100 Dias com Oliver Queen escrita por daisyantera


Capítulo 12
Verdant


Notas iniciais do capítulo

PUTA MERDA CÊS SÃO DEMAIS!!!! (ME DEIXA NYAH! QUE EU VOU XINGAR MESMO!) QUERO FALAR UM OBRIGADÃO SEGUIDO DE UNS 10 ABRAÇOS VIRTUAIS PARA A LEITORA GABY que recomendou a fanfic e sempre a acompanhou. Sério, muito obrigada pela a recomendação foderosa ♥ (Já disse hoje que tô baixando o nível demais? Pois é. Me deixa que hoje vou baixar o nível, e muito. Mereço, após essa semana de cão que vocês nem fazem ideia...)

COMO SEMPRE DIGO (Mentira): CAPÍTULO NÃO REVISADO, pode conter erros grotescos e...Na verdade, dessa vez, vai ter. Mas isso eu explico mais lá embaixo E AH NÃO SE DESANIMEM AO LER ESSE CAPÍTULO, juro que no próximo eu melhoro 100%.



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Felicity's Pov

Era a bebida.

Sim, definitivamente era a bebida.

Única explicação plausível para eu estar no exato momento com língua do Queen sobre a minha.

Minha mãe deveria estar ao redor e drogado a minha bebida. Ele pressionou o quadril com força contra o meu e puta que pariu, eu gemi, agarrando com todas as minhas forças a sua nuca, tentando de alguma forma, dissipar todo aquele formigamento que se apossava do meu corpo. Eu estou bêbada.

Minhas pernas estavam bambas, meu cérebro em êxtase e bem, eu estava bem molhada também. De bebida. Ainda estava molhada de bebida, não de outra coisa. Ele empurrou com mais força seu quadril contra o meu e eu senti meus mamilos enrijecerem. De frio. Tava escorrendo algo pelas minhas pernas. Bebida. É, claro.

Sua mão na minha cintura, deslizou até minha bunda, a apertando com força. O que absolutamente me fez gemer. De raiva. 

Empurrei uma perna, no meio da sua calça, sabe, por retaliação? E concluí que espada era de Grayskull. Melhor do que a de Rei Arthur.

Eu emitia vários sons estranhos, ainda colada na sua boca, provavelmente tentando falar alguma coisa. Alguma coisa do tipo: Me solte agora ou vou pegar sua espada e enfiar no seu rabo! Não no meu, claro que não.

Senti quando sua mão escorregou da minha bunda, indo diretamente para baixo do vestido. Na região frontal.

Puta merda, sim! Isso Queen, enfia sua mão mesmo na Amazônia desmatada. Só assim eu teria uma desculpa plausível para o matar. Mais tarde, é claro. Por enquanto, eu tinha que me concentrar num plano de aniquilação.

Oliver afastou sua boca e eu abri os olhos, me deparando com aqueles dois pequenos oceanos brilhando de maneira perigosa na minha direção. Sua bochecha estava corada e sua boca... Estava completamente manchada pelo o meu batom vermelho. E Deus, que visão!

Ele não parecia um palhaço e muito menos uma pessoa que havia acabado de comer um monstruoso hot dog com kethchup, ao invés, ele me parecia monstruosamente atraente. E... extremamente, inegavelmente...

― Cara, você é sexy! ― Minha língua foi mais rápida que o meu cérebro e antes que pudesse processar alguma desculpa válida para aquele vexame, o Queen me nocauteou com um sorriso mais brilhoso que qualquer diamante. Não que eu já tenha visto algum de perto.

― Eu sei.

Demônio do inferno!

― Eu estou bêbada!

― Engraçado, é completamente o contrário o que as pessoas bêbadas costumam dizer. ― Ele afastou sua mão lentamente, aproveitando também para se afastar.

HADES!

