À primeira vista escrita por Yasmin


Capítulo 18
Garota Problema.


Notas iniciais do capítulo

Olha só quem voltou?

Podem brigar! Eu mereço.

Mas, agora o capitulo esta ai, podem ler e comentar, vocês andam muito preguiçosos. Rsrsr

Enfim, me façam voltar mais rápido, com presentes e comentários.

Boa leitura, espero que gostem.

Bjs.



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Ainda não chegou o inverno, mas um frio fora de época tomou conta da cidade. Meu Príncipe está bastante gripado, pela brusca mudança no tempo. E, eu feliz por não ter de comparecer na redação. Deveria ser feriado. Como viver com um frio desses? Ainda não consegui sair da cama e nem quero fazer isso hoje.

—Não vai mesmo levantar dessa cama hoje?—Diz meu noivo.

—Não, aqui está perfeito. —Nick e eu estamos, juntos, quentinhos debaixo do edredom, enquanto ele arruma sua gravata para trabalhar.

—Na minha próxima encarnação, serei jornalista. Vida mansa, muito mansa.

— Mansa é? —Pergunto.

—Sim, horários flexíveis, trabalham em casa e o melhor de tudo. Bom salário.

—Bom salário?—Me contenho para não rir e acordar meu príncipe.

—Claro, olha pra você! Carro do ano, paga um dos aluguéis mais caros da cidade, “desnecessariamente”. —Frisa essa última palavra porque acha um absurdo eu manter meu apartamento sem ocupá-lo.—E tem mais sapatos do que precisa usar.—Ele reclama dos meus sapatos também. Diz que em nossa casa, teremos um quarto só para guardá-los.

—Fala isso, porque ainda não viu meu contracheque. Se ver, vai chorar. Quanto ao apartamento não devolvi porque tenho meses de aluguel pago, e se eu quebrar o contrato, não serei reembolsada e ainda pagarei uma multa. — Me sento para colocar, mais uma blusa de frio.

—Trabalha tão feliz, achei que fosse o emprego dos sonhos.—Emprego dos sonhos? Não, nem um pouco, não vou mentir que é gratificante ver seu trabalho exposto, com seu nome ali escrito debaixo de cada matéria.

—Quando era mais nova ficava na frente da TV imitando os apresentadores do telejornal. Mas, na minha cidade não tinha o curso de jornalismo, levando em conta que esse ramo a carreira não é muito promissora, quando você não nasce em um berço de ouro. Ainda mais onde morava. Tudo era muito incerto, então foquei no curso de Direito, “garantia de riqueza e carreira brilhante”. Os anos na advocacia me renderam uma boa poupança, e como não tinha com que gastar, fiz uns investimentos que deram certo. Se vivesse com que o jornal me paga, estaria ferrada.

—Então, porque trabalha lá?

—Porque é o que gosto de fazer. Tenho uma mente fértil. E como vivia solitária essa foi a forma que encontrei de extravasar, aparecer na  TV, saiu dos meus planos na adolescência, sempre fui muito tímida, então optei pelo meio de comunicação em papel, entende?

—Em que investiu, posso saber?

—Não está atrasado?—Busco uma saída e ele nega seriamente. Tira o terno que já estava sobre o corpo e entra debaixo das cobertas.

—Não, ainda está cedo. Tenho tempo.—Fala isso, então busco em minha mente a melhor forma de explicar, esse parte da minha vida.

—Bom, eu não nasci ou cresci em uma grande metrópole. Sou considerada uma caipira.—Não me envergonho disso, aliás, esse meu jeito interiorano é algo que me orgulho. Sou caipira, mas não burra ou desinformada.

—Como assim? Não parece, ser uma caipira.

— Posso, não parecer pela aparência, mudei muito, mas ainda tenho uns costumes bem matutos. Sou do interior, quase do fim do mundo. Me mudei pra capital, para concluir meus estudos. Uma capital pouco desenvolvida, mas, foi onde consegui boas oportunidades. Digamos que meu estado todo é considerado uma roça ou um celeiro. Lá é onde ficam grandes plantações, fazendas e mais fazendas de gados. Entenda como o Texas de vocês. Mas, aí você inclui muito verde e calor.

—Quer dizer que vou me casar com uma fazendeira? —Pergunta debochado. — Cadê  a bota e o chapéu, amor?

