Até que a morte os una - (EM REVISÃO) escrita por SillyNina


Capítulo 7
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

OIEEEE POVÃÃÃÃÃÃOOOOOOOOOOO!!!!!
Bom, primeiramente gostaria de desejar um FELIZ ANO NOVO PRA TODO MUNDO!!! CONSIDEREM ESSE CAP UM PRESENTE PARA A PASSAGEM DE ANO DE VOCÊS!!!
Bom, devo dizer que eu sinceramente não me senti totalmente satisfeita com este capítulo, tanto que quando fui revisar alguns erros, eu me senti realmente horrorizada com alguns parágrafos, tanto que depois fiquei alguns dias reescrevendo vários trechos para ver se ficava da maneira que eu desejava, não é algo 100% satisfatório para mim mas, foi o melhor que eu consegui, prometo que da próxima vez me dedico um pouco mais.
Espero que tenham compreendido o que eu quis passar pra vocês e que este capítulo possa ao menos agrada-los. ^^
Dúvidas, críticas, sugestões e tudo o mais nos comentários! Boa leitura!



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Não sabiam quanto tempo havia se passado desde o último momento em que eles conseguiram ouvir as vozes dos funcionários se distanciado do local ao qual ele eram obrigados a considerarem como ´´casa´´, só sabiam que assim que não sentiram mais a presença deles por perto os três integrantes da pequena banda começaram logo a se movimentarem lentamente, estabelecendo rapidamente o seu modo livre que era sempre ativado durante a noite automaticamente.

– Ufa! É tão bom poder se mexer sem a programação te ordenando o que fazer... - comentou Chica enquanto estendia os músculos dos braços em um movimento de exercício prático.

– É... - concordou desanimadamente Freddy.

– Que desânimo é esse Freddy? - retrucou a menor rapidamente - você é um dos que mais fica feliz normalmente nesses momentos.

Rangeu os dentes levemente.

– Precisamos discutir sobre um assunto - pronunciou-se sem responder a pergunta da outra, esta resolvendo apenas ignorar a atitude rude do moreno, enquanto ele se dirigia aos dois animatrônicos que se encontravam em lados opostos a si, em cima do pequeno palco.

– Tudo bem, Freddy... mas... será que eu não posso... - direcionava o olhar discretamente na direção da Pirate Cove, insinuando com as íris escarlates o local ao qual ele precisava conferir a situação naquele momento, enquanto expressava um semblante claro de preocupação, os braços cruzados em frente ao peito.

Freddy suspirou.

– Tubo bem, Bonnie... Vá! E se conseguir aproveite para chamar Foxy também, ele não gosta muito de sair de lá de dentro... - disse ao arroxeado, um tanto melancólico.

Com a permissão concedida pelo líder da pequena banda, o guitarrista desceu rapidamente do palco num pulo só, porém, antes mesmo que conseguisse caminhar em direção ao seu destino ouviu o mais velho o chamar novamente.

– O que foi? - indagou rapidamente.

– Só... tome cuidado, Bonnie - inspirou durante alguns segundos, não deveria incumbir o coelho de fazer algo daquele tipo - nos encontramos na cozinha, ok?

– Foxy nunca me machucaria, Freddy - respondeu simplesmente ao apelo do moreno - eu confio nele... não se preocupe, encontramos vocês na cozinha - encerrou a frase com um leve sorriso brotando-lhe nos lábios, porém, seus olhos - que se encontravam levemente serrados - ainda expressavam perfeitamente a sua preocupação com o rumo que tudo à sua volta parecia estar tomando.

Precisava agir com cautela.

– Tudo bem... - concordou com o olhar um pouco baixo, possivelmente pelo constrangimento que o atingiu após perceber que ele - não intencionalmente - desconfiara do que o protagonista da atração ao lado poderia fazer ao coelho, estando na sua atual condição.

Bonnie não era cego, ele via muito bem que depois do que ocorrera em 1987 seus amigos passaram a agir de uma maneira um tanto diferenciada. Pareciam sempre mais... tensos e se preocupavam agora com uma frequência visivelmente maior, principalmente Freddy.

