Após passar a tarde com Mike, ajudando-o com os preparativos para a "festa", fui direto para casa. Durante todo o percurso até em casa eu pensava em Amélia e no que Emy havia feito ela passar. Talvez elas ainda nem tivessem voltado, conhecendo Emy é bem provável ela ter feito Amélia rodar todas as lojas do Shopping. Durante o caminho de volta, algumas pessoas sorriam para mim, bem não exatamente sorriam, pareciam rir de algo ou de mim. Passei a mão pelo meu cabelo, rosto e roupas, mas nada disso adiantava, elas continuavam rindo.
  Assim que cheguei na porta de casa bati meus pés contra o tapete, retirando o excesso de terra e abri a porta, entrando dentro de casa. Avistei minha Dona Rosa sentada em uma das cadeiras do balcão da cozinha, enquanto admirava um objeto em suas mãos.
Limpei minha garganta, para chamar-lhe atenção e logo ela me olhou, abrindo um sorriso logo em seguida.
—Oh, Henry, chegou a muito tempo? - Perguntou ainda sorrindo.
—Não, acabei de chegar - Olhei ao redor a procura de mais alguém.
—Se está procurando as meninas, elas estão lá em cima - Ela falou enquanto alisava o objeto em suas mãos - Emy e sua namorada chegaram à algum tempo e subiram para o quarto de Emy, para provar as roupas.
—Entendi - Respondi. O jeito como ela alisava o objeto em suas mãos estava realmente me deixando curioso. Mesmo sem querer, ela parecia demonstrar tanto carinho pelo objeto que incomodava - O que está segurando?
—Ah, é um presente do seu pai - Ela respondeu fazendo seu sorriso aumentar - Ele disse que iria fazer uma viagem a negócios e passaria dois dias fora. Em seguida me deu isso.
  Dona Rosa estendeu sua mão em minha direção e me mostrou uma pequena caixinha. Ela abriu-a em seguida e pude ver uma foto, não uma foto dela ou do meu pai, mas sim uma foto da minha família. E o mais interessante era que Dona Rosa não estava na foto, e sim minha mãe. Era uma foto de quando eu e Emy ainda éramos crianças, meu ai estava abraçado a minha mãe e eu estava olhando feio para Emy. Ver está foto me fez sentir uma boa nostalgia, mas logo lembrei-me de que minha mãe estava na foto.
—E por que ele lhe daria uma foto com minha mãe nela? - Questionei.
—Por que eu a muito tempo venho pedindo uma foto assim a seu pai, e hoje ele me deu uma -Ela respondeu enquanto concentrava-se na foto.
—E... Minha mãe estar ai não lhe incomoda? - Perguntei, mas logo Dona Rosa me olhou com um olhar espantado.
—De forma alguma, Henry. Bem, claro que eu gostaria de ter conhecido seu pai ao invés da sua mãe, mas sei que seu pai foi feliz durante o tempo que esteve com ela.
—Ela era uma viciada em drogas - Respondi com um certo desgosto.
—E também era sua mãe. Era e ainda é, independente do que fazia. Não me vejo como uma substituta dela, me vejo como alguém que está a dar continuidade a história dela, e tudo que ela deixou aqui - Ela respondeu sorrindo novamente - Talvez se sua mãe não tivesse casado com seu pai, eu não teria o conhecido depois dela. Então de certo modo ela contribuiu para eu conseguir tudo e todos que tenho hoje. Não sinta raiva da sua mãe por ela ser quem ela era, deveria perguntar ao seu pai sobre ela.. Já se interessou por isso alguma vez?
—Não... -Respondi coçando a nunca.
—Então não pode a criticar - Falou com um sorriso acolhedor- Agora suba e vá ver as meninas. Emy disse que estava ansiosa para lhe mostrar uma roupa que comprou para Amélia.
  Assenti e fui em direção as escadas,enquanto a subia podia ouvir os gritos eufóricos de Emy. Assim que cheguei na porta de seu quarto, bati e logo escutei novamente a voz de Emy me dando permissão para entrar.
—Olá, Henry! Já estava na hora de chegar - Emy falou. Amélia não me olhava, mas notei pela etiqueta que ela estava vestindo um vestido que haviam comprado. Emy pegou uma sacola e a entregou a Amélia, empurrando-a para o banheiro logo em seguida- Aqui, Amélia, vista isto.
  Amélia assentiu e entrou no banheiro, enquanto Emy me olhava com um sorriso enorme.