— Vai ficar me zoando mesmo, já, paro por aqui! —Digo revirando os olhos.

—Advogada, jornalista e fazendeira. —Diz olhando para o teto e depois para mim. — Fala aí amor, de onde vem sua mina. Não aceita minha ajuda com nada, feminista que da raiva. —Sua fala sai calma e com um tom uma curiosidade sem igual.

—Nós temos uma pequena indústria, no ramo alimentício. Nada demais. —Sou sucinta, é uma história longa e requer tempo.

—Sua mãe disse que é um negócio rentável. Mais de 500 funcionários.

—Peeta, esse assunto é muito longo. Juro que, quando for até lá, te contarei detalhe por detalhe. Porque não aproveita esse tempo pra me beijar? —Beijo seu pescoço na tentativa que para de falar a se concentre na gente.

—Você é uma manobrista. Mas, tudo bem me contento com essas respostas por enquanto. —Fala colocando suas mais ágeis dentro de minha blusa.

—Amor o Nick! —Lembro do filho, ao nosso lado.

—Eu sei. Era só aperitivo. Preciso ir, mas quando eu voltar para o almoço você não me escapa. —Fala me beijando, e ficamos assim até que ele desgruda.

—O que decidiu sobre a Delly?—Contei como ela se referiu ao Nick. Até entendia sua repulsa por mim, mas se ela está interessada em um cara que tem um filho, o mínimo que a se fazer é demonstrar um pingo de afeto. E, a forma como falou dele, me deu tanta raiva que fiquei fora de mim. Peeta ficou tão irado que cogitou até demissão.

—Hoje ela vai dar uma volta no RH. — Ele levanta colocando seu terno novamente. Parece sério.

—Tem certeza? Sabe, que não gosto, na verdade odeio que trabalhe tão diretamente com você. Mas, não vou morrer, por isso. Se for por mim, não precisa fazer, confio em você. Porém, o limite de distância que impus ainda continua. Cem metros, ok? 

—É por você e pelo Nick, ela desrespeitou você, e meu filho. Quero encerrar com isso agora, para evitarmos problemas no futuro. Tudo bem?

—Peeta...

—Esqueça isso! Se precisar de ajuda com o Nick me liga. —Me ajoelho na cama ajeitando seus fios louros. Seguro seu rosto com as duas e lhe beijo ternamente.

—Sentirei saudades o dia todo. —Sussurro no seu ouvido e enterro meu rosto no seu pescoço.

—O que deu em você morena, está romântica. —Ele fala me erguendo, da alguns passos até encontrarmos com a porta.

—Estou apaixonada!

—Posso saber por quem?

—Por um loiro, mais ou menos.

—Mais ou menos?

—Sim, mais ou menos, com mãos ágeis e lábios deliciosos. —Ele ri bem ato.

—Shiuuu! —Faço sinal de silêncio—Quer acordar seu filho papai? —Ele nega com a cabeça e me beija mais uma vez. Agora mais voraz, como suas mãos quê, por dentro da blusa encontraram rapidamente minha pele desnuda.

—Precisa ir! Vai se atrasar.

—Eu sei, mas não consigo ir. Posso ficar aqui e viver só de amor?

—E quando a barriga doer de fome? O que faremos?

—Amor.

—Proposta tentadora, mas temos um menino faminto. E daqui há alguns anos teremos mais três, lembra que prometeu isso a dona Clara?

—Claro e pode ter certeza que vou cumprir. Mas que eu saiba você é rica! Pode nos sustentar.

—O que? Tá querendo dar o golpe do baú senhor Mellark. Agora entendi a pressa para se casar.

—Droga! Descobriu minhas intenções. Preciso ir.

—Está piadista hoje. Isso é porque está frio?

—É porque acordo ao lado da mulher mais linda do mundo, a mulher que amo e a mais teimosa. —Mesmo após todos esses dias ainda fico sem jeito com seus elogios. Até tento ser expressiva como ele, mas não chego aos seus pés. Então retribuo, abraçando como se não houvesse o amanhã. Ficamos mais alguns minutos nesse ritual. Ele abre a porta do quarto, diz mais coisas lindas. Me fazendo dar graças a Deus por tê-lo conhecido. Por ele ter colocado um fim na minha jornada solitária.