– Mas, por que justo na cozinha Freddy?! Aquele lugar é sagrado! É o lugar aonde as pizzas são feitas! E não aonde você pode fazer as suas ´´reuniões´´ diplomáticas! - reclamava a loira em um tom audível somente para o urso que a arrastava pelo pulso do palco até o corredor leste, o mesmo simplesmente ignorando as objeções da outra com relação a escolha do local aonde seria realizada a reunião.

Bonnie riu de leve com a situação, ter uma audição tão sensível tinha seus privilégios.

Quando se recordou de seu objetivo anterior, se dirigiu rapidamente para a atração do pirata novamente, sentindo a garganta seca e um frio percorrer-lhe a barriga subitamente. Logo se aproximou dos tecidos arroxeados, que de certo escondiam a figura do outro.

Desta vez não temeria por nada.

Inspirou profundamente cerrando os olhos lentamente, depois de alguns poucos segundos de meditação abrindo estes novamente, um brilho de determinação invadindo as íris carmesim.

Abriu sem cerimônias as duas cortinas púrpuras em um rápido movimento com uma das mãos, em seguida podendo ver a forma da raposa escorada em uma das paredes mais ao fundo.

–Foxy? - chamou-o, tentando fazer evidente sua presença, recebendo nada além do mórbido silêncio em troca.

Engoliu em seco, aquilo com certeza não era um bom sinal.

Sem se importar com formalidades nem nada do tipo, adentrou o penoso cômodo silenciosamente, fechando as cortinas agora detrás de si rapidamente. O breu era quase completamente predominante no local.

Avistou a figura do outro abraçado as próprias pernas, com o rosto escondido entre as mesmas sentado em um canto mais ao fundo, parecendo se esconder de algo estando naquela posição.

Ao caminhar em sua direção, o menor pode ver as orelhas que o outro possuía se levantarem em sinal de alerta, como que interceptando sua presença, estas sendo a única região pertencente a cabeça do maior que se encontravam visíveis, além das um tanto extensas madeixas ruivas.

Porém, na mesma velocidade com a qual fizeram tal movimento, as mesmas logo voltaram para a posição inicial de quando o menor adentrara a atração do tal pirata.

Estranhou um pouco o ato, estaria Foxy o ignorando?

Se sentou ao seu lado em uma posição bastante semelhante a do outro, em seguida tentando analisar a situação com cautela para não permitir com que si, fizesse algo que prejudicasse o maior ou até mesmo estivesse fora de contexto no presente momento.

Por que ele se encontrava maneira?

Ao analisar algumas possibilidades, quase se bateu por não se recordar de um detalhe de extrema relevância.

´´E se... Foxy, ouviu aquela conversa hoje de manhã também?´´ contraiu as orelhas em sinal de aversão ao imaginar essa opção, não pelo outro, mas sim por culpa de sua própria estupidez em não pensar naquela hipótese antes.

Sentiu um sentimento de arrependimento lhe invadir, tomando-lhe conta dos pensamentos, como pudera permitir com que aquilo acontecesse?!

Tentou se privar daquela sensação o máximo possível, ele ainda possuía um amigo para ajudar, este que decerto necessitava muito mais de apoio e ajuda do que si.

Se obrigou a esquecer de suas próprias necessidades e sentimentos, se voltando para o outro rapidamente, o abraçando quase que instintivamente, sem pronunciar uma única palavra.

Por que fez aquilo?

Foxy a princípio não teve reação, tamanha a surpresa que tivera quando o outro partilhara daquele ato de consolação consigo.

Levantou gradualmente a face, interrompendo o gesto de carinho e fixando suas íris douradas nas rubis.

– Por que, Bonnie? - perguntou, a voz quase sumida.

– Realmente precisa de um por quê...? - riu sem graça.

O que eles fariam dali pra frente, depois de receberem a notícia de que aquele lugar ao qual suas almas foram aprisionadas, seria possivelmente deixado para apodrecer em breve?

– Você ouviu aquela conversa hoje de manhã.... não foi? - indagou inseguro o coelho.

Foxy se surpreendeu ligeiramente. Como... ele sabia sobre aquilo?

