O Mito das Guerras Santas - Primevas escrita por Waulom Amarante


Capítulo 16
Capítulo 16 - Tigre e Leão


Notas iniciais do capítulo

Anteriormente em O Mito das Guerras Santas - Primevas
Selkh de Escorpião e sua aprendiz, Clair de Tarântula, enfrentavam uma inimiga poderosa que usava armas envenenadas. Selkh revela a amazona de prata que era imortal pois fora abençoado pelo deus Anúbis. E graças a essa técnica sobreviveu a sua invasão ao Templo de Poseidon, numa batalha contra o Marina de Sirene.
Num ataque mortal, Clair se sacrifica para que seu mestre pudesse encerrar o combate.
Clair de Tarântula caiu para que seu mestre vencesse.



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A cruz trazia em torno de si uma espécie de cordão feito dos pedaços de uma armadura de prata.

– Selkh você…

– Eu estou bem Canaã.

– Ela era sua discípula. Poucos de nós resolveram tutoriar cavaleiros de patentes menores.

– Clair era corajosa. Era poderosa. E caiu de maneira nobre ante a um inimigo forte.

– Sim sem dúvidas.

–Eu não posso permitir que a morte dessa brava guerreira seja em vão, Canaã.

– Nenhum de nós permitirá venceremos essa guerra custe o que custar. Eu vi o corpo da Berseker… aquela expressão…

– Foi a Antares. A técnica da agulha escarlate propaga dor não somente física, mas após a morte a vítima terá sua alma consumida pela dor por toda eternidade.

– Isso é macabro Selkh, quero morrer seu companheiro, te protegendo de preferência.

– Esse é o preço… - ele se abaixou depositando uma flor branca delicada sobre o túmulo da aprendiz - o preço pela minha imortalidade é a minha dor na alma.

A noite caíra sobre o santuário, Canaã estava numa ronda pelas imediações das doze casas na parte mais densa da floresta. A completa escuridão, ele pensou, aquele era talvez seu ambiente. Sua memória remontou até Yamí, sua terra natal. Aquela parte do mundo fora castigada por Apollo por manter cultos ao antigo deus Sol, Abel, assim o astro rei não iluminava aquela parte do planeta oculto por nuvens densas e obscuras perpetrando a noite sobre aquelas terras, onde nada prosperava. Canaã se tornou líder daquele povo, por sua bravura em enfrentar os chamados monstros da escuridão que atacavam as pessoas para lhes roubar a alma. Como líder ele decidiu que seu povo não merecia mais a punição imposta por Apollo. Procurou os maiores magos de suas terras e com eles descobriu que Athena a deusa, irmã de Apollo estava no mundo humano, em guerra contra o Deus dos Mares Poseidon. Canaã decidiu que iria até a deusa pedir intercessão por seu povo em troca de sua vida, entregando a ela sua força como cavaleiro.

– Você é rápido. - disse Canaã em voz alta, com um tom de voz despreocupado. - Mas seu cheiro permanece.

A silhueta se formou na penumbra das árvores. Em torno dela um cosmo brilhante.

– Você é um Berseker? Claro que é… seus cosmos são diferentes dos nossos, apesar de o seu chegar muito perto do cosmo de um cavaleiro. Mas aquele ponto de agressividade e de sanguinolência ainda está ai.

– Você é um cavaleiro de Athena, com certeza… - a silhueta sombria veio à luz revelando a imagem de um homem de armadura branca. - Eu sou Julian de Ultimablade.

– Um espada… interessante. - o cavaleiro simplesmente apareceu atrás do berseker. - Eu sou Canaã de Leão, o Punho de Athena.

Agora o berseker quem desapareceu e reapareceu sobre o galho de uma árvore.

– Uau! Você é bom vai ser uma luta e tanto esta…

Canaã só teve tempo de ouvir o metal da espada sendo desembainhada. O corte veio frontal, mas não atingiu Canaã, a espada de Julian foi parada por um escudo luminoso. O guerreiro estava agora de volta às costas do Leão. Seu corpo reto, os braços cruzados. Tinha um semblante deveras tranquilo para alguém que desafiou um dos 13 cavaleiros de ouro de Athena. Os olhos eram azuis e contrastavam harmonicamente com a armadura branca.

– Julian, me diga o que é esta armadura? Não é uma fúria. Sua coloração não é a das vestes de Áres.

– Está a uma das armaduras sagradas de Rondínia.

– Você é um dos cavaleiros “daquele que convida”?

– Sou. Originalmente Julian de Sussano’o.

– Pertence à Tríade de Izanami… Sussano’o, Tsukoyomi e Amaterasu.

– Pelo visto conhece bem minhas terras natais.

– Sou o líder do povo Yamí, andei pelo mundo inteiro a procura de quem retirasse o castigo que recaiu sobre o povo, infligido por Apollo o deus do Sol! - o cavaleiro não tinha uma postura agressiva, mas o berseker também não. - Estive com “Aquele que Convida” há muito tempo atrás…

“Os templos do oriente eram realmente suntuosos.

Canaã chegou a Rondínia, nas terras onde hoje restou apenas a parte alta formando a ilha do Japão.

