Acordo com o choro de Nick saindo pela baba eletrônica, me levanto com cuidado para não acordar Peeta, pego sua camisa que estava no chão, coloco sobre meu corpo e vou até ao seu quarto.

— Oi príncipe, o que foi ? teve um pesadelo? Pego ele em braços e seu choro vai cessando— O que foi? calma  estou aqui, não consegue dormir?— pergunto pra ele, que arregala os olhos como se estivesse entendendo nossa conversa, então continuo – Sabe eu tenho dois irmãos e quando eles não conseguiam dormir, eu cantava para eles! Posso cantar pra você também, você quer? — ele como é esperto responde com um sorriso banguela, então começo a cantar uma canção que minha avo cantava pra mim.

Voa, coração

A minha força te conduz

Que o sol de um novo amor em breve vai brilhar

Vara a escuridão, vai onde a noite esconde a luz

Clareia seu caminho e acende seu olhar

Vai onde a aurora mora e acorda um lindo dia

Colhe a mais bela flor que alguém já viu nascer

E não esqueça de trazer força e magia,

O sonho e a fantasia, e a alegria de viver

Voa, coração

Que ele não deve demorar

E tanta coisa a mais quero lhe oferecer

O brilho da paixão, pede a uma estrela pra emprestar

E traga junto a fé num novo amanhecer

Convida as luas cheia, minguante e crescente

E de onde se planta a paz,

Da paz quero a raiz

E uma casinha lá onde mora o sol poente

Pra finalmente a gente simplesmente ser feliz

Um menino caminha e caminhando chega no muro

E ali logo em frente a esperar pela gente o futuro está

E o futuro é uma astronave que tentamos pilotar

Não tem tempo nem piedade nem tem hora de chegar

Sem pedir licença muda nossa vida

Depois convida a rir ou chorar

Meia hora depois Nick já estava dormindo como um anjo, fico mais alguns minutos com ele nos braços, pois é tão bom sentir seu cheiro, confesso que nunca tive desejo maternal, principalmente quando as coisas eram mais difíceis, mas olhando pra esse serzinho é como se tudo que vivi não fosse importante, ele trás uma paz que acalma meu coração, é como amor de mãe, é o mesmo que sentia pelo meus irmãos quando cuidava deles. Não sei por quanto tempo fiquei o admirando, mas saio dos meus pensamentos, quando escuto Peeta.

—Te acordou? Desculpe, eu não escutei, você me deixou cansado— diz dando essa desculpa, que não é tao desculpa assim visto que dormimos pouco, mas arqueio as sobrancelhas e retruco.

—Não escutei você reclamando, tenho sono leve e, você sabe que eu adoro tudo que é relacionado ao Nick, mesmo acordar de madrugada e conversar com ele— digo e coloco Nick no seu berço.

— Nunca vou reclamar de você. E sobre mim,  gosta de tudo que é relacionado a mim ?— pergunta sem cerimonia me deixando vermelha, é claro que  gosto dele,  jurei a mim mesma que nunca mais ficaria com alguém por quem eu não tivesse sentimentos e confesso que já tenho sentimentos ate demais para o meu gosto, só não sei expor assim, tão abertamente.

— Claro Peeta, vem vamos voltar a dormir! — digo puxando ele pela mão e,  pela cara que fez não era essa a resposta que queria ouvir, mas o que queria que eu falasse? Também não escutei nenhuma declaração dele.

Assim que voltamos pra cama, nos deitamos de frente um para o outro, como  previa não vou conseguir dormir tão cedo e noto que ele também esta acordado, pois sua respiração não esta calma, mas logo quebra o silencio.

—Katniss namora comigo?—diz assim do nada, passando a mão pelo meu rosto e meu coração quase para nesse momento. Nunca fui namorada de alguém, nem sei como se faz isso e,  se eu não conseguir e se ele perceber que sou uma certinha sem sal e insuportável, então tento arrumar uma desculpa.

—Peeta nós mal nos conhecemos.—digo isso por que também é verdade, mal nos conhecemos, mas  parece não se importar, da uma risada sem graça e completa

—Katniss nós dormimos juntos, tivemos uma noite maravilhosa juntos e desde o primeiro dia em que coloquei os olhos em você, eu só penso em você. Sei que parece idiota, mas é o que sinto, eu nunca senti isso, nem pela mãe do Nick!—sua declaração enche meu peito de esperança, mas eu continuo em silencio, pois  sempre achei essas historias de pessoas que se apaixonam desde o primeiro dia melosas e fajutas. Como duas pessoas que nunca se viram na vida podem se apaixonar em um tão curto período de tempo? mas eu acho que estava enganada, por que aconteceu, pelo menos de minha parte, mas não sei como agir e se pra ele for algo passageiro e, se eu deixar ele entrar de vez no meu coração, pra depois deixa-lo aos pedaços. E se? E se? Odeio essa conjunção, mas esqueço das minhas paranoias quando escuto sua fala