Porém, como que lendo seus pensamentos o outro logo lhe respondeu a pergunta que ecoava em sua mente repetidas vezes, utilizando um tom que quase não o permitiu escutá-lo.

– Eu tenho boa audição, não foi difícil escutar... mas eu receei por você, tive uma sensação horrível... achei que você não estivesse bem...

Realmente trocaram olhares, mas aquilo fora suficiente para despertar tamanha preocupação no outro?

Não suportou mais, simplesmente desabou em lágrimas, não se importava mais em chorar na frente de Bonnie.

– Foxy? - suas orelhas se levantaram em sinal de surpresa, ele estava realmente...

´´Chorando?´´

Compreendeu o que o outro realmente necessitava.

Se abraçaram quase que no mesmo instante, a raposa escondendo o rosto no peito do menor desesperadamente, as gotas de água translúcidas logo manchando as roupas tanto do coelho quanto do pirata.

Poderia finalmente extravasar os sentimentos que por muito tempo ele guardou apenas para si mesmo. Sensações e recordações aprisionadas nos confins mais profundos de seu próprio íntimo, um lado seu que poucos conheciam.

O de íris emolduradas por majestosos rubis, se recordou de uma situação um tanto semelhante a esta, vivida anteriormente por ambos.

Sentiu uma amargura súbita penetrar-lhe ao se relembrar dos acontecimentos daqueles dias conturbados.

– A-a culpa é toda m-minha, Bonnie - dizia entre soluços, a voz embargada pelo choro, rebatendo descompassadamente na pele sintética do coelho.

A culpa lhe sufocava impiedosamente, o fazendo jurar que o único responsável por acarretar toda aquela tragédia à aquele estabelecimento fora si, e apenas si, repetiria isso quantas vezes fosse preciso.

– O que? - indagou incrédulo, numa linha fina de voz.

Por que Foxy estava dizendo aquilo?! Era óbvio que a culpa não pertencia a si, então por que ele estava se culpando?!

– Não diga isso Foxy, por favor... nunca mais diga isso! - falou próximo do ouvido do pirata, o tom um tanto rouco, audível somente para a raposa.

– Mas essa é a verdade Bonnie, se eu ao menos tivesse me controlado naquele dia... issso não teria acontecido! - falou ainda com a face escondida, mal sabendo o que havia provocado com aquelas palavras.

O coelho rapidamente segurou os dois ombros do maior com firmeza, fazendo-o olhar diretamente em seus olhos.

– Escute Foxy, isso não foi culpa sua! Era impossível evitar que algo desse tipo nunca fosse acontecer! Esse lugar é mal-cuidado, horrível, deplorável! Você realmente acha que algo desse nível nunca fosse acontecer ?! Não tínhamos como prever que aquele assassino iria aparecer justo naquele dia, você não podia fugir de um instinto seu. E agora... você não pode ficar se culpando por causa disso! - tentava abolir com tais palavras as ideias que o outro mantinha em mente, as lágrimas escorrendo silenciosamente por sua face, não suportaria mais segurá-las, não se importava com mais nada que não fosse livrar o outro daqueles pensamentos dolorosos e depressivos.

– Bonnie... - murmurou fracamente, as íris douradas tremeluzindo rapidamente, tanto pelas gotas de água quente que cortavam sua face na tentativa de dizimar a angústia que lhe atormentara nos últimos anos, quanto pela emoção de ver Bonnie lhe dizendo aquelas palavras, tentando lhe convencer piamente de que o culpado de toda aquela situação não fora si, não era si.

– Eu não quero que você fique se culpando, Foxy... isso não é justo! P-porque se for assim eu também d-deveria me culpar! Eu não deveria ter ficado s-simplesmente parado assistindo toda aquela cena sem fazer absolutamente nada para interferir na situação....! - as Pérolas lacrimosas se despejavam em quantidade considerável sobre rosto, que graças a estas agora se encontrava parcialmente rubro - Por favor, Foxy... v-você... pode me perdoar por não ter s-salvado você e aquele garoto naquele dia, quando eu tive a chance? - estava praticamente implorando aquilo para o outro, a voz embargada de emoção e os soluços acompanhando estes inevitavelmente, enquanto o maior apenas o observava atônito.

