The Intended: Mutant escrita por Mari e Léo


Capítulo 17
A ilha dos mutantes


Notas iniciais do capítulo

Olá, mais um capítulo chegando e é a reta final da primeira parte. Boa leitura!



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Vick pulou na água e fez sua bela calda verde azulada surgir. O short branco desapareceu, os cabelos ficaram maiores na água e com mexas azuis que com o brilho do sol ficam verdes. Seus olhos antes castanhos estavam verde claro quase azuis. Vick sorria, mergulhava e voltava para superfície sorrindo cada vez mais. Ela estava muito feliz. O mar era a verdadeira casa dela.

Ryan se jogou. Eu achava que ele não sabia nadar, afinal Yoko precisou ajudá-lo quando fomos para a ilha em que fomos pegos. Mas não, ele estava apenas com preguiça, sabia nadar muito bem.

Liam sorriu e me deu a mão.

– Vamos querida.

Eu o segurei firme. Nós flutuamos. A brisa do mar batia suavemente na minha face, sorri para Liam e ele retribuiu.

Vimos à carruagem indo embora, voltando para a ilha em que fomos capturados. Não queria que alguém se machucasse, mas alguém já se machucou. Graças a Frank.

Começamos a seguir em linha reta, eu e Liam flutuando, Vick e Ryan nadando.

– Querem fazer uma coisa divertida? – Vick perguntou.

– Como assim? – perguntei.

– Vocês vão ver. – ela mergulhou e quando voltou estava com três criaturas, golfinhos cinzentos com um chifre azul bem no centro da testa. - Querem carona?

– O que? – perguntei. - Deve ser perigoso, não sabemos se essas coisas são amigáveis, nem sabia que isso existia.

– Nem eu. E são amigáveis sim, se não já teriam matado o Ryan.

Um golfinho se posicionou bem abaixo de mim. Liam me ajudou a subir na criatura, depois foi a vez dele. Logo após foi a vez de Ryan.

– Qual é o nome deles? – Ryan perguntou.

– Gounifre. Como unicórnios só que são golfinhos. – Vick respondeu sorrindo.

Os gounifres seguiram em linha reta sem nem mesmo nós pedirmos. Demorou bastante tempo até enxergarmos a praia branca que surgia ao longe. Uma ilha enorme que sumia e surgia a cada piscada de olho.

– Estão vendo? – Vick gritou entusiasmada.

Uma piscada e a praia sumia. Outra piscada e a praia estava lá, brilhando com o toque avassalador do sol.

– Por que ela some e aparece toda hora? – Ryan perguntou balançando a cabeça, como se tentasse enxergar melhor.

– Deve ser um campo invisível para proteger a ilha de invasores. – Liam respondeu.

Estávamos cada vez mais próximos, o brilho do sol fazia a praia ficar mais visível. Até que um choque percorreu meu corpo, me fazendo fechar os olhos com muita força. Abri os olhos em seguida e a praia não sumiu novamente.

Os gounifres pararam, estavam nervosos. Vick tentou convencê-los de nos levar até a praia, mas os animais estavam muito agitados.

– Vamos ter que ir até lá nadando. – ela falou lançando um olhar de decepção para os gounifres.

Ryan foi derrubado pelo o gounifre que o levava, a criatura sumiu rapidamente. Liam desceu cauteloso até se colocar firme no ar novamente e me tirando de cima do animal.

– Sei que não é por mal. – disse Vick.

Os gounifres sumiram.

Seguimos novamente até a praia que parecia deserta, mas as aparências costumavam enganar. Coloquei meus pés com cuidado na areia branca.

– Isso é de cegar os olhos. – Vick se sentou e pegou um pouco da areia e a jogou para cima como se fosse chuva.

– Está louca, assim você vai se cegar mesmo! – Ryan foi até ela com a respiração ofegante.

– Não, olha! – ela repetiu e a areia se transformou em uma espécie de purpurina, caindo sobre as pernas dela que estavam novamente vestidas com o short azulado.

– Isso é ridículo. – Ryan começou a rir.

– É lindo. – ela sorriu repetindo o mesmo diversas vezes. - Cada um com a sua mania, ok?!

Virei-me para o interior da ilha, colocando as mãos sobre os olhos. O que via eram apenas árvores enormes.

– Onde estamos? – perguntei.

– Onde os seguranças falaram. – Ryan respondeu.

– Temos que sair daqui. – Liam segurou meu braço.

– Por que? – perguntei.

– Olha! – Liam apontou para o mar, um barco simples a remo vinha na direção da praia.

– Deve ser nossos amigos. – Vick se levantou com entusiasmo.

– Eu não tenho amigos. – comentei.

– Essa não é a questão! – disse Ryan.

– Vamos andando. – falei e Liam concordou comigo.

– Nós não vamos, somos um grupo. – disse Vick.

– Josh disse que agora não existe um grupo de vinte pessoas, somos quatro agora, querendo você ou não. – lembrei.

– Está sendo dura. – Vick reclamou.

– Ela está sendo realista. – Liam me defendeu.

– Você nunca falou assim comigo Mariah. – Vick olhou dentro dos meus olhos.

– Tudo tem uma primeira vez. – respondi.

– Está se descontrolando. – disse Ryan.

– Não! Eu estou cheia de ter que fazer o que os outros querem! Eu tenho que concordar com tudo e não mereço um minuto de loucura?! Sinto muito, mas Vick, a pressão que está sobre você não é a mesmo sobre mim. Eu fui para minha cidade e fui capturada, eu fugi e tive que proteger duas crianças, sem falar que a todo o momento o pensamento de todos fica girando na minha mente. Eu não aguento mais!

