New York. Eu estava sozinho no meu apartamento sem nada para fazer, já que chovia lá fora. Peguei meu celular e disquei o numero dele. Chamou algumas vezes e logo ele atendeu.

– Joshua, eu preciso falar com você. – Disse aos prantos.

– Alec, você esta bem? Você esta chorando? – Perguntou o menor.

– Não estou nada bem, Joshua. Preciso de você aqui para conversarmos um pouco.

– Tudo bem Alec, eu posso aparecer ai daqui uma semana. Antes disso não tem como, eu e Spencer estaremos no estúdio gravando algumas demos.

– Tudo bem Joshua, eu te vejo daqui uma semana então.

– Pequeno, não fica triste. Seja o que for você vai superar, porque eu sei que você tem forças para isso.

– Obrigado Joshua. – Enxuguei minhas lágrimas e dei um suspiro profundo.

– Se cuida Alec. Te vejo dentro de alguns dias. Ate mais.

– Ate Joshua. – Desliguei o telefone e voltei a fazer o que eu estava fazendo. Nada.

Era incrível a capacidade de ajudar que Joshua tinha. Isso era uma das qualidades que eu admirava nele. Uma coisa que ele fazia muito bem era acolher seu melhor amigo quando estava precisando de ajuda, e esse seu melhor amigo sou eu. Sempre tão doce, tão prestativo, tão jeito Joshua de ser.

Eu sabia o que ele sentia por mim quando descobri há alguns anos atrás, mas não falei nada e ele não sabia que eu sentia o mesmo. Se sabia sobre o que eu sentia em relação a ele, não demonstrava. Não tive vontade de sair do meu apartamento nos dias que antecederam a vinda de Joshua. Fiquei vendo filmes na televisão, jogando o Rock Band dos Beatles que ele tinha me dado no meu aniversario, compondo alguma coisa e tocando. Foi o que usei para passar o tempo, já que minha auto-estima estava lá embaixo.

A semana passou bem devagar e o tédio me consumia por dentro, junto com o desespero e angustia. Quando o grande dia chegou, mal me contive na minha felicidade. Joshua já sabia onde eu morava já me visitou tantas outras vezes como cortesia, só que desta vez era diferente. Seu vôo já tinha saído da Califórnia e a esta altura deveria estar aterrissando no aeroporto de New York. Não demoraria muito e ele bateria na minha porta.

Escutei batidas na porta, só podia ser ele. Abri e vi ele parado na minha frente com um sorriso enorme em seus lábios que me amoleceu por dentro. Usava uma calça jeans, com uma camisa e uma jaqueta. Ele estava de braços abertos esperando que eu o abraçasse, o que acabei fazendo logo. Senti segurança no seu abraço, na verdade eu sempre sentia quando eu me reconfortava neles.

– Eu trouxe algumas malas, tem problema?

– Nenhum Joshua, agora entre. – Convidei-o para entrar já que estava frio lá fora.

Ele entrou sem delongas e levou suas malas para o meu quarto. Fui com ele ate lá e depois voltamos para a sala para nos aquecermos com a lareira. Liguei pedindo pizza, e logo a nossa comida chegou.

– E como o Spencer esta? Faz tempo que não falo com ele. – Perguntei antes de degustar um pedaço de pizza.

– Ele esta bem. E o Jon, como esta? E o The Old Veins?

– Não sei como o Jon esta, Joshua. Na verdade nem sei como o The Old Veins esta.

– O que aconteceu Alec? Não vai me dizer que...

– Isso mesmo Joshua.

– E como isso tudo aconteceu?

– Um dia do nada em uma reunião o Jon e os demais acharam que é melhor eu sair da banda. Fiquei perguntando o porquê daquilo e ninguém me deu uma resposta convincente, nem mesmo o Jon.

– E ai, o que você fez?

– Falei que tudo bem e sai numa boa. Falei também que não precisava deles para divulgar minhas musicas e que me daria muito bem sozinho.

– Caramba, pelo jeito foi feio. – Comentou o mais novo com certa preocupação.

– E foi Joshua.

– E você, o que tem feito desde então?

– Exatamente nada. Ser só o Alec Ross, não motiva muito as pessoas mesmo elas gostando das minhas composições.

– Entendo. – Disse cruzando as pernas e olhando para o chão pensativo. – E por isso você tem estado triste como no outro dia?

– Uhum. Joshua é muito difícil, as pessoas ficam me olhando como se eu fosse culpado e tivesse resolvido sair sozinho da banda. Que os votos deles não contam, me vêem como o culpado da historia toda.

– Aquilo era um sonho a parte Alec.

– Talvez tenha sido mesmo.

– Alec me promete uma coisa?

– O que Joshua? - Ele se levantou e sentou-se do meu lado. Só fiquei observando para ver o que ele faria.

– Promete que não vai chorar? Se tudo isso acabou, não vale à pena desperdiçar suas lágrimas e sem contar que você fica mal com isso. Apenas comemore com o que virá e você pode recomeçar com o Spencer e comigo se quiser.

– Prometo Joshua, e aceito a oferta de recomeço.

– Sempre vou te proteger pequeno. – Disse o menor.

– Eu sei disso Joshua.

Ele me abraçou fortemente e retribui o gesto de carinho da mesma maneira. Nessa noite não conversamos sobre mais nada, nem mesmo sobre a gente ou o que sentimos um pelo outro. Ambos sabíamos que isso iria acontecer e que isso viria com o tempo.