Bastou apenas alguns segundos sem qualquer voz ter se pronunciado em resposta á sua indagação, para o menor começar a imaginar um significado para o silêncio repentino.

Talvez se tratasse de uma espécie de resposta indireta, porém, ao visualizar a possibilidade mais próvavel, sentiu uma dor atingir-lhe o peito subitamente. Algo simples, mas que lhe aflingia mais do que qualquer outra sensação realmente física.

´´Não´´

Diante isso, o coelho apenas abaixou a cabeça lentamente, impedindo com que a raposa pudesse olhar diretamente em seus olhos escarlates.

Porém contra todos as probabilidades que elaborara, logo pôde sentir dois singelos toques na região facial, um quente e reconfortante que curiosamente o fez relaxar os ombros que sequer percebera que se encontravam tensionados, e o outro metálico e gélido que lhe provocou arrepios no local tocado, percebendo o menor em seguida que as distintas sensações eram proporcionadas pela única mão que o maior possuía junto do seu gancho.

Sentiu os mesmos levantarem seu rosto com carinho, o fazendo olhar novamente na direção das íris douradas que o encaravam fixamente, estas preenchidas por um brilho indistinguível, acompanhadas das lágrimas, que na verdade já se encontravam escassas no rosto alheio.

Logo aquela mão acolhedora e aquele gancho trataram de secar as trilhas de água salgada que haviam se formado em sua face corada.

A quanto tempo ele não recebia um contato daquele tipo? Sequer se recordava mais.

– Bonnie, você não tem que me pedir perdão... fez o que era o certo, se tivesse se movido naquela hora coisas piores poderiam ter acontecido... tanto você quanto os outros. Nenhum de vocês tem culpa por terem tentado proteger uns aos outros e com isso impedido consequências ainda mais desastrosas... - deu uma pausa rápida e respirou fundo - sou eu quem deveria pedir desculpas, eu não sabia que isso te afetava dessa maneira, se não... teria guardado esses pensamentos somente pra mim, a dor disso deveria ser apenas minha... eu não quero que você sofra por minha causa, Bonnie....! Então.... por isso... eu não quero que você chore mais por minha causa! - dizia firmemente, praticamente convencido com as próprias palavras - Eu... eu sempre vou estar aqui pra você, Bonnie... pra tudo o que precisar! Mas... jamais chore por minha causa. Eu não irei permitir com que você sofra mais por minha causa! - observava atentamente as reações do arroxeado, este que se mantinha com uma expressão cada vez mais surpresa.

Seu próprio tom de voz havia soado com uma convicção que ele jamais achara ser um dia capaz de expressar.

– Foxy... e-eu nunca vi você falando desse jeito... - poderia jurar que sentira uma queimação em suas bochechas naquele momento - e-eu não sei o-o que dizer... - tentava procurar as palavras mais corretas para responder à aquele discurso de uma forma no mínimo aceitável, porém, parecia que a cada fragmento de segundo que se passava consigo pensando nisso, sua mente tentava cada vez mais embaralhar suas ideias, deixando o coelho confuso e sem saber o que fazer.

Foxy rapidamente se sentou completamente em frente ao menor, dobrando os joelhos com as pernas abaixo das coxas, em seguida segurando um tanto desajeitadamente as mãos do outro com a única que possuía e com o seu próprio gancho, trazendo o par de mãos alheias para mais perto de si.

– Não precisa me responder agora se não quiser... eu só peço que me prometa o que eu te pedi agora... - disse simplesmente, utilizando o tom mais fraternal que pudera encontrar no momento.

O arroxeado ao ouvir tais palavras exibiu um singelo sorriso, dessa vez claramente verdadeiro. Sim... não tinha outra coisa a se esperar de Foxy que não fosse aquelas palavras e ações... tudo tão a cara dele, afinal, era sempre assim que ele se expressava.

