Artigo 205 escrita por Liz Morais


Capítulo 1
CAPÍTulo 1: Agora




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Desci do táxi com uma cara de poucos amigos e fui em direção a casa,casa essa que me fazia ter vergonha de onde eu moro.Nunca tinha estado desse lado da cidade antes,meu salário e a falta de um bom sobrenome me impediam de viver em um condominio tão caro como esse.

Fiquei na porta daquele casarão por alguns segundos criando coragem para colocar os pés pela primeira vez na casa dos pais de alguém que entrou na minha vida há cinco anos e que saira de forma tão violenta.

Olhando para a porta entro em uma espécie de transe, refletindo naquele pedaço de madeira os momentos que antecederam sua morte.Sinto alguém tocar meus ombros e uma paz me atinge o coração quando escuto Leo dizer com uma voz calma e que me traz confiança:

''Se temos que fazer isso,faremos isso juntos''enquanto fala dá um sorriso amarelo e segura minha mão e isso por algum motivo me faz dar o primeiro passo que me levaria a uma cena que jamais me faria esquecer quem eu realmente sou.''Juntos como no início de tudo''.

Leo empurra a porta e o que eu vejo ali me deixa ainda mais triste.O pai da Patricia vem a meu encontro e com um sorriso claramente falso me diz um oi sem sentimento e me abraça.Um abraço que não durou mais de três segundos mas em minha cabeça ficamos abraçados por uma eternidade que me fazia querer vomitar.

''Senhor Figueiredo''digo enquanto me desvencilho de seus braços,''eu sinto muito por sua perda.Eu considerava a Pati minha melhor amiga e nem imagino o quão duro deve estar sendo para você.Minhas sinceras condolências''.

''Obrigado,ela também gostava muito de vocês''e direciona o olhar para Leo,''tenho que ir para o carro,o enterro será logo e não consigo ficar encarando o corpo de minha filha nem por mais um segundo''.Ele se afasta,e eu sigo em direção a sala aonde Patricia está sendo velada.Seu rosto sereno e pálido me causam arrepios na espinha e seu colar que escondem o real motivo de sua morte me provoca um aperto no peito.

Observo o caixão e as coroas de flores que provavelmente custavam mais de um mês do aluguel da minha casa.Vejo se aproximarem do caixão dois homens de terno que o fecham e com a ajuda do pai e do irmão de Patricia,Diego,vão em direção ao carro da funerária.Seu corpo franzino e sem vida é colocado lá e é seguido por todos os carros da família e de todos seus amigos de verdade.Leo me oferece uma carona e eu aceito de imediato,apenas a sua presença me traz a tranquilidade que eu preciso nesse momento. 


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