Depois que ele se vai, volto minha atenção para Nick. Me certifico que está quente o suficiente.  Passo alguns tempo concentrada no trabalho, faço algumas ligações na redação.

—Bom dia filha!

—Oi, já estou quase pronta? —Coloco a gargantilha de ponto luz que Peeta me deu.

—Tem certeza que quer ir? Esse pé não vai te atrapalhar? Falando nisso quando vai tirar essa bota?

—Semana que vem ficarei livre. Não se preocupe vamos? —Falo pegando minha bolsa de lado.

Annie ficou de me ajudar com a decoração da casa. Passamos o restante da manhã e parte da tarde, olhando móveis, decorações e tudo relacionado do meu novo lar. Confesso que me senti muito bem com isso. Me senti uma mãe de família.

—Vamos parar um pouco, estou faminta. —Diz Annie, colocando a mão na barriga e me olha sorrindo.

—Claro, também estou com fome! —Ligo para Peeta, avisando onde estamos e pra onde vou. Ele ainda está muito em cima. Tem receio que algo me aconteça, mas garanto a ele que não ficarei sozinha por nada. Não, com esse bando de mulheres ao meu lado.

Assim que chegamos ao restaurante, fazemos nossos pedidos. Annie se senta ao meu lado e, a todo momento parece querer dizer algo.

—Tá tudo bem? —Pergunto olhando seu prato, ainda intocado. O que acho estranho. —Sua cordeiro não está bom?

—Não estou conseguindo nem sentir o cheiro. —Sua fala sai baixa, como num sussurro.

—O que está sentindo? —Digo no mesmo tom.

—Enjoo.—Me olha aflita.—Estou com medo! Acho que estou grávida.

—Medo? Isso é lindo Annie. Finnick vai ficar doido se for verdade. —Seus olhos enchem de água.

—Quer conversar depois?— Annie, é muito reclusa. Sua fala é sempre calma, sempre meiga. Se dá bem com todos, mas é vaga demais as vezes. Ela confirma com a cabeça e encerro o assunto por hora.

Dias se passam e minha vida fica cada dia mais tumultuada. A organização do casamento, os cuidados com Nick e com a família tem colocado meu trabalho em último plano. Pela primeira vez na vida estou desleixada com meu trabalho. Prim, também deixou o orgulho de lado e pediu ajuda com alguns problemas que ela está  enfrentando em nossa casa. Quando estava lá, cuidava da parte jurídica da empresa. Contratos e tudo mais só eram assinados com minha anuência. Mas, contratei Daniel, como nosso patrono. Apesar de não nos falarmos mais, confio no seu trabalho. Então não tive reservas quando contratei seus serviços. E como um bom profissional que é, não deixou de pegar a conta de nossa empresa. Não é um contrato milionário que garante milhares por mês. Mas, os honorários que pagamos mensalmente são razoáveis.

—Oi!—Peeta entra no banheiro, é outro que anda cansado. Demitiu a Delly, e por vingança, ela saiu da empresa levando um documento importante. Ele está tentando conversar com ela, tentando resolver de forma amigável, mas, a cretina está relutante e menti dizendo que não sabe onde deixou.—Como foi seu dia?—Desligo o secador, permitindo que me abrace. Mesmo com os problemas ele não muda seu jeito carinhoso e quando está assim, fica mais grudento que o normal.

—Tirando o fato que nossas mães estão me enlouquecendo. Foi tudo bem. —Effie e minha mãe, estão em uma guerra, pelo casamento e principalmente pelo Nick, estão disputando a atenção dele.

—Há é?—Fala passando sua orelha no meu pescoço. Desamarra os nós de meu roupão.

—Você é insaciável. —Seguro suas mãos.—Vamos jantar daqui há, alguns minutos!

—Ainda temos tempo de sobra. E eu quero jantar você. —Pelo reflexo do espelho, vejo seus olhos azuis cheios de desejo. Ela tira meu roupão, me tortura por alguns minutos e me entrego novamente sem resistência. Juro que, se não me cuidasse, já estaria grávida.

—Liguei para o Daniel, pedi a ele que iniciasse os trâmites do seu casamento. —Minha mãe quebra o silêncio. E assim que escuto o nome de Daniel, olho para Peeta, que não gosta nem de ouvir o nome dele.

