A saga de Beatrice- A aprendiz de vampiro escrita por AnnabiaFreitas


Capítulo 16
Venha comigo, Angeline!




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Eu estava num lugar escuro e úmido. Tinha um barulho de água correndo e tudo girava. Eu ouvia risos e alguém tocando meu cabelo.

–Vamos acordar, criança! Temos algumas coisas para conversar. –era a voz friamente macia de Desmond Tino.

–Onde eu estou? –perguntei forçando a visão. –Por que você me trouxe até aqui?

–Ora, Angeline, para conversarmos melhor... Sem a interferência de Crepsley, o qual, até onde eu me lembro, você odeia. –disse isso e riu.

–Não temos nada para falar, deixe-me ir embora! –nesse momento notei que meus pulsos e tornozelos estavam acorrentados. –Mas o que é isso? -gritei.

–Gritar ou ficar nervosa não vai soltar as correntes!

–O que é que você quer? Por que eu estou acorrentada? Solte-me e...

–Na verdade as correntes são apenas para dar um clima, você não iria a lugar algum no estado em que se encontra agora! –disse com certa satisfação na voz. –E como eu já disse, precisamos conversar.

–Larten vai me encontrar e...

–Oh, sim! Larten está sempre sendo uma pedra no caminho, mas não vou me preocupar com ele agora!... –riu e comeu um amendoim, agora eu conseguia vê-lo com mais clareza. –Mas pare de tentar me irritar!

–Diga logo o que quer!

–Hum... Abusada! Pois bem, quem é você, Beatrice Angeline?

–Como? Que pergunta é essa?

–Apenas responda!

–Alguém que gostaria de estar no inferno e não com você! –respondi irritada. Eu tinha quase certeza de que estava numa espécie de gruta e tinha um cheiro me atormentando. Eu estava com muita fome.

–Ora! Mas eu ainda não lhe dei motivo para querer estar no inferno, seja lá o que ele significa para você, não ainda...

–Como assim ‘’não ainda’’?

–Vai entender se continuar me tratando dessa forma sem respeito! –eu entendi o recado, mas algo me perturbava muito e não eram as correntes.

–Que cheiro é esse? –ele deu uma risadinha.

–Vai saber logo, mas então, você sabe quem você é?

–Claro que eu sei!

–Quem?

–Ora eu sou... Eu, eu sou...

–Sim...?

–Eu... Você não é o sabe tudo? Por que não diz quem sou? –aquela pergunta ficou pior do que física quântica naquele instante.

–Você não sabe!

–Não sei o quê?

–Isso complica um pouco as coisas... –disse para si mesmo –Ou facilita para mim!

–Do que está falando?

–O que sabe sobre a guerra das cicatrizes?

–Ah sei lá! Que por causa dela eu me meti nessa encrenca...

–Como assim?

–Eu sei lá! Larten diz que... Espera! Não vou dizer nada a você!

–Oh não! Estou ficando chateado, Beatrice. Sabe o que isso significa? –sua voz ficou grave e um arrepio percorreu meu corpo. –Que eu vou deixar de ser legal!

–Se ser legal é me sequestrar, acorrentar-me e fazer perguntas sem noção eu acho que não quero que seja legal!

–Muito bem, eu vou te dar uma chance! Venha comigo, Angeline.

–Para onde?

–Quero ensinar-lhe muitas coisas, estará melhor comigo do que com qualquer outro no mundo!

–Por que diz isso?

–Porque você é especial, minha querida! –disse chegando bem perto de mim. –Seu lugar é maior e mais importante do que pensa! Venha comigo e tudo ficará bem...

–Não entendo esse interesse em mim! O que eu posso te oferecer?

–Oh, minha querida, a pergunta é o que eu posso oferecer a você!

–Hum...

–Você é talentosa, Beatrice. Mas precisa de mim para crescer.

–Se ser talentosa é me meter em encrenca sempre, eu acho que tem razão! –disse com ironia.

–Mas causar o caos é um talento e tanto e eu prezo bastante quem o tem! –falou Tino, e eu sabia que era verdade.

–Por que está me pedindo para ir com você se já me sequestrou? –perguntei com raiva, a fome estava me consumindo.

–Preciso da sua lealdade e um prisioneiro não é exatamente um parceiro leal!

–Que bom que sabe!

–Então, qual é a sua resposta?

–O que acontece se eu não quiser?

–Aí vou me livrar de você!

Eu não queria morrer, mas não queria ficar com ele. De certa forma não conseguia não pensar em Sr. Crepsley e a vontade enorme de estar levando outra bronca dele naquele momento. Eu não sei como consegui dizer o que eu disse a seguir com tanta calma, mesmo sabendo que podia ser a minha sentença de morte, mas eu estava morrendo mesmo, não iria fazer muita diferença.

–Olha, não vai rolar!

