Sakura Haruno

A minha vida é maravilhosa... Contarei a vocês para que fiquem com inveja.

Eu chego ao meu local de trabalho de madrugada, mais precisamente, às seis da manhã, e não tenho horário para sair, mas sempre é à noite. O que tanto eu faço? Tudo.

Cara, meu chefe me afoga em trabalho... Sério! Mal tenho tempo para mim. Há meses eu não faço sexo com ninguém além da minha mão... Tá, isso foi vergonhoso de se dizer, ainda mais para uma garota, mas é a minha triste realidade! Nem para o Sasuke – meu amigo colorido – eu consigo algum tempo.

Também não tenho tempo de comprar algo para comer em casa. Da última vez que olhei minha geladeira, tinha uma laranja... Ou era uma maçã? Talvez seja uma pera... Não me lembro. Só sei que deve estar lá há umas duas semanas.

Estacionei o meu Corolla na minha vaga e corri com um pouco de dificuldade, devido à saia lápis e os saltos, não são muito altos, mas não é a mesma coisa de correr de tênis, certo? Hoje saí mais tarde de casa porque minha gata fez cocô no chão... Pois é, não tive tempo de esvaziar a caixinha de areia dela. Tadinha!

Cheguei ao pátio da frente da empresa, vendo a fachada luxuosa da Byakugan, empresa de telecomunicações. Sou só empregada, não sou dona, ok? Mas já é motivo suficiente para eu me gabar, afinal é uma empresa bem-conceituada.

Passei correndo pelas portas de vidro.

- Bom dia, Tenten! – Cumprimentei a recepcionista.

Passei tão rápido que nem prestei atenção no que ela vestia... Criei mania de reparar na roupa dos outros graças à Porca – ou Ino –, minha melhor amiga... Enfim, não reparei, mas, provavelmente, ela vestia algo parecido com o que eu vestia, camisa social, saia, sapatos de salto, e, claro, ela devia estar de coque, como de costume.

- Bom dia, Saky! – Ela me respondeu. – Está atrasada. – Ouvi sua risada.

Espera... Atrasada? Olhei para o relógio perto dos elevadores, enquanto esperava um deles chegar no andar térreo... Merda! 06:02... Relaxa, Sakura, são apenas dois minutos, você sempre chega antes do horário, está de boas!

Finalmente cheguei ao meu objetivo e sentei à mesa, ligando o computador sobre ela. Meu dia estava iniciando. O pessoal começava a chegar, ocupando suas mesas.

Vou lhes contar uma historinha.

Minha avó chegou a esta cidade com apenas US$ 10,00 no bolso. Ela trabalhou duro a vida inteira e nunca levou desaforo para casa. Quando morreu, ela tinha transformado os US$ 10,00 em US$ 1000,00... Fim!

Sabem por que ela não se deu bem na vida? Pelo simples fato de não levar desaforo para casa... Ela era mesmo atrevida e vivia brigando por aí. Não duvido que ela tenha socado alguém.

Meus caros, o segredo do sucesso – e isto não se aprende na faculdade de administração – é engolir a merda toda. É o que venho fazendo há quatro anos e, em breve, colherei os frutos. Estou quase conseguindo uma promoção e terei minha própria sala. Aí todas as horas de trabalho duro, todo o sacrifício, toda a humilhação e toda a merda engolida terão valido a pena.

O telefone sobre a mesa tocou. O relógio marcava 08:10 e o visor mostrava o nome “Hiashi Hyuuga”. Suspirei.

- Aqui é a Sakura, pode falar. – Atendi.

- Venha até a minha sala, Srta. Haruno. – A voz soou pelo aparelho.

- Já estou indo, Sr. Hyuuga. – Respondi.

Cheguei à sala do Sr. Hiashi e ele estava de costas para mim, olhando as filmagens das câmeras de segurança. Arqueei uma sobrancelha e engoli em seco quando ele parou o vídeo no horário em que cheguei à empresa... Eu fiz uma bela cara de “me ferrei”.