Continuei o encarando, sem saber o que falar, era como se finalmente eu tivesse engolido a minha língua. Ou que o próprio Queen tivesse feito aquele serviço por mim. Minhas pernas continuavam bambas e as minhas terminações nervosas ainda vibravam, o que me passava uma sensação estranha de ter sido eletrocutada. O que era completamente ridículo, apesar de compreensível.

Eu havia acabado de ser beijada por Oliver Queen!

Como se soubesse o que estava passando pela minha mente, o Queen continuou ostentando o seu sorriso, com a diferença é que agora seus olhos me estudavam profundamente, e neles, eu conseguia enxergar seu típico brilho sádico. 

― Você sabia que me deixou molhado?

Opa!

― De bebida. ― Completou, com uma piscadela ultrajante. 

Minhas mãos tremiam e associei aquilo a minha vontade incontrolável de surrar o Queen bem naquele momento, por sua atitude completamente cretina - e previsível. Afinal, o que mais esperar de Oliver Queen?

Endireitei os ombros, apontei um dedo rente ao nariz daquele infeliz e me preparei para culpar o álcool, pelas torrentes de palavras profanas que sairiam da minha boca a partir dali.

― Oliver Queen, se você acha que pod-

― Felicity, aconselho a você tampar seus ouvidos. Ou fazer adoção da audição seletiva, vai precisar. ― O cafajeste aconselhou, me interrompendo.

Cerrei os lábios, por que ele parecia sempre ter o prazer de me interromper?

Assim como se tivesse explicado para uma criança que a Terra era redonda, Oliver me olhou brevemente e girou os calcanhares, me deixando plantada ali no meio da pista, olhando para as suas costas.

Tive o ímpeto de o chamar de volta, para termos uma discussão decente, quando senti alguém me cutucar rudemente no ombro. Irada, me virei pronta para mandar a pessoa enfiar os dedos onde o sol não batia, quando fiquei completamente sem fala ao me deparar com uma morena, que mais parecia um ser mitológico. Eu não era lésbica, nem nada, mas era indiscutível que a mulher parada na minha frente era algum tipo de reencarnação da mulher maravilha na terra e por alguns meros segundos considerei até chamar ela pra um drink.

Mas o olhar de puro desprezo que ela me lançava, foi como um soco. E uma sacudida pra eu dispensar essa ideia de drink.

― Eu poderia saber quem você pensa que é para ficar agarrando meu noivo, na frente de todo mundo?

Hein? Oi? Eu estava agarrando quem?

A olhei de cima a baixo, ela nada tinha a ver com Laurel Lance. E até onde sabia, Laurel quem era a noiva do cretino!

Concluí, com pena, que ela deveria ser mais uma louca atrás de Oliver, ou quem sabe, uma bêbada com visão duvidosa para confundir Oliver com seu noivo. 

Ela soltou uma respiração exasperada, ao notar que eu não a responderia de imediato (ainda estava sob efeitos de alguma coisa... da bebida, óbvio!) e que eu estava usando a minha cara de otária pra ela.

― Eu vou arrancar o brinquedinho daquele Queen insolente! ― Ela vociferou, me olhando feito uma águia de rapina. Minha boca ficou seca, espera aí... Ela de fato, era noiva do Oliver? Não podia ser... ― Como aquele idiota ousa me humilhar dessa maneira, pegando a primeira que acha numa balada?!

Ou podia...

― Afinal, quantas noivas esse idiota tem?

Arregalei os olhos e bati contra a minha própria boca, ao perceber que havia deixado aquela pergunta impertinente escapar. Obviamente, aquele não era o momento para isso, mas minha língua entendia? Claro que não!

― O que você quer insinuar com isso? ― Perguntou, com os olhos fixos em mim e algo na minha cabeça gritava 'PERIGO'. ― Não sei o que você e a prostituta dos ricos estavam pensando juntos, mas não vou deixar vocês me humilharem assim!

O que ela queria dizer com aquilo? Minha resposta chegou em punhos e por puro reflexo, me esquivei do tabefe que levaria da nova chifruda da área. Agora entendia porque o sádico-mor havia fugido enquanto havia tempo. Pena que o desgraçado não me carregou junto com ele e me deixou sozinha para lidar com uma de suas inúmeras noivas.

