Existência Corrompida escrita por Gabriel Alexandre


Capítulo 28
Correntes Mortas




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Ao abrir o portal para a próxima camada do inferno Mephisto impede a entrada de Snap e Ikarus por um instante.

–Primeiro eu tenho algo importante para dizer a vocês. –Mephisto diz colocando-se a frente do portão para o rio Aqueronte.

–Espera. –Ikarus olha confuso para Mephisto. –Aquilo é o rio Aqueronte? Mas qual a lógica disso? Este é o nome da primeira fase do Hades o inferno grego, isto não faz sentido, pois, nosso mundo funciona envolto na mitologia judaica.

Mephisto estrala os dedos parecendo animado e então começa a sua meticulosa explicação.

–Bom... Você não esta errado, nosso mundo funciona na mitologia judaica, mas não apenas nessa mitologia, digamos que quando uma grande parte dos humanos acredita em algo isto torna a coisa real, assim nasceram boa parte dos novos deuses e todas as criaturas astrais, é um pouco complexo, mas acredito que com o tempo vocês entenderão. Levem na mente o seguinte a partir de agora, nada é verdadeiro e tudo é permitido.

Ao ouvir isto tudo Snap suspira e então avança para o portal, mas Mephisto impede sua entrada.

–Calminha aí meu caro, Nesta nova era os seres humanos estão mais complexos do que nunca e sua crença esta indo cada vez mais longe, o plano astral estará ainda mais cheio de surpresas, como podem ver o primeiro obstáculo é o rio Aqueronte, então estejam prontos para entidades gregas, mas estejam ainda atentos a diversas outras culturas. –Mephisto entrega duas moedas douradas com um desenho egípcio de um olho para os defectionis. –Não dêem elas para ninguém, usem como uma espécie de distintivo, isto mostrara que vocês não são apenas mais almas vagantes no reino dos desencarnados, agora podem ir, boa sorte.

O nobre diplomata infernal se afasta do portal e retira seu chapéu revelando suas madeixas azuis e depois sussurra.

–Impressiono-me pela coragem de ambos em invadir um mundo totalmente imprevisível e letal, seja o que Deus quiser, ou os deuses quiserem, ou demônios quiserem, ou anjos quiserem, seja lá o que for, fiquem bem crianças.

Os dois desafiantes ao trono divino entram no portal para o rio dos mortos, no exato momento em que pisam na margem do rio uma enorme barca negra surge e atraca rispidamente, sombras se aproximam e começam a entrar no transporte dos mortos.

Os dois pulam para entrar junto das sombras no que parece a barca de Caronte, eles entram do lugar e no centro está uma estatua rachada de um homem velho com expressão ameaçadora, a estátua abre os olhos e deles saem um brilho verde, a estátua abre sua boca e uma voz dupla grave começa a ecoar pelo barco.

–Vocês não são como os outros, vocês são vivos, por que desejam entrar no reino dos mortos?

Ikarus sem hesitar e sem ao menos responder a estatua mostra a moeda egípcia.

–Muito bem, sua presença esta justificada, mas e o outro?

Um frio sobe a espinha de Snap, mas um medo desnecessário, pois a moeda esta supostamente em seu bolso, o garoto de olhos avermelhados começa a apalpar suas roupas em busca da moeda egípcia, mas sem sucesso, ele não acha a prova de sua vida.

A estátua vibra e então volta a ecoar em voz intensa.

–Um vivo sem permissão não deve permanecer no mundo dos mortos, mas eu tenho uma solução, sem sua vida você pode permanecer no mundo dos mortos.

A estátua começa a se mexer e vários braços aparecem cada um com um tipo de arma diferente, o primeiro braço com uma adaga ataca em direção ao rosto de Snap, mas pouco antes da adaga entrar na pele dele a barca bate em algo e para fazendo o golpe passar ao lado da cabeça de sua cabeça por pouco não causando um ferimento letal.

Os defectionis olham para fora do barco e uma sombra imensa passa na água e volta em direção à barca atingindo-o mais uma vez, Snap vê um brilho dourado no chão e nota que a moeda havia caído, ele pega a moeda e a mostra para a estátua que ao olhá-la acalma-se.

A sombra que atacava a barca desaparece nas profundezas do rio Aqueronte.

Novamente a estatua vibra e faz à voz ecoante, os braços desaparecem nas sombras.

–Sua presença esta justificada, a chegada no mundo dos mortos é breve.

Ambos os garotos suspiram em alivio.

–Seja lá o que for que atacou a barca nos livrou de uma grande merda, eu poderia ter morrido. –Snap coloca a mão na testa. –Nós mal chegamos aqui e eu quase morri...

Ikarus não presta atenção em seu amigo, pois, algo chama a sua atenção, no meio das sombras está uma garota, branca como a neve e de cabelo curto preto.

–Hey Snap, olha ali, existe mais uma pessoa viva entre nós.