- Isso está me causando preocupação, Sakura. Você é pontual. Sabe a importância de chegar às seis. – Ele se virou para mim. – O que me leva a pensar que deve haver algo errado com os relógios ou com o sistema de segurança.

- Eu posso ter me atrasado um minuto, Senhor. – Dei um sorrisinho amarelo.

- Mas, de acordo com isto, você estava dois minutos atrasada. – O Sr. Hiashi apontou para a tela na parede. – Então... Ou você está mentindo, ou o relógio está um minuto adiantado.

Isso é sério? Ele deve estar tentando colocar medo em mim... E está funcionando.

Pois é, pessoal... Meu único obstáculo para colher os frutos que a merda engolida me proporciona é este homem, Hiashi Hyuuga, que está me causando medo por ter chegado dois minutos atrasada. Ele é um Anticristo, um cara de cu.

- E, por isso, demitirei o Kakashi, nosso coordenador de segurança. – Espera, o que?

- Eu posso ter chegado dois minutos atrasada. – Falei rapidamente.

- Oh! Então você mentiu? – Ele perguntou com o telefone na mão.

- Não... O senhor não está ligando para o Kakashi, está? – Esse idiota vai mesmo demitir o Kakashi? Qual é, ele é um cara legal.

- Estou. Vou demiti-lo. – Respondeu dando de ombros.

- Eu menti, senhor. Desculpa. – Isso, Sakura, engula a merda e salve o Kakashi.

- Você mentiu? – Ele vai me demitir agora?

- Foi sem querer. Falei só por falar que foi um minuto... Mas, na verdade, foram dois.

Esse homem é horrível... Como pode ter duas filhas tão gentis? Sério, cara, se não fosse por ele, minha rotina seria mais agradável e minha geladeira teria algo além de uma laranja/maçã/pera velha... Ah, e, claro, a Arya não teria feito cocô no chão.

...

Naruto Uzumaki

Quando eu era criança, me perguntavam o que eu queria ser quando crescesse e eu sempre dava a mesma resposta.

- Preciso me acostumar a dirigir com este anel no dedo. – A minha noiva comentou enquanto estacionava. Eu não tenho um carro e ela faz questão de vir me deixar.

- Sério? – Arqueei uma sobrancelha.

- Sim... Sabe, é difícil prestar atenção no caminho enquanto olho para ele. Tenho que parar de olhar. – Ela sorriu.

- Eu te amo. – Falei.

- Eu também te amo. – Respondeu e eu dei um selinho nela.

- Ligo quando acabar! – Falei descendo do carro.

- Certo, amor. Tchau! – Ela falou de volta, dando a partida.

Eu queria ser o amor da vida de alguém. Sei que isso soa estranho. A maioria dos meninos querem ser astronautas ou o Batman, mas, para mim, ser o amor da vida de alguém era a minha maior aspiração. Sempre via meus pais falarem isso um paro o outro, e achava legal. Eles falavam “Eu te amo”, iam para o quarto e sempre saiam felizes de lá... Hoje em dia eu sei que não era só pelo “Eu te amo”... Enfim, graças à Hinata, meu sonho foi realizado e, em breve, eu me casarei com ela.

Infelizmente, ninguém te paga para ser o amor de sua vida, a não ser que a garota seja louca e tenha um pai milionário. A Hina tem pai milionário, mas não é louca, então, eu tive que procurar um emprego.

Entrei no prédio e me dirigi ao consultório de dentista, onde trabalho.

Eu sempre admirei os dentistas. Eles são inteligentes, habilidosos, e mantêm nossos dentes saudáveis. Só tem uma parte ruim, eles falam que eu não posso comer muito lámen... Eu ignoro, é claro! Então, fui à luta para me tornar dentista...

- Como está, Naruto? – Mei me perguntou enquanto mexia na boca de um cara.

- Estou bem, obrigada. – Respondi.

- Escavador. – Ela pediu.

E me tornei assistente de dentista. É basicamente a mesma coisa, só que com um salário menor... E sem meter a mão dentro da boca dos outros, outro fato ruim em ser dentista. É nojento meter a mão na boca alheia.

- Já viu aquela série, Game of Thrones? – Ela perguntou.

