C.D.T. - O homem que vive nas sombras escrita por Xavier Netto


Capítulo 10
Capítulo 10 - Honra e sangue


Notas iniciais do capítulo

Há exatos dezenove anos, no dia 11/01/1997, nascia aquele que viria a ser o maior gênio da literatura fantastica nacional! kkkkkkkkkkk só que não. Ou sim. Quem sabe né... Deixa eu sonhar.

Pois é, galerinha... Hoje é meu aniversário! Mas como não podia deixar de ser, são vcs que ganham presente! XD

A gente se vê nos reviews, e podem mandar inbox no nyah ou no face pra eu dar as coordenadas da minha casa. Aceito presentes via sedex kkkkkkk

*zoa*



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Uma tensão indescritível tomou conta do ambiente. O silêncio implacável que se instaurou depois daquela afirmação foi absoluto durante um tempo considerável, até que por fim ele foi quebrado por uma voz que se ergueu.

— Em que ano nós estamos? – Perguntou Akio, confuso.

— 482 D.C. – Disse a mulher.

— E qual é o significado de D.C.? Não conheço essa expressão.

— Depois da Coalisão. - Respondeu Selena, supresa. -  Pensei que isso fosse óbvio!

— Não para mim...

Pela primeira vez, Akio sentiu-se verdadeiramente frustrado. Ele conseguia lidar bem com a falta de informações a respeito de seu próprio passado, pois acreditava que as lembranças voltariam gradativamente. Naquele momento, no entanto, percebeu que as noções mais básicas sobre o mundo e a sociedade eram completamente desconhecidas para ele. Se enxergou como um forasteiro, um estranho. Viu-se como alguém completamente perdido que carregava um imenso fardo. Por alguns instantes, duvidou de sua própria capacidade.

Seguiu-se um novo período de silêncio que pareceu durar para sempre. Somente após muitos segundos, Sortudo finalmente falou. Ele percebeu a melancólica insegurança no olhar de seu amigo.

— Lembre-se, Akio: você não está sozinho. Eu já disse isso antes e posso repetir quantas vezes for necessário. Agora, deixe-me ver se eu entendi corretamente. Você não sabe nada sobre a Última Coalisão?

— Nada.

— Muito bem, irei explicar.

Atualmente, existem somente dois países no nosso continente. O Império Dourado do Oeste - que é onde estamos – e a Nação Rubra do Leste. Mas nem sempre foi assim. Antigamente, existiam muitos reinos. Cerca de trinta. Cada um tinha a sua própria cultura e as guerras eram muito raras.

Isso só mudou no ano de 173 A.C., quando a Nação Rubra iniciou uma campanha de expansão. Eles acreditavam que pertenciam a uma raça superior, achavam que dominar os outros povos era um direito e uma obrigação divina. Com esse pensamento, travaram guerra contra todos os outros países durante muitos anos, conquistando reino após reino.

Dizem que era impossível enfrentar o Exército Vermelho. Eles tinham as melhores armas, o melhor treinamento e também as estratégias mais eficientes... Além de serem muito numerosos. E como se isso tudo já não fosse o bastante... Eles tinham os samurais.

— O que é um samurai? – Perguntou Bill enquanto fazia os curativos no braço de Akio – Perdoem minha ignorância, mas sou apenas um taberneiro. Não conheço muito bem a história da Nação Rubra.

— Não se desculpe por isso, amigo! Os samurais são a elite do Exército Vermelho: os guerreiros mais habilidosos e mais mortais daquele país. Só existiam trezentos deles, mas as lendas dizem que cada samurai valia por dez soldados comuns. Esse número não se alterou até os dias atuais: somente trezentas pessoas podem ter esse título tão almejado.

Nada podia parar a série de conquistas da Nação Rubra. Seu território aumentava todos os anos, assim como o poder militar. Conquistaram um total de dezenove reinos em apenas cento e setenta e três anos.

Até que, no ano um do nosso calendário, os doze reinos restantes firmaram um acordo derradeiro: a Última Coalizão. Eles tiveram que se unir para enfrentar o inimigo que jamais poderiam vencer sozinhos.

As batalhas dos anos seguintes foram sangrentas e brutais. O número de baixas de ambos os lados está além de qualquer estimativa. Dez anos de lutas terríveis se passaram, até que por fim a Última Coalizão impediu o avanço da Nação Rubra.

