O outro lado da história escrita por Hamélia


Capítulo 10
Teen, dez, dix, zehn.


Notas iniciais do capítulo

Hello ^-^
Resolvi demonstrar como imagino a Amélia. Eu acho que contando com a aparência, eu a considero como a Effy Stonem (Aparência, não personalidade). Mas se não gostarem, podem imaginar ela como quiserem ><
No próximo capítulo eu coloco um do Henry ;u;
Desculpem os erros.



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Essa semana com a Amélia havia se passado rápido. Eu ia com ela pra escola, ficava com ela durante os intervalos e voltava com ela pra casa. As vezes ela até passava as noites comigo, dormíamos na minha cama os dois, e as vezes Amélia até chorava. Por um lado era ruim, mas por outro era bom saber que ela se sentia a vontade e confortável perto de mim, fora que esse era um bom jeito de aliviar a dor. Durante toda semana Amélia continuava com essas sensações estranhas, como um frio na barriga, dor de cabeça e uma dor constante no peito. E mesmo eu insistindo em leva-la ao médico, ela sempre dizia que não era para me preocupar, mas como não me preocupar? Era literalmente impossível!
  Se os médicos estivessem certos, a mãe de Amélia não estaria mais entre nós a partir de amanhã. Amélia tentava não demonstrar que isso mexia com ela, mas eu podia notar muito bem que era mentira.
  Estávamos ambos na sala sentados no sofá, enquanto assistíamos mais um episódio de American Horror Story. Eu estava encostado no canto do sofá e Amélia estava no meio das minhas pernas, enquanto se deitava sobre meu tronco. Ouvimos o som da porta da frente sendo fechada e logo vimos o pai de Amélia entrar. Sua expressão demonstrava cansaço e ele trazia um buquê de flores amassadas na mão.
—Pai? O que houve? - Amélia perguntou.
—Nada , querida - Seu pai respondeu e logo me olhou, dando-me um leve aceno com a cabeça. Ele jogou o buquê em um lugar qualquer da sala e foi em direção as escadas, mas parou e voltou a olhar para a garota do meu lado - O que acha de visitarmos sua mãe? -.
—O que?! - Amélia parecia surpresa. Eu também estaria no lugar dela. Seu pai nunca se importou com a família, como Amélia mesma dizia e seu próprio pai demonstrava.
—Amélia, você sabe que sua mãe pode ir embora a qualquer hora, não é? - Pergunto olhando diretamente para seus olhos -  Não posso forçar você a fazer isso, mas não quero ver você mal quando se arrepender depois.
—Mas que droga, pai!- Amélia gritou, levantando-se em seguida indo em direção ao seu pai, que também havia descido as escadas.  Minhas sobrancelhas logo se ergueram em surpresa, assim como as de seu pai - Por que você insiste tanto nisso?! Por que todos insistem tanto nisso?! É minha vida, ela é minha mãe e eu nunca vou me arrepender de não ter ido falar com ela ,e além do mais...
  Ao invés de ouvir os gritos de Amélia, apenas ouvi um enorme estalado. Seu pai ainda estava com a mão erguida do lado do rosto de Amélia, enquanto a mesma demonstrava surpresa enquanto colocava a mão onde seu pai havia batido.
—Não ouse falar assim da sua mãe - O Sr.Roustlen falou - Eu passei 20 anos da minha vida com a sua mãe. E queira você acreditar ou não, mas eu nunca trai ela. Eu saia com minhas secretárias mas não fazia nada, sempre deixei bem claro para elas que era casado, por isso que a maioria sempre pedia demissão.
  Sr.Roustlen abaixou-se e se sentou no pé da escada.
—Vivi minha vida toda com a sua mãe, nunca fiz esforços para agrada-la ou perguntei se ela estava bem. Sempre chegava do trabalho e via ela arrumando a casa, discutindo com você ou andando feito uma louca procurando algo pra fazer. Você não tem o direito de reclamar dela. Você não sabe o que ela sentiu ao ver a pequena bebê em meus braços, ignorando toda a dor do parto, você o que ela sentiu ao ver você dizendo sua primeira palavra, não sabe o que ela sentiu ao ver você andar de bicicleta pela primeira vez, não sabe o que ela sentiu ao te levar pra escola pela primeira vez, não sabe o que ela sentiu ao ver você mudar de criança para adolescente, mas principalmente não sabe a decepção e a angustia que ela sentiu ao ver você falar tantas palavras horríveis para ela! - A essa hora seu pai já estava gritando enquanto as lágrimas desciam livremente pelo seu rosto. Amélia não chorava, mas seu rosto demonstrava total surpresa, tanto quanto culpa - Quantas e quantas vezes vi sua mãe chorando após uma discussão com você, ou até mesmo comigo. E sabe quantas vezes eu consolei ela? Quantas vezes eu me aproximei para dar um abraço ou até mesmo um tapinha nos ombros e dizer um "Vai ficar tudo bem" falso?! Nunca, Amélia nunca fiz isso! E agora? E sabe o que eu fiz quando soube da doença dela? Eu viajei para não precisar enfrentar isso.  