- Não. – A Sakura e o Sasuke, meus amigos, sempre falam sobre, mas não gosto muito... Gosto de Law & Order.

- Assisti a um episódio ontem à noite. Me masturbei tanto olhando para o Jaime Lannister que quebrei uma unha. – Mei falou, mordendo o lábio inferior e mostrando o dedo coberto pela luva, provavelmente o que tinha a unha quebrada.

Franzi as sobrancelhas e ela me lançou um sorrisinho sacana.

Este seria o emprego perfeito, se não fosse esta ninfomaníaca louca do mal, vulgo minha chefe.

- Aposto que não tem o pau pequeno, tem, Naruto? – Ela perguntou, voltando a atenção para o paciente.

- Fala sério, Mei...

- O quê? – Ela perguntou como se fosse algo normal.

- Você me constrange falando dessas coisas. – Cocei a nuca.

- Ah, Naruto, qual é? Sabe que gosto de sexo! – Ela indagou, pegando a mão do paciente anestesiado e colocando no próprio seio. – Oh! Sr. Ebisu! No consultório, não! Isso é feio. Feio, feio, feio! – Ela falava enquanto estapeava a mão do homem inconsciente, que ainda estava no seio dela.

- Não deveria bater nos pacientes. – Alertei, ainda sem graça.

...

Sasuke Uchiha

Eu amo meu emprego!

Eu acho que, se você odeia o seu emprego, a culpa é sua. Nós fazemos nosso próprio destino, e eu construí um muito bom aqui.

Ser gerente de compras de uma indústria petroquímica multinacional tem suas compensações.

Cheguei a um dos nossos galpões, cumprimentando todos... Pois é, meus caros, eu sou bastante querido aqui, apesar de ser calado. O negócio é não desagradar. Se você não desagrada, não precisa agradar. Eu odeio agradar... A não ser que seja para conseguir sexo ou que a pessoa seja a Sakura.

Avistei uma garota super bonita, com farda de uma entregadora. Opa! Me aproximei dela.

- Oi, posso ajudar em algo? – Perguntei.

- Ah, oi! Pode deixar, ele já está assinando. – Ela apontou para o meu colega.

- Ah, não! Essa é minha tarefa... Pode deixar, Juugo, eu assino. Essa entrega é bastante importante. – Falei, pegando a prancheta do homem gigante ao meu lado e me virei novamente para a garota. – Você é mesmo uma entregadora?

- O que? – Ela franziu as sobrancelhas.

- Você não é modelo, atriz, algo assim? Você é bonita demais para uma entregadora. – Dei de ombros.

- Sou só uma entregadora mesmo. – A garota sorriu sem graça.

- Fala sério! – Exclamei e entreguei o formulário.

- É sério... – Ela pegou a prancheta de volta. – Obrigada, tchau! – Respondeu e saiu.

- Tchau. – Acenei.

Não assinei o formulário, assim ela volta.

- Mais uma que caiu nos teus encantos? – Ouvi uma voz grossa perto de mim.

Virei o rosto e me deparei com meu chefe.

- Ah, oi, tio! – Cumprimentei.

Eu estou aqui por causa desse cara: Madara Uchiha, meu chefe e tio. Este homem é mais legal que o meu pai e meu irmão. Ele me adora, eu o adoro, todos o adoram.

Depois que a moça voltou para que eu assinasse o formulário – e pegasse o número dela –, segui meu tio para o setor administrativo. Estávamos andando pelo escritório, foi quando passamos perto do banheiro e vi que Chouji esperava para entrar, com as mãos na barriga e uma cara de dor.

- Tudo bem, Chouji? – Meu tio perguntou.

- Ah, olá, Sr. Uchiha. Sasuke. – Ele nos cumprimentou. – Estou esperando há um tempão para ir ao banheiro, meu estômago... – Ele fez uma cara de dor. – Não tá legal. – Fala sério... Precisava dizer isso?

Ele podia fazer uma dieta, só come salgadinhos. Chouji está muito gordo. Vou chamá-lo para se exercitar comigo. Não é querendo me gabar – é sim –, mas minha aparência mete inveja em qualquer cara e encanta as garotas. Tenho 1,90 m e 97 Kg de pura gostosura.

