Uma noite qualquer... escrita por Sebastian Benkor


Capítulo 1
Três.




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– A quanto tempo estamos juntos? -Tornei a perguntá-la mas nem em meus olhos ela olhava, continuava a me ignorar enquanto digitando em seu smartphone. -Júlia!!! - Gritei na tentativa de chamar sua atenção, seu telefone tocou e ela ignorou completamente minha irritação, me deu as costas depois de dizer um simples "já volto" e saiu rindo ao tel. Eu não entendia porque ela fazia isso comigo, me sentia um estorvo na vida dela, ela nem se quer lembrou do meu aniversário, ignorou às vezes em que liguei pra ela. Corri para o banheiro chorando, olhei-me no espelho e tentei encarar a realidade, mudar o semblante, tomar a frente da situação. Lavei o rosto e voltei para sala quando ouvi o barulho do carro dela partindo. Peguei minhas chaves e decidi segui-la, mantive uma distância segura de 2 carros entre nós, até que ela parou em um restaurante novo na cidade, entregou a chave para o manobrista que a chamou pelo nome. Deixei minha chave com um outro manobrista e a segui no restaurante, ela seguiu até os fundos, uma sala que parecia privada e fechou a porta. Eu continuei, parei a porta, tomei coragem e entrei...

Não consigo mais mentir para ele, tento disfarçar e responder as mensagens ao mesmo tempo: "Vem e conversamos melhor". Ele não entende está difícil ignorar o Pedro, já é a segunda vez que tenta chamar minha atenção, preciso sair daqui. Meu telefone toca bem na hora em que ele me grita, é a minha chance. - Eu já volto. - Sinto que fui fria com ele mas era necessário. - Pronto, ele está lá dentro. Ainda não posso ir aí, espera mais um pouco. - Entro no meu carro e mesmo contra minha vontade dou a partida e saio. - Deu certo, ele está me seguindo, vou desligar, chego aí em 15 minutos. -Cheguei ao restaurante, por sorte Cléber, o manobrista, já estava a me esperar, possivelmente alguém deve ter lhe pedido, lhe entrego minhas chaves e vou para o fundo do restaurante, em direção a uma sala privada, eu entro e logo em seguida Pedro abre a porta...

– Surpresa! - A luz se ascende e eu consigo ver meus pais e amigos, era uma festa surpresa ainda não acredito que duvidei dela...

– Aposto que você nem suspeitava né Pedro? - Dizia Flávio, meu melhor amigo, ele era alto, moreno, e bonito, o tipo que todas as mulheres adoram, na nossa adolescência ele conquistava todas as meninas do bairro enquanto eu dava cobertura.

– Onde está a Júlia?

– Está lá atrás perto do buffet.

– Com licença. - Me despedi seco e fui até o fundo do pequeno salão improvisado. Lá encontrei Júlia terminando de ornamentar minha festa surpresa. - Você me enganou direitinho.

– Desculpa amor, mas era uma surpresa né. - Ela diz sorrindo.

– E você acha que com isso conseguirá esconder suas mentiras de mim.

– Aqui não Pedro! Em casa conversamos, curta sua festa e receba seus convidados. - Ela se esquivou e saiu com um copo de cerveja na mão. Tentei ao máximo aproveitar aquela festa, mas meu sorriso era tão falso que nem eu mesmo me reconhecia. Recebi os convidados, conversei um pouco com minha mãe, mas não conseguia tirar os olhos de Flávio que não parava de conversar com Júlia, os dois riam e se tocavam como se fossem íntimos a anos. Eu não aguentava ver aquela cena, empurrei goles e goles de vodka garganta a baixo à noite inteira. Minha embriaguez misturadas com minha falta de feeling ao disfarçar a dor de estar sendo traído pelo meu melhor amigo, só fez afastar os convidados ainda mais. No fim apenas os familiares mais próximos, Flávio e Júlia haviam sobrado no salão.

– Eu levo ele em cada. - Disse Flávio ao apoiar meu braço em seu ombro.