Se eu sobrevivesse até o fim dessa noite, eu mesma iria o matar!

Ofegando, por conta da adrenalina - repito, isso não se deve ao beijo que o cretino roubou de mim -, notei pelo canto dos olhos que eu e a mulher maravilha começávamos a chamar atenção de um bocado de gente. E aquilo era preocupante demais para mim e a minha reputação. E se começassem a falar que eu estava aos beijos com o cretino? E se descobrissem que eu era a secretária dele? Pior, e se aquela fofoca saísse do Verdant e chegasse até a QC? Eu estaria fodidamente perdida.

Me desesperei.

― Moça, o Queen nem vale à pena tudo isso, não precisamos fazer uma cena aqui no meio de todo mundo! ― Tentei salvar minha pele, porém, percebi que estava falhando miseravelmente ao notar que as mãos dela começavam a se fechar em punhos novamente. Puta merda! É hoje que fico sem dente! ― Ei, nem foi culpa minha, o desgraçado quem me agarrou!

― Ele te agarrou? ― Riu, como se eu tivesse falado a melhor piada do planeta. Me lançando um olhar desdenhoso, completou: ― Você nem sequer faz o tipo dele, conta outra loira de farmácia!

ELA HAVIA ME CHAMADO DO QUE?! Ah não, loira de farmácia não... Hoje ia rolar cacete!

― VACA! ― Dando o meu grito de Xena, saí correndo em direção a mocréia, pronta para agarrá-la pelos cabelos e esfregar sua cara no chão, para depois arrancar os seus chifres e enfiar no orifício anal do Queen covarde.

Como uma guerreira amazona, a mocréia já estava preparada para o meu golpe e com uma maestria invejável, desviou do socão que iria levar nas fuças. O burburinho já começava a ficar perceptível, e não precisava nem ter um QI elevado para sacar que o pessoal estava se agradando por ver aquele show ao vivo e grátis.

― TEAM LOIRINHA PERVERTIDA, BITCHES!

Ouvi alguém gritar no meio da multidão e mais curiosa do que revoltada, virei a cabeça, procurando pelo ser que havia gritado aquilo em alto e bom som. Não era só Oliver quem costumava me chamar daquilo? Era difícil ter de digerir a ideia que aquele apelidinho escroto havia ultrapassado fronteiras, mas, de algum jeito ultrajante, havia.

Continuei caçando o engraçadinho que havia soltado aquela e este foi o meu fatal erro: Me distrair. Assim que virei a cabeça em direção a mocréia chifruda, fui presenteada por um belo soco no olho direito.

― MADEEEEIRA!!!

Ouvi alguém gritar, enquanto eu me desequilibrava dos meus saltos e tentava inutilmente achar alguma tábua de salvação - Barry Jack, me seria bastante útil no momento -, a combinação de álcool e um soco na cara, logo se mostrou desagradável quando atingi o chão com tudo.

A multidão gritava enlouquecida pela briga ter acabado apenas com um nocaute, e eu gemia humilhada, enquanto via vários Oliver's girando ao redor da minha cabeça. Eu sabia que seria uma péssima ideia sair essa noite!

― Ai. Minha. Alma. ― Gemi, olhando para os Oliver's imaginários. Será que eu poderia dormir ali? Se eu me fingisse de morta, aquela louca me deixaria em paz? Eram tantas perguntas sem respostas, que comecei a sentir minha cabeça latejar.

― Srta. Smoak, para uma pessoa esperta, você foi bem idiota por tentar encarar uma mulher ensandecida. E deveria ter me escutado, quando disse para fazer uso da sua audição seletiva. Faz muito bem às vezes fingir não ouvir aquilo que não te interessa, faço bastante isso.