—O que? - Perguntei.
—Você realmente acertou desta vez, Henry. Amélia é tão legal, mesmo com essa timidez dela pode se perceber isso - Emy respondeu enquanto se aproximava - Ela também é uma ótima acompanhante, vestia tudo que eu pedia.
—É, deve ter sido uma tarde e tanto. E a noite tem mais... - Respondi suspirando pesado.
—O que quer dizer com isso? - Ela perguntou, mas logo em seguida, quando me virei para ir sentar na cama, Emy passou a mão em minhas costas- O que é isso? Serio, Henry? "Suck me"?
—O que? - Perguntei e peguei a folha que ela havia tirado das minhas costas. Era uma folha totalmente branca, com as letras nítidas escritas "Suck me", e pela caligrafia logo percebi que havia sido Mike que tinha escrito - Mas que droga! Então era por isso que estavam rindo.
—Mike sabe fazer uma boa brincadeira - Emy falou sorrindo - E o que vamos ter essa noite?
—Passei a tarde na casa do Mike, vai rolar uma festa hoje. Pensei que você e Amélia gostariam de vir - Respondi dando de ombros.
—Seria uma ótima hora pra estrear o vestido que comprei para Amélia!
  Estava pronto para perguntar qual vestido, mas logo minha atenção foi até a porta do banheiro, assim que Amélia saiu. Ela estava com um vestido roxo de alças finas, que estava um palmo acima do seu joelho. Amélia estava de cabeça baixa, e por mais que seus cabelos cobrissem seu rosto era visível seu rosto totalmente ruborizado. Amélia caminhou um pouco até nós, e logo Emy se aproximou para ajeitar o vestido.
—Está tão estranho assim? - Amélia perguntou ao perceber o quanto eu a encarava - Sei que esse não é o tipo de roupa que costumo usar...
—Não, você está simplesmente linda - Me aproximei e passei de leve meu polegar pela sua bochecha, fazendo-a sorrir - Você está mais linda que de costume.
—Tudo bem, vou esperar lá em baixo. Amélia, toma um banho e veste o vestido, depois venho te arrumar para sairmos - Emy falou enquanto saia do quarto com a cara fechada e os braços cruzados, fechando a porta em seguida.
—Vamos sair?  - Amélia perguntou com suas sobrancelhas franzidas.
—Bem, eu ia te convidar para ir comigo e com Emy para uma festa que vai rolar hoje, pro pessoal da escola - Falei, enquanto passava meus braços envolta da sua cintura.
—Ah... - Amélia parecia um tanto desconfortável.
—Algum problema? - Perguntei.
—Não, eu só... Não estava muito afim de sair hoje -Ela respondeu enquanto abaixava a cabeça.
—Algum motivo?
—Não sei, não ando me sentindo muito bem. Emy e eu andamos muito pelo Shopping hoje, então estou um pouco cansada - Ela fez uma pausa e colocou uma de suas mãos em seu seio esquerdo. - Também ando sentindo uma pequena dor aqui.
—Am, tem certeza de que não está doente? - Perguntei começando a ficar preocupado. Amélia levantou a cabeça e abriu um grande sorriso em minha direção - O que foi?
—"Am"? - Perguntou sorrindo sacana.
—Ah, acho que pode se dizer que é um apelido carinhoso - Respondi.. Céus, eu estava com vergonha? Mas o que estava acontecendo comigo?
—Eu gostei - Amélia afirmou passando os braços envolta do meu tronco, me abraçando.
  Retribui o gesto, e afaguei seu cabelo com minhas mãos. Era tão bom ter Amélia em meus braços, que se eu pudesse eu ficaria assim pra sempre com ela. Logo meus pensamentos voltaram para o que ela havia me dito antes. Eu deveria me preocupar com isso, mas por mais que eu ache que ela esteja doente algo me diz que não é por isso.
—O que acha de passarmos a noite no meu quarto, comendo sorvete? - Perguntei. Amélia se afastou e notei um enorme sorriso em seu rosto.
—De quanto sorvete estamos falando? - Perguntou marota.
—O suficiente para comermos até ficarmos enjoados - Respondi e ambos gargalhamos.
—Então eu aceito - Falou.
  Amélia passou seus braços ao redor do meu pescoço. Automaticamente apertei um pouco mais meus braços ao redor de sua cintura, a puxando mais para perto. Amélia estava com os lábios entreabertos e eu senti seu hálito bater contra meu queixo. Foquei meu olhar em seus olhos, mas o olhar de Amélia estava revezando entre meus lábios e meus olhos.
