O outro lado da história escrita por Hamélia


Capítulo 3
Three, três, trois, drei.


Notas iniciais do capítulo

Jurava que não ia conseguir postar a tempo e.e



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Assim que abri meus olhos ainda pude ver Amélia de olhos fechados. Ela parecia ainda estar tentando entender que eu havia a beijado.
Aos poucos ela ia abrindo os olhos e finalmente pude ver o brilho que eles continham. Eu não conseguia distinguir o que seu rosto estava demonstrando no momento, seu rosto parecia até que não demonstrava nenhum expressão.
Amélia colocou seus braços cada um ao lado de seu corpo e em questão de segundo ela já estava de pé. Levantei-me também e estranhei o fato de seu rosto estar encarando o chão.
Após um silêncio constrangedor pude ouvir sua voz, que agora estava um pouco mais baixo que o normal:
–Acho... Acho melhor você ir embora - Tive que me esforçar muito para ouvir sua voz. Então era isso? Ela estava me mandando embora depois de beijá-la?
–Não era bem isso que eu gostaria de ouvir...- Sussurrei para mim mesmo e por sorte Amélia não ouviu - Mas... E o seminário?
–Eu posso terminar ele sozinha.
–Amélia, isso não seria certo!- Questionei aproximando-me mais dela, mas a mesma se afastou e logo senti um leve aperto no coração.
–Henry, só... Vai embora. Por favor - Ela falou colocando as duas mãos a frente do corpo para evitar que eu me aproxima-se.
Sem nem mesmo falar nada, recolhi meu casaco e sai as pressas da cada dela. Talvez eu realmente tivesse cometido um erro. Bem, todo mundo sabe que ela é afim do melhor amigo dela, mas imaginei que se talvez eu beija-se ela, ela pudesse tentar me dar uma chance. Creio que estava enganado.
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Eu realmente estava com problemas. Já haviam se passado 5 dias desde o beijo com a Amélia e eu ainda estava metralhando minha cabeça com isso. Fora que agora mesmo eu acabei de cometer a maior merda que eu poderia ter feito na minha vida.
–Eu não acredito que você fez isso, Henry! - Minha namora, ou provavelmente ex agora, gritou enquanto saia as pressas da sala do zelador.
–Carinna, me desculpa, eu só... - Realmente tentei me explicar mas o que eu poderia falar? Acontece que Carinna e eu estávamos na sala do zelador pra, vocês sabem, fazer o que todos os casais fazem em momentos quentes e talvez, só talvez no calor do momento eu possa ter sussurrado o nome da Amélia.
–Você só o que, Henry?! Quer que eu te perdoe por você ter falado o nome daquela garota enquanto estávamos juntos?!- Ela falou enquanto me batia com sua mochila- Henry, você sabe que não tenho nada contra ela e não sou esse tipo de garotas ciumentas, mas isso eu realmente não vou aguentar. Pra mim já chega Henry!
–Carinna...
–Acabou, Henry.
Logo Carinna saiu andando em direção a sala de aula. Já havia tocado a uns 15 minutos, por isso não havia ninguém no corredor, o que em si é ótima já que provavelmente ninguém ouviu minha discussão, e possível término, com ela. Não que eu seja totalmente apaixonado pela Carinna, mas acontece que ela foi minha primeira namorada. Após eu conseguir me tornar "o cara do grupo dos babacas", Carinna foi a primeira garota com quem namorei. Nosso namoro nunca foi totalmente assumido, era um namoro mais pra 'aberto'; eu ficava com quem quisesse, ela também e de vez em quando, quando sentíamos saudades um do outro, nós 'ficávamos'.
Pensei em algum lugar bom para esfriar e logo a imagem do jardim da escola me veio a mente. Girei meus calcanhares pronto para ir até o jardim mas acabei sendo interrompido quando esbarrei em alguém. Bati fortemente contra o corpo desse alguém, mas antes que o mesmo caísse rodeei meus braços ao redor da cintura dele, impedindo-o de cair.
Assim que parei para analisar o que havia acontecido, percebi que se tratava de Amélia. Seu rosto estava totalmente vermelho e seus olhos estavam um pouco inchados, sua mochila, que antes estava em seu ombro direito, agora estava no chão, fora alguns fios de cabelo que cobriam seu rosto.
Após o silêncio, eu soltei-a e me abaixei para recolher sua mochila, mas com um movimento mais rápido, Amélia pegou a mochila e logo pôs-se de pé.