Porém os doze reis sabiam que aquela vitória não duraria para sempre. O Exército Vermelho estaria sempre pronto para atacá-los e destruí-los na primeira oportunidade. Então um novo acordo foi firmado e o Império Dourado nasceu, trasformando aquele acordo temporário em uma aliança forte e permanente.

Hoje, cada um dos antigos doze reinos equivale a um Distrito. A autoridade máxima do Império Dourado é o Rei-Imperador, mas cada distrito tem o seu próprio Regente, que tem poderes administrativos, e um General, que representa o poderio militar.

O pai de Arthur, por exemplo, é o General de Goldaren.

Eles são as maiores autoridades de cada distrito e possuem um grande poder de decisão, existindo também uma infinidade de outros cargos que são ocupados por pessoas de confiança. Claro que esta história é muito mais complexa do que isso, mas eu tentei resumir da melhor maneira possível.

Sortudo terminou sua narrativa e Akio não disse nada por alguns instantes. Estava tentando assimilar aquela enorme quantidade de informação.

— Isso foi... Esclarecedor. Muito obrigado, Sortudo. – Respondeu por fim. – Mas o principal questionamento continua sem resposta. Meu pai foi perseguido até o dia de sua morte porque era um dos renegados... E eu ainda não sei nada a respeito eles.

— Talvez você não saiba. – Disse Selena. – Mas eu sei. Como já falei, o criador do estilo Rygouka-santon foi um renegado. Meu mestre me contou muitas coisas sobre eles.

— O que está esperando? Pode começar a explicar! – Exclamou Arthur, impaciente.

— É uma história muito longa, não temos tempo para isso! – Protestou a mulher.

— Na verdade temos. – Disse Sortudo – Mesmo daqui, posso ouvir a movimentação dentro da Casa dos Jogos. Os funcionários nesse momento estão limpando a arena, então ainda temos vários minutos. Selena... Confesso que estou bastante curioso para ouvir esta narrativa. Por favor, conte-nos.

Selena pensou um pouco.

— Certo, certo. Aqui vai...

Um renegado é basicamente um samurai que perdeu sua honra: o tipo de pessoa mais odiado e mais temido na Nação Rubra. Sabe, tem um ditado muito repetido naquele país que é mais ou menos assim: existem três coisas neste mundo que nunca devem ser questionadas: a justiça do Deus-dragão, a vontade do imperador e a palavra do samurai.

 Vocês conseguem entender o que isso significa? Honra e lealdade valem mais do que a própria vida para esses guerreiros... Imaginar um samurai traindo a prória nação é simplesmente absurdo! Mas... Bem... Isso já aconteceu. Tentem adivinhar quantas vezes.

Terminando de enfaixar o braço ferido de Akio, Bill arriscou um palpite.

— Se o que Sortudo falou é verdade e existem sempre trezentos samurais ao mesmo tempo... Acho que isso deve ter acontecido pelo menos cinquenta vezes.

— Resposta errada. – Disse a mulher. – Em toda a história conhecida, só existiram quatro renegados. E todos eles perderam o título de samurai pelo mesmo motivo, em um único episódio que contarei agora.

Era o ano 10 antes da coalisão. Liderados por cinco samurais, um exército de cerca de trinta mil soldados da Nação Rubra estava marchando rumo ao antigo reino de Khor, no extremo sul do continente. O lugar já tinha sido atacado muitas outras vezes, por isso praticamente não existiam mais defesas.

Aquela tropa estava avançando para destruir qualquer resistência que por acaso ainda existisse, mas ninguém acreditava que houvesse uma única pessoa disposta a lutar depois de tantas derrotas. Logo eles descobririam que estavam completamente enganados.

Os altos muros de pedra branca da muralha da Cidade Capital se erguiam a muitos metros a partir do chão, imponentes, impressionando os invasores. Suas paredes estavam rachadas e muito danificadas, mas permaneciam de pé, altivas, quase como se fossem um símbolo do orgulho do povo de Khor.

O portão de ferro e madeira que antes fora tão resistente e poderoso agora estava completamente destruído. Apenas alguns destroços empilhados sobre a entrada tapavam a visão do interior da cidade, existindo várias aberturas por onde pessoas poderiam passar. Completando aquele cenário, um homem se encontrava sentado sobre os entulhos do portão tocando calmamente um alaúde, como se nem estivesse notando a aproximação dos trinta mil conquistadores.

Então o Exército Vermelho parou. Os soldados ficaram mais ou menos a trezentos metros de distância da muralha e aguardaram pelas ordens dos seus comandantes, os samurais. Sozinhos, os cinco líderes se aproximaram do misterioso músico e conseguiram ver ele de perto pela primeira vez.

