The Hidden Pearl escrita por Paper Wings


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Boa leitura a todos. *-*



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— Lady Cassidy Lefèvre.

Com um vestido de seda verde, enfeites de cabelo com pedras preciosas e jóias brilhantes tocando sua pele, a jovem entrou no salão logo após ser anunciada. Assim que se viu a uma distância adequada de Sua Majestade, prestou reverência e preparou-se para falar.

— Vossa Alteza, venho a pedido de ajuda e compreensão.

Henry II, sentado no trono como um legítimo rei francês, assentiu, pedindo para que ela prosseguisse.

— Pelas cartas de meu falecido pai, Duque de Lefèvre, explicava-se a situação terrível assim assolada em suas terras. Os hereges já haviam sequestrado três pessoas, dentre elas, duas moças virgens, na vila próxima à nossa propriedade e, temendo por minha segurança, pediu auxílio à Vossa Alteza. Meu pai esperava um retorno, porém, infelizmente, no calar da noite passada, os pagãos invadiram nossa casa e, para proteger a mim, ele se sacrificou em meu lugar. Então, mediante ao meu estado atual, rogo-lhe por um teto e por segurança na casa real de Valois.

O monarca passou a língua pelos lábios, tentando não transparecer o choque que a notícia havia lhe causado.

— Edard está morto?

— Sim, Vossa Alteza.

— Pode atestar isso?

Erguendo o queixo sutilmente e com os olhos ardendo com lágrimas fervescentes querendo despontar, a garota negou.

— Apenas posso assegurar do que vi, Vossa Alteza, escondida atrás de uma das prateleiras, assistindo meu pai dar a vida por mim e tentando cumprir um último desejo dele: aconteça o que acontecer, sobreviva. Tem somente minha palavra.

— Tem ciência de que, se Edard estiver vivo e bem, a senhorita arcará com a lei, acusada de anunciar falsas-verdades à frente de seu Rei?

— Absoluta, Vossa Majestade.

— Pois bem, Lady Cassidy, se hospedará aqui pelo tempo necessário para reintegrá-la à sociedade.

— Muito agradecida, Vossa Alteza. — Reverenciou mais uma vez. — Estarei em débito com a família de Valois eternamente.

— Sinto pela sua perda. — Henry falou depressa. — Minhas condolências.

Ele pigarreou, ciente do que acabara de fazer: mostrou uma mínima fraqueza, a qual foi recebida amavelmente pela órfã.

— Sinto pela sua também...

Ambos permaneceram em um silêncio sagrado por alguns instantes até o rei acenar para que uma serva mostrasse os aposentos para a jovem se instalar. Era clara a sua sorte de ter permissão para repousar no palácio e ela a reconhecia com gratidão e respeito. Reverenciou novamente e seguiu a mulher.

Os corredores eram iguais aos guardados em suas lembranças infantis. Era a terceira vez que se via lá, seguindo pelas tapeçarias e sendo envolvida por quadros majestosos, e seu maior desejo naquele momento era voltar para casa... Aí, vinham as imagens do sangue escarlate tingindo as capas de couro da biblioteca pessoal de seu pai, acabando com qualquer vestígio de felicidade que pudesse ter ao pensar em retornar.

Cassidy Lefèvre era prima do herdeiro da França. Seu pai, Edard Lefèvre era primo de Sua Majestade, Henry II, e ela sempre fora reconhecida como a pequena pérola escondida da família. Fora tratada com todo o amor possível, ainda mais quando sua mãe faleceu de febre amarela aos seus cinco anos de idade, e vez ou outra era levada para um pequeno passeio no castelo, porém, sempre sob as asas protetoras do pai e da governanta italiana, paga com fartas quantias de dinheiro em troca de ensinar a menina as boas maneiras de uma dama francesa. Por isso, uma pequena pérola escondida.

— Aqui está, Lady Cassidy. Seus aposentos...

Dentro do quarto, uma luxuosa penteadeira dava um toque feminino ao quarto, somada às belas e finas roupas de cama, a qual era gigantesca. A lareira pintava um rústico no local e as janelas amplas e com vidraça transparente e limpa iluminavam as paredes estampadas em tons pastéis e floridos.

— Se preferir descansar...

— Ahn, obrigada, mas prefiro andar um pouco e arejar meus pensamentos.

— Sim, sim... — A serva assentiu rapidamente. — Se for de seu agrado, posso pedir para prepararem um lanche da tarde, o qual estará aguardando a senhorita aqui no quarto.

— Se não for um incômodo, ficaria muito agradecida...

— Anne-Marie, Lady Cassidy. — Respondeu à pergunta silenciosa. — A seu dispor.

— Obrigada, Anne-Marie.

A serva deixou o recinto com um ar mais calmo. Da última vez que fora colocada a serviço de uma cortesã, terríveis tempos foram aqueles: desrespeito, chantagens, ordens e mais ordens, humilhação... Por mais que seu trabalho fosse servir, ainda era uma pessoa. Se ser educada não fosse possível, ao menos tratá-la como um ser invisível ainda era melhor.

Enquanto isso, a jovem órfã sentava na cama, à espera de seus pertences, os quais permaneceram na carruagem. Macia, com lençol de seda e colchas detalhadas com veludo de tom avermelhado, lentamente a menina deitou no colchão macio, envolvida pelo aroma floral, talvez lavanda, e amadeirado, presente nos tecidos.

