Emília¹ Mungunzá, a filha mais velha de seu Chico, era a responsável pela limpeza da casa onde morava com sua família, mas, inapta, apenas fazia o café. Vendo que a casa estava um pouco suja, por conta das galinhas que passeavam por ali, resolveu ir ao quarto de sua tia Maria, para que ela passasse a vassoura. Emília, que, geralmente, acordava todos da casa com um delicioso cheiro de café, acordou todos com um grito desesperador e de espanto ao ver sua tia morta. "Não!", gritou Emília. "Tia Maria, quem feis isso cum a sinhora!??". Imagine qual foi a surpresa e horror que Emília sentiu ao ver sua tia decapitada com o corpo roliço aberto sem coração. Mal havia perdido sua mãe e acabara de perceber que perdera a tia.

Emílio¹, irmão de Emília, foi o primeiro a chegar ao quarto, por dormir no quarto em frente, e tratou logo de consolar sua irmã. "Fica assim não, irmã, ela ia morrer mesmo de diabete. Óia como ela tava gorda.". Indignada, Emília empurrou seu irmão, que caiu de bunda ao lado de uma pena escarlate. "Valha...", pensou Emílio.

*****

Sete dias se passaram e mais uma missa se realizaria na casa dos Mungunzá. Muitos dos que estavam no jantar assassino de Galindo voltariam àquela casa. O espírito vingativo e assassino de Jessie fez ferver seu sangue mais uma vez. Jessie sabia: faria mais alguma vítima naquele dia. Pensando nisso, Jessie aproximou-se da casa, para acompanhar os choros e luto dos presentes, porém quase fora atropelada por um carro que acabara de chegar. Era o tio Barnabé e seu filho; no fatídico jantar, tio Barnabé foi o responsável por levar Galindo ao forno. "Foi ele que *cocó* assou meu marido... e ainda tentou me matar! *cocó!* Ele merece uma morte lenta e dolorosa... Com fogo! *cocó*".

Matar pessoas com uma faca era fácil, mas como conseguiria gasolina para matar Barnabé? Jessie criava seu plano, olhando fixamente, daquele seu desengonçado modo galináceo, para a missa que acontecia dentro da casa. Mal sabia ela que Emílio a observava, também de um modo desengonçado. Após um tempo pensando maquinou seu plano: mexer no freio do carro que mais cedo quase a matou para que o carro não freasse e batesse em algum poste. "É brilhante! *cocó!* Teremos humano assado".

Jessie, então, dirigiu-se ao carro do tio Barnabé e começou a bicar umas coisa lá². Bicava, bicava e bicava sem ser incomodada. Perto de acabar seu trabalho ela fora surpreendida. "Galinha, quê cocê tá fazeno aí, hein?", disse Emílio, que, sorrateiramente, aproximou-se do carro do seu tio. "Vem cá, penosa!", disse ele, tentando pegar Jessie e indo para debaixo do carro. Jessie esquivou-se e, com seus reflexos de águia, conseguiu escapar de Emílio, ainda dando umas bicadas nele, que bateu a cabeça nos coisa lá do carro, terminando o serviço que Jessie começara. "Cococó, cocó (meu trabalho está feito, modafoca)", disse Jessie³.

A missa estava quase acabando quando todos foram surpreendidos com o barulho da cabeçona do Emílio no carro. Os que estavam dentro da casa ignoraram o finzinho da missa e foram ver o que se passava. "Minino, sai daí dibaxo! Sai, sinão tu vai mexer nuns negoço aí.", berrava Barnabé, que não sabia falar como um humano civilizado, mesmo morando em Fortaleza. "Vem, filho!". "Tii, mispera, tô sem xampu. Deixa eu ir pro centro mais tigo?", disse Emília, quase dentro do carro já. Emília entrou e enquanto Barnabé manobrava o carro pra ir embora Jessie pensava "Façam boa viagem *cocó* pro inferno, seus *cocó* malditos."

Com tantas reuniões em sua casa em tão pouco tempo, Chico sentiu a necessidade de comprar mais comida pra sua casa. Algumas horas depois que seu irmão Barnabé havia saído no carro, Chico chamou Emílio para ir com ele para Fortaleza, para que ele ajudasse seu pai a carregar as compras. Pena que eles nunca chegaram lá, pois pararam no meio do caminho ao ver um carro familiar em chamas, com três corpos dentro.