– Não se preocupe ´´Capitão`` Foxy, eu prometo que farei o que você me pediu - utilizou um tom um tanto irônico ao pronunciar a palavra ´´capitão´´, porém, o pirata acabou por quase não reparar nesse fato, pois ao visualizar a expressão do coelho se suavizando tão rapidamente e seu rosto se iluminando ao pronunciar tal frase, de repente, se sentiu amolecer por dentro.

Mas, como eu disse: quase.

– Acho bom não desobedecer uma ordem do ´´Capitão´´ Foxy, marujo! Ou serei obrigado a lhe fazer andar na prancha! - sustentando o seu sotaque de saqueador do mares, realizou uma alusão cômica ainda maior à ironia que o outro fizera com seu próprio título, enquanto ameaçava o mesmo com seu gancho.

Viu o coelho tapar a boca subitamente, na tentativa de abafar a própria risada. Realmente... era aquela expressão que a raposa queria ver no rosto do outro e não uma triste e desolada. E pensar que a pouco, eles estavam praticamente chorando e se lamentando um na frente do outro.

– Ok! Não desobedecerei ´´capitão´´, pois já sei que se assim o fizer meu destino será trágico! - a forma com que fazia drama chegava a ser cômica. Com era possível que estivessem brincando e fazendo piadas na situação em que estavam?

Era impressionante o comportamento que exibiam um na presença do outro, as vezes pareciam até... mais leves... calmos... passivos de compreensão, entre outros quesitos que os conectavam de uma maneira estranha, fosse por um simples trocar de olhares, ou até mesmo um tênue contato na pele alheia.

Estavam divagando demais, eles precisavam se apressar.

– Mas, enfim... Freddy me disse para encontrarmos com ele e Chica na cozinha, parece que será mais uma reunião sobre... - estancou repentinamente, repensando o que falaria a seguir - algo muito importante, com certeza....

Claro, sabia do que se tratava a reunião que expressava certa urgência, mas não iria contar para Foxy o motivo por enquanto, não queria quebrar aquele clima que conseguiram estabelecer entre eles num momento como aquele, era pesaroso demais para si.

– Vamos Bonnie, eu te conheço.... Freddy também ficou sabendo? - perguntou, apesar de já saber a resposta um tanto óbvia, suas orelhas se virando para trás vagarosamente.

– E você acha que eu consigo esconder alguma coisa dele? - indagou, mesclando tons de ironia e lamentação numa só frase.

O pirata apenas murmurou algo rapidamente, em seguida se levantando do lugar aonde se encontrava e ficando em frente a Bonnie, estendendo a mão ao outro, oferecendo ajuda para o mesmo se levantar.

– Então... acho melhor irmos, não? - perguntou calmamente, a expressão se suavizando aos poucos, porém, as íris amareladas ainda se encontrando quase completamente imersas no cansaço, talvez até mesmo na angústia.

– Foxy... - pronunciou quase como um murmúrio, seu olhar passando a ganhar um novo brilho, um ao qual Foxy não via há um longo e exaustivo período de tempo - você... realmente vai querer ir? - perguntou, uma faceta de esperança lhe preenchendo solenemente o peito. Esperança esta, de que o outro pudesse finalmente sair daquele lugar deplorável.

Será que mesmo depois de tanto tempo com o maior isolado, com ambos afastados um do outro, eles ainda poderiam conviver um com o outro da mesma maneira que o faziam antes de toda aquela tragédia?

Essa dúvida cruel fazia Bonnie se remoer de arrependimento praticamente todos os dias. Era possível que ele poderia agora, finalmente receber a sua tão aguardada resposta?

– Meu envolvimento nisso é muito grande, Bonnie. E além do que, eu nem me lembro da última vez que sai desse lugar... eu... vou ter que arcar com as consequências do que eu fiz, por isso... não me importa o que Freddy decida fazer comigo - se aproximou levemente do ouvido do menor, sussurrando a última frase - contanto que ele não nos separe novamente - suas palavras naquele momento tentavam expressar ao máximo a serenidade que ele não possuía.

Procurava não aparentar a insegurança que lhe atormentava o espírito há algum tempo. A insegurança pelo simples fato de que Freddy pudesse proibir novamente todos de se aproximarem dele, unicamente porque o urso o considerava ´´perigoso´´ demais.