  Mesmo com uma enorme vontade de a beijar, eu estava esperando Amélia fazer isso. Gostaria de ver Amélia tomando a iniciativa, queria saber que ela queria isto tanto quanto eu, que ela se sentia a vontade fazendo isto. Desci minha mão um pouco mais para braço, deixando-a no fim das suas costas, e em seguida senti os lábios de Amélia se chocarem contra os meus. Amélia não parecia ser o tipo de garota experiente nisso, e algumas vezes era até engraçado ver ela tentando me acompanhar, mas eu gostava do jeito que ela me beijava. Era algo simples, nada muito selvagem porém nada muito calmo.
  Segurei com mais firmeza em sua cintura e a empurrei um pouco para trás, fazendo Amélia se encostar na parede, dando-a mais apoio. Enquanto seus braços estavam ao redor do meu pescoço, sua mão acariciava meu cabelo, puxando-o de leve. Desci minha mão até o final do seu vestido, levando a entrar em contato com sua pele, fazendo Amélia estremecer por completo.  Fazia pequenos círculos na perna dela, subindo-a um pouco a cada desenho feito. Amélia parecia com medo, mas ao mesmo tempo sua expressão demonstrava suavidade.
  Amélia puxou mais um pouco meu corpo contra o seu, e tomei isso como uma permissão e subi mais minha mão levando-a até o final da sua bunda, apalpando-a. Amélia soltou um leve suspiro, mas afastou-se rapidamente assim que ouvimos a voz da minha mãe chamando no andar de baixo.
—É... É melhor descermos, não? - Amélia perguntou enquanto colocava alguns fios de cabelo que caiam sobre seu rosto atrás da orelha. Seu rosto estava completamente vermelho, mas sua face ainda continha um pequeno sorriso discreto.
—Sim, caso contrário ela vem até aqui - Respondi sorrindo. Me aproximei e sussurrei no ouvido dela - Mais tarde nós continuamos isso.
  Estendi minha mão em sua direção, e Amélia logo a juntou com a sua. Saímos do quarto e descemos as escadas, indo em seguida a cozinha, onde Dona Rosa e Emy estavam. Emy continuava com a expressão fechada, mas assim que olhou para Amélia um grande sorriso cresceu em seu rosto. Dona Rosa fez o mesmo, o que fez com que Amélia abaixasse mais o rosto e se aproximasse mais de mim.
— Parece que fizeram bom proveito do meu quarto, não foi? - Emy perguntou enquanto sorria para Amélia, esbanjando duplo sentido.
—Emy! - Dona Rosa alertou ao ver Emy abaixar mais a cabeça.
—Tudo bem, não precisa se preocupar - Falei - Emy, eu e Amélia não vamos a festa. Am está se sentindo um pouco mal, então vamos passar a noite vendo alguns filmes.
—Tudo bem...? - Emy emburrou a cara mas logo voltou a sorrir - "Am"?
—É serio que todos vão me questionar quando eu falar isso? É apenas um apelido - Respondi virando o rosto - Se não se importam, eu e Amélia vamos pra sala.
—Posso ir com vocês? - Dona Rosa perguntou.
—O que? - Perguntei confuso.
—É que... Bem, eu não iria fazer nada hoje, então pensei que poderia assitir filmes com vocês. Mas se for incomodar, eu irei entender - Ela falou. Era estranho ver ela querendo algo do tipo, já que ela nunca tentava fazer algo conosco. Bem, pelo menos não comigo.
—Sem problema, iríamos adorar sua companhia - Amélia respondeu.
—Tem certeza? - Dona Rosa questionou meia insegura.
—Bem, tínhamos alguns planos, mas podemos deixar pra depois - Falei sorrindo de lado. Em seguida senti Amélia me dar uma cotovelada - Ai!
—Sim, temos certeza - Amélia disse sorrindo simpática.
—Então eu vou tomar um banho e já desço - Dona Rosa disse enquanto tirava o avental, indo em direção ao seu quarto em seguida.
  Emy logo subiu atrás dela para começar a se arrumar para a festa, enquanto eu e Amélia fomos para sala. Ambos sentamos no chão, perto da estante e começamos a olhar alguns filmes.
—O que acha de alguns filmes de terror? - Perguntei.