Saí andando pela beira da praia, não queria olhar para Vick. Liam estava bem atrás de mim.

– Calma. – ele pediu.

– Eu não quero ser um brinquedo de novo. – limpei os olhos, estava quase chorando.

– Você não é.

– Sou sim, vocês que não conseguem ver. Eu quero ser como era antes.

– Você ainda é.

– Não, eu não sou. – protestei.

– Para mim você não mudou, continua a mesma de antes. – disse Liam. - Você só tem que se controlar. Brigou com a Vick, sua amiga há anos, quem será a próxima vítima?

– Eu não faço a mínima ideia. – dei uma leve risada.

– É melhor se desculpar com ela.

– Depois. – falei.

O barco que vinha na direção da praia estava com Peter, Chris, Théo e Ginna. Eles conseguiram sair da outra ilha ilesos e sem ter que mostrar o poder.

– Não viram nenhum segurança? – perguntei e Peter assentiu.

– Eles me trataram mal. – Ryan respondeu.

– Mentira! Você que quis machucá-los! – Vick se virou para Ryan irritada.

– Desculpe, não sei se você se lembra de que fomos atacados por seguranças quando estávamos fugindo da Proteção. – disse Ryan.

– É mesmo. Só quase fomos mortos. – Peter sorriu com sarcasmo.

Olhei para Liam, ele não queria ficar ali e muito menos eu. Por fim acabou que esperamos o outro barco chegar. Jane, Amy, Sam e Rachel. Não demorou muito.

– Estou morta. – Jane se jogou de cara na areia. - Não sabia que remar era tão difícil e cansativo.

– Andamos em círculos durante meia hora. – Amy riu. - Adivinha quem estava no comando.

– Provavelmente Jane. – sugeri.

– Eu me ofereci, mas vocês preferiram a Jane. – Sam ajoelhou olhando para a floresta no interior da ilha.

Os seguranças que estavam conosco chegaram na sua carruagem marinha, com os intrusos. Logo atrás deles em outra carruagem estava Josh, as duas crianças e a mulher.

– Quero que todos mantenham o controle. – o homem da voz rouca falou. - Vou levá-los até os superiores, na verdade já era para eles estarem aqui.

– Logo vai escurecer. – a segurança falou.

– Acho que não é seguro levá-los até lá. – o homem olhou para Frank.

– É só um rapaz, tem medo de um rapaz, comandante?

– Não, mas os superiores não irão gostar de saber que um meliante entrou na fortaleza mutante sem a permissão deles. Cobra Verde e Coruja Branca ficariam furiosas conosco, você sabe que a fúria de C.B. é a maior e a penitência de C.V. é mortal.

O homem fez a comunicação com os outros seguranças, eu pude escutar. “Chame os superiores, dezenove mutantes para o teste”. A outra pessoa concordou e rapidamente vimos mais seguranças de preto vindo do interior da ilha. Eram sete seguranças, mas havia alguém no meio deles. Um homem entre os quarenta e cinquenta anos. Com os cabelos grisalhos até os ombros. Vestido com uma calça cinza simples com um casaco acinza escuro sobre as outras vestes. Usava óculos de armação redonda na frente de seus olhos, que de tão claros pareciam brancos, enquanto os dentes branquíssimos e pontudos pareciam estar em maior número do que o normal.

– São esses? – o homem perguntou para o comandante.

– Sim senhor.

– Boa tarde. – o homem abriu os braços em sinal de afeto. - Os espertos devem estar se perguntando se eu sou um dos superiores, sou e isso não vem ao caso. Podem me chamar de Tubarão Cinzento ou simplesmente T.C., vocês escolhem.

– Senhor, melhor levá-los para os alojamentos, já está escurecendo e… - a mulher ia dizendo até que o comandante a interrompeu.

– Fique quieta na presença do Tubarão Cinzento.

– Não, ela está certa. Vai escurecer e eles não podem esperar na praia para o teste. Precisam descansar para fazer o teste amanhã, estes são muito especiais. Sigam-me.

Entramos na floresta que era apenas uma espécie de proteção para esconder ainda mais a fortaleza. Nos primeiros passos um grande portão dourado se abriu na nossa frente, os desenhos nas colunas que seguravam o portão eram de quatro animais. Uma coruja, um leopardo, uma cobra e um tubarão. Atrás do portão estava um grande gramado.

– Este é o pátio onde a maioria de vocês encontrarão os outros mutantes. – T.C. falou apontando para um grupo de pessoas ao longe. - Aqui fazemos nossas reuniões e recebemos os novatos, como vocês.

Fomos caminhando até um galpão cinza. O lugar estava totalmente vazio, apenas dois seguranças estavam lá dentro. Eles nos cumprimentaram, deram boas vindas, Josh perguntou para Tubarão Cinzento se era ali que íamos dormir, ele respondeu que sim e foi embora. Josh sorriu embora estivesse nervoso com isso. Um dos seguranças saiu e logo voltou com os sacos de dormir, peguei um e o coloquei perto do de Liam. Ele estava sentado com as mãos sobre os joelhos e não os soltou quando me sentei ao seu lado.

Fechei os olhos e apaguei. Nenhum sonho. Nenhum sinal sobre como seria o próximo dia. Dormi ansiosa e com medo. Medo do meu futuro.


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Notas finais do capítulo

Oi pessoal, hora de comentar, favoritar e recomendar!