–Deveria tentar olhar por onde anda! - Ela exclamou com os braços cruzados. Eu realmente estava pensando em pedir desculpas, mas acabei mudando de ideias.
–Desculpe madame, é que infelizmente EU NÃO TENHO OLHOS ATRÁS DA CABEÇA- Revidei. E antes de deixá-la falar, continuei- E você que veio correndo, se prestasse mais atenção ajudaria bastante.
Esperei dela revidar ou me bater, mas logo vi sua face amenizar e ela logo começou a rir.
–Me desculpe, vamos apenas esquecer tudo isso, tudo bem? - Ela perguntou-me enquanto mantinha um leve sorriso no rosto. Não parecia ser o sorriso de sempre dela, já que suas sobrancelhas estavam para baixo.
–... Você está bem, Amélia? - Perguntei um pouco preocupado.
–Claro, claro. Eu estava apenas atrasada e resolvi vir correndo, realmente sinto muito.
–E por que você se atrasou? - Chegar atrasada realmente não era o tipo de coisa que Amélia faria.
–Por... Bem, nada que seja muito importante - Logo ela colocou uma mecha de seu cabelo atrás da orelha e continuou: - Acho melhor eu ir, não quero me atrasar mais ainda. Você vem?
–Claro, vamos... - Parece que meu plano de esfriar a cabeça não estava dando muito certo.
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A primeira aula havia passado muito rápido, já que eu dormi a maior parte do tempo. Mas, em um certo horário entre a segunda aula e o intervalo, o diretor veio até a sala de aula chamar Amélia. Quando ele chegou na sala não bateu na porta como de costume. Ele parecia ter corrido até aqui, pois estava suado e respirava rapidamente.Ele falou algo a professora e logo ela autorizou Amélia a sair da sala junto com o diretor. Após Amélia acompanhar ele até a diretoria a minha curiosidade começou a martelar minha cabeça.
–Sra.Burton, eu poderia ir ao banheiro? - Perguntei.
–Tem certeza que vai ao banheiro? - Ela perguntou meia desconfiada.
–Quer ir comigo para garantir? - Lancei um sorriso de lado.
–Não, pode ir - Virei-me para sair da sala, mas a professora chamou-me novamente - Henry, você e Amélia podem apresentar o trabalho semana que vem, tudo bem?
–Mas, por que? - Perguntei sem entender.
–Bem, devido o que aconteceu com Amélia ela deve estar arrasada - Logo senti meu coração apertar.
–E ... O que houve com ela?
–Henry, sabe que não posso ficar contando essas coisas.
–Amélia é minha dupla, eu não posso pelo menos saber o por que disso tudo?! - Acabei elevando um pouco a minha voz, o que chamou a atenção principalmente do Charlie, o tal melhor amigo/"chush" de Amélia.
–Henry, vá no banheiro e talvez eu conte a você depois - Ela respondeu, então com bastante pressa sai da sala.
Claro que eu não iria ao banheiro, então desviei minha rota e fui até a sala da diretoria. Assim que cheguei lá, coloquei o ouvido na porta e a primeira coisa que ouvi foi a voz do diretor.
–... ficaram realmente preocupados com você assim que você saiu correndo de lá - Pela voz do diretor ele parecia nervoso.
–Eu apenas não queria me atrasar para aula - Amélia parecia estar calma, sua voz não demonstrava nenhum sentimento.
–Amélia, a situação da sua mãe é bastante complicada. Seu pai imaginou que você gostaria de passar o maior tempo possível com ela e....
–Eu sei, mas não quer dizer que só por que ela tem apenas 3 semanas de vida que eu vou me desligar de tudo para ficar com ela.
–Amélia, você deveria estar lá com ela, dando-lhe palavras de apoio e aproveitando o resto do tempo.
–Ela sabe que eu amo ela, e não é por que ela vai morrer que eu vou ficar 24hr com ela! Você deveria tentar cuidar só da sua vida - Espera ai, Amélia gritando com o diretor? E como assim a mãe dela vai morrer?
–Por favor Amélia, abaixe o tom de voz para podermos conversar melh...
–Eu não quero conversar. Se não percebeu, eu estou perdendo aula - Escutei alguns passos vindo até a porta e antes mesmo que eu pudesse me mexer, Amélia já estava me encarando com os braços cruzados -E você, quando for tentar escutar uma conversa tente ao menos não deixar sua cabeça aparecer por trás do vidro.
E logo após ela voltou à passos rápidos para sala de aula.



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Notas finais do capítulo

Até domingo que vem ^U^