Três Formas de Amar escrita por Mi Freire


Capítulo 33
Apenas eu e você.


Notas iniciais do capítulo

Me desculpem pela demora!



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Fomos convidados para passar o final de semana na casa dos nossos pais, nossa antiga casa, pois o papai tinha preparado uma festinha de aniversário para a Sara.

Aproveitei então para gravar um vlog, mostrando todos os detalhes da pequena festinha só entre nós quatro e mostrando um pouco da casa onde eu cresci.

Assim eu poderia evitar de estar perto do Lucas, já que estava ocupada fazendo o meu trabalho.

O papai tinha acabado de acender a churrasqueira no quintal enquanto o Lucas estava ajudando a Sara na cozinha a terminar de preparar o almoço.

Como eu não era boa com nenhuma dessas coisas, eu resolvi gravar um pouquinho da casa para o pessoal.

A casa é um sobrado simples, com a fachada pintada de azul claro com detalhes brancos.

O primeiro cômodo é a sala, em um estilo mais rustico, em tons de marrom. No corredor fica o banheiro social e mais à frente a grande cozinha. Também mais rustica, com armários antigos de madeira. Na cozinha tem uma porta que dá para os fundos. O quintal é pequeno, tem um pequeno jardim no canto que a Sara gosta de cuidar e uma churrasqueira do outro lado que é o cantinho do papai.

Lá em cima ficam os quartos e o escritório. Meu quarto fica do lado do quarto do Lucas. O banheiro em frente e mais ao fundo a suíte do casal, o escritório e a sacada.

Meu quarto continua igual ao que sempre foi, só que mais organizado. Meus pais não mexeram em nada desde que eu sai dali, só limpam constantemente para não juntar poeira.

As paredes são cobertas de um papel de parede rosa-claro cheio de florezinhas. Os moveis são brancos e mais pequenos do que os do meu novo quarto. Nas paredes há varias prateleiras cheias de bonecas e brinquedos.

O quarto do Lucas também continua igual. E mais organizado se é que é possível. Até parede uma réplica menor do seu novo quarto no apartamento onde vivemos agora. Tirando os vários carrinhos, bonecos e peças de lego.

− Revivendo os velhos tempos?

Dei um pulo de susto.

Parei de gravar no mesmo instante.

− Desculpe. Eu não quis parecer intrometida nem nada. Só queria mostrar um pouco do seu quarto para o pessoal.

− Tudo bem. – Ele sorriu. – Não precisa se desculpar. Essa casa é tão minha quanto sua, Manu.

− Mas esse quarto não é meu!

− Não era assim que você pensava alguns anos atrás, lembra? Você vivia aqui no meu quarto, me chamando para brincar e interrompendo meus momentos de desenhista.

Eu ri.

− É verdade, eu não era uma garotinha fácil.

− Nunca foi.

Lucas riu também.

− Mas eu gostava, sempre gostei.

Lucas agora estava me olhando daquele jeito. Aquele jeito que até então eu desconhecia. Mas agora eu já sabia dos seus reais sentimentos por mim, já não era tão fácil ignora-lo.

De repente senti que me faltava ar.

Eu precisava sair dali imediatamente, antes que ele pretendesse fazer alguma coisa.

− Meninos, desçam já. O almoço está pronto!

Graças a Deus era a voz da Sara para me salvar desse tormento.

Eu fui a primeira a me retirar. Desci as escadas tão depressa que quase deixei a câmera cair duas vezes.

Aquela tarde nós almoçamos do lado de fora. Papai colocou uma mesinha no quintal para nós quatro. Fora o que tinha acabado de acontecer lá em cima, estava tudo muito perfeito. O céu estava azul e cheios de nuvens branquinhas.

Fiquei o tempo todo calada, apenas ouvindo meus pais tagarelarem sem parar.

− E como anda seus desenhos, filha? - Perguntou meu pai de repente.

− É, Manu, você tem alguns aí? - Quis saber a Sara. − Mostra pra gente!

Lucas olhava para mim com curiosidade.

− Do que vocês estão falando?

− A Manu não te contou, filho? – Sara me olhava toda orgulhosa. – A Manu assinou um contrato importante com uma grande marca de roupas. E ela mesma vai desenhar a próxima coleção da marca.

