O sono já havia ido há bastante tempo, ela só estava esperando dar a hora certa para se levantar, parecia que temia que se mudasse o mínimo que fosse dá rotina algo poderia ruim acontecer, era supersticiosa e medrosa, preferia fazer como sempre e não desafiar o acaso.

Sentiu o marido levantar-se primeiro e a porta do banheiro se fechar, abriu os olhos e relaxou. Vestiu a camisola com rapidez e calçou as pantufas e seguiu para fora do quarto prendendo o cabelo em um coque malfeito.

Na cozinha, preparou um café forte para o marido, colocou sobre a mesa todas as coisas que ele gostava de comer no café da manhã e voltou para o quarto. O marido terminava de calçar os sapatos e já saia quando ela entrou no banheiro para tomar banho, enquanto a água caia nas suas costas fez algumas contas e suspirou ontem não fora um bom dia para tentarem.

Certamente o marido fizera as contas também, por isso ele se apressou em ir embora, quando voltou à cozinha ele já havia comido e ido embora. Ela sentiu uma pontada no ventre e voltou ao banheiro e teve a certeza que ontem não fora um bom dia para tentarem.

Suspirou e foi tomar seu café da manhã.

Talvez ela devesse ir ao médico de novo, não era possível que fosse completamente saudável, como ele dizia e ainda não conseguira engravidar. Todos os dias eles tentavam, ela tomava todas as precações para não comer ou fazer nada que a deixasse menos ‘fértil’. Algo tinha que estar errado. E se não era ela... talvez fosse o marido, mas se ela dissesse isso. Oh! Seria o fim.

No começo da tarde o telefone tocou e ela apressou-se para atender, talvez pudesse ser sua mãe e ela estava com saudades.

- Juliet? – a voz era firme e nada suave.

- sim, James. – ela não pode evitar a voz deprimida ao certificar-se que se tratava do marido.

- logo mais a noite vou levar meu primo para casa, ele esta de volta a cidade e ficará hospedado ai em casa, prepare o quarto de hospedes e algo bom para o jantar. – ele sugerira que ela não fazia nada bom para o jantar? Sentiu os olhos arderem. – e como vou pegá-lo no aeroporto quando sair do trabalho vou chegar mais tarde. Tchau.

Não esperando ela responder qualquer coisa desligou.

Como o marido havia pedido, ela preparou o quarto de hospedes. Colocou lençóis novos e limpos, assim como tolhas no banheiro da suíte. Mas ficou em duvida em pedir algo no restaurante preferido do marido para jantarem, talvez ele preferisse a comida do restaurante não a dela.

Acabou por fazer ela mesma o jantar, o mesmo prato que uma vez o marido elogiara, mas isso foi quando ainda estavam no começo do casamento e ele era um ser menos mecânico. Quanta coisa mudara depois que casaram, mas ela não gostava de pensar nisso, pois a faria pensar novamente o quanto era infeliz com o casamento.

Oh. Sim ela era infeliz, e sabia disso. O marido sabia disso. Todos sabiam disso. Mas ela não fazia nada para mudar sua condição. Estúpida covardia.