O homem estava ferido e magro como uma caveira. Suas costas se encontravam curvadas e ele olhava para baixo, como se mal tivesse forças para manter-se acordado. Seus cabelos loiros, grandes demais e muito bagunçados, estavam imundos, assim como a barba, as roupas e o corpo inteiro.

Quando meu mestre me contou esta história, ele disse que a música tocada pelo homem era tão triste que os cinco samurais não conseguiram fazer nada além de escutar. As lendas contam que eles ficaram tão maravilhados com a beleza fria e melancólica da música que perderam a reação. Eu nunca acreditei que algo assim fosse possível, até que ouvi você tocar, Sortudo.

— Me sinto lisongeado, Selena. – Respondeu o bardo – Espero ter a chance de tocar novamente para você. Algo mais alegre, quem sabe.

— Quem sabe. – Falou a mulher, sorrindo. – Mas continuando...

Quando a música acabou, Hiroki, o primeiro dos samurais, deu um passo à frente e ergueu sua voz. Ele exigiu que o homem se identificasse e recebeu a seguinte resposta.

Meu nome é Edgar Redontrust. Sou o rei daquilo que um dia foi Khor.

Hiroki riu e não acreditou, porém os outros quatro perceberam que o moribundo falava a verdade. Por debaixo dos ferimentos, da sujeira e da expressão vazia do pobre homem, havia orgulho. Dignidade. Sem dúvida era um rei.

Então Miamoto, o segundo samurai, assim falou.

Nós somos servos do elevadíssimo Rei de Todos. Ele ordena que o reino de Khor seja oficialmente anexado à Nação Rubra, integrando assim uma das vinte Divisões. O Rei de Todos irá garantir mil anos de prosperidade para o povo de Khor caso a oferta seja aceita. Caso contrário... Basta olhar à sua volta.

Dizem que o rei Edgar riu alto quando ouviu esta mensagem, respondendo assim.

Integração, vocês dizem? Essa falsidade é tão típica da Nação Rubra! Digam-me então, nobres samurais, onde estavam seus diplomatas para falar sobre anexação? Por acaso o porco que vocês chamam de Rei de Todos só conhece a língua da espada? Vocês não buscam a união.... Querem apenas o controle total. Querem matar os meus homens e usar as mulheres. Querem apagar a nossa história e destruir nossa cultura!

Hiroki sacou sua katana e tentou atacar o rei-músico, porém Kurosaki, o terceiro samurai, conseguiu segurá-lo e gritou a seguinte mensagem.

“Porco” é o comandante que sacrifica seus próprios súditos por mero orgulho! A guerra poderia ter acabado muito mais cedo se você não fosse um rei tão tolo! Bastava se render e o sofrimento acabaria. O benevolente Rei de Todos perdoaria as suas ofensas!

Na mesma hora o rei Redontrust deu uma resposta que calou o samurai Kurosaki.

Você está mal informado, guerreiro... Eu já me rendi a muito tempo.

Como Kentaro, o quarto samurai, não viu sentido naquela resposta, ele exigiu esclarecimentos. Quando o músico respondeu, dizem que haviam lágrimas em seus olhos.

Eu nunca desejei lutar! Eu sempre soube que a Nação Rubra tinha condições de facilmente destruir meu reino... E foi isso que vocês fizeram, não é? Eu desisti ANTES do primeiro ataque... Mas meu povo, não. Eles sabiam o que vocês queriam fazer conosco, por isso jamais se renderiam. Pois meu povo é orgulhoso! Sim! Temos orgulho de nossos costumes! Temos orgulho de nossa arte! Temos orgulho de nossa liberdade! Temos org...

Naquela hora, a fala de Edgar foi interrompida. O som colossal de milhares de vozes gritando ao mesmo tempo foi ouvido naquele momento, vindo de dentro dos muros da cidade. Ninguém, nem mesmo o próprio rei, esperava por aquilo. O coro gritava unido:

Temos orgulho do nosso rei! Temos orgulho do nosso rei!

E então, muitas e muitas pessoas começaram a sair de dentro da cidade, passando pelas aberturas que existiam nos escombros empilhados onde antes havia o portão. Eram mulheres, idosos e jovens de ambos os sexos, todos muito mal armados e extremamente magros e abatidos, como se tivessem passado por um longo período de fome.

Edgar olhou para a multidão que se aglomerava à sua frente e depois olhou para os samurais. Foi quando Tatsuo, o último samurai...