Lucas arregalou os olhos e depois me olhou feio sem ninguém perceber. Como se quisesse dizer porque eu não tinha lhe contato isso antes. Apenas dei de ombros, como se aquilo não fosse tão importante.

Mas a verdade é que eu não tive a chance. Não depois que ele descobriu que o Yuri me pediu em namoro.

− Não, mãe. Eu não trouxe nenhum desenho comigo. Mas eu prometo te enviar algumas ideias assim que puder.

Ela piscou, animada.

Quando estávamos quase terminando de comer meu pai veio com mais uma bomba.

− E aquele seu namoradinho grandalhão? Porque você não o trouxe aqui em casa hoje?

Lucas engasgou com a própria comida.

Sara deu tapinhas nas costas dele, preocupada.

− Quem sabe numa próxima, papai. – Respondi sem graça, sem coragem nem de olhar para ele.

Porque é que eu aceitei vir aqui esse final de semana?

Estava evidente que seriam dois dias muito difíceis.

Ajudei o papai com a louça enquanto Lucas e Sara limpavam lá fora, pois, o céu já estava escurecendo.

Depois papai e eu fomos dar uma caminhava pela cidade, porque eu estava louca para tomar um sorvete. E ele garantiu que tinha aberto a melhor sorveteria do mundo perto de casa. Ele bem que tentou convidar o Lucas para vir com a gente, mas graças a Deus ele não aceitou.

Mesmo assim levamos sorvete para todos e quando chegamos em casa alguns minutos depois, Sara e Lucas estava na sala vendo um filme qualquer.

Eu estava evitando ao máximo ficar perto do Lucas sem ninguém perceber que algo muito estranho estava acontecendo, pois isso eu disse que ia subir para o meu quarto por estar muito cansada da viagem até aqui.

Tomei um banho e fiquei apenas de roupão no meu quarto enquanto fuçava no meu celular.

Yuri: Como estão as coisas por aí?

Eu: Ótimas! E aí?

Yuri: Sem graça sem vc

Eu sorri.

Ser namorada do Yuri estava sendo mais fácil do que esperava. Pouca coisa tinha mudado entre nós. Além, é claro, de ele estar mais grudado em mim. Mas eu até que gostava disso.

Eu: O q vc está fazendo ai?

Yuri: Vendo um filme com a Lena

Eu: Ah, legal. Como ela está?

Yuri: Melhorando aos poucos.

Eu: Que bom :)

Apesar de tudo eu já não sentia mais tanto ódio dela, na verdade eu só conseguia sentir pena e um pouco de culpa por saber que ela e o Lucas não tinham dado certo por minha causa.

Eu: Vou me preparar para dormir.

Yuri: Mas já?

Eu: Tive uma viagem cansativa.

Yuri: Então vai lá, meu amor.

Yuri:  Boa noite e sonha comigo;)

Eu: Pode deixar ♥33

Depois que coloquei celular de lado, apaguei o abajur e me virei de lado para tentar dormir.

Mas adivinhem só? Eu não consegui. Não ao ouvir as risadas que vinham do andar de baixo.

Eles pareciam se divertir sem mim.

Nós éramos muito unidos, por isso era tão difícil me manter afastada. Mas era por uma boa causa. Certo?

− Boa noite, filho, querido. – Ouvi a voz da Sara no corredor uma hora depois.

Meu coração começou a bater mais rápido só de pensar que agora o Lucas estava no quarto ao lado.

Agora esquece isso, Manuela. Vai dormir. Disse a voz da na minha cabeça. Pois eu tenho certeza que amanhã vão me acordar cedinho para o café da manhã.

Eu congelei de medo quando alguns minutos depois alguém deu uma pequena batidinha na minha porta.

A casa já estava toda silenciosa e escura.

Fui até a porta e a abri o mínimo possível.

− Lucas, o que você está fazendo aqui?

− Me deixa entrar, por favor.

Estávamos falando baixinho e ele não estava usando seus óculos.

Eu me senti como se fossemos duas crianças que vão aprontar.

− Não! Ficou maluco?

− Vai logo! Antes que alguém me veja aqui.

Dessa vez ele venceu, mas só porque eu tinha medo que os nossos pais o vissem ali parado tentando entrar no meu quarto e desconfiassem de tudo.