—Você não quer, é isso?. Você ama outra pessoa? Já sei, você tem alguém te esperando no Brasil, é claro que tem, como eu fui um idiota em pensar que você estava livre!— diz irritado se levantando da cama e só ai raciocino o que diz, ele pensa que estou relutante porque acha que já tenho alguém na minha vida, mas é ao contrario, nunca tive e nem quis ter, até o dia em que o conheci, mas tenho medo de desapontá-lo, de me desapontar, de não ser boa o suficiente para ele e não sei como explicar as minhas inseguranças, então digo ficando de joelhos na cama.

—Não Peeta, eu não amo e não tenho ninguém me esperando no Brasil além da minha família—seguro seu maxilar, ele me olha nos olhos.

—Então me de um motivo!— ele quer uma explicação, Peeta é um homem experiente e eu não sou uma menininha, na verdade nunca fui e não vai ser agora que vou fugir, então tento ser o mais sincera possível, suspiro cansada

—Peeta, a verdade é que eu nunca tive espaço para relacionamentos na minha vida, eu nunca namorei, nunca me apaixonei, nunca quis dividir minha vida com ninguém e quando eu digo nunca é nunca mesmo! – ele me fita espantado e desvia o olhar, mas continuo —Até que te conheci aquele dia na praia, me recriminei tanto por me sentir atraída por você. Você despertou em mim coisas que imaginei ser incapaz de sentir e por que achei que você fosse casado! – dou uma risada sem graça, mas ele continua desviando olhar —Olha pra mim!— peço e sou prontamente atendida, pois ele me olha fixamente me dando coragem pra continuar—Peeta, eu quero você, eu quero tudo o que você quiser comigo, eu só preciso que você me ensine, por que eu não ... —não consigo terminar de falar por que ele toma meus lábios com um beijo desesperado

—Isso foi um sim? —depois de minutos ele pergunta

—Acho que sim!—respondo sorrindo e terminamos a noite nos braços um do outro.

Acordo assustada com o despertador que já marca 7:30 da manhã.

—Peeta acorda, temos que ir trabalhar!—digo no se ouvido, espalhando suaves beijos.

—Pode me acordar assim todos os dias se quiser, vou adorar!— diz me puxando, fazendo com eu fique em cima dele.

—Não faz isso, eu sou pesada – digo por que é verdade, tenho estatura media, dois palmos mais baixa que Peeta, mas tenho um corpo um pouco avantajado, não sou magra, mas estou longe de ser gorda.

—Você não é pesada, já disse que você esta na medida certa!— diz e passa as mãos por dentro da camisa que estou vestindo.

—Para Peeta a Greasy já deve estar ai e precisamos nos levantar! — por mais que eu queira continuar com ele nessa cama, não posso, hoje tenho que ir na redação e ele precisa ir, por que tem uma reunião as nove, mas como é teimoso  e não desiste.

—OK, então toma banho comigo!— gira seu corpo e fica por cima dessa vez, abre os botoes de sua camisa que esta no meu corpo e quando ia responder, vejo Finnick e Gale invadindo o quarto, me deixando sem reação. Mas, Peeta é bem ágil, joga o lençol para cobrir meu corpo. Não que eu estivesse pelada, mas a camisa era curta demais e ficava um pouco transparente.

—Olha só, o que temos aqui!— diz Gale e eu não sei onde enfiar minha cara de tanta vergonha

—O que pensam que estão fazendo invadindo minha casa assim? Alias, meu quarto!—indaga Peeta, muito irritado

— Primeiramente bom dia Katniss e bom dia maninho! — dessa vez é Finnick que se pronuncia e parece que esta achando graça da situação, me deixando mais nervosa. Só respondo balançando a cabeça, com um leve cumprimento pois acho que perdi minha voz. Sei que depois vou achar graça da situação, mas agora não vejo graça alguma, pareço uma adolescente sendo pega fazendo algo errado.

