No dia seguinte ao anúncio da Seleção, o príncipe Massimiliano começou a se acostumar com a ideia, afinal, não podia ser tão ruim assim. Dois dias depois toda essa confiança sumiu, e ele se encontrava aterrorizado. E, como sempre, Amelie parecia ter um impressionante sexto sentido, que a fazia aparecer do nada, sempre que Mass precisava dela.

— MASS! – Amelie pulou em seus braços, assim que chegou ao palácio, e seu familiar cheiro de rosas era absurdamente agradável ao príncipe.

— Oi, Melie. – Ele disse por entre sua cabeleira loura. Assim que se soltaram, ele perguntou algo que já sabia a resposta: – O que faz aqui?

— Soube da Seleção, e resolvi vim ver como você está. – Lógico que sim.

Eles começaram a andar pelos corredores do palácio.

— Eu estou muito bem, na verdade.

Ela o encarou com a aquele olhar de “Uhum-você-já-pode-parar-de-mentir-para-mim”

— Eu estou enlouquecendo! – Ela riu diante do sincero desespero do melhor amigo. – Não é engraçado, Amelie! É assustador! Trinta garotas estranhas de países diferentes estão vindo para cá em uma semana! UMA SEMANA, AMELIE! O QUE EU VOU FAZER?! E depois, eu vou ter que escolher uma para morar comigo fora do planeta, e ainda por cima vão mandar Vicento para lá também! Você faz ideia do que é isso?!

— Na verdade, eu mal faço ideia do que você está falando, porque você fala muito rápido! E, além disso, você precisa de acalmar; vai dar tudo certo, okay? Qualquer coisa você sabe que pode me ligar, e eu venho para cá o mais rápido que puder. E como assim vão mandar Vicento para Luna?

— Pois é. Eu não vou poder governar a Itália, e ninguém é louco o suficiente para deixar qualquer coisa nas mãos do meu irmão, então vão manda-lo para lá, como meu conselheiro, e o Pietro vai ficar com o país.

Amelie processou a informação.

— E ninguém vai estranhar isso?

— Logico que vão, mas todo mundo sabe do “acidente”. Só espero que ninguém comente nada.

Eles andaram por alguns minutos, até que chegaram a biblioteca, e se sentaram num dos sofás.

— E então, como vão os preparativos para o casamento? – Amelie era princesa de DACH Land, e, por interesses comerciais que mais tarde (infelizmente para Mass) se tornaram pessoais, iria se casar com o príncipe Julius, herdeiro do Reino Unido, deixando o país para seu irmão mais novo, Jakob.

— Ah, estão fantásticos! – O brilho nos olhos dela era lindo, e seria mais ainda se a causa dele não tivesse nada a ver com Julius. – Está quase tudo pronto, só faltam as roupas! Ah, e eu queria te perguntar uma coisa. – Ela parou e olhou-o nos olhos. – Você sabe que eu não te chamei para ser uma de minhas madrinhas porque, bem, madrinhas não são homens. Mas Julius não consegue pensar em ninguém para seu terceiro padrinho, e ele concordou em ser você! O que acha? Eu sei que você vai estar no meio da Seleção, e eu sei que você odeia o Julius, e se você não quiser eu vou entender completamente.

Ele a encarou por longos dois segundos.

Padrinho de Julius? Ela só pode estar brincando comigo.

— Claro! – O que você tem na cabeça, Massimiliano? Você odeia o cara! Você sabe que ele vai quebrar o coração da sua melhor – e única – amiga! – Vai ser uma honra, Melie. – Não, não vai.

Ela o abraçou mais uma vez.

— Sabia que podia contar com você.

♛

Depois que Amelie foi embora, Massimiliano se preparou para o Jornal Oficial. O Jornal fora ideia de Gregory Illéa, mas quase todos os países usavam esse método hoje em dia.

Quando chegou lá, a primeira pessoa que o abordou foi sua mãe. Ela sempre estava estonteante, mas naquele dia específico, ela havia se superado: não lembrava de quando havia visto-a tão bonita.

— Por favor não me diga que você está assim pelo anúncio das selecionadas e sim porque suas criadas simplesmente acordaram mais inspiradas hoje.

A rainha soltou uma gostosa risada, típica de quase todos os habitantes da Itália.

— Eu entendo que você está nervoso, querido – ela disse enquanto ajeitava seu terno -, mas vou te dar uma dica da qual o tio Maxon me contou: pense que são só nomes. Não vai parecer tão assustador assim.

Ele forçou um sorriso e tentou fazer com que a informação penetrasse no seu cérebro: São só nomes, só nomes. Depois que falou com sua mãe e recebeu tapinhas nas costas e encorajamentos de todos os conselheiros, encontrou seu pai no meio da multidão de maquiadores, câmeras e ternos, conversando com o apresentador do Jornal, Donatello.

— Pai, posso falar com você por um minuto?

— Claro, filho. Qual o problema? – O rei o puxou para um canto, dispensando gentilmente o apresentador com um gesto de mão.

— Não me leve a mal, mas eu preciso te perguntar isso. Eu estava falando com a rainha Eadlyn outro dia, tirando umas dúvidas sobre A Seleção. – Seu pai fez um sinal com a cabeça para que continuasse. – E ela me disse que na Seleção do tio Maxon, o pai dele sabotou o sorteio e escolheu ele mesmo as candidatas, e que sempre que eu pensasse que a minha Seleção é uma droga, eu deveria lembrar que pelo menos era autêntica. Mas, eu não posso viver com essa dúvida: existe alguma possibilidade, qualquer possibilidade, de alguém ter manipulado o meu sorteio?

O rei o encarou por uns segundos como se ele tivesse perdido a cabeça, até que seu olhar se suavizou.

— Massimiliano, eu posso imaginar como a pressão está sendo forte para você, e que é completamente natural que você encontre outro lugar, que não competição em si, para depositar sua preocupação, mas você precisa se focar totalmente na Seleção. Essas meninas estão aqui como símbolo de que a União se importa com o povo, e de que Luna é de toda a Terra, e esse é a única coisa que eu preciso que essas garotas sejam além de garotas. Não preciso de contatos, dinheiro, ou boa família. Preciso apenas de alguém que meu filho possa amar, e por isso que não há motivo algum para que eu tenha sabotado o sorteio. Pode parecer clichê, mas eu prefiro que o destino traga sua garota até aqui. – Ele soltou uma risadinha.

Mass encarou seu pai, incrédulo. Como ele podia entende-lo tão bem? O príncipe deu-lhe um abraço, que foi interrompido pelo anúncio de que estariam no ar em poucos minutos. Dirigiram-se para seus respectivos lugares, e Massimiliano esperou o discurso tradicional de seu pai terminar para ouvir aquelas palavras da boca de Donatello:

— Benissimo! Mille grazie, Vossa Majestade! E agora vamos ao tão esperado momento da noite! As Figlie di Italia!

Era agora. Era hora de anunciar as selecionadas.