—A Melissa vai cuidar disso pra mim! —Falo contrariada pela ideia e porque também já tínhamos acertado tudo.

—Só vamos daqui a três dias, sabe como é a burocracia. Então pedi a ele ir adiantando.—Minha mãe não sabe do envolvimento que tivemos, ou dos sentimentos que nutria por mim. Então fico apreensiva, por ela ter dito sobre o casamento. Nosso caso aconteceu a mais de um ano, mas quando estava lá, ele ainda insistia nisso. Me cercava todos os dias, quando bebia o primeiro lugar que batia era na minha porta. Chorava aos montes, sentia um suave aperto no coração. Me sentia a pior pessoa do mundo. No escritório me chamavam de megera, que não me importava com ninguém. Mas com essa distância espero que ele tenha me esquecido e seguido com sua vida. Torço por isso, que encontre alguém que possa amá-lo, como eu não pude e não fiz um pingo de esforço pra isso.

—Que bom, odeio mexer com essas coisas. Estou livre desse carma. — Diz Melissa. Olho pra ela de modo reprovador, sem entender, porque esta concordando com isso.

—É, deixa ele cuidar! —Peeta também concorda, o que acho estranho. Porém não digo nada.

Minha mãe passa o jantar falando da festa de noivado, que será daqui quinze dias. Tenta me convencer de convidar sua mãe para vir, porém não concordo isso.

Assim que termino de dar o jantar a Nick, sigo com ele para o quarto. Ligo a TV e ficamos assistindo o canal infantil que não chama muito sua atenção.

—Qué mamã?— Ele mostra sua chupeta e deita em cima de minha barriga. Depois  me abraça e me beija, recebo seu carinho sempre com muita emoção.

—Quanto amor. —O pai entra, o pega no colo, ficam um bom tempo se mordendo, mas logo meu bebe quer andar para todos os lados e ele vai atrás.

Pego meu notebook. Vejo algumas mensagens na minha caixa de entrada. Abro os e-mails da redação e algumas intimações de processos que ainda saem em meu nome. Encaminho para o setor responsável do meu antigo trabalho para que tomem conhecimento. Em seguida localizo uma mensagem de um remetente que não conheço, o título da mensagem é: Reunião

Senhorita Everdeen,

Me chamo Seneca Crane, sou advogado de defesa do congressista Heavensbee. Gostaria de marcar um horário para uma conversa no meu escritório. Seria possível?

Aguardo seu retorno quanto vossa disponibilidade.

Garanto que o assunto é de seu interesse.

Congressista Heavensbee? Advogado do congressista Heavensbee? O que ele quer comigo? Desde a publicação da matéria, soube que muita poeira já se ergueu pela cidade, a denúncia foi feita e o processo instaurado. Agora o que quer comigo, não faço idéia. Fico preocupada com isso. Mas não vou decidir nada enquanto não falar com meu editor chefe.

— O que foi? — Peeta me chama.

— Nada, só um e-mail do jornal. —Guardo meu notebook. —Faz uma massagem? —Ele faz o que peço, sei que vai cobrar o mimo de outra maneira depois, mas não me importo.

—Temos um jantar amanhã.

— Com os italianos?

— Sim, com  aqueles carcamanos dos infernos. —Rio de sua fala, faz um bom tempo que está tentando fechar negócio com uns italianos, e só agora eles aceitaram, porém o Termo com as clausulas contratuais já revisadas por eles, a Delly fez o favor de levar, como uma retaliação por Peeta tê-la demitido. Ele afirma que sem esse termo com certeza não irão fechar negocio, e como já estava em cima da hora para cancelar o jantar, vamos mesmo só para não manchar o nome da empresa. Já pensei em inúmeras formas de ajudá-lo, mas ainda não tive nenhuma ideia.

—Tudo bem! Mas e, o Nick?

—Pra não ter briga com nossas mães, falei com a Greasy, ela vai ficar com ele.

—Elas estão enlouquecendo, devíamos ter nos casado em segredo evitaríamos essas brigas. —suas mãos param com os movimentos na minha lombar.— Já parou? —Reclamo, estava tão bom, me viro, pra ver o motivo, e o porque do silencio.