Assim que ele entrou eu tranquei a porta com a chave e quando me virei para ele me surpreendi com sua proximidade.

− O que você está fazendo, seu maluco?

− Eu não ia conseguir dormir. Não sabendo que você estava aqui bem ao lado. – Ele levou a mão até o meu rosto e fez um pequeno carinho na minha bochecha.

− Lucas...

Minhas pernas nunca estiveram tão moles.

Lucas inclinou a cabeça o bastante para me dar um selinho.

− Lucas.

− Manu.

Essa sua voz rouca ainda ia me matar.

Não resisti.

A vontade era maior do que qualquer coisa eu poderia sentir nesse momento. Então eu, literalmente, me joguei em seus braços. Ele me segurou e andou com a boca colada na minha e uma das mãos na minha cintura e outra no meu rosto até a porta onde ele me encostou, grudando seu corpo no meu.

− Eu amo tanto você! Porque você não fica comigo, hein?

Essa pergunta não era das mais fáceis. Eu não tinha uma resposta agora. Por isso apenas o beijei de volta, querendo que o  mundo ao nosso redor desaparecesse.

Conforme ele ia me beijando com tanto desejo, a porta fez um barulho alto e nós nos afastamos imediatamente.

Será que acordamos alguém?

Era tão errado estarmos ali nos pegando em meu quarto. Eu sei! Mas quem resisti a essa carinha fofa do Lucas?

− Vamos para sua cama. – Ele me puxou pelo braço.

Nós ficamos nos beijando por um bom tempo até eu não aguentar mais o calor que percorria meu corpo.

− Por favor, me livra desse roupão!

Com um sorriso de arrancar suspiros ele desfez o laço em volta da minha cintura e atirou o roupão no chão ao lado da cama. Quando ele viu que eu estava sem nada por debaixo ele avançou sobre mim e começou a me provocar de todas as maneiras mais delirantes possíveis.

Eu só conseguia sorrir sem parar mesmo sabendo que o estávamos fazendo era muito errado.

− Puta que pariu! Que sorriso lindo! – Disse ele enterrando seu rosto no meu pescoço e depositando ali beijos enlouquecedores. Uma de suas mãos estavam sobre o meu seio.

Fechei os olhos e mordi o lábio com força para não soltar nenhum gemido que pudesse acordar a cidade inteira.

− Eu vi a história em quadrinhas que você fez para mim. – Comentei algum tempo depois. Estávamos deitados e abraçados.

− Depois que você praticamente destruiu meu quarto? – Perguntou ele em tom de brincadeira enquanto passava a mão nas minhas costas.

− Sim, me desculpe. Eu não quis. Estava muito frustrada e confusa. Mas porque você não me mostrou nada antes?

− Porque assim você descobriria todo o amor que eu sinto por você e como eu disse: eu ainda não estava preparado. Era para ser uma surpresa!

− Bom, de qualquer forma eu gostei muito. Posso ficar com ela?

− Não, não ainda. A verdade é que eu estou resolvendo umas coisas com uma editora. Eles pretendem publica-la em breve.

− Está falando sério? – Olhei nos olhos dele. – Eles pretendem publicar a sua história?

− A nossa história, Manu.

− Lucas, isso é... Incrível.

Eu não tinha palavras para expressar. Tudo parecia tão surreal. Imaginar que as pessoas saberiam da nossa história. Algo que eu nunca imaginei que pudesse acontecer, não nessa proporção.

− Eu sei. Eu não esperava... Mas e você, porque você não me contou do contrato que assinou com um grande marca de roupa? Eu pensei que compartilhássemos tudo!

− E compartilhamos! Bom, pelo menos quase tudo. Mas.... Não me culpe! Estamos passando por uma fase delicada.

− Não seria se você não tivesse aceitado namorar aquele babaca. Não depois de tudo que eu te disse.

− Lucas... Eu sinto muito.... Muito menos...

− Eu sei que sente. – Ele acariciou minha bochecha. – Mas não vamos tocar no assunto agora. Vamos fingir que nada disso aconteceu e que a única coisa que existe agora é apenas você e eu.


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Notas finais do capítulo

Vou postar o próximo capitulo agora mesmo :)