- Quem está aí? – Tio Madara apontou para a porta.

- Seu filho. – Chouji fez uma careta.

O tio suspirou.

- Tobi! – Ele gritou. – Chouji está esperando... Já terminou aí?

Ouvi um som de descarga e, em seguida, a porta foi aberta, revelando o meu primo com a cara de drogado de sempre.

- Não se pode ter privacidade aqui... – Ele resmungou. – Pode entrar, gorducho!

O Tobi foi saindo sem nem nos olhar... Idiota! Como pode ser filho de alguém tão legal? E irmão também – gêmeo, ainda por cima. O primo Obito é gente boa. Bem que ele podia trabalhar aqui no lugar do Tobi... Mas trabalha com o meu pai e meu irmão, no escritório de advocacia.

- Tobi! – Meu tio o chamou.

- O que é? – Ele se virou e nos olhou com desdém.

- Está com problema no estomago? Você passa mais tempo no banheiro do que trabalhando. – O tio cruzou os braços.

- Eu não sabia que precisava avisar quando precisasse cagar. – Tobi arqueou uma sobrancelha.

Se o pior do meu emprego é aturar este traste idiota do Tobi, meu primo aspirador de pó, então o preço a se pagar é pequeno.

- Quer que eu avise quando for mijar? – Ah, claro, ele também não tem muita educação.

- Só quero que faça a sua parte. – Tio Madara respondeu.

- Eu faço a minha parte e a dos outros... Você só pega no meu pé porque sou seu filho. No pé desse seu sobrinho lambedor de botas você não pega. – Trabalho de quem ele faz? Nem o dele ele faz...

- “Lambedor de botas”? – Murmurei.

- Puxa-saco... – Ele resmungou e eu revirei os olhos.

- Venha, Sasuke. – Meu tio chamou para a sala dele.

- É, vá, Sasuke, seu gay! – Tobi gritou.

- Eu não sou gay... – Revirei os olhos.

- É sim! Eu conheço...

- Conhece de onde? – Me segurei para não rir.

- Ora... Você sempre com essas roupas “da moda”, no maior amor com aquele seu amigo loiro... E o que dizer das idas ao apartamento daquela cabeça de chiclete? Você discute moda com ela? – Ele apontou para mim acusatoriamente.

Será que se eu falar que minha amizade com a Saky é colorida, ele vai entender errado? Melhor deixar quieto... Por falar nisso, faz meses que não transo com ela.

Ele lançou um soco em minha direção, que eu desviei com facilidade.

- Cai dentro! Sou faixa laranja, Sasugay! – Ele ficou em posição de combate. Devo dizer que sou faixa preta em Caratê e Judô? ... Não, deixa ele se achar.

- Sério? Melhor eu não enfrentar. – Me segurei novamente para não rir.

- É, não queira me enfrentar. – Ele deu outro soco e eu desviei novamente.

- Tudo bem, então. – Falei me virando para entrar na sala do meu chefe.

...

Sakura Haruno

- Sei que andou batalhando por essa promoção. Mas não sei nem se irei considerar promovê-la a Vice-Presidente... Se nem posso confiar em você. – Ele me encarou seriamente.

Esse velhote cabeludo de olhos perolados me dá nos nervos, sério!

- O Senhor pode confiar em mim. – Falei convicta.

- Você até parece a minha filha mais nova. “Pode confiar em mim, pai. Não transo com qualquer um. Ainda sou virgem.” – Ele fez uma vozinha fresca. Hiashi Hyuuga fazendo isso é estranho. – Enquanto isso, sai dando até para os vira-latas. – Acho que isso foi uma referência ao Kiba, o peguete oficial da Hanabi. – E você... – Apontou para mim. – Fica mentindo sobre a hora que chega.

Porra! Foi só por um minuto e foi modo de falar... Maldito!

Hiashi se dirigiu à uma mesa e serviu um copo de Whisky... Ele vai beber às 08:21 da manhã?