—Tem certeza que é por isso? —Ele fala.Suas sobrancelhas estão arqueadas de forma engraçada. —Ou porque não queria que seu amiguinho ficasse sabendo do casamento? —Assim como eu, ele também sente ciúmes do meu passado, ficou bastante enciumado quando disse que ainda tenho contato profissional com meu “amiguinho”. Mas ele não tem motivos pra isso.  Confesso que quando fiquei com Daniel era porque queria perder minha virgindade, sabia que ele gostava de mim, pois não era muito discreto com relação a isso. É um homem bonito, galante e educado. Sonho de consumo de muitas das minhas antigas colegas de trabalho. Mas não o meu. Meu sonho está aqui na minha frente com uma cara zangada e ar de insegurança.

—É, o que pensa?

—Quero ouvir de você? Vi que não gostou quando sua mãe disse que contou a ele do casamento.

— Como sabe que não gostei? Não disse nada.

—Você não precisa falar, sei quando gosta ou não de uma coisa. —Sorrio com sua fala nervosa. Não gostei mesmo, não por ele saber ou não. Mas, iniciar os tramites do meu casamento? Isso não quero mesmo. Sempre neguei tudo, jurava de pé junto que nunca me casaria, que não era mulher para isso. Então não quero ficar esfregando isso na cara dele. É como se eu dissesse: “Viu, o problema é você”.

—Iria querer a Delly, cuidando dos tramites do nosso casamento, sabendo que ela gosta de você? Não gosto dela, morro de ciúmes de você. Embora isso não acho legal ficar esfregando naquela cara aguada dela. É crueldade demais. Além do olho gordo que iria colocar. Penso o mesmo sobre ele.

—Então diz que me ama, que sou o  único que você ama, que sou  homem mais lindo desse mundo. — Rio alto demais para meu gosto e digo:

—Eu te amo seu idiota, metido. —Minha mãos estão presas acima de minha cabeça.

—Não, tem que dizer que sou lindo, assim não te libero. —Fala isso arranhando sua barba no meu pescoço.

—Não vou dizer. — Sussurro

—Tem certeza? —Confirmo com  a cabeça, então ele ataca minha boca de modo intenso como sempre. Nossas línguas dançam uniformemente como nossas mãos. Estamos tão perdidos em nós mesmos que nos assustamos quando Finnick, deixa um tapa estalado no traseiro de Peeta, que pula de cima de mim, como se estivesse fazendo algo errado.

—Isso é hora loirão? — Essa é a fala de Finnick, que gosta de provocar o irmão.

—Que porra Finnick, não tem mulher não? Isso é hora de fazer visita? —Finnick gargalha e Peeta resmunga. —Vou trocar essa fechadura. Deus do céu, não posso nem. —Tapo a boca de Peeta, impedindo que fale besteira.

— Boa noite Finnick, cadê a Annie?— Cumprimento meu cunhado e ele faz o mesmo.

—Veio sim, está na sala com sua mãe. Aliás, vocês podiam esperar o garoto dormir em? — Reviro os olhos com seu comentário, deixo os dois no quarto e sigo até sala.

—Oi Annie. —Beijo seu rosto.

—Oi! —Ela se aproxima, parece aflita e até imagino o motivo. —Desculpa aparecer a essa hora Katniss, mas precisava falar com você. —Em nossa última conversa disse sobre a suspeita de gravidez, mas não quer se iludir, a última vez que tentou engravidar, ficou tão obcecada que sofreu enormes transtornos, iniciando uma gestação psicológica que quase acabou com seu casamento.

—Para com isso Annie, sabe que pode vir a qualquer hora, vem, vamos procurar um lugar mais reservado. —Levo ela até meu apartamento, ela se senta no meu sofá, esfregando as mãos uma na outra de modo nervoso. — E ai? Os enjoos continuam? — Vou logo ao assunto.

—Não só os enjoos, mas todos os sintomas, estou apavorada Katniss e se for minha cabeça de novo? —Está nervosa, começa a chorar e, confesso que não sei o que fazer.

— Calma Annie. —Pego suas mãos. —Você precisar ter calma. Já falou com seu marido? —Ela nega. —Porque não fala com ele, Finnick é tão sensato e te ama.

— Não posso! — Fala imperiosa. — A última vez eu quase o perdi. Não quero passar por isso de novo. Eu não aguento Katniss. —Busco em minha mente uma forma de ajudar.