Na verdade, se perguntava por que Freddy abrira uma exceção daquela vez, já que Bonnie pudera se aproximar de si sem ter havido qualquer intervenção por parte do moreno. Talvez tirasse essa dúvida mais tarde.

Mas, mesmo assim não podia culpar o vocalista, sabia que a única coisa que ele realmente desejava com aquilo, era poder proteger tanto a si como aos outros animâtronicos. Sabia que Foxy não suportaria se ferisse um de seus amigos, não novamente.

Agora, sentia que poderia finalmente confrontar o engravatado e arcar com as consequências de seus próprios atos, sem se permitir recuar em nenhum momento.

Bonnie possuía mais influência sobre si do que imaginava.

E por isso mesmo desejava agora mais do que tudo, nunca mais se permitir perder daquele que lhe dava esperanças para sempre continuar a seguir em frente.

´´Contanto que ele não nos separe novamente´´

O coelho poderia jurar que sentira o coração bater mais rapidamente ao ouvir o maior pronunciar aquelas últimas palavras. Tal frase ecoando freneticamente em sua mente, lhe provocando sensações desconhecidas.

Afinal de contas... o que Foxy realmente significava para si?

.

– Ei! Alex!... Espere por mim! - gritava tentando chamar a atenção do outro, enquanto corria desajeitadamente em sua direção, tentando alcançar o mesmo, um tanto ofegante pela exaustiva corrida.

– Vamos Brian! Nossos pais vão brigar com a gente se chegarmos atrasados! - falou rapidamente para o menor, enquanto corria agilmente pelo vasto campo verde do pequeno campo de futebol que havia próximo das casas de ambos, tentando alcançar a varanda do local aonde morava o mais rápido possível. Se chegasse em casa depois do pôr do sol, com certeza seu pai o colocaria de castigo.

– Eu... não consigo correr mais rápido do que isso! - parou repentinamente, passando a apoiar as duas mãos sobre os próprios joelhos, enquanto tentava normalizar a respiração descompassada.

O ruivo ao perceber que o amigo parara no meio da caminhada, resolvera também se interromper à custo, observando com o único olho que possuía disponível - pois o outro se encontrava coberto por um tapa olho farmacêutico, devido a um ferimento - por alguns instantes a situação do garoto de olhos escarlates que se encontrava à alguns metros de distância de si, enquanto a brisa suave do fim de tarde lhe carregava os cabelos ruivos um tanto desarrumados, junto consigo.

Bufou insatisfeito.

– Droga, Brian... justo agora você não consegue correr.... - comentou rapidamente, um tanto incrédulo com a situação.

Se aproximou a passos rápidos do outro e sem qualquer aviso segurou uma das mãos do mesmo, surpreendendo o menor que se encontrava distraído naquele momento, tentando juntar forças para prosseguir na caminhada, porém, não tendo mais tempo para isso já que o maior sem lhe dizer mais nada simplesmente o colocou sobre suas costas, segurando suas pernas, obrigando o garoto de cabelos estranhamente arroxeados a enrolar os próprios braços envolta do pescoço do ruivo que o carregava, na tentativa de se segurar para não cair de cima do maior, em seguida apenas vendo o de íris douradas reiniciar a corrida, dessa vez consigo sobre suas costas.

– Alex! Você não precisa fazer isso! Eu consigo caminhar sozinho! Suas costas vão doer depois! - falou próximo do ouvido do maior, em um tom que havia soado mais alto do que realmente desejava.

– Não tem problema! Você pode ficar me devendo essa se quiser! - respondeu um tanto ofegante, apesar de possuirem apenas um ano de diferença, seus pesos não apresentavam grande diferença um do outro, mas isso não seria um obstáculo para si.

O menor sem nenhum opção restante resolveu apenas se render a situação, não iria conseguir fazer o outro mudar de ideia tão facilmente, então, escondeu o rosto na curvatura do pescoço do maior, na tentativa de proteger a própria face da brisa que soprava fortemente, fazendo maior o aperto de seus braços envolta do pescoço do amigo.