A garota esta na ponta do barco distraída e mau nota que alguém a viu, Snap se aproxima dela e sem jeito pergunta.

–O que você faz neste lugar?

No momento em que ela ouve a voz do garoto ela o encara diretamente, seus olhos cinza dilatam e ela pula em direção a ele para atacar, seu golpe é certeiro e o atinge-o no peito fazendo com que ele caia no chão bruscamente, a garota avança novamente em direção a ele, mas antes que ela ataque novamente Ikarus interfere.

–Calma, nós não faremos nada contra você. –Ikarus sorri para ela passando o semblante de confiança.

Mas isto não adianta de nada e ela parte pra cima dele desferindo um golpe certeiro no meio da cara jogando-o longe.

Snap gargalha ao ver o golpe que o Ikarus tomou.

–Idiota levou bem na fuça...

Sem tempo para terminar a frase a garota já avança para cima dele novamente, mas pouco antes dela encostar-se a ele Snap diz baixo.

–Celeritate.

Sua velocidade multiplica e ele segura a mão dela poucos centímetros a frente de seu rosto.

–Estou vendo que você é perigosa, mas não estamos com pique pra briga agora, não me entenda mal, não estou lhe chamando de fraca, tanto que você arremessou Ikarus como uma bola de golfe, mas não podemos gastar energia agora.

A garota branca de cabelos negros desarma sua guarda.

–Qual o seu nome? –Snap diz relaxando o corpo.

–Meu nome é Gerda, mas no mundo humano sou chamada de Bella, eu estou em busca de achar meu irmão que á um tempo foi recrutado pela Renovati Angelis e segundo minhas fontes ele foi mandado para o inferno depois dos últimos acontecimentos na Terra, depois que aquele monstro mascarado apareceu e roubou a vida de varias pessoas...

–Me desculpe... -Snap olha para ela cheio de remorso.

–Não faz mal, afinal você não tem nada a ver com isso, eu que devo me desculpar a você e aquele seu amigo que agora está caído, desculpe por meu comportamento rude, mas o mundo astral esta um caos e acredito que não devo confiar em ninguém.

Ikarus se levanta com a mão no rosto e se aproxima dos dois.

–Não faz mal, já esta parando de doer. –Na hora em que Ikarus tira a mal no rosto seu nariz começa a sangrar. –Droga... Mas o que você sabe sobre este caos todo?

–As correntes mortas... Antigos e novos deuses estão se manifestando, os esquecidos agora foram enfim lembrados e estamos próximos de um novo Ragnarök, a Terra será varrida por antigas e novas forças numa batalha intensa, preciso estar com meu irmão para sobrevivermos.

–E como é o nome de seu irmão? –Snap pergunta um pouco desconfortante.

–No seu mundo ele era chamado de Yuri, ele lutou contra dois defectionis numa floresta pouco antes daquele monstro aparecer e depois disso nunca mais ouvi falar dele... Mas isso não é da conta de vocês, apenas estaria lhe trazendo problemas.

Os garotos ao ouvir o nome de Yuri sentem peso na consciência, mas isto logo passa ao lembrarem-se do que ele seria capaz se tivesse oportunidade.

–Bella... Desculpe-me... –Ikarus abaixa a cabeça.

–Qual o problema de vocês? Vocês se desculpam demais. –Bella torce a boca com desprezo ao olhar para Ikarus.

Snap também abaixa a cabeça.

–Nós fomos os últimos a ver seu irmão, nós dois lutamos com ele naquela floresta, nós o despistamos e então seguimos nossos caminhos.

–E como ele estava quando vocês o viram? –Bella fecha o ponho com violência.

–Ele estava bem, apenas desistiu da batalha e sumiu. –Snap diz de modo ríspido.

–Que seja ele desapareceu um tempo depois de ter lutado com vocês então a culpa não cai sobre vocês... –Ela suspira e relaxa o corpo. –Acredito que chegamos, mas antes de nos separarmos, por que vocês estão aqui?

Com o pesar no olhar Snap responde para a bela garota pálida.

–Nós viemos resgatar meu irmão e outro amigo importante, estamos na mesma causa que você, então por que não nos juntemos para isso?

–Parece-me justo, então vamos descer daqui logo antes que seja tarde demais.

Os três saem da barca de Caronte, ao pisar na areia avermelhada eles vêem um deserto e neste deserto estão varias portas com runas gravadas.

–Acredito que este é o limbo, não se percam aqui caso contrario passarão a eternidade vagando no infinito dos universos. –Diz Bella se aproximando de uma das portas. –Antes este lugar não era assim, antes aqui ficava o tribunal das almas onde os juízes do inferno determinavam para onde seria o destino dos mortos.

–E o que faremos agora? -Snap olha em duvida para Ikarus.

–O que me parece mais inteligente a se fazer é seguir ela, acredito que a Bella conhece mais este lugar do que jamais imaginamos conhecer.

Bella abre a porta e os três entram.


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