– Tudo bem, eu vou ficar pra acertar com o salão e o buffet. - Entramos no carro e tentei ficar em silêncio e ignorar o fato dele estar transando com Júlia, mas não sei se foi a bebedeira ou a raiva que me fizeram falar.

– Quando pretendem me contar?

– Contar o que amigão?

– Não me chama de amigão, vocês acham que eu não ia notar? - Mesmo embriagado, tentei manter o tom sério porém recebi apenas silêncio como resposta. - Vocês mentem para mim de baixo do meu nariz e acha que eu não iria perceber!?

– Pedro, você está fora de si, amanhã, quando você estiver sóbrio, conversamos com mais calma. Chegamos, vamos, eu te levo até a porta. - Ele sai do carro e vem até o lado do carona afim de me ajudar.

– Não preciso da sua ajuda! - Eu o empurro. - E não pense que essa conversa acabou! - Eu o confronto e vou até a porta de casa com dificuldade. Chego até a sala e me jogo no sofá onde acabo apagando.

Tentei me focar ao máximo em Pedro, ele adentrou na festa e já começou a procurar por mim, me esquivei ao máximo para não confronta-lo de frente, sei o quanto ele estava furioso com aquela situação, eu só queria esperar chegar em casa para lhe explicar tudo. Seus olhares para Flávio confirmava ainda mais minhas suspeitas, quanto mais eu me afastava, mais eu percebia o quanto estava correndo perigo. Ele começou a beber e cheguei a pensar que ele faria um escândalo ali mesmo, porém pra minha sorte ele se segurou até o final, destratou alguns convidados e foi desagradável com outros mas nada que não desse para contornar e culpar a bebedeira. Fiquei aliviado ao ver Flávio se voluntariando para levar Pedro para casa, espero que assim eles possam conversar e se resolver. Fico mais um tempo no salão, resolvo o que preciso resolver e pego meu carro para ir pra casa. Ao chegar avisto o carro de Flávio me esperando, estaciono e vou até o carro dele.

– Falou com ele?

– Não, ele estava muito bêbado, me confrontou mas eu me esquivei e ele entrou, acho que apagou no sofá.

– Estamos adiando muito isso, não quero ficar me prendendo a ele desta forma, e eu sei que ele está sofrendo, quero dar a ele a chance de ser feliz também.

– Entendo.

– Vamos subir, amanhã conversamos com ele e lhe contamos tudo.

– Quer que eu durma aqui? - Eu apenas concenti com a cabeça e ela continuou. - E o Pedro, estamos arriscando de mais, você tem certeza disso? Não quero magoar ele.

– Apenas confie em mim. - Disse e sai do carro acompanhada dele, adentrei minha casa e ao avistar Pedro dormindo no sofá, subi as escadas e levei Flávio para nosso quarto.

Acordei assustado, um barulho no segundo andar havia me despertado, olhei pela janela e avistei os carros da Júlia e Flávio.

– Eles estão aqui. Aproveitando que estava apagado, é muita audácia. - Dizia em voz baixa comigo mesmo enquanto subo as escadas. Abro a porta e encontro Flávio e Júlia na cama juntos, não estava surpreso, apenas revoltado mas antes que eu pudesse gritar algo, Júlia me interrompeu:

– Não Pedro! - Ela estendeu a mão e continuou. - Venha, eu sei que é isso que você quer. - Fiquei completamente sem ação, e antes que eu desse conta, Flávio veio até mim e começou a me despir, seu corpo nu acariciava o meu conforme Júlia ia me puxando para próximo da cama.

– Nunca havia notado seu desejo por mim, desde adolescentes você sempre me olhava com um olhar diferente mas nunca me passou tal hipótese pela cabeça. - Disse Flávio ao me deitar na cama.

– Por você tudo bem? - Perguntei a Júlia ainda meio sem entender o que acontecera.

– Fui eu quem pedi, já havia notado seus olhares para ele e o ciúme que sentia não de mim e sim dele. Além do mais, eu também irei participar. - Ela terminou de falar e se deitou ao meu lado alisando meu peito, com isso Flávio começou a me beijar e então eu me entreguei aquele insano desejo e loucura que era toda aquela cena.


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