— Vamos ao médico amanhã. Isso fica entre a gente. Ninguém vai saber. Se a gravidez se confirmar você presenteia seu marido com a notícia e se ainda não for a hora, conte se quiser. —Falo isso e ela começa a chorar mais ainda. Sento ao seu lado a abraçando. —Calma Annie, tudo acontece no seu determinado tempo. —Ela me olha, fecha os olhos e tenta segurar o choro.

— Mas eu queria tanto. Cinco anos tentando, cindo anos que meus pais me cobram, minha sogra, meu marido. Já não sei o que faço Katniss. — Duas porque eu também não sei o que faço com você, penso em dizer, mas não posso ser tão insensível, mas também não sei lidar com toda essa choração. Porque não é o fim do fundo.

— Fica calma, vamos ao seu médico. E só depois, pensaremos, no próximo passo. Não adianta ficar sofrendo por antecipação. Limpa essa cara. — vou até o banheiro pegando um lenço de papel. — Vai, limpa essa cara, isso sim é motivo pra seu marido te deixar, Deus me livre, você fica muito feia quando chora. —Falo firme, ela me olha assustada, mas faz o que peço.

—Você parece um general. —Limpa suas lagrimas. — Por isso o Peeta só anda na linha. —Rio, por já ter ouvido isso outras vezes.

—Você tem que ser mais firme, não adianta ficar se vitimizando. Sei que é difícil querer uma coisa e não conseguir. Ter um filho é o desejo de muitas mulheres, mas, se não é possível pelas vias naturais existem outras maneiras. A medicina está tão avançada e tem a adoção. Não vê minha situação? Amo o Nick de um jeito incondicional, não existe diferença se ele saiu de mim ou não. Ele é meu.

—Mais seu, que de qualquer outra pessoa! —Ela fala e abaixa a cabeça. —Eu sei, já pensei nisso, mas não sei se meu marido vai aceitar.

—O que vou aceitar? —Finnick e Peeta entram na no apartamento. Annie fica muda, então invento alguma coisa:

—Ir na minha despedida de solteira. —Digo olhando pra Annie que dá um meio sorriso.

—Porque não aceitaria cunhadinha?

—É, porque ele não aceitaria? —Intervém Peeta, me olhando desconfiado.

—Porque é Madge que está organizando, sabe que ela tem uns gostos bem exóticos. Bem, bem, é.. Peculiares. —Gaguejo tentando encontrar a melhor forma de mentir. —Há não preciso ficar falando muito a irmã é de vocês, a conhecem bem.

—Conheço mesmo, e você também não vai em despedida nenhuma. Você não é solteira, somos casados praticamente.—Meu noivo ciumento entra em ação.

— Vou sim, e Annie também. Não é Annie? — Ela confirma.

—Ei, dona Katniss, você manda naquele loiro ali, deixa minha esposa. — Finnick ciumento Mellark, da o ar da graça.

—Ela não manda em mim! — Diz Peeta.

— Não mando Peeta?— Coloco as mãos na cintura. —Lembrarei disso mais tarde. — Finjo estar zangada. Ele tenta me abraçar, diz que é meu amo, meu gênio da lâmpada e escravo sexual.Ficamos mais algum tempo jogando conversa fora. Mas, logo nosso pimpolho pede pra dormir.

—Pegou os resultados? —Estou acompanhando Annie na consulta como propus a ela.

—Estão aqui! —Mostra o envelope na sua mão. —Não consigo abrir. —Nunca vi Annie desse jeito, está péssima, pelas olheiras não deve ter dormido a noite toda.

—Quer que eu abra? —Ela assenti, mesmo com receio pego o envelope de sua mão. Abro com cautela, leio algumas coisas que não entendo, mas, no final encontro o resultado: Negativo. Como falarei isso a ela? É a pergunta que me faço agora.

—O que diz ai Katniss? —Fala apreensiva e seus olhos brilham. Mas não tenho outra alternativa se não, dizer a verdade. Puxo ela pela mão para que se sente ao meu lado e digo sem rodeios.

—Deu negativo Annie. — Assim que me ouve, esconde seus rosto com as mãos, chora alto, me dando vontade de chorar junto, então tento consolá-la. — Não fique assim Annie. Sei que está tentando a um bom tempo, mas você é nova. Não precisa de cobrar tanto, se acalme.

