O outro lado da história escrita por Hamélia


Capítulo 1
One, um, une, un, ein.


Notas iniciais do capítulo

Capítulo narrado pelo Henry. Todos serão assim e, se tiver alguma mudança, eu avisarei.



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Já estamos na segunda aula e o diretor ainda não me encontrou. Fala serio, ele nem deveria ter esse cargo de diretor com essa lerdeza dele. Tudo funciona como uma espécie de jogo aqui na escola; eu falto as aulas, mais ou menos na metade da primeira aula o diretor me acha e me leva de volta para sala, mas eu sempre acabo sendo expulso da sala do mesmo jeito.
Essa rotina já vem acontecendo desde o ano passado. Eu acabei repetindo de ano junto com a galera e estou novamente no 3° ano do ensino médio, não que eu tenha orgulho disso mas digamos que eu prefira continuar nisso do que voltar as minhas origens. Antes eu era como qualquer novato na escola, bastante quieto e tímido, até que fui na minha primeira festa e fiquei bêbado com 14 anos. Em seguida, transei com uma garota 2 anos mais velha que eu e logo fiquei conhecido pela escola. Acontece que a garota também estava bêbada e nem fazia ideia do que estava fazendo.
Mike e os amigos dele perguntaram se eu queria andar com eles e assim consegui me enturmar com eles. É, rolou todo esse clichê todo só para que eu saísse da merda pra ir para bosta.
–Ah, finalmente lhe achei Sr.Rousten - Mesmo com os olhos fechados consigo notar ,pela voz, que é o diretor Sr.Diabo. Fala serio, qual cara tem a voz tão fina assim? Segundo algumas pesquisas, caras que se masturbam não tem barba, nem a voz grossa e tem um aspecto infantil e um corpo muito pouco desenvolvido, e esse é a completa descrição do Sr.Diabo. Aposto que ele faz isso até hoje, por isso que ainda continua que nem um garoto do primário - Hora de voltar para aula.
–Demorou muito hoje, já estamos na metade da segunda aula - Reclamo enquanto levanto-me da arquibancada do ginásio e caminho em direção a saída, escutando ainda os passos do diretor a me seguir.
– Tive mais um problema com a Sr.Westler - Logo sinto um nó na garganta. Alguns alunos revirariam os olhos ao escutar isso já que a Amélia sempre está com problemas de saúde, mas mesmo sem querer eu acabo me preocupando com ela.
–O que houve dessa vez? - Falei tentando não deixar a preocupação visível na minha fala, mas acho que o diretor percebeu muito bem - Não que eu me preocupe, sabe? Apenas me preocupo com todos... e além do mais, ela é uma garota inteligente e...Bem, não é que eu esteja me preocupando com ela, mas...
–Chega, Sr.Rousten, chega. Pare de se embananar todo! - Ele falou, interrompendo-me - Dessa vez não foi nenhum problema de saúde.
–Não? -Questionei. Sempre que havia algum problema envolvendo a Amélia, era sobre a saúde dela.
–Não. Ela começou a chorar do nada na sala de aula. A professora, Sr.Burton, tentou falar com ela, mas ela não respondia então levaram ela até minha sala - Respondeu enquanto caminhávamos até a sala.
–E... Por que ela estava chorando? - Perguntei com uma certa curiosidade.
–Sinto muito, mas isso não lhe diz respeito, Sr.Rousten - Neste momento, nós havíamos chegado a sala de aula mas, antes de entrar, o Sr.Diabo avisou - A única coisa que deveria lhe interessar nesse momento, são seus estudos.
–Estou pouco me fodendo para eles - Respondi, entrando na sala e fechando a porta atrás de mim, impedindo que o diretor reclamasse.
Caminhei até uma banca vazia e logo coloquei nele minha mochila. Recebi alguns olhares curiosos, mas apenas um deles realmente me chamou atenção: Amélia.
–Atrasado não é Sr.Rousten? - Sra.Burton perguntou com sua voz um pouco mais elevada. Logo, levantou-se e caminhou em minha direção com os braços cruzados - Ou melhor, atrasadíssimo. O que fazia para chegar tão atrasado assim? Geralmente chega na metade na primeira aula, não?
–É, parece que o Sr.Diab...Digo, o diretor demorou para me achar hoje- Respondi, dando de ombros.
–Não acha que deveria sequer tentar frequentar as aulas? Sabe, elas podem ser de bom interesse para você.
–Acho meio difícil.
–E como sabe se você nunca presta atenção nelas? - Ela fez uma pausa, mas logo ao ver minha expressão de desinteressado, continuou com sua voz um pouco mais baixa - Sr.Rousten, tente ao menos prestar atenção. Lembra do nosso acordo que fizemos em fevereiro? Tente ao menos fazer trabalhos, que lhe darei pontos extras. Ainda faltam 9 pontos para passar na minha matéria, fora as outras. Não poderia nem tentar?
–E o que eu ganharia com isso? - Perguntei ainda sem muito interesse.
–Teria a chance de finalmente passar de ano?
–Pff, dispenso - bufei.