- Quer uma dose? – Me ofereceu mostrando a garrafa.

- São 08:21 da manhã, Senhor. – Falei.

- Agora sabe a hora, heim? É proibido uma mulher tomar um drink durante a manhã? – Ele arqueou uma sobrancelha.

- Não. – Respondi dando um sorrisinho sem graça. – Eu aceito, obrigada.

O observei encher o copo – até a boca – e me entregar. Hiashi fechou a garrafa e eu olhei do copo em minha mão para ele, dele para a garrafa e de volta para o copo. O olhei novamente.

- Não vai beber? – Perguntei.

- Haruno, são 08:21 da manhã, não sou alcoólatra. – Filho da Puta!

- Sr. Hyuuga, eu só aceitei porque achei que o senhor também fosse beber.

- Só aceitou por isso? Acha que uma Vice-Presidente faria isso? – Ele perguntou retoricamente.

- Só quis ser educada. – Falei e coloquei o copo sobre a mesa.

- Se eu comesse fezes, você faria o mesmo só para ser educada? – Bem, eu engulo as dele todo os dias...

- Não, Senhor. – Neguei com a cabeça.

- Tem certeza?

- Sim.

- Porque, se quiser, vou ao banheiro. – Me encarou, apontando para o banheiro, e eu afirmei novamente. – Vou viajar na terça, seu trabalho é para segunda... Terá que passar o final de semana aqui.

O segurei pelo colarinho e dei um golpe, o derrubando no chão, assim como Sasuke me ensinou. Depois o ergui novamente puxando pelo terno e o prensei na parede.

- Quem vai passar o final de semana aqui? Quem? – Gritei.

- Você está promovida, está promovida... Te darei um mês de folga! – Ele gritou em desespero.

­- Olha, se quer a promoção, faça por merecer. – Ele falou e eu sai dos meus devaneios. Bem que eu podia fazer o que pensei. – Não me canso de dizer: A vida é uma maratona. E ninguém vence uma maratona sem ralar ou trapacear, certo?

- Certo. – Concordei. É melhor me recolher a minha insignificância.

- E eu não gosto de trapaça... Então, rale. – Ele falou como se fosse meu treinador.

- Sim. – Concordei novamente.

Me dirigi até a porta da sala para sair.

- Sakura... – Suspirei e me virei para ele. – É um Whisky 19 anos. Não espera que eu ponha de volta na garrafa, não é?

Arqueei uma sobrancelha e ele arqueou de volta, fazendo um movimento com a cabeça em direção ao copo. Suspirei e fui até a mesa. Peguei o copo, o movimentei como se estivesse brindando, sorrindo sem humor, e solvi o líquido rapidamente. A bebida desceu rasgando pela minha garganta e eu tossi quando terminei. Finalmente saí da sala daquele demônio.

...

Naruto Uzumaki

- Água. – Mei pediu.

- Aqui... – Respondi, entregando o irrigador oral.

- Muito bem, vamos ver se está funcionando direito. – Ela apontou para mim e esguichou água no meio das minhas pernas.

- Ai, meu Deus! – Gritei, me levantando sobressaltado.

Porra! Minha calça é azul clara e minha cueca é branca... Vai dar pra ver meu amiguinho.

- Oh, desculpa. Ficou todo molhadinho, Naruto! – Ela se fingiu de inocente. – Quer saber? Acho que estou vendo o nosso amiguinho aí! – Ela sorriu e atirou mais água. – Será que ele é circuncidado? – Me olhou em desafio.

- É meu amiguinho, não nosso! – Dei ênfase no “meu”. – Será que dá para parar com isso? – Fiquei apontando para mim e ela.

- Só por que você tem uma namorada? – Mei perguntou.

- Ela não é mais minha namorada, é minha noiva. – Esbravejei.

- O que? – Ela arqueou uma sobrancelha.

- Estamos noivos. Eu pedi ela em casamento. – Expliquei.

Mei levantou-se lentamente, me olhando boquiaberta e afastando a luz, que apontava para o rosto do paciente e estava entre a gente.

- Disse que ela era só uma peguete. – Ela falou seriamente.