Alex traçou mentalmente o caminho para sua casa, apressando o passo assim que avistara a varanda do local aonde residia. Aquele era dia de Brian dormir em sua casa, conseguira convencer seu pai a custo com relação à ideia.

Saíram por volta do horário de almoço da casa do maior, apenas para brincarem nos arredores do bairro aonde ambos moravam, porém, sequer notaram as horas passarem enquanto se divertiam um com o outro, notando somente o horário que era assim que o sol começara a se pôr.

Por sorte, chegaram na casa do ruivo a tempo, mas à essa altura o arroxeado já havia adormecido, ainda nas costas do maior.

Alex adentrou silenciosamente a moradia de estilo urbano, seu pai que preparava o jantar ao notar a situação também fez silêncio, unicamente para não despertar o amigo de seu primogênito, conversaria com o filho mais tarde.

O ruivo depois de cumprimentar o pai com um aceno de cabeça, se dirigiu para o seu próprio quarto, aonde provavelmente já haveria uma outra cama além da sua própria para o de olhos escarlates.

Abriu um leve sorriso ao comprovar sua tese.

Se aproximou vagarosamente do móvel acolchoado, com cuidado e sem a intenção de acordar o menor o retirou de suas costas e desfez o enlaçamento dos braços do outro de seu pescoço, deitando a pequena criatura com cuidado sobre o macio colchão, puxando em seguida um cobertor de veludo para cobrir o mesmo.

Se sentou na beirada da cama improvisada, inspirando profundamente o ar. Ao final conseguira carregar o arroxeado por todo o percurso, achava que talvez não o fosse capaz, o que na realidade não se monstrara um tarefa tão díficil assim, pensou consigo mesmo.

Desviou o olhar em direção ao menor novamente, os olhos semicerrados.

´´Como ele é bonitinho dormindo´´

Admirou durante alguns segundos a expressão do de íris rubis, enquanto o mesmo se mantinha adormecido, o ruivo estando incrivelmente perdido entre aquelas raras madeixas arroxeadas e as feições finas e pálidas dignas de uma criança de 6 anos, tal qual o menor era.

Hipnotizado pela situação e a falta de serenidade o dominando, aproximou uma das mãos do rosto do outro, acariciando-lhe a face e os fios de cabelo roxos serenamente, sem possuir um propósito específico com aquele ato, apenas o fazendo por fazer.

Depois de alguns minutos se mantendo somente naquelas mesmas ações, o maior finalmente se rendeu à situação e ao seu próprio cansaço.

Abriu um pequeno espaço na cama improvisada, ainda sem acordar o amigo, e em seguida, se aconchegando junto do mesmo, partilhando ambos do mesmo cobertor.

Provavelmente seu pai iria brigar consigo por ter ficado sem jantar, mas isso não lhe importava naquele momento, se o menor sentisse fome, esquentaria a comida que seu mentor provavelmente guardaria na geladeira.

Depois desse pensamento apenas cerrou os olhos tranquilamente, já não podendo mais enxergar os raios solares invadindo seu quarto, tendo sido os mesmos substituídos pela luz do luar que sempre se fazia presente à noite.

E então, simplesmente adormeceu junto do de íris escarlates, a última coisa que conseguira enxergar sendo a face sonolenta do outro frente a sua.

´´Boa noite, Brian´´

.

– Foxy... - murmurou.

O maior apenas lhe devolveu um sorriso, ainda com a mão estendida para si, oferecendo ajuda para este se levantar.

Ao ver o olhar de Bonnie tremeluzir diante as suas palavras, sentiu novamente aquela mesma sensação de ânsia. A ânsia de poder se libertar daquele local tenebroso, que fora palco de tantos traumas e desilusões para si, os quais provavelmente ficariam para sempre gravados em sua memória. Não fosse a amizade fraternal de seus amigos em outros tempos, e os dias mémoraveis de quando ainda possuía o prívilegio de alegrar as crianças, diria que só se recordava de lembranças manchadas pela sua própria culpa.

O coelho rapidamente aceitou a ajuda que o maior lhe oferecia, tomando a mão deste para si num gesto vagaroso.

Porém, naquele momento, poderia jurar que sentira uma sensação a mais naquele toque sútil. Um pequeno comichão, uma coceirinha provida daquele contato, um quase imperceptível formigamento que despertara algo novo dentro de si.

