Uma Semana após a Doença

Em uma rodovia estranhamente vazia - se não fosse por alguns carros abandonados e sujos ali estacionados - pairava um homem nos seus vinte anos de idade. O nome dele era David, e ele era apenas mais um dos sobreviventes do ataque inicial. Ele ainda se lembrava vividamente de quando todo aquele pesadelo começou, fazia apenas uma semana. O patógeno se espalhou como praga em poucos dias. Só precisou de dois dias, e algumas das cidades de Wyoming já estavam infestadas de errantes estúpidos. Eles eram seres decompostos, fedendo a carniça, completamente podres e feios, mas ainda sim algum tipo de ameaça. Só bastou o vírus contaminar uma pessoa em Cheyenne - a capital - e após algumas horas já existiam hordas vagando pela cidade. A verdade é que todos foram pegos e surpresa, e quando perceberam, já estavam mastigando o braço de alguém junto com uma horda de outros mil infectados. Antes que o exército desse cabo da situação, hordas escaparam e contaminaram outras cidades, e assim foi. Só deu tempo de colocarem a área em quarentena, mas alguns já tinham fugido. O estado de Utá também havia sido infectado, e assim também posto em quarentena.

David se lembrava de tudo isso vividamente. Se lembrava dos gemidos horríveis dos errantes batendo na porta de sua casa, quebrando-a em pedaços e estraçalhando a maioria de seus familiares. Tudo o que ele pode fazer é ser um covarde: Ele fugiu rapidamente antes que também fosse estraçalhado e devorado por mordedores. Tudo estava vivo: O barulho dos pisões no chão enquanto eles andavam, o barulho deles batendo na porta e a quebrando em pedaços, os gritos de sua mãe enquanto era devorada por meia dúzia de mordedores. Ele não podia fazer nada, pois não tinha armas, exceto os facões na cozinha de sua mãe, mas ele seria estraçalhado caso chegasse perto da cozinha.

Mas agora, após uma semana, ele já havia aprendido as manhas de sobrevivência. Ele sabia que só deveria matar mordedores quando pudesse, sabia como se esgueirar, pular de um telhado pro outro, etc etc.. Para sobreviver em um surto de zumbis, você precisaria aprender a ser silencioso e sorrateiro, e não tentar sair atirando alto e depois ver que dois mil mordedores já sabiam onde você estava e estavam indo - lentamente, mas indo - em sua direção.

Ele caminhou pela rodovia, um pouco cansado, e o peso do surto de zumbis ainda em sua cabeça. Mesmo após meia dúzia de dias do ocorrido, ele ainda não conseguia acreditar que algo assim havia ocorrido. Ele agradeceu a Deus que aquilo só estava ocorrendo em Wyoming e em Utá. David foi tirado de seus devaneios profundos por um gemido animalesco.

Ele virou sua cabeça em direção a o gemido, e conseguiu perceber uma mulher de cabelos castanhos. Sua pele estava pouco apodrecida, indicando que não havia se transformado a muito tempo atrás, e ela usava uma grande camiseta preta e estava descalça. Seus dentes podres poderiam ser vistos de longe e metade de seu ombro estava arrancado. A mulher percebeu sua presença, e começou a avançar o mais rápido em direção a David. Ele sorriu.

—Então venha. — David disse, confiante. Ele esperou a mulher se aproximar. Ela estava abrindo a boca e se preparando para mordê-lo, até que David agarrou a cabeça da mulher com força e a empurrou em direção a sua esquerda. A mulher caiu com força no chão. Quando estava começando a se levantar, o tênis vermelho claro de David atingiu sua nuca com brutalidade, forçando-a no chão novamente. Os braços da mulher tentaram agarrar a perna de David, mas o caucasiano demonstrou agilidade, desviando-se rapidamente dos braços da mordedora. Sem utilizar nenhuma arma, apenas o seu pé, David esmagou a cabeça dela com seu tênis. A expressão da mulher se tornou estranha, e ela parou, inerte. David sorriu.

Já se preparando para virar de costas, David parou quando ouviu barulho de vários gemidos. Ele olhou pra trás, e viu meia dúzia de infectados, todos aparentemente tendo saído de uma casa próxima. Ele suspirou, mas sabia que podia lidar com meia dúzia de infectados.

Eram todos homens dessa vez, aparentando ter entre 20-30 anos. A maioria tinha cabelo, mas dois eram carecas. Analisando os infectados, ele percebeu que eles tinham sido infectados a alguns dias e aparentemente dentro de suas casas. Eles aparentavam ser muito lerdos, como a maioria, então isso não seria tão difícil.

Os mordedores se aproximaram e fizeram menção de atacar, mas antes que isso acontecesse David chutou um dos mordedores, fazendo-o impactar contra os outros e assim fazendo todos caírem.

Não arriscando um ataque com as pernas, temendo ser mordido ou arranhado por um, David esperou os mordedores começarem a se levantar, assim ficando vulneráveis. Eles começaram a se erguer do chão para um novo ataque, mas David não deixou. Ele retirou um facão ensaguentado de sua bainha, que era uma de suas três armas até o momento. Com um rápido e concentrado movimento, David decepou a cabeça de um dos mordedores, e desviou-se de um ataque de outro mordedor.

Dois mordedores vieram em sua direção em posição de fila. David atravessou o peito dos dois com seu facão, apenas desnorteando-os. Ele rapidamente retirou o facão, fazendo os dois caírem no chão.Os outros vinham em sua direção rapidamente, e os outros já estavam se levantando para se juntar a o ataque.

"Porcaria" — Ele pensou. — "Não quero usar munição da minha pistola"

Ele continuou com seu facão, e resolveu montar uma rápida estratégia. Pegando o facão, ele avançou em direção a os cinco mordedores, e os chutou com tanta força quanto podia. Dois levaram o impacto do chute no rosto brutalmente e caíram no chão, consequentemente derrubando os outros zumbis também.

Ele enfiou o facão na testa de um, e retirou, já passando pro outro. Ele desceu o pé na testa de um com bastante força, esmagando seu crânio e seu cérebro. Só restavam dois agora. David deu cargo do trabalho rapidamente, esmagando a testa dos outros dois com seu pé

Ele respirou pesadamente. Aquilo havia sido complicado. Ele tinha uma pistola, mas não queria usar a munição se não fosse absolutamente necessário. Com apenas quinze balas, sair atirando como um maluco não iria ser NADA inteligente. Ele precisava de um silenciador, e o único lugar onde poderia encontrar um estava muito distante agora.

Ele viu uma casa a alguns metros de distância. Se recuperando um pouco, ele começou a correr em direção a ela.