Oh, abri a boca e nada saiu. Os Oliver's imaginários, não eram tão imaginários como havia pensado. O cretino estava de fato, ali parado, me olhando como se eu fosse algo muito engraçado. Bem, talvez eu fosse.

― Olá. ― O saudei com a língua enrolada e com um sorriso irritante desenhado nos meus lábios. Por que eu estava sorrindo para aquele otário após apanhar por culpa dele? Pior, que merda eu ainda estava fazendo deitada no meio da boate, soltando risadinhas, enquanto todo mundo ao redor ainda prestava atenção na gente?

Como eu já havia mencionado antes, eu estava bêbada. Pra cacete.

― Olá. ― Ele saudou de volta, ainda me olhando minuciosamente, notei que ele estava exibindo seu sorriso de marca registrada (aquele que ele sempre mostra quando tá feliz com a desgraça alheia).

Grunhi.

― Você é irritante.

Ele não pareceu abalado com o meu comentário.

― Obrigado, você também é.

Idiota!

― Não foi um elogio.

― Sério? Não notei.

Seus olhinhos azuis e perigosos, brilhavam na minha direção sem sequer piscar. E tive a estranha sensação de que toda essa situação inusitada não passasse de apenas um jogo para o Queen.

Imediatamente senti o meu rosto esquentar (de raiva), ao recordar o beijo.

― Nunca mais bote sua mão na minha bunda. ― Falei, entre dentes e felizmente, a multidão já começava a se dissipar. 

Provavelmente, não achavam tão interessante prestar atenção na loira nocauteada no chão...

Franzi o cenho, percebendo que a peça crucial para aquele quebra cabeça (mais para quebra pau), não estava mais ali. Ou pelo menos, eu não conseguia a ver.

― Posso botar ela em outros lugares, então? ― O safado propôs, e eu não sabia se ele estava fazendo alguma piada ou falando sério.

Bufei.

― Cadê a mocréia? ― Mudei de assunto, realmente curiosa para saber o motivo da mocréia ainda não estar em cima de mim, arrancando a minha cabeleira ORIGINAL, ou quem sabe, dando uma surra em Oliver no meu lugar.

― Quando você vai levantar? ― O cretino ignorou minha pergunta. ― Ou pretende ficar toda a noite deitada aí? 

Isso foi combustível o suficiente para me fazer levantar num pulo e encarar o Queen de frente novamente. Notei quando ele deu um passo para trás, provavelmente suspeitando do perigo que corria caso ficasse perto demais da minha pessoa - atitude totalmente correta, uma vez que na minha mente estava passando um replay de eu o nocauteando.

― Quem é aquela mulher? ― Perguntei, cruzando os braços. Precisava me segurar para não agarrar o cretino... E o encher de porrada ali mesmo. Óbvio.

Oliver arqueou uma sobrancelha, daquele jeito arrogante que só ele sabia fazer. E me tremi todinha, de raiva.

― Felicity, só demos um beijo e você já age como se fosse uma namorada enciumada? ― Sorriu zombeteiramente ― Imagine se tivéssemos feito outras coisas... A senha do meu computador você já sabe.

Antes que eu pudesse o responder propriamente (com os meus punhos), fomos interrompidos.

― Vocês se beijaram?! ― Sara parou ao meu lado, evidentemente chocada com a novidade.

Fechei a cara. Onde que ela havia se metido quando eu levei um nocaute no olho, ein?

― Ele é quem me beijou! ― Apontei um dedo acusador para o Queen, que continuava sorrindo.

― Ele te beijou?! ― Diggle chegou no meio da confusão, parando ao lado de Oliver. Foi a minha vez de ficar surpresa, fazia já um tempo que eu não o via e começava a desconfiar que talvez ele estivesse de férias, mas lá estava ele... Com a sua arma inseparável.

― Diggle, quanto tempo! ― O saudei, empolgada demais e trocando os pés, ao ir o abraçar.

Ele riu, mas não me abraçou, ao invés apenas me ajudou a continuar em pé.

