The Beauty

O amor... Dom ou Maldição?

Talvez um dom amaldiçoado.

A bela. Talvez bela demais para seu próprio bem. A reencarnação da pureza natural da vida. Um pequeno corpo, uma pequena vida, uma maldição impiedosa sobre a mais bela.

A beleza imortalizada em um pequeno frasco que transborda de conhecimentos ilimitados. A bela que por anos deixou-se enganar com as próprias ilusões. Uma alma imaculada que cresce com os anos, que sofre pelas vidas perdidas, mas que nunca dará adeus ao mundo.

Um sacrifício a condenou a aquela infelicidade. Pelo egoísmo de quem a amava a bela sofreu, se amargurou, se isolou, mas antes disso a bela tirou vidas, destruiu famílias e coordenou tudo aquilo que mais desprezava por um bem maior. Mas um dia ela notou, seu carma se tornou mais presente do que nunca antes, e assim ela se foi.

A bela que desapareceu por incontáveis meses. A bela que todos amavam. A bela imortal que ganhara o coração do ser mais perverso que o mundo já conheceu.

A bela... Ah, a beleza divina em carne e osso; aquela que todos amam e adoram. A bela que beijou os lábios da morte e pereceu nos braços deste ingênuo amor.

A bela que nunca abriu os olhos para ver sua família sorrir por seu retorno. A mesma bela que vagou por séculos presa a sua terra natal. A bela que salvou o futuro de sua família, que apoiou a todos com um sorriso, suportando o peso do passado sem derramar lágrimas ou ter qualquer arrependimento.

Tanta beleza, tanto amor, tanta vida num corpo imaculadamente frágil. Tanta saudade de um lar que ela nunca mais sentiria o calor de. Tanto tempo para a beleza se desfazer, desaparecer, mas ela ainda estava ali, impecável, única, transbordando conhecimento e dor; aprisionada a um cristal de onde nunca deverá sair.

Mas quando o calor abraçou sua pele fria e a brisa beijou-lhe a face, a bela soube que ainda não havia chego o fim. Quando os olhos negros a cumprimentaram e um sorriso juvenil lacrimoso apertou seu coração, a certeza apenas retumbou em sua mente prendendo-a a aquele momento do qual nunca se esqueceria, fazendo-a decorar cada pequeno traço daquela face que tanto amava contemplar, quanto odiava ter de guerrear contra.

Os lábios moveram-se, mas ela não precisou ouvir para saber o que diziam aqueles olhos negros já expressavam tudo o que aquele ser tão temido queria lhe informar. E ela acariciou a face dele, os dedos pequenos correndo pelos fios negros que despontavam sobre os olhos de ônix.

Então ela fechou os olhos, os lábios se encontrando pela primeira vez após séculos. O amor que ressoou pelos céus não podia ser explicado.

Só então a alma de Mavis Vermillion abandonou o mundo, talvez, para sempre.

Fim.