—Pai... - Vi os olhos de Amélia marejarem, e a primeira lágrima descer pelo seu olho esquerdo. Amélia se abaixou e passou seus braços ao redor do pescoço do seu pai, que chorava feito um bebê com sua cabeça enterrada na curva do seu pescoço.
—Hoje faríamos 21 anos de casados, Amélia. Aposto que sua mãe pensou que eu não lembrava disso, mas eu sempre lembrei - Disse após voltar a encara-la - Lembra das cartas e flores que sua mãe recebia pelos correios? Era eu quem as mandava. Sempre pensava que sua mãe me acharia um homem fraco ao me ver entregando pessoalmente, então as mandava em nome de alguém desconhecido. Era ótimo ver o sorriso dela ao ler cada carta...
  E pela primeira vez Amélia estava vendo um lado de seu pai que ela nunca havia visto. Eu também estava vendo um lado de Amélia que eu nunca havia visto. Amélia amava seu pai, esse rancor todo que ela tinha por ele era apenas pela falta dela na infância dela. Eu precisava levar Amélia até a mãe dela, nem que fosse a força
.
.
.
  O frio do hospital me fazia apertar mais Amélia contra mim. Sua cabeça estava baixa e suas mãos estavam unidas ao redor do meu braço. Neste momento, Amélia parecia uma criança segurada nos braços da mãe com medo de se perder no supermercado.
  Amélia e eu caminhávamos até a recepção para saber onde sua mãe estava. Na casa dela, não foi muito difícil convencer Amélia a vir, assim que a perguntei se queria vir ela aceitou no mesmo instante.
—Com licença - Falei, recebendo o olhar da recepcionista -  Pode me indicar um local?
—Qual nome? - Ela perguntou ainda sem retirar os olhos do seu computador.
—Rosane Roustlen - Amélia respondeu assim que olhei para ela.
—Quarto 202, ala B— A recepcionista respondeu após teclar algo no computador.
  Amélia logo saiu andando em frente, e eu fui seguindo-a. Ela parecia determinada a fazer isso, e eu até entendia seu lado. Não era fácil saber que sua mãe podia morrer a qualquer momento e nem ao menos poder dizer um adeus.
  Assim que chegamos ao quarto indicado, Amélia abriu rapidamente a porta e se aproximou da leito onde sua mãe estava. Fiquei escorado na porta, mesmo sabendo que esse era um momento de família, algo poderia acontecer e Amélia poderia precisar da minha ajuda.
—Mãe? - Amélia falou enquanto olhava atentamente para sua mãe, que parecia estar dormindo. Sua pulsação era lenta, tão lenta que os os sons que o aparelho fazia dava uma pausa de 2/3 segundos.
—....Amélia?- Sra.Roustlen falou assim que abriu os olhos. A sua voz já saia arrastada, e sua pele estava demasiado pálida - O que faz aqui?
—Mãe... - Amélia se aproximou e passou as costas da sua mão pelo rosto da sua mãe, mas segurou seu pulso com sua outra mão e retirou ela de lá, como se estivesse em uma briga interna decidindo que isso era errado - E-eu não posso...
—Amélia, o que houve? - Sua mãe parecia preocupada.
—Me desculpa por tudo que eu fiz - As lágrimas rolavam livremente pelo rosto de Amélia. A expressão da sua mãe logo tornou-se surpresa, assim quem Amélia pediu desculpas - Me perdoa por tudo que te falei, me perdoa por sair escondido as noites, por gritar com você, por dizer que não iria mais te considerar como mãe, por ignorar todos os seus pedidos de ajuda, por não te dar forças e não te agradecer por tudo que a senhora fez, por não dizer todo dia que eu lhe amo, mas principalmente por não ser a filha que a senhora merece. Não quero que a senhora vá embora sem que eu lhe diga isso, sem que saiba que eu lhe amo, amo tanto que se eu pudesse eu trocaria de lugar com a senhora. Eu te amo mais que tudo, mãe. Desculpa não poder ter te dito isso antes... Meu orgulho me impedia.
  Lentamente via a mãe de Amélia se levantar a passar, com dificuldade seus braços magros e finos pelo pescoço de Amélia, lhe dando um abraço. Amélia fez o mesmo, e por mais que quisesse demonstrar seu amor através do abraço, não podia devido as dores que sua mãe sentiria por causa da fraqueza. Eu até sentia um pouco de inveja de Amélia por poder dizer ao menos um "Adeus" a sua mãe. Talvez Dona Rosa estivesse certa, eu nunca ao menos procurei saber sobre a minha mãe ou sobre  que fez ela ter que fazer o que fazia. Mas agora eu tinha outras coisas para me preocupar, eu sabia que a mãe de Amélia não iria aguentar muito tempo e eu teria que estar forte e dar apoio a ela para quando isso acontecer.


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Notas finais do capítulo

Bem, de maneira geral o capítulo ficou pequeno já que foi só um momento triste, mas foram 1.600 palavras, então está na medida certa.
Aproveitei meu momento depressivo ontem e escrevi esse capítulo -qq
Até o próximo capítulo >