificuldade, cortou a corda que o prendia. Mas, quando se levantou para cortar a do amigo, não pôde, pois ouviu passos.

Se virou para olhar para trás e sentiu um impacto forte em seu rosto, fazendo que fosse lançado para longe, chocando-se contra a parede em um estrondo.

– A-Ai… - Gemeu, ficando de joelhos.

– Você é tão previsível, Touro. – Ressoou a voz pelo galpão.

Touro ficou de pé, se apoiando na parede e seguiu o som, procurando pelo seu dono.

– Quem é você?

– Ora, você não sabe? Não faz tanto tempo assim, irmão…

O taurino arregalou os olhos. Precisou de alguns segundos para absorver, antes que um novo chute fosse dado em seu peito, o lançando novamente ao chão. Mas desta vez, ele não ficou lá. Assim que se encontrou com o piso, deu um impulso com as pernas e se pôs de pé, avançando no vulto que agora estava exposto a uma luz fraca.

– Maldito! – Ralhou, enquanto estendia rapidamente a perna em direção ao irmão, chutando-lhe a cabeça.

O rapaz girou, se ajoelhando no chão e se levantando logo em seguida.

Touro entrou em posição de combate, varrendo o chão com os olhos. Viu Ior a poucos metros de Luciares, que já demonstrava que iria acordar.

– Touro, você quer tanto assim machucar o seu irmão? Olha o que você fez… - O rapaz falou com a voz sarcástica, mostrando a boca ensanguentada.

– Taurius. Não acredito que te…

– O quê? Que me deixou vivo? Você não tem coragem de matar crianças, irmão. – Riu irônico.

– O que você está fazendo aqui?

– Ora. Quem você acha que estava, esse tempo todo, entregando o Luciares? Quem você acha que o presidente mandou para puni-lo?

– Como você…?

– Um rastreador é capaz de fazer coisas incríveis.

– Por que diabos você colocou um rastreador no meu… no meu… - Touro falou em voz alta, mas quando iria terminar a frase, vacilou.

– No seu namorado? – Taurius levantou uma sobrancelha.

– Ele. Não. É. Meu. Namorado. – Touro rangeu os dentes.

– Tanto faz. O rastreador era para você. – Ele deu de ombros. – Mas parece que você presenteou Luciares com uma camisa sua, não foi? Sabia que ele guarda aquele moletom azul até hoje?

Touro ficou em silêncio, mordendo o lábio. Seu olhar e interior queimavam em fúria. Cerrava os punhos com força, encarando o irmão.

– Mmmm…

O taurino olhou para trás, em direção a voz fraca.

– Luci! – Exclamou, vendo o amigo amordaçado, acordado.

Foi o segundo de distração que Taurius precisava. Vôou para cima do irmão mais velho, fazendo os dois rolarem no chão.

– Ora, seu… - Touro girou os corpos, ficando por cima.

– Você perdeu habilidades, irmão! – Anunciou o mais novo, retomando a posição de controle, dando um soco no peito de Touro.

– Você é fraco! – Touro falou, esmurrando o rosto de Taurius e dando chutando sua cintura.

– Não, Touro… - O irmão se levantou e deu um sorriso mórbido, quase psicopático. – Você é que é.

Touro soltou uma exclamação de surpresa quando o irmão tirou uma faca da bota que usava e novamente partiu para cima do mais velho, o segurando pelo pescoço.

– Você sempre foi tão fraco… - Taurius sussurrou rouco, apertando a mão contra o pescoço do maior, enquanto aproximava a faca do rosto desse. – Tão… covarde…

Touro gritou de dor. A lâmina da faca fora passada pelo seu rosto, descendo do lado de perto do início de seu nariz até quase o queixo. Sentiu sua face arder, enquanto o sangue escorria, manchando-os de rubro.

O mais velho não pôde falar nada, pois seu pescoço estava sendo apertado e o ar estava faltando. Apenas olhou para o irmão, furioso.

– Calma… Eu não vou te matar… Ainda. – Taurius sorriu e com força, bateu o punho da faca contra a cabeça do irmão, desapertando o seu pescoço logo.

A visão de Touro esbranquiçou e a tontura o atingiu em soma da dor. Foi inevitável deixar que a cabeça pendesse para o chão, enquanto se esforçava para manter os olhos semiabertos.

– A punição principal não era para você, Touro. E sim para ele. Foi idiotice sua ter vindo.

Luciares até então, assistia tudo de olhos arregalados, sem poder falar. Se remexia e rebatia-se furiosamente, tentando inutilmente se soltar para correr em direção do ex namorado. As lágrimas escorriam pelos seus olhos, e a culpa tomava conta dele.

Ele era o culpado de tanto sofrimento. Touro agora estava sofrendo por sua causa.

Taurius riu com escárnio do desespero do albino. Caminhou calmamente até ele, colocando uma das mãos no rosto desse, que juntou as sobrancelhas em uma expressão de ódio, lutando para tentar acabar logo com a raça daquele ser.

– Você é tão bonito… Será uma pena desperdiça-lo. – Taurius manteve o sorriso sínico nos lábios enquanto os aproximava dos do ariano.

Quando Touro percebeu, já estava em cima do irmão. Sua mão esquerda segurava a adaga Ior colada ao pescoço de Taurius, enquanto a direita prendia as mãos desse contra o chão, acima da cabeça dele.

– Você não vai encostar um dedo nele. – Disse sério e sádico, faminto por vingança, enquanto seu sangue escorria no rosto pingando na pele do irmão.

Foram as últimas palavras que Taurius ouviu. Ele já não estava vivo para ouvir nada a mais…

– Me desculpe. – Touro falou enquanto desatava o nó da mordaça do ex namorado.

Seus olhos marejavam. Ele havia perdido o controle, novamente. E dessa vez fora pior. Tinha matado seu irmão na frente de Luciares. Não sabia como esse ia reagir.

Já os olhos do albino, estavam arregalados.

– Não acredito que você… fez isso… - Falou, surpreso, encarando o maior.

Touro baixou o rosto.

– Eu… Eu…

– Não acredito! Você é tão incrível, Touro! – Luciares riu, pulando para cima do taurino, o abraçando. – O jeito que luta! E você foi tão rápido, quase nem vi você o atacando! – Exclamou enquanto Touro o encarava confuso. – Você devia ter visto a cara daquele mané! E… - Ele fez uma pausa e o olhou malicioso – Essa rapidez toda foi por ciúmes?

– Quê? Idiota! Saia da cima de mim! – Touro riu pelo nariz e começou a se debater.

– Me obrigue! – Luciares mordeu o pescoço do maior.

– Ah! Maldito! – Touro se entregou. – Você não devia lembrar disso.

– Do quê? Do seu ponto fraco? – O menor riu. – Na guerra e no amor vale tudo.

– Ah, é? – Touro sorriu desafiante e inverteu as posições. – Sabe, meu rosto está cortado, está doendo, levei alguns golpes e ainda sou mais forte que você.

– Vai, humilha! Depois morre e não sabe por quê!

Touro riu.

– Você não me mataria.

– Não mesmo. – Luciares sorriu, abraçando o maior. – Gosto de cumprir minhas promessas.

– Eu também, Luci. – O mais novo retribuiu o abraço. – Eu também.


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