- Nunca disse isso. – Nunquinha falaria isso da Hina. – Não faz meu tipo.

O paciente se moveu e murmurou algo desconexo, estava acordando da anestesia.

- Fica quieto. – Mei resmungou e aplicou mais gás anestésico nele.

- Acho que exagerou no gás. – Falei com os olhos arregalados.

...

Sasuke Uchiha

O tio já estava indo embora, dei algumas ideias a ele para aumentar os lucros da empresa. Ele pareceu bastante interessado.

- Olha, eu gostei muito das ideias, Sasuke. – Ele falou enquanto saíamos da empresa. – Ponha no papel e me entregue, está bem?

- Deixa comigo. – Dei um sorriso de lado.

- Você gosta de trabalhar aqui, não é, sobrinho? – O tio perguntou.

- Sim, é claro. – Respondi.

- Você tem um futuro brilhante aqui, sabia? – Falou entrando no carro. Eu sou bom em tudo, claro que sei disso. – Em breve, vai dirigir esta empresa. – O que? Isso é sério? Eu vou mandar no babaca do Tobi? – Até logo. – Ele se despediu e deu a partida.

- Até logo, tio! – Falei tentando esconder a minha euforia.

Me virei para entrar de novo no escritório, foi quando ouvi uma batida de carro. Me virei rapidamente e vi o carro do tio quebrado, havia batido em um poste.

- Merda! – Praguejei e corri para lá.

...

Uma semana depois disso. Era noite e eu estava no bar com meus dois amigos inseparáveis. Estava menos triste agora. Ele era meu tio e era um ótimo chefe. Ele já era velho e estava doente, mas ainda era meu tio, certo? Fiquei tão triste esses dias que, mesmo dormindo com ela, não transei com a Sakura.

- Ele teve um infarto. – Falei para Naruto. Era a primeira vez que eu conversava com ele desde o ocorrido.

- Sinto muito, Teme... Sei que vocês eram bem chegados. – O loiro falou e bebeu um pouco de cerveja em seguida.

- Éramos... Ele era como um pai para mim. Era ótimo trabalhar para ele. – Falei. – E agora, o idiota do Tobi é quem vai assumir e...

- O cheirador? – Naruto me interrompeu.

- É... Sabe quantas vezes peguei ele cheirando no trabalho? – Resmunguei.

- Tudo isso é triste, Sasu. Sinto muito. – Sakura falou, deixando três copos de cerveja sobre a mesa e sentando em seguida. – Mas melhora esse humor, ok? Você já é rabugento por natureza.

Ela estava tão linda, ainda estava com a roupa do trabalho. E ela fica sexy nessa roupa. Os cabelos tingidos de rosa ondulavam pelas costas até a cintura. Ainda dava para ver um pouco das olheiras, apesar da maquiagem, já que ela não dorme muito devido ao trabalho. Os olhos verdes brilhantes, marcados por lápis preto e aquela coisa de passar nos cílios – não lembro o nome. As sobrancelhas bem-feitas na cor natural, castanho claro. Os lábios rosados. Pena estar sentada de frente para mim, porque o traseiro dela é de matar... Mas os seios dela são lindos também, mesmo sendo pequenos. Devo me abaixar para ver as pernas dela? Não, ela me socaria na frente do bar inteiro. É errado ter tara pela melhor amiga? Porque se for, eu sou um cara totalmente errado.

- Você era o único de nós que não odiava totalmente o emprego. – Ela comentou. – Acreditam que o Hiashi me obrigou a tomar um copo de Whisky às 08:00 da manhã semana passada? Eu trabalho para o Anticristo!

- Por que ele fez isso? – Perguntei.

- Uma vez ele me fez fazer xixi na calça... – Naruto deu de ombros. Idiota! – Achei que ele ia te promover. – Ele se voltou novamente para a rosada.

- Ele vai, por isso está sendo mais insuportável que o normal. – Sakura bebeu um pouco da cerveja. – Ele sabe que é a última chance de tornar minha vida um inferno.

- Pelo menos seu chefe não a assedia sexualmente. – Naruto bufou.