— Selena... Pare. – Era Akio quem interrompia a história.

— O que foi? Falei algo errado? – Indagou a mulher.

— Você disse... Tatsuo?

— Sim! Meu mestre falou que era o nome do quinto samurai. Acha que me enganei?

— Eu... Eu me lembro. Selena...Tatsuo era o nome do meu pai.

Ninguém soube o que dizer. Muitos segundos de extrema tensão se passaram, até que por fim o próprio Akio voltou a falar.

— Por favor, me desculpe... Não queria interromper. Por favor, continue a história.

— Certo, certo. Onde eu estava mesmo? Ah, o povo de Khor saiu da cidade. Então Tatsuo, que estava impressionado com aquela cena, falou:

Edgar, não há nenhuma chance de vitória para você! Só existe a certeza da morte!

E o músico respondeu.

Eu concordo, samurai.... Porém é inútil dialogar. A Nação Rubra tirou tudo do meu povo... E o que vocês parecem não entender.... É que as pessoas são capazes de fazer qualquer coisa quando já não tem mais nada a perder.

Minha vida chegou ao fim.... Morrerei junto com Khor. Mas antes de partir, quero deixar um último presente. Para meu povo... A coragem para enfrentar o seu destino. E para vocês... Honrados samurais... Desejo a sabedoria.

— E depois? – Era Arthur quem falava. – Selena, por que você parou? Diga logo o que aconteceu, este suspense está me matando!

— Arthur, é importante que vocês entendam que esta história é só uma lenda. Certas coisas que eu vou contar podem até ter acontecido de verdade... Mas outras, não.

— Por que está dizendo isso agora? – Perguntou Akio.

— Porque as coisas começam a ficar meio estranhas a partir daqui. Mas já que vocês querem tanto saber... Vamos em frente.

Com muita dificuldade, o rei Edgar Redontrust ficou de pé sobre os escombros. A princípio, ele se esforçou muito para se levantar, mas depois foi ficando mais firme, mais seguro, como se uma energia misteriosa estivesse aumentando a sua força. Dizem que uma espécie de aura dourada, parecida com vapor, estava cobrindo o seu corpo, deixando ele com uma aparência quase sobrenatural. Ele então preparou seu alaúde e tocou uma melodia mágica que provocou efeitos surpreendentes.

Os defensores de Khor, que eram cerca de dois mil, perderam o medo na mesma hora. Sabiam que iriam morrer, mas não se sentiam nem um pouco amedrontados por essa certeza. Ao mesmo tempo, os cinco samurais conseguiram ver toda a miséria que a sede de poder do “Rei de todos” estava provocando. Enquanto a melodia era tocada, tiveram um vislumbre do sofrimento, da dor e da agonia que aquelas guerras estavam causando. E então eles entenderam que faziam parte daquilo.

Com o coração cheio de arrependimento, Miamoto gritou.

Nós estávamos apenas seguindo ordens! Servindo a nossa pátria!

E o rei, tendo acabado de tocar sua melodia final, respondeu.

Não existe servir a pátria... Vocês servem as pessoas que estão no comando da pátria. Será que essas pessoas realmente se importam com vocês?

Dizendo isso, a aura dourada que cobria seu corpo foi lentamente se apagando... E ele morreu. O povo de Khor chorou por isso e os samurai também choraram. Virando-se para seus companheiros, Tatsuo falou.

Não existe honra nesta batalha... Nós fomos enganados durante toda a nossa vida.

E Kurosaki completou.

Eu concordo. Sei que o dever nos obriga a obedecer o Rei de Todos, mas talvez... Talvez a nossa causa não seja tão justa quanto pensamos.

Destre os cinco, Hiroki era o único que tinha dúvidas.

Não! Isso não pode ser verdade. O Rei de Todos não é um tirano! Todo esse mal que o rei-feiticeiro nos mostrou... É apenas uma fase. Quando a Nação Rubra conquistar todos os seus inimigos, não haverão mais guerras! Lembrem-se do juramento! Lealdade antes da vida! Lembrem-se da nossa promessa! Servir a Nação até a morte! Lembrem-se do nosso lema! Uma única Nação!

Kentaro, que era o mais racional, deu a seguinte resposta.

Sempre haverão guerras, Hiroki... Porém eu não quero mais fazer parte desta. Se todos nós dermos a ordem, talvez possamos fazer as tropas recuarem. Não precisamos massacrar essas pobres pessoas.

