— Não vá... — sussurrava contra os lábios daquele rebelde garoto. A testa de ambos coladas e os olhos fechados enquanto as respirações estavam quentes e descompassadas pelos beijos trocados.

Mas ele não lhe ouvia.

— Não posso continuar nesse lugar, Regulus. Não pertenço a ele — respondeu Sirius, descolando finalmente sua testa da dele e distanciando-se do corpo do mais novo com lentidão.

Não seria diferente daquela vez.

Regulus abriu os olhos.

— Então essa é sua decisão final? — indagou com frieza, mas não esperou a boca do outro abrir para continuar. — Vai me deixar e viver com aquele maldito traidor de sangue?

Porque nunca foi.

Sirius suspirou e o outro soube que ele estava apenas tentando ter a paciência que nunca teve.

— Já conversamos sobre isso — disse, por fim.

— POIS NÃO CONVERSAMOS O BASTANTE, ENTÃO! — gritou, fechando os punhos. Sentia tanta raiva no peito que não aguentara.

O único dia que se deixara levar pelas fortes emoções.

Sentiu as bochechas molhadas, e levou um tempo até que percebesse eram suas lágrimas.

O único momento em que se permitira chorar.

Sirius o encarou desolado e então se aproximou de si novamente, roubando-lhe um beijo. Não era um beijo carinhoso, mas violento, cheio de paixão, loucura, desespero, amor. Um último beijo para que soubesse que seu coração que lhe pertencia. E era verdade.

Sirius sempre pertenceria a Regulus. E Regulus sempre pertenceria a Sirius.

Seja o caminho que os dois seguissem fossem diferentes, seja o que fizessem; suas almas estavam unidas e fundidas num só. E era forte. Muito forte.

E pensando nisso, Regulus ouviu a maldição ser proferida:

— Avada Kedavra! — a voz fria soou com a varinha apontada para seu peito.

E tudo que viu antes de se entregar à morte foram os olhos prateados, os cabelos negros sempre longos e a gargalhada que mais parecia um latido de Sirius.