― Meu Deus, vocês se beijaram! ― Sara exclamava, parecendo extasiada com a informação, enquanto girava a bandeja com bebidas na sua mão, como se fosse uma ninja.

Franzi o cenho.

― Ele me beijou. ― Repeti mais forte, tentando deixar claro que o Queen quem havia iniciado o ato.

― Ele te beijou sem a sua permissão? ― Diggle quis saber, enviando um olhar de aviso para Oliver. Se a situação não fosse tão trágica, eu riria maleficamente por saber que o sádico-mor estava na mira da arma de Diggle.

― SIM!

― NÃO!

Eu e o Queen resolvemos fazer o remake das gêmeas Olsen's novamente. Emburrei o rosto e o Queen me lançou um olhar exasperado.

― Eu te avisei antes!

― Você não me falou que iria me beijar. ― Ergui o queixo, não recuando.

― Eu te dei tempo o suficiente para perguntar o que eu iria fazer.

Eu ri, incrédula.

― Você está tentando fazer alguma piada? Você já chegou tascando o beijo em mim! ― Acusei, batendo o pé e quase caindo para trás, porém novamente, graças a Diggle, minha bunda não encontrou o chão da boate.

De repente, o divertimento nos seus olhos se transformou em raiva.

― Você sabe muito bem que não foi assim. Eu te dei tempo para recuar.

Apertei os olhos, resoluta.

― Não deu não.

Ele abriu a boca e voltou a fechá-la, me encarando com olhos perigosos. Esperei pela explosão, mas ela não veio, pelo contrário.

― Felicity Smoak, você é a única mulher capaz de reclamar por ter recebido um beijo meu.

Joguei o cabelo para o lado e senti o meu mundo girar, entretanto, Diggle era como uma parede atrás de mim, me sustentando.

― Sou uma mulher única.

― Nota-se. ― Isso não foi um elogio.

A tensão no ambiente se tornou palpável.

Suavemente, Diggle me aproximou de Sara, tentando prevenir um futuro acidente e foi para perto de Oliver, falar algo em seu ouvido. Arqueei uma sobrancelha, se Diggle não estivesse com sua inseparável arma eu até pensaria em soltar algum comentário maldoso sobre aquela aproximação dos dois... Mas já que estava, resolvi morder a língua.

― Ela está me esperando no estacionamento? ― Ouvi Oliver perguntar, sem esconder o desgosto. Tentei apurar mais meus ouvidos, querendo escutar mais a conversa e descobrir quem era "ela", apesar de ter o leve palpite que ela, era a mocréia de mais cedo. ― Por que ela não foi embora logo de uma vez?

Diggle revirou os olhos, parecendo impaciente com a capacidade mental do Queen de ser um completo sem noção.

― Pergunte isso a ela, Oliver. Ela já está te esperando mesmo...

Visivelmente contrariado, Oliver fez um gesto negligente com a mão.

― Tudo bem, tanto faz, vou lá me livrar dela. Enquanto isso, vigie essa daí.

Ele estava insinuando que essa daí era eu?! Desgraçado, ele ia ver só o essa daí! Como se soubesse o que estava passando pela minha mente, Sara segurou o meu braço suavemente, me alertando a ficar paradinha no meu lugar. Relutante, resolvi aquietar o meu lindo traseiro - mas não pelo bem do Queen e sim pelo o meu próprio, já que não haveria garantias que eu não pagaria micão novamente, caindo de bêbada pelos cantos. 

― Quem era a mocréia? ― Voltei a perguntar, enquanto aceitava a garrafa de água que Sara me oferecia. Diggle me olhou engraçado, provavelmente divertindo-se com a minha escolha de palavras.

Bem, em minha defesa, eu ainda não sabia o nome daquela mulher e obviamente, eu estava bêbada. Muito. Demais. Extremamente. E ela me bateu! Meio que merecia um xingamento por isso.

― Helena Bertinelli. ― Respondeu, com humor. ― Isso explicará o olho roxo com que você vai acordar pela manhã.

