Terminei de tomar meu banho, que por sinal havia demorado mais do que eu tinha previsto, e sai do banheiro. Já havia planejado uma ótima tarde com Amélia: Filmes, pipocas, doces, e nós dois juntinhos no sofá. Duvido que aja algo melhor.
Já tinha planejado um jeito de sair sem que minha mãe visse ela também. Não que eu não gostasse que minha mãe conhecesse Amélia, apenas acho que esse não seria um bom jeito de aproveitar nossa tarde. Minha mãe consegue ser bem chata quando quer, 'e também quando não quer'.
Fecho a porta do banheiro, mas logo a preocupação toma conta de mim. Onde Amélia esta? Ela não teria descido. Pedi a ela para que não descesse, ela deveria entender que mesmo sem eu explicar direito o 'por quê daquilo, havia um bom motivo. Sai do quarto e procurei em todos os quartos no corredor, mas quando não à encontrei tive que encarar o fato de que ela havia ido embora. Será que houve algum imprevisto ou ela apenas mudou de ideia?
Voltei ao quarto e peguei meu casaco, estávamos no inverno então o frio aqui estava surpreendentemente forte. Desci as escadas e abri a porta da frente, e assim que dei o primeiro passo para fora parei e voltei, pude ouvir a voz irritante da minha irmã na cozinha. Mas o que me chamou atenção não foi a voz dela, e sim a de Amélia.
Caminhei rápido até a cozinha e assim que cheguei lá todos ficaram em silêncio.
—O que está fazendo aqui em baixo? - Perguntei dirigindo meu olhar a Amélia. Eu sabia disso, eu havia pedido a ela para não vir aqui em baixo e mesmo assim ela veio.
—Eu pensei que.. - Amélia tentou explicar mas logo Dona Rosa interrompeu.
—Henry, ela apenas quis vir conhecer a gente. Você sabe que não gosto de meninas em casa, mas se você trouxe sua namorada pra cá, não seria nada de mais você deixar ela aqui em baixo enquanto tomava banho - Dona Rosa se virou e voltou a retirar os quadros da caixa. A chamava de Dona Rosa por que ela era minha madrasta, não conseguia à chamar de mãe - Foi muita falta de educação deixar ela esperando lá no quarto.
—Namorada? - Henry perguntei confuso.
—É, Henry, sua namorada - Emy falou como se fosse óbvio - Alias, Henry, olha só o que eu achei.
Logo ela começou a mostrar os quadros que estavam nas caixas e o clima começou a se tornar mais calmo. Emy explicava de onde havia vindo cada quadro e o que iria fazer com eles.
Olhei para Amélia e vi que ela estava extremamente pensativa, ignorando a nossa conversa. Me aproximei dela e passei meu braço esquerdo ao seu redor, dando-a um abraço meio desajeitado.
—Bem, madames, se não se importam eu vou subir para o quarto com a minha namorada - Falei dando ênfase a palavra namorada, deixando obviamente claro o divertimento em minha voz. Claro pelo menos para Amélia, já que a apertei um pouco mais quando falei isso.
—Claro, apenas tenha juízo - Dona Rosa alertou enquanto ia pegar algo, mas parou rapidamente como se lembrasse de algo, e voltou a nos encarar - Você não ia sair hoje a tarde, Henry?
—Sim, eu ...
—Sim, mãe, ele vai sair - Emy me interrompeu, me deixando confuso. Logo ela se aproximou de mim e de Amélia e entrelaçou seu braço ao dela - E eu vou passar a tarde com a...
—Amélia - Respondi.
—Isso. Amélia - Emy falou com um enorme sorriso no rosto
—Não, não isso não é uma boa ideia - Falei tentando afastar Emy de Amélia, mas ela apenas juntou mais seus braços e à puxou em direção a porta.
—Vá lá, Henry! Você sabe que eu não ando saindo muito e você dificilmente namora, nem trás garotas legais pra cá.
—Eu já trouxe a Carinna pra cá uma vez, não foi ? -Respondi.
—Que parte de 'Garotas legais' você não entendeu? - Emy respondeu já abrindo a porta e puxando Amélia com ela - Até logo família, estamos de volta a noite para o jantar.