—Para de enrolar Finnick e diz logo o que vocês vieram fazer aqui — indaga Peeta mais uma vez e vejo que se eu não sair daqui agora, depois vai ser pior, então me apresso a dizer:

—Tenho uma ideia melhor, vou deixar vocês conversarem a sós por que eu estou atrasada, então poderiam se virar só um minutinho pra eu poder sair? — peço por que minha roupa não esta apropriada

— Há mais não vou mesmo!— essa é a fala do incha vida do Gale

— Vira logo Gale! — escuto Peeta dizer entredentes e assim que o fazem, pego minhas coisas que estão jogadas pelo chão. Saio fechando a porta, passo no quarto do Nick e vejo que  ainda esta dormindo, dou um beijo me despedindo, porque só vou retornar do trabalho depois do almoço. Assim que entro no meu apartamento, tomo meu café e me arrumo, pois  quero chegar mais cedo na redação para conseguir voltar o quanto antes. Assim, que termino pego minha bolsa e as chaves do carro, quando estou fechando a porta vejo que Peeta faz o mesmo, porem ele esta com Nick todo arrumado e com a bolsa de passeio, o que acho estranho, pois ele sempre fica com a Greasy.

—Bom dia Príncipe, onde você vai com ele? —pergunto pegando ele no colo.

—Vai ter que ir trabalhar comigo! 

— Como assim, cadê a Greasy ?—pergunto porque não a vi quando sai, então ele me conta que esse foi o motivo da visita de Finnick e Gale, pois a neta da Greasy sofreu um acidente e como ela mora em uma cidade um pouco distante daqui,ela teve que sair as pressas e como não conseguiu falar com Peeta ontem, pois alega que ligou inúmeras vezes tanto no meu celular, quanto no dele, porem não atendemos, e o telefone fixo só dava ocupado, ela entrou em contato com Finnick pedindo pra checar se estava tudo bem e transmitir o recado.

—Como você vai trabalhar com ele Peeta? E sua reunião?— pergunto pois Nick é muito pequeno, ele gosta de atenção, se você não der ele fica bem manhoso.

—Não há outro jeito Katniss, não tenho com quem deixar, amanha vou ter que ver alguém, mas por hoje ele vai ter que ir comigo e minha secretaria pode olhá-lo nos momentos que eu estiver ausente! — assim que ele fala sobre a secretaria, uma ideia surge na minha cabeça, pois minha secretaria tem um bebe e no quinto andar onde é concentrado o maior numero de mulheres, possui uma espécie de Ambiente Baby, para as mães que possuem filhos que ainda dependem do leite materno e tem também três ou quatro supervisoras super competentes que tomam conta das crianças, então penso que posso aproveitar e deixar Nick lá enquanto termino de entregar meus artigos e depois volto com ele pra casa.

—Peeta eu tenho uma alternativa, é claro se você concordar! — explico a ele, que logo concorda, mas,  fica preocupado achando que vai  me atrapalhar, mas garanto a que não. Só digo que vai ter que colocar a cadeirinha do Nick no meu carro, pois não tenho. Rapidamente ele atende meu pedido e diz que vai tentar terminar o quanto antes suas reuniões. Antes de ir se despede me beijando e  falando inúmeras vezes que vai sentir minha falta, me deixando ainda mais apaixonada e suspirando por ele.

Assim que chegamos no prédio vou direto para meu andar apresentar Nick a Johanna e Clove.

—Nossa Everdeen, você é rápida, já fez um filho, adoro essas brasileiras!— eu reviro os olhos, porque Johanna faz cada comentário sem graça.

—Há Há Há, muito engraçado, esse é o Nick meninas, lembram? meu vizinho, ele vai trabalhar conosco— e logo elas se encantam por ele e confesso que fico enciumada, por isso invento que ele esta com fome e que preciso leva –lo para o berçário, o que não é totalmente mentira, já que eu também preciso trabalhar. Assim que uma das instrutoras consegue distraí-lo, deixo ele aos cuidados dela, sob inúmeras recomendações e, a cada meia hora vou checa –lo de longe, pois só assim fico mais tranquila. Após as duas da tarde, arrumo minhas coisas, pego Nick no berçário seguindo para casa, pois trabalhei direto e não parei para almoçar, então estou faminta.

Meu príncipe dormiu no caminho, assim que chego no apartamento ligo o ar condicionado, deito ele na minha cama, fazendo barreiras com o travesseiro e edredom para evitar uma queda, pois vou ter que deixá-lo só, enquanto almoço e tomo banho. Depois que termino o banho envio uma mensagem a Peeta avisando que já estamos em casa, meia hora depois ele chega, trazendo algumas besteiras para comer e passamos o restante do dia cuidando do Nick conversando e rindo da cena que tivemos cedo, na verdade ele estava bem curioso a respeito da minha vida no Brasil e ficou bem chocado quando disse que desisti da advocacia para me tornar jornalista, mas não quis aprofundar o assunto visto que é uma longa historia. Já o restante da semana nos revezamos para cuidar de Nick devido a ausência de Greasy, e a cada momento que passo ao lado dos dois me sinto mais leve, me sinto deles e que não existe outro lugar no mundo que eu queira estar.