- Lá vem você. – Revirei os olhos.

- Não me critique, porra! – O loiro resmungou.

- Não temos a menor pena de você. – Sakura falou.

- Ela pirou! É um ambiente de trabalho totalmente hostil, Saky. Não tem graça! – Naruto reclamou. – Imaginem! Semana passada ela jogou água na minha calça para poder ver meu pau. Dá tapinha no meu bumbum sempre que pode... Tá cada vez pior.

- Isso é legal! – Comentei. – Se eu fosse você, aproveitava.

- Ela vai se decepcionar quando ver o tamanho do Narutinho. – Sakura deu um sorrisinho sarcástico.

- Ei! – Ele olhou feio para ela e depois se virou para mim. – Legal nada, cara!

- Ora, por que não transa com ela? – Sou um ótimo conselheiro, não?

- Não ouviu a Sakura? Meu sogro é o Anticristo! – O Dobe respondeu em desespero. – Esqueceu que estou noivo da filha do Hiashi? Eu amo a Hina, certo?

- É verdade, a filha do meu chefe fez essa caridade por ele. – Sakura bebeu mais um pouco.

- Ah, é mesmo... Esqueci disso. Parabéns, cara, achou alguém louco suficiente para te aguentar. – Falei dando uma tapinha nas costas dele.

- Obrigado. – Ele me olhou torto.

- E se você arranjar outro emprego? – A rosada sugeriu.

- Não posso arranjar outro emprego. – Naruto falou cabisbaixo.

- Ele é pedófilo. Esqueceu, irritante? – Falei para a Sakura.

- Não esqueci, pervertido arrogante. Não era “Predador Sexual”? – Ela falava, tentando lembrar com um sorrisinho maldoso estampado.

- Como é mesmo que te classificam, criminoso sexual? – Perguntei prendendo o riso. Eles dois tem o dom de melhorar meu humor.

- Estou na lista dos criminosos sexuais, sim. Não precisam me lembrar disso sempre que nos encontramos. – Naruto falou sério.

- Não pode limpar seu nome? Só pôs o pau pra fora em um parquinho... Nem deve ter dado para ver essa minhoquinha. – Sakura riu.

- Para de falar do meu pinto... Pegou o mal do Sai? – Acho que foi a convivência com ele mesmo, já que ela morava com a namorada do branquelo. – Eu estava fazendo xixi de noite. Não havia crianças. – Ele esbravejou e eu ri, sendo acompanhado pela risada melodiosa da Sakura.

- Você tem toda uma imagem de criminoso, Dobe. – Falei.

- Eu não tenho aparência de criminoso. Sou um loiro gostosão...

- Baixinho, com um pinto pequeno e tatuado. – Sakura completou em deboche.

- Minha tatuagem é discreta, fica na minha barriga. – Ele falou.

- E seus bigodes? – Perguntei em tom de deboche.

- Aham... “Vou tatuar bigodes, pois sou muito gato!”. – A rosada imitou a voz do Dobe.

- Eu não disse isso. – Ele gritou.

- Disse. – Saky e eu falamos em uníssono.

- Eu estava bêbado. – Esbravejou com a voz esganiçada, sinal de que está nervoso.

- Sempre a mesma desculpa... – Sakura revirou os olhos.

- Querem saber? Não se constrói um parquinho ou um estúdio de tatuagens ao lado de um bar. São armadilhas. – Ele falou seriamente.

Opa! O que meus olhos captaram? Uma garota bonita passou perto da nossa mesa.

- Por falar em armadilha... Vou reativar a minha depois de uma semana. E já achei a vítima. – Falei apontando para a garota discretamente.

- Já estava ficando preocupada, vadio. Uma semana em abstinência. – Sakura riu.

- Ué, ele não te comeu essa semana? – Naruto perguntou à rosada.

- Não, Naruto. Somos só amigos. – Ela deu de ombros.

- Não sou tão burro para acreditar nisso. – Ele estreitou os olhos.

- Com licença. – Falei me levantando. – O Sasulittle vai voltar à ativa. – Apontei para meu amiguinho entre as pernas e saí.