Dona Rosa murmurou um 'Cuidado" e voltou a retirar os quadros das caixas.
—Não fique assim Henry, de qualquer jeito você não ia ficar sem ela? - Falou me encarando, mas notou minha expressão confusa e continuou - Não ia a casa do Mike?
—Aah, claro, eu ia - Falei passando o braço no meu pescoço tentando esconder minha mentira.
—'Ia'? - Perguntou de volta?
—'Já estou saindo' - Respondi sorrindo de lado - Não fique tão preocupada Dona Rosa, volto antes do amanhecer.
—O que?! - Ela perguntou mas eu já estava saindo, então apenas sorri e fechei a porta.
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Já fazia algumas horas que eu havia chegado na casa do Mike. Seus pais haviam saído para uma 2° lua de mel e deixaram Mike no comando. O que significava que ele iria dar uma festa, e quando ela acabasse ele me forçaria a limpar tudo com ele. Já estava até acostumado com isso.
Assim que cheguei na casa do Mike começamos a arrumar a casa e trancar alguns quartos, já que alguns dos convidados aproveitavam para 'dar uns amassos' nos quartos que estavam abertos. Em seguida, Mike literalmente me arrasou até o mercado para comprarmos o que iríamos precisar para festa
—Pega o azul - Mike exclamou apontando para o pacote de salgadinhos.
—E por quê não pode ser o vermelho? - Perguntei sem entender. Pra falar a verdade eu estava entendendo perfeitamente isso, Mike detestava o salgadinho vermelho porque ele era de picanha e, segundo ele o de picanha tinha um gosto doce. Vai entender.
—Você sabe o motivo, idiota - Respondeu enquanto pegava alguns energéticos no refrigerador.
—Exato, o motivo é idiota mesmo - Zombei recebendo um olhar serio do Mike - Parece que alguém acordou de TPM hoje.
—Vai se ferrar, Henry - Mike falou em um tom alto. Hoje Camila iria a festa, e Mike tinha uma queda - não, um abismo por ela.
—Isso tudo é por causa da Camila? - Perguntei enquanto colocava alguns pacotes de salgadinhos na cesta - Se for, deveria comprar um perfume também. Sabia que você fede?
—O que é que deu em você? - Mike perguntou me encarando de uma forma estranha. É, acho que eu estava contente de mais.
—Sei lá, me sinto... Animado - Respondi pensativo enquanto olhava para um pacote de jujuba como se ela fosse a coisa mais importante pra mim no momento.
—Só animado?
—Animado, nervoso, contente, otimista... Uma explosão de sensações - Respondi, mas eu mesmo não estava entendendo o que eu estava falando.
—E isso é relacionado à Amélia? - Mike perguntou enquanto ia em direção ao caixa pagar as compras.
Sim, tudo. Meu subconsciente falava.
—Claro que não - Mike me lançou um olhar duvidoso e logo completei - Bem, até pode ter mas isso não interessa. Vamos logo terminar isso tudo.
Mike terminou de pagar as compras e levamos as sacolas até o seu carro, onde jogamos, literalmente, as compras no banco de trás.
—Por que não leva ela a festa hoje? - Mike perguntou enquanto sentava no banco do motorista e eu o acompanhava sentando ao lado.
—Por que talvez ela não vá gostar disso - Já sabia de quem ele falava. Então em um súbito momento me lembrei dela. Realmente não consigo imaginar o que ela está fazendo no Shopping com Emy, sei bem o que é aguentar Emy entrar em uma loja a cada 10 minutos.
—Convence ela a vir. Ela pode se divertir um pouco, aliviar o stress— Ele falou enquanto revezava seu olhar entre a estrada e eu. O trânsito hoje estava calmo, e a casa de Mike não ficava tão longe assim, viemos de carro apenas para não precisar levar as compras.
—Estou pensando em resolver logo esse assunto da mãe dela - Admiti. Eu já havia conversado com Mike sobre isso, e ele também havia me aconselhado em levar Amélia para conversar com a mãe dela. Há uma semana Amélia soube da notícia de que a mãe dela tinha apenas 2 semanas de vida. Agora tem apenas uma.
—Se precisar de algo, já sabe que pode contar comigo - Mike falou levantando a mão para fazermos um Hive Fight.
—Valeu, cara.
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