Então Hiroki, atormentado pela dúvida e pela lealdade cega, disse assim.

Um samurai não precisa ser justo. Precisa ser fiel ao Rei de Todos. Lealdade vem antes da vida. Quem vem comigo?

Nenhum dos outros o seguiu, e foi assim que eles se tornaram renegados.

Agora vou contar o que aconteceu com cada um dos samurais.

Hiroki se uniu novamente ao Exército Vermelho. Ordenou o ataque e massacrou completamente os defensores de Khor, que lutaram bravamente. Depois ele se arrependeu de suas atitudes e se matou. Morreu como dizem que um samurai deve morrer. No Império Dourado, nós o chamamos de Hiroki, o genocida. Na Nação Rubra, ele é conhecido como Hiroki, o leal.

Os outros quatro samurais se viraram contra seu antigos aliados, mas não podiam lutar ao lado do povo de Khor, já que seriam confundidos com inimigos. Tiveram então que enfrentar os dois exércitos ao mesmo tempo enquanto tentavam escapar com vida. Conseguiram abrir caminho enquanto lutavam na batalha, e o samurai Kurosaki se sacrificou para que os outros pudessem sobreviver.

Miamoto viajou para o Reino de Doroma para ajudar aquele povo a se defender. Lutou ao lado deles até o fim, porém a guerra foi perdida. Doroma foi conquistada, mas ele não desistiu. Como já falei, abriu mão de suas armas e criou o estilo Rygouka-santon para que os rebeldes pudessem se defender mesmo que não tivessem armas. Foi ele quem contou essa história para outras pessoas, fazendo a lenda sobreviver aos séculos. Em Doroma, ele é conhecido como Bainha sem Espada, já que usava apenas as mãos para lutar. Na Nação Rubra, o chamam de Miamoto, o traidor.

Kentaro, que como disse, era o mais frio e racional dos cinco. Se escondeu durante mais de vinte anos, mas manteve-se infiltrado na Nação Rubra. Seu papel era sabotar o Exército Vermelho: explodia suprimentos, preparava armadilhas, envenenava a comida dos soldados, usava táticas de guerrilha... Enfim, vocês entenderam. Dizem que a Última Coalisão só conseguiu vencer a guerra por causa da ajuda dele. No Império Dourado, são poucos os que conhecem a lenda do Justiceiro Fantasma. Na Nação Rubra, todos sabem a história de Kentaro, o traiçoeiro.

— E meu pai? – Perguntou Akio, impaciente.

— Tatsuo... Bem, a história dele não é tão gloriosa. Ele voltou para a Nação Rubra por um motivo que ninguém jamais soube qual foi, e passou a vida inteira fugindo. Ele...

— Ele voltou para buscar a família. – Disse Akio, com lágrimas nos olhos.

— Nunca se soube de sua família. Ele foi encurralado depois de alguns meses e lutou sozinho contra um exército inteiro. Na Nação Rubra o chamam Tatsuo, o covarde. Aqui, é conhecido como O Exército de um homem só, já que matou mais de cinquenta soldados antes de morrer quando tentaram prendê-lo.

Um silêncio profundo e respeitoso se seguiu, mas não durou muito. Vindo de uma certa distância, um barulho alto e estridente de algum objeto se quebrando foi ouvido por todos. Os cinco logo reconheceram que o som provinha de dentro da Casa dos Jogos.  Não restavam dúvidas... A sétima luta já havia começado.


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Notas finais do capítulo

Cara... Esse capítulo deu trabalho. Muito trabalho.

Pensando com cuidado, acho que tem três motivos para isso. 1 - Eu tinha apenas uma noção muito vaga de como seria o enredo, sem muitos detalhes realmente decididos. 2 - O estilo da narração é meio diferente do resto do livro. Personagens contando lendas do passado pode ser algo um pouco chatinho de escrever, pelo menos pra mim. 3 - Sei lá, eu estava me sentindo meio inseguro.

Só pra ter uma ideia: eu tive que "voltar atrás" em dois momentos distintos, apagando vários parágrafos e mudando o rumo da história. Não costumo fazer isso...

O texto tava um pouquinho travado, e como eu disse, estava meio inseguro. Por isso gostaria de agradecer especialmente aos meus bons amigos Thiago Barros e Daniel Fernandes (Geraldo kkkk) que leram o capítulo antes mesmo dele estar pronto e deram exelentes dicas que inclusive me fizeram mudar alguns trechos.

Vlw galera, a gente se ve por aí.



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