O período de plenitude esvaiu-se depressa demais, pois alguém bateu à porta.

— Lady Cassidy, sua bagagem.

— Ah, sim. Poderia colocá-la ali, perto do espelho? Obrigada.

Finalmente poderia arrumar-se e dar uma volta pelos corredores. Posicionando-se à frente da penteadeira, colocou um pouco de pó de arroz para cobrir qualquer imperfeição que as lágrimas causaram e, mordendo os lábios, tornou-os mais vivos e cheios. Ajeitou o cabelo, solto e fez uma pequena trança fina, presa à uma fita verde, e aprovou sua aparência. Precisava parecer uma dama. Damas não deveriam se portar com fraqueza, e sim, imponentes.

Se não nasceu na realeza, paciência, que agisse como se tivesse.

Era uma das várias citações que lembrava ter ouvido por anos de sua governanta. Durante a tragédia, aquela mulher havia retornado à Itália por cinco dias e encontrava-se lá, desfrutando de um bom vinho e da família e, era provável que, ao descobrir sobre o incidente, não retornasse mais à França. A jovem estaria sozinha.

Saiu do quarto, caminhando em uma nostalgia e tentando esquecer que não tinha mais qualquer pessoa capaz de velar por ela. Chegara a hora das conchas abrirem e mostrarem a bela e sábia pérola que escondiam naqueles dezessete anos. Lembrava de si mesma correndo, brincando de se esconder e aos sussurros, acompanhada de dois garotos. Havia cinco verões e invernos que não os via. Na última vez, permanecera no castelo pelo tempo recorde de quinze dias e sempre era acordada por um deles: o príncipe herdeiro ou o bastardo glorioso...

Percorreu o corredor completamente envolvida em lembranças, até que foi surpreendida por uma pessoa, a qual esbarrou nela com um baque doloroso. Antes que caísse, foi puxada pelas mãos do desconhecido, só para ir ao encontro do corpo estranho de novo.

— Cassie?

A jovem permitiu-se abrir os olhos e, chocada, fitou o garoto a sua frente. Não. O homem, barbado, um pouco franzino para sua idade, porém, com uma beleza notável. Suas roupas de Delfim e a postura ereta e respeitosa a surpreenderam. Como ele havia mudado...

— Francis?

Aproximou-se um pouco dele, porém, parou, pois não sabia o que fazer. Poderia abraçá-lo? Provavelmente não, afinal, não eram mais crianças de doze e treze anos. Se tivesse a audácia de fazê-lo, colocaria ambos em uma situação indiscreta e vergonhosa. Mordeu levemente os lábios e passou a encarar o chão, confusa e indecisa.

— Ahn... — Ela engoliu em seco, reverenciando. — Perdão, Vossa Alteza, eu não vi o senhor.

Lentamente, ergueu o rosto e notou um vislumbre de diversão naqueles olhos azuis. O príncipe queria rir daquelas palavras, ao imaginar aonde fora aquela menina que o chamava de idiota sem ao menos pensar a respeito. Entrando no mundo aristocrático, no qual mostrava-se a divisão da nobreza e da realeza, decidiu falar da mesma maneira.

— Lady Cassidy... — Pegou a mão da garota e depositou um beijo. — É um prazer revê-la.

— Ahn, sim, igualmente...

Francis adquiriu um semblante mais sério e pigarreou levemente.

— Sinto muito pela sua perda, acabei de saber a respeito. Ela assentiu com o olhar triste, ainda evidenciando o impacto do recente acontecimento.

— Agradeço pelas condolências, Vossa Alteza.

Um período de silêncio instalou-se. Todo o conforto amistoso da infância havia desaparecido com o tempo no qual não se encontraram, e nenhum deles conseguia pensar em algo para falar.

— Soube que ficará conosco por algumas semanas... — O príncipe sorriu amavelmente. — Há quantos anos isso não acontece, não é mesmo?

— Sim... — A jovem assentiu. — Sua Majestade foi muito compreensiva. Estarei em débito eterno.

Quase que outro cortante silêncio arrastaria os dois, quando, então, o homem lembrou-se do baile, o qual estava sendo organizado em prestígio à Rainha Mary Stuart, que chegaria em algumas horas. Uma celebração antecipada do casamento que logo viria a se concretizar, um laço matrimonial entre duas potências: França e Escócia.

— Então, se juntará ao jantar festivo de hoje à noite? Com fantasias, dança e música...

— Não perderia isso por nada. — Deu um leve sorriso. — Estarei lá.

— Ótimo! Eu preciso resolver alguns assuntos. — Acenou com a cabeça. – Se me dá licença, vejo-a esta noite...

A menina reverenciou e foi deixada para trás. Por um instante, permaneceu encarando as paredes e franzindo o cenho, consternada. O momento estranho atestou o quanto não esperava que fosse existir aquela dificuldade de conversar com seu amigo. Temia, portanto, como seria encontrar com o bastardo do rei, Sebastian, seu primeiro e inesquecível amor secreto. Nunca revelara seus sentimentos, porém, tinha medo do que resultara da última vez na qual haviam se falado.

Vacilante, Cassidy continuou a andar pelos corredores do castelo.


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Notas finais do capítulo

Então, o que acharam? Como puderam ver, a fic situa-se bem no primeiro episódio de Reign, porém, com mudanças acerca dos acontecimentos da série. Comentem o que acharam e até o próximo capítulo.Xxxxxx