O sol se punha no horizonte, mais um dia terminava e mais uma noite começava. Diante da janela ela fitava a rua escurecer e algumas pessoas passarem, ela fungou e enxugou a lágrima solitária que sempre insistia em cair naquele mesmo horário. Seria alguma disfunção das suas glândulas lacrimais ou ela ainda se sentia triste ao ver a vizinha da frente voltar do trabalho e ser abraçada pela pequena menininha loira saltitante.

Pousou a mão suavemente sobre o ventre e fechou a cortina. Seguiu para a cozinha e terminou de preparar o jantar, quando acabou foi tomar um banho e esperar pela chegada do marido, como todos os dias.

Ela nunca imaginou que seguiria essa rotina, nunca desejou essa rotina, então porque a seguia? Porque não a mudava? Desejo tinha, só não tinha coragem.

- Juliet? – ela riu mentalmente ao ouvir ser marido chamar seu nome, e perceber que ele não era o Romeu que sempre esperou.

- no quarto, querido. – disse suavemente enquanto passava um hidratante cremoso com cheiro agradável nos braços.

- o cheiro que vem da cozinha é novo, o que fez? – ele perguntou com indiferença enquanto se jogava na cama. Ela guardou o hidratante e sentou ao lado do marido começando a descalçar os sapatos dele enquanto o mesmo afrouxava a gravata.

- um prato que mamãe fazia sempre. – ela sorriu e ele deu de ombros.

- só espero que não seja pesado, se não vai dificultar os nossos planos para essa noite.

“O mesmo de todas as noites”, pensou a mulher sem entusiasmo.

O jantar foi calmo e silencioso, como todos os dias. Assim que terminaram o marido levantou-se e seguiu para a sala para acompanhar o telejornal, já a mulher continuou na cozinha deixando tudo no lugar que estavam antes do jantar e limpando o que havia sido usado.

Assim que ela terminou, como todos os dias, a televisão foi desligada e o marido seguiu para o quarto. Juliet respirou fundo e o seguiu, quando chegou ao quarto ele já voltava do banheiro, ela entrou no mesmo e escovou os dentes, voltando em seguida para o quarto.

A luz estava apagada e a porta trancada, ela não via porque, moravam só os dois, quem entraria? Ela fechou a porta do banheiro atrás de si e fitou o marido levantar-se da cama, como todas as noite, ele se aproximou e baixou as alças do vestido de dormir dela. E sem paixão nenhuma nos olhos fizeram o que faziam todas as noites.