–Isso é uma pena, não é? - Ela aproximou-se mais um pouco de mim, e aproveitou que os alunos estavam conversando entre si e cochichou em meu ouvido - Por que eu estava pensando em pedir a Sra.Westler para que te ajudasse nos trabalhos. Mas, já que você não quer, eu acho que vou...
–Espera! - Hesitei um pouco. Em seguida, resmunguei um 'tudo bem' enquanto jogava minha cabeça sobre os braços na banca.
–Excelente. Pedirei a Amélia para lhe ajudar no primeiro trabalho. Será um seminário sobre literatura para semana que vem e...
–Chega, chega! - Elevei meu tom de voz, o que em si acabou chamando atenção dos outros. Levantei-me enfurecido e perguntei - Não era para ser apenas a droga de um trabalho pequeno?!
–Sim, mas esse vai valer 10 pontos. Cinco para ambos, então tentem se concentrar - Então, sem nem ligar para minha irritação, ela girou seus calcanhares e foi embora, falando logo em seguida - Ainda tenho que perguntar se ela vai querer.
Logo, colocou-se em frente a sala e anunciou o seminário que iria passar para semana que vem. Para a classe, valeria 3 pontos, já para mim e Amélia, valeria 5, como ela já havia falado antes.
Como prometido a Sra.Burton, comecei a copiar os quesitos do quadro que a mesma anotava, que, segundo ela, ajudariam no seminário.
Já no finalzinho da aula, pude ver Amélia conversando com a Sra.Burton. Logo em seguida, vi ela virar seu rosto e redirecionar seu olhar a mim, logo lançando um olhar de indignação.
Quando finalmente tocou, a Sra.Burton veio dizer-me que Amélia, depois de muito insistir, aceitou me ajudar no seminário.
Eu já estava saindo da sala de aula em direção a cantina junto com Mike e os outros caras, quando ouvi alguém me chamar.
–Hey, Roustlen! - Escute a voz da Amélia a me chamar. Ela se aproximou de mim e parou em minha frente. Meu sobrenome parecia tão mais bonita saindo da boca dela. Imagina só : Amélia Roustlen. Isso, com certeza, ficaria mais bonito ainda.
–O que foi? - Perguntei tentando não demonstrar interesse na conversa.
–Tire essa expressão de merda da sua cara e me escute - Exclamou e bufou, logo em seguida continuando o que estava à falar - A Sra.Burton disse-me que teria que fazer o seminário com você para ajudar-lhe a ganhar pontos. Quero você em frente a minha casa as 17:27 em ponto, entendido?
–E por que não as 17:30, esquisita? - Mike perguntou com seu sorriso debochado no rosto. Eu já ia fazer essa pergunta a ela, sem incluir o "esquisita", é claro.
–Primeiramente, "esquisita" é essa coisa pequena que você tem ai em baixo - Amélia revidou lançando um sorriso cínico - E em segunda lugar, isso não lhe diz respeito já que estou falando com o Henry e não com você, seu babaca.
–Ihhhh, parece que alguém está de TPM hoje - Mike respondeu-lhe para tentar não perder a pose na frente dos amigos, mas isso só serviu para enfurecer mais Amélia. Vendo que ela parecia querer pular em cima dele, alertei Mike.
–Chega Mike, deixe ela em paz - Logo voltei minha atenção para Amélia - Sem problemas, estarei na sua casa as 17:27 em ponto.
–Assim espero - Amélia respondeu-me logo após olhar-me com um olhar confuso, indo embora logo em seguida.
–Garota estranha - Joshua, um dos amigos do Mike, exclamou.
–Pois é - Mike concordou - Vamos logo antes que o Sikes perceba que não estamos lá atrás da escola e não entregue o pacote.
Antes que vocês pensem qualquer coisa, sim, Mike estava falando de drogas. E não, eu não estou envolvido nisso. Minha mãe era uma viciada em drogas e se prostituiu para poder comprar elas. E, acidentalmente, teve um garoto após fazer um de seus programas sem usar proteção.
Logo em seguida, conhece meu pai e blá blá blá, ela acabou se casando com ela e blá blá blá, e depois ela voltou pro mundo das drogas e morreu. Não que eu me sinta feliz com isso, apenas não estou a fim de ficar com pensamentos melosos.
Bem, é claro que eu não usaria drogas também, não é? Quando minha mãe morreu, meu pai ficou acabado. Foi horrível ver ele daquele jeito e não poder fazer nada. Eu faria de tudo para que ele não ficasse daquele jeito novamente.
Assim que chegamos no pátio vazio atrás da escola, Sikes já estava esperando o Mike a galera. Mike pegou o "pacote" e distribuiu entre os caras.
–Não vai querer mesmo, Henry?- Mike perguntou, estendendo a mão que continha um punhado de pó - Ainda tem pra você.
–Dispenso- Respondi sem nem ligar muito, Não é a primeira vez que Mike me oferece, e também não é a primeira vez que recuso - Sabe que eu sempre digo não, não sei nem por que continua oferecendo.
–Talvez um dia você deixe de ser babaca e aceite - Mike logo sentou-se em um banco e, com um sorriso no rosto, respondeu-me - Sobra mais pra mim.


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Notas finais do capítulo

Capítulo ainda não revisado, vou dar uma olhada melhor mais tarde.