Olhos Honestos, Céus Modestos escrita por Saturno
Notas iniciais do capítulo
Olá! Então, eu sempre quis escrever um yaoi mas sempre estive muito ocupada ou até mesmo receosa de não ficar bom o suficiente. Por isso veremos se essa história vai andar para frente ou não.
Eu espero que gostem!
Nícolas olhou para a grande construção a sua frente, o mofo consumia uma parte da escola, enquanto a pintura verde desgastava-se aos poucos, assim como a paciência de Nícolas.
Cada dia que pisava naquele lugar, uma profunda raiva apossava-se dele, talvez fosse devido aos olhares tortos, talvez pelos comentários desagradáveis… Ainda não tinha certeza, no entanto, detestava a maneira como lhe tratavam.
Era uma cidade não muito grande, mas maior que sua antiga; onde a classe média prevalecia e os prêmios eram dados a quem tivesse o carro mais caro.
E Nícolas estava longe de ter um carro caro e mais longe ainda de ter simplesmente um carro. Seu pai era zelador, sua mãe dona de casa e ele trabalhava em uma lancheria do subúrbio.
Bolsista, negro e homossexual; eram motivos fortes para receber olhares maldosos e comentários preconceituosos. Mas Nícolas, no final, procurava ignorar tudo aquilo.
A professora então, de repente, entrou na sala e logo começou o falatório.
— Como sabem, nossa escola sofreu por um acidente no ano passado… devido a alguns alunos imprudentes — a mulher corpulenta apontou para os garotos do fundo, que apenas sorriram olhando um para o outro. — E por isso nossa escola está passando por uma reforma. Aos finais de semana, serão feitas algumas dessas reformas e, segundo a responsável pela escola, quem participar ganhará algumas notas extras.
A professora gesticulava, enquanto andava de um lado para o outro. Ninguém parecia verdadeiramente interessado, e até mesmo Nícolas observava as duas borboletas do lado de fora da janela.
Depois de alguns minutos, o silêncio pairou sobre a sala, todos prestavam atenção em seus livros, mas barulhos de lixas e lápis eram constantes na gigantesca sala de aula.
O garoto bolsista olhou para todas aquelas pessoas, mais preocupadas com seus futuros cronogramas e seus celulares de última geração, no fundo da sala avistou um garoto, com o olhar fixo em Nícolas. Ele tinha um lápis na mão e também um caderno de desenhos. Olhava-o com um sorriso estranho, porém amigável. Nícolas nem mesmo sabia seu nome.
Quando as horas passaram e o relógio na parede continuou a rodar, pode finalmente levantar ao escutar o sinal tocar. Haviam mais pessoas do que espaço para chegar ao refeitório.
Esbarrou em algumas pessoas e como a boa educação pedia, desculpou-se com todas elas. Quando pode pisar no chão limpo e brilhante do refeitório, sentiu algo molhado chocar no seu corpo.
Só depois de alguns segundos reparou que era um refrigerante, e no chão havia salada e algo que um dia fora um sanduíche.
— Você é cego, por acaso? Não cuida por onde anda? — questionou o garoto alto, com uma jaqueta de couro e um olhar irritado.
— Foi mal — murmurou oferecendo a mão para levantá-lo, porém foi recusado com um tapa na mesma.
— “Foi mal”? Você acabou de me derrubar seu caipira idiota — bravejou, empurrando-o levemente.
— Eu sei, mas pedi desculpas — retrucou Nícolas, crispando os lábios.
— E eu não me importo com suas desculpas — Rony, como era conhecido, voltou a empurrá-lo.
— Ei, ei, ei, Rony, qual é, cara! Deixa ele, foi sem querer e ele pediu desculpas — o terceiro intrometeu-se no meio dos dois, com um sorriso brincalhão e sanidade de quem não sabia onde estava se metendo.
— Saia da frente, Arthur — a voz rouca e agressiva de Rony sugeria uma possível briga, assim como uma possível detenção.
— Para com isso, Rony! Não vai querer perder seu “cargo” de jogador titular, não é? Você sabe que minha mãe odeia brigas — Arthur balançou a cabeça e novamente sorriu.
— Está me ameaçando, Arthur Benson? — Rony o segurou pelo colarinho e ameaçou lhe socar.
— É, eu estou, Ronald. É melhor me soltar ou estará encrencado, posso garantir que isso aconteça — a voz saiu firme e aquela pose de brincalhão, por fim, desapareceu.
E quem também desapareceu foi Rony, junto de seus três amigos magricelos.
— Você tá legal? — questionou Arthur, mirando Nícolas.
Nícolas assentiu e deu as costas, procurando um lugar vago. Percebeu que boa parte das pessoas que ali estavam, lhe observavam nesse exato momento.
— Ei, calma aí, não vai nem me agradecer por ter te defendido? — Arthur segurou calmamente o braço do outro, lançando-lhe um sorriso amigável.
Foi com aquele sorriso que Nícolas pode perceber que aquele era o garoto que o olhava estranhamente na aula, mais cedo. Ele parecia um daqueles garotos populares; com cabelos negros, olhos verdes escuros e dentes alinhados.
— Eu não pedi sua ajuda — retrucou Nícolas, grosseiramente.
Estava irritado com Ronald, pois aquela não era a primeira vez que provava de seus insultos.
— Uau, não precisa ser tão rude assim — disse ele, soltando-o.
— Desculpe. Aquele cara me tira a paciência — murmurou Nícolas, avistando Rony pegar uma nova porção de lanche.
— Eu te entendo, acredite. Ei, venha se sentar com a gente, as outras mesas parecem estar cheias — apontou para uma mesa redonda, com poucas pessoas.
Nícolas pensou seriamente em negar, mas fora rude demais e não queria ser novamente, por isso apenas assentiu e encarou aquelas pessoas completamente diferentes dele.
Não quer ver anúncios?
Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!
Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!Notas finais do capítulo
Bem, a história não vai ser só romance, trarei também o preconceito, afinal, não existe sociedade em que pessoas não são preconceituosas e só o amor prevalece.
Até mais!