—Acalme? Como quer que me acalme, sou oca katniss, nem um filho posso gerar, não vê. Meu marido vai me deixar. —Na sua fala consigo sentir toda angustia que está passando, a decepção e o medo que sente de perder Finnick. Algo que acho impossível. —Me desculpa katniss, me desculpa. —Diz assim que percebe que se alterou chamando a atenção das pessoas  em nossa volta.

—Pode gritar! É, bom as vezes sabia? Quer ir para um lugar mais reservado? Pode gritar comigo, não me importo. —Tento amenizar o clima e ela ri.

—Só quero ir pra casa. — Agora sua voz é baixa. Sei que Finnick está ocupado demais com o jantar de negócios que teremos mais tarde e ficar sozinha pensando besteira não vai ajudá-la muito.

—Temos o jantar hoje, lembra? Preciso de um vestido e arrumar o cabelo, quer me acompanhar? —Na verdade eu precisava ir trabalhar, já estou sem a bota. Mas ela precisa de mim. Penso que se foi capaz de abrir seus problemas comigo é porque confia na minha amizade.

—Não ia voltar para o trabalho hoje? —Torço o nariz negando.

—Hoje é sexta, não estou nem um pouco afim. Um dia a mais e um dia a menos não vai me matar. Vamos, preciso de ajuda pra andar na cidade, se não vou acabar me perdendo. —Reflete um pouquinho, mas logo aceita o convite, entro no carro e ela faz o mesmo. Passamos horas escolhendo um vestido apropriado, ela não está cem por cento. Mas fico o tempo todo dizendo coisas reconfortantes. Dando ideias, falando da minha relação com o Nick. De como não vejo diferença alguma nessas coisas de sangue, que adoção não é algo de outro mundo se ela estiver disposta a dar amor a outrem.

—Annie, você tem amizade com a Delly? —Estamos no caminho de casa, compramos nossas roupas, arrumamos o cabelo e tudo que temos direito.

—Amizade, amizade não. Mas, conversávamos até você aparecer e ela romper com toda família. Acredita que até com a Glimmer ela parou de falar. — O meu Deus, tadinha delas, e agora, com quem irão conversar sobre a importância das cutículas. — Porque?

— Preciso que me leve até ela, na casa dela especificamente.

— Pra quê?

—No caminho te explico, liga pra ela e diz eu está indo vai? É importantíssimo. — Quando estava no salão Peeta telefonou querendo saber de minhas coordenadas. Senti que estava tenso, por conta do contrato que a aguada da Delly levou da empresa. E sei como é importante fechar esse negócio pra ele e pela saúde financeira de sua empresa, farei o possível para ajudá-lo, mesmo que seja de um jeito torto.

—Katniss, tem certeza e, se não der certo?—Estamos subindo o elevador do prédio da vaca, que mesmo de mal grado aceitou falar com Annie, que mentiu dizendo ter um recado de Peeta para ela.

—Claro, que vai Annie, ela não é muito inteligente. Distrai-a na cozinha. Fala mal de mim, sei que vai adorar e pode mentir um pouquinho sobre o Peeta. Enquanto isso vou tentar procurar o contrato no notebook, quer dizer, rezar que não tenha deletado. Preciso tentar! —Estou decidida, serei tão rápida que nem vai me notar. Assim que Annie toca campainha ela atende, a cumprimenta de modo falso e eu observo tudo escondida em um dos cantos do corredor. Escuto Annie falando alguns coisas sobre mim que logo chama sua atenção. Elas se afastam deixando a porta aberta e já não escuto mais suas vozes. Em passos silenciosos entro no seu apartamento. Uau! Pelo menos ela tem bom gosto, penso. “Há mais é óbvio Katniss, tanto que ela quer seu noivo.”

 Escuto a risada das duas, Delly oferecendo um chá para Annie e deduzo que estão na cozinha. Na sala não há sinal de notebook, abro algumas portas e logo encontro um cômodo parecido com um escritório. Livros e livros de Direito. Vejo seu notebook em uma escrivaninha, corro até ele, ligo rezando para que a burra não tenha senha. E comemoro quando consigo acessar os arquivos com facilidade. Dez, quinze, vinte minutos se passam, estou quase desistindo. Até encontrar uma pasta com título. “Amor”.