–Hum... não vai rolar... ?

–Não irei com você a lugar algum!

–Não irá?

–Não!

–Não diga que não avisei, Beatrice!

Nesse instante ele deu-me as costas e eu ouvi alguns sussurros e mais passos. A gruta não estava vazia!

–Já consegui o que eu queria, agora a menina é toda de vocês! –ouvi Sr.Tino dizer.

–Ela é a protegida de Larten Crepsley? –perguntou um homem. –A que o senhor nos disse que nos traria problemas?

–Sim! Não tenha piedade, Larten não teria de vocês! –disse o maldito intrometido, me entregando de bandeja à morte.

–Se me quer morta porque não faz você mesmo, seu covarde? –perguntei.

–Crepsley não vai encontrar vocês aqui nem tão cedo, aproveitem a vingança que lhes proporcionei!

–Ah... Tenha certeza que sim! –disse uma terceira voz masculina num tom perverso.

Tino se despediu e eles chegaram perto de mim, quanto mais perto chegavam mais eu podia sentir aquele cheiro que tanto me enlouquecera. Era sangue! Meus companheiros eram como eu.

–Vamos brincar um pouco! –disse um moreno corpulento, com uma cicatriz na boca.

–Olá, pequena! –o outro era careca e esbelto. Mas usava uma barba ruiva. A pele dele era roxa e os olhos de ambos eram vermelhos. Não eram exatamente como eu, eles deviam ser os tais vampixiitas. –O que acha de conversar um pouquinho com a gente? –passou a mão no meu rosto.

–Eu prefiro morrer! –respondi determinada, mas eu estava com medo.

–Oh! Você vai, quando acharmos que é a hora!

–Ela é uma gracinha, você não acha Lerry? –perguntou o moreno ao ruivo.

–É sim, Victor! Uma gracinha...

Nesse instante eles começaram a me fazer perguntas sobre Larten e eu me recusava a responder. Então puxaram as correntes de maneira que eu fiquei de pé com os braços erguidos por elas que estavam fortemente atadas entre duas paredes da gruta. Continuaram a fazer perguntas e começaram a fazer cortes nos meus braços deixando o sangue correr pela minha pele, mas não eram cortes muito profundos. Faziam isso e usavam saliva para fechá-los e cortar outra vez. Passaram no mínimo uma hora fazendo isso.

–Onde ele está?

–Eu não sei!

–Pegue as agulhas, Victor!

Começaram a colocar agulhas nos meus dedos, entre a carne e a unha. Eu urrava de dor, mas eu estava decidida que não diria nada a eles. Eu iria morrer sem dizer-lhes nada!

–Ela é valente! –disse Victor enquanto tirava e colocava uma agulha no meu dedo mindinho.

–Sim, Crepsley deve tê-la treinado bem... Vamos lá, Beatrice, só precisa me dar uma informação que paramos de te machucar! –disse Lerry erguendo meu roso. Cuspi nele.

–Acho que ela precisa de um pouco mais de disciplina, Lerry!

–Creio que sim! –disse limpando o rosto. E nesse instante deu-me um tapa que fez minha boca sangrar.

Eu fiquei tonta e ouvi alguns risos. Então vi, embora minha visão ainda estivesse embaçada, Victor pegando algo de couro numa mochila. Nesse instante Lerry rasgou minha blusa e fiquei apenas com o sutiã, ele passou a mão no meu colo.

–Um corpo interessante para uma menina tão jovem...

–Tire as mãos de mim, seu porco!

Foi aí que senti uma dor terrível e ardida nas costas, soltei um grito. Era um chicote! Victor tinha pego um chicote naquele instante.

–Vamos educá-la! –levei outra chicotada, eu sabia que eles não iriam parar. –As coisas só vão piorar, vampirinha! Vamos matar você, mas só depois que seu maestro chegar aqui para ver você morrer! –disse Lerry no meu ouvido. Eu nunca desejei tanto que Crepsley aparecesse. Mas no fundo eu estava com medo dele não estar me procurando, se eu era um fardo para ele como deixou claro na nossa última briga qual o motivo de me procurar?

Eu estava com medo, mas depois que o pensamento de que talvez Larten não estivesse me procurando pairou sobre a minha mente eu fiquei com mais medo. Pois se fosse realidade, eu iria morrer completamente só, ninguém sentiria falta de mim e nem saberia o que realmente aconteceu. Então lembrei do dia em que fui atacada no beco antes de ir embora com Crepsley. A sensação de impotência que eu estava tendo, o medo e a dor deviam ser parecidos ou até mesmo iguais aos que eu sentiria caso ainda fosse humana naquele beco cinco meses atrás. Eu ia morrer antes, e escapei por causa de Sr. Crepsley, mas agora eu tinha certeza de que não escaparia! Eu ia morrer sem nem sequer me desculpar com Larten como planejei...


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