O povo de Rondínia era conhecido por seu pacifismo inigualável. E estavam protegidos das guerras dos deuses ocidentais pelo seu próprio deus. O nome dele era Izanami, Aquele que Convida.

Canaã chegou aos portões do imenso templo, que era mais como um palácio. La vivia o poderoso deus de Rondínia, conhecido pela criação da deusa Solar, da deusa Lunar e do deus Trovão.

Por incrível que pareça Canaã foi simplesmente encaminhado até a grande sala onde a figura gigante estava sentada num trono tão imenso quanto. Seu rosto encoberto pela penumbra da sala, de modo que somente era visível da altura do peito para baixo.

– Você é Canaã, líder do povo Yamí. - a voz parecia vir de todos os lados da sala.

– Sim.

– Muito bem… o que te trás de terras tão distantes ao meu templo, Canaã?

– Preciso salvar minhas terras da maldição de Apollo. E o senhor é o pai de Amaterasu, a deusa solar.

– Você deve saber que não nos metemos nos assunto dos Olimpianos, não é mesmo jovem?

– Mas senhor, eu estou desesperado, já roguei a todas as divindades do Olimpo, mas todos temem Apollo, por ser o filho que mais se assemelha a Zeus.

– Já tentou falar com sua irmã Athena?

– Athena…?

– Sim, ela é a deusa a quem foi entregue o domínio da Terra para que Zeus se refugiasse nos confins do universo. Ela é soberana sobre os reinos dos Olimpianos.

– Mas o senhor acredita que…

– Ela vai te ajudar, Athena precisa de guerreiros poderosos, para a guerra que terá com seu tio que está tentando devastar os continentes com ondas e tempestades torrenciais. Ela está criando armaduras feitas de gamânio e pó de estrelas para que seus guerreiros não sofram mais no campo de batalha. Seja um desses cavaleiros, e consiga uma das armaduras que é banhada pelo Sol. Athena com certeza irá lhe ajudar. Nunca ouvi falar de uma deusa tão compassiva como ela…”

– Então esteve mesmo com meu senhor, Izanami.

– E ainda estou curioso, guerreiro. Como um dos mais poderosos defensores dele foi parar nas hordas de Áres?

– Izanami era pacífico demais e temia que as guerras santas do oriente acometessem seu povo. Era hora de alguém enfrentar os deuses.

– E aí você se alia ao pior deles?

– Isso não importa, não tenho mais nada a falar com um guerreiro morto.

Novamente o guerreiro se moveu numa velocidade impressionante, mas os reflexos de Canaã já se adaptavam a enfrentar alguém tão veloz quanto ele mesmo. Ele explodiu o cosmo evitando um novo ataque da espada de lâmina branca.

Agora vestia a sagrada Armadura de Leão.

Mais uma vez o fio da espada estava pronto a decepar sua cabeça e parou. Canaã tinha as luvas em formas de garras, a mão estendida a poucos centímetros do rosto e a espada imóvel a poucos centímetros da mão.

O que é essa poderosa barreira que este homem cria?

– Deve estar curioso, não é mesmo Guerreiro Imperial? É assim que eram chamados os soldados dele? Quando eu vim até Athena ela me mostrou o meu verdadeiro poder a habilidade que estava meu sangue e como eu poderia usá-la para ajudar meu povo, por isso hoje ela tem minha total fidelidade e confiança.

Ele deu um salto mortal para trás… elevou o cosmo…

– Coroa de Luz!

Uma explosão de energia emergiu do solo abaixo de Julian… um pilar de luz se elevando aos céus. Que findou-se tão rápido quanto surgiu.

– Você é um guerreiro e tanto, assumiu sua técnica mais poderosa logo de cara para finalizar o confronto.

Julian estava sobre o esquife formado pela luz solidificada que restou do ataque de Canaã.

– Mas eu não queria te vencer… - ele deu uma risada ampla -… estava apenas me aquecendo, esta não é nem de longe minha técnica mais poderosa.

Agora foi Julian quem riu com liberdade.

– Então… - ele saltou de cima dos cristais de luz.

– Bom para começar você deveria falar comigo diretamente, desde que chegou apenas duas vezes esteve realmente aqui.

– Então já havia descoberto minha técnica? - a voz do guerreiro vinha de outra direção.

– Quando lancei o ataque, eu sabia que não era você.

– E se permitiu gastar tanto cosmo assim?

– Eu já disse isso não foi nada. Mas estou intrigado do que são seus clones.

– Divisões da minha alma. Materializados em luz. Eu chamo esta técnica de “Los Tigres”.


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Notas finais do capítulo

CANAÃ DE LEÃO
Cannã foi o guerreiro nomeado para ser o Cavaleiro de Leão.
Canaã era o mais poderoso guerreiro que existia nas terras de Kuna (onde hoje temos o sudeste e sul brasileiros até o extremo sul da América Latina). O Guerreiro buscava o poder para iluminar o território de Yami que cortava as terras de Kuna (Yami corresponde ao centro-norte da América Latina. Enquanto a porção norte de Kuna cobria toda América Central) num imenso território engolido pelas trevas onde era morada de seres malignos.
Obs: Na imagem Julian, o Imperial de Sussano'o.



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