Amor a cara dela, meu sangue ferve quando vejo fotos dos dois. Não tem muitas, nada íntimo, parecem mais amigos. Tem até algumas de quando eram adolescentes. Mesmo assim, quero socar cara dele por ter ficado com essa cobra peçonhenta. Foco Katniss, Foco. Chegando em casa ele me paga. “Foi só uma aventura amor. Nada demais.”

Clico em mais algumas páginas e quase caio para trás com a presença de Annie.

—Quer me matar de susto? —Sussurro para ela que responde no mesmo tom:

—Anda Katniss, ela já está desconfiando.

— Cadê ela?

—No banheiro, não para de chorar, ficou emocionada quando disse que Peeta sente a falta dela.

—Não era pra você ter dito isso.

—Você disse pra eu dizer isso.—E verdade eu disse, mas tenho ciúmes até da mentira.

—Tá volta pra lá, preciso só de mais cinco minutos, ainda não achei.—Falo concentrada. Ela fica parada me olhando.—Vai Annie, é para seu marido também. —Reforço e ela se vai.

Clico em mais uma pasta avulsa e pulo de alegria, quando encontro o contrato original. Dou um jeito de enviar para meu e-mail, apagando qualquer vestígio que estive aqui.

Mas, deixo uma lembrancinha para ela!

Saio do apartamento, chego até o hall  de entrada e, envio uma mensagem para Annie descer.

—Conseguiu?—Pergunta assim que chega no hall de entrada do prédio, parecendo uma pilha de nervos.

—Claro!  Já estamos atrasada, Peeta deve estar querendo me matar. —Estamos mesmo, o jantar é as oito e já são quase sete da noite.

—Eu quero matar você Katniss Everdeen, não acredito que fizemos isso. Achei que tivesse mais juízo, acabamos de roubar um documento. —Ela esta uma pilha de nervos, peço ao porteiro um copo d água. Explico a ela que não roubamos, só recuperamos o que é da empresa.Não fizemos nada de errado.

—Katniss Evedeen? A jornalista?—Um homem de cavanhaque, olhos azuis escuros feitos sombras. Não me identifico, esperando que se apresente e, ele o faz.—Prazer, me chamo Sêneca! Advogado de defesa do congressista, lhe enviei um e-mail, marcando uma reunião.  Estou há dias tentando falar com a senhora. Se, lembra de mim?

—Sim, vi seu e-mail. — Na verdade fui orientada pelo Sr. Smith, para não responder, se quer entrar em contato. Quando escrevi a matéria fui informada dos pros e os contras. Mas como os fatos eram concretos escrevi sem receio, e agora não sei o que quer comigo.—O que faz aqui? —Pergunto séria, porque se for outro doido me seguindo, juro que chamo a policia.

—Moro nesse prédio, nosso encontro não passou de uma simples coincidência. Escutei sua amiga te chamando, e como não tem um nome comum, já sabia que era você, enfim, podemos conversar em um lugar reservado?—Olho desconfiada, ele pede para o porteiro confirmar, até mostra correspondências em seu nome com o mesmo endereço do prédio.

—Não posso, estou atrasada. Porque não conversa com o jurídico do jornal? Se,  o congressista não gostou da matéria, é com o jornal que ele tem de resolver, não comigo. —Ele ri, descaradamente.

—Podemos marcar um horário, preciso muito negociar com a senhora antes que essas especulações ganhem força.

—Especulações? Diga ao congressista que não tenho nada para negociar, se ele quiser, pode me processar, processe o jornal. Não vou me vender. O que ele quer, que eu desminta? — Dou as costas, mas ele me segura.

—Você realmente não sabe com quem esta lidando, tome meu cartão senhorita. Me ligue, vamos tentar resolver isso amigavelmente, o Smith foi muito esperto colocando uma estrangeira recém chegada ao país para assinar uma matéria contra o congressista. Jogada de mestre a dele, é para o seu bem aceite!—Sua fala é certeira, ameaçadora. Pego o cartão de sua mão, pensando em como consigo me meter em confusão tão rápido. Vai ser sempre assim, resolvendo problemas um atrás do outro? Porque a vida não pode ser sem complicações?


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Notas finais do capítulo

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Leiam minha outra fic - The Five Dreams

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