Afinal, por que todos aqueles sentimentos desconhecidos e indistintos, lhe atingiam quando o maior se encontrava em alguma espécie de contato consigo ou até mesmo somente próximo?

Não poderia ser sua imaginação lhe pregando peças. Não somente.

Se levantou rapidamente do lugar aonde se encontrava com o apoio da raposa, e ainda sem desfazer o entrelaçamento das mãos de ambos, se dirigiu para as cortinas da Pirate Cove, abrindo as mesmas em um único gesto, sendo seguido pelo maior.

Caminharam silenciosamente pelo pequeno trajeto que havia entre a atração do pirata e a cozinha da misteriosa pizzaria, suas mentes perdidas em mil dúvidas com relação a tudo aquilo que ocorrera anteriormente.

A conversa que haviam tido outrora, ao menos ajudara ambos a meditarem melhor sobre os próprios conflitos internos, e sobre o que poderiam esperar por agora do futuro que os aguardava. O angustiante futuro, do qual eles nada sabiam, mas que ainda permanecia a guardar muitas outras surpresas tanto para a raposa quanto para o coelho.

E por isso, eles precisavam agora mais do que tudo, estarem preparados para o que o porvir os reservava.

Adentraram a cozinha silenciosamente, tendo em seguida uma visão que poderia ser considerada bastante comum se aqueles se tratassem de outros tempos.

Avistaram Freddy e Chica sentados em volta de uma pequena mesa redonda que havia no centro do amplo cômodo, provavelmente o maior espaço do estabelecimento depois do salão principal.

A dupla acabou por receber olhares um tanto surpresos em resposta a chegada de ambos no ambiente. Afinal, Bonnie havia realmente conseguido convencer Foxy a sair de sua própria atração em período noturno apenas para participar de uma reunião repentina, isso já poderia ser considerado uma grande conquista na visão daqueles animatrônicos.

Freddy sorriu de leve com a situação, porém, a minúscula expressão de satisfação sumindo logo em seguida. Precisava se manter no mínimo sério por enquanto com o que teria de lidar a seguir.

Foxy engoliu em seco, a situação não era uma das melhores.

Apesar de não ter se feito tão aparente, Bonnie percebera facilmente a apreensão repentina do pirata, fazendo então maior o aperto de sua mão na do outro, na tentativa de lhe chamar a atenção. No momento em que este se virara para si, apenas dera um aceno positivo de leve com a cabeça, tentando lhe transmitir ao menos um pouco de confiança, enquanto exibia um quase imperceptível curvar de lábios, mas ainda visível para o maior.

Foxy sentiu os ombros finalmente relaxarem.

Se separaram rapidamente, em seguida ambos se sentando nos lugares que haviam sobrado na pequena mesa, cada qual de um lado do urso engravatado, enquanto Chica se mantinha sentada em frente ao moreno, apenas observando já sonolenta a cena um tanto entediante para si.

Freddy não quis lhe explicar nada do que estava acontecendo por enquanto, o que consequentemente a deixou até mesmo confusa com a situação.

´´Pelo jeito é mais sério do que pensei´´

Depois de alguns segundos meditando, Freddy finalmente se pronunciou.

– Muito bem, eu sei que se tornou menos habitual nós termos essas reuniões, mas é algo realmente urgente... - deu uma pequena pausa no discurso e respirou fundo, dirigindo seu olhar para o pirata do local logo em seguida, em suas íris anis era bastante visível o cansaço que o abatia.

– Eu preciso falar com você, Foxy...


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham apreciado o capítulo, se não for tomar muito do tempo de ninguém gostaria que vocês comentassem, isso sempre incentiva os autores a continuarem a escreverem suas histórias.
Alias, caso isso não tenha ficado claro, esse capítulo foi uma continuação direta do último (eu fico fazendo salto temporal o tempo todo, então estou avisando aqui só pra deixar isso claro pra vocês. Ok?)
Boas festas povão, até ano que vem meus amados! Kissus da tia marcy pra todos vocês~
Sayonara!



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