Imediatamente, levei minha mão até o meu olho direito que até então, não doía, mas agora que eu havia tomado consciência dele, parecia em chamas.

― Acho que eu tenho que te dar umas aulas de auto-defesa. ― Sara resmungou, olhando diretamente para o meu olho esculhambado.

Aquele pingo de gente queria me ensinar a lutar? Não sabia se ria ou chorava.

Optei pela primeira opção.

― Sara, eu duvido que você possa me ajudar nessa área!

Ela soltou uma gargalhada alta, diante a minha observação e eu cruzei os braços, tentando entender o motivo da risada. Era como se tudo que eu falasse, fosse motivo de piada.

― Srta. Smoak, não duvide disso.

Ergui o olhar para Diggle, que me com um sorriso divertido, apesar do seu tom ter saído como com uma clara advertência. Me senti perdida, fora do lugar.

Estava perdendo alguma coisa aqui...

Empertiguei os ombros, devolvendo a garrafa de água para bandeja que Sara ainda segurava, e resolvi tomar vergonha na cara. Mas antes, tive que firmar os meus pés por alguns segundos no chão e ensaiar mentalmente o que iria falar a seguir umas três vezes.

― Apreciei bastante a conversa que tivemos aqui, mas esse é o meu momento para dizer hasta la vista. Infelizmente, amanhã tenho que acordar cedo e aturar o mau humor do nosso chefe em comum que é mais um pesadelo em pes-

Me interrompi ao notar Oliver parado ao lado de Diggle, me observando. Quais eram as chances dele não ter ouvido nada daquilo? Engoli em seco, sabendo que as chances eram as mesmas de eu ter um filtro na boca: Mínimas!

Ele abriu um sorriso na minha direção, ao perceber o meu choque.

― Continue Felicity, gosto de ouvir o que você pensa sobre mim.

― Eu to bêbada! ― Exclamei, como se aquela fosse a resposta para todos os meus problemas, ou no caso, para todas as verdades que escapavam da minha boca aquela noite.

Ele deu uma risada.

― Tenho certeza que está.

― Você não acredita em mim! ― Acusei, alternando meu peso entre os meus pés. Aquele maldito salto começava a me cansar e eu me sentia tentada a tirar um e jogar contra a cabeça do Queen.

― É você quem está dizendo isso, não eu. ― Abaixou a cabeça, ainda me olhando, mal disfarçando o sorriso que enfeitava seus lábios. 

Paralisei no lugar, ao relembrar onde aqueles malditos lábios estiveram minutos atrás.

Merda, merda, merda, merda! Mil vezes merda! Oliver Queen, em toda sua glória demoníaca - isso existia? -, havia me beijado. Havia trocado saliva comigo. Puta merda!

Senti minhas bochechas começarem a arder. De raiva.

― Estou indo embora. ― Murmurei, girando os calcanhares e sentindo o mundo ao meu redor, girar também.

― Ei, loirinha, vamos com calma... ― Em um segundo, Sara já estava do meu lado ― Acho que acabei te dando bebidas demais.

Trinquei os dentes.

― Você acha?

Ela soltou uma risadinha, mas não me respondeu. Ela estava parecendo mais uma versão jovem de mamãe, pronta para me incluir num plano pervertido onde continha bebidas batizadas e um Queen lunático.

Tinha. Que. Ser. Loira. Todas as loiras da minha vida (incluindo eu) sempre acabavam me metendo em furadas!

― Sara a leve para o meu carro. ― Ouvi o Queen dizer, todo pomposo ― Vou levar vocês para casa.

― Você não disse que estava cuidando do clube para a sua irmã? ― Apontei, querendo de todas as maneiras me livrar do doido.

Minha observação, só serviu para abranger mais o seu sorriso.

― Para uma bêbada, você parece ter uma ótima memória. ― Soltou e eu quis me socar. Eu deveria mesmo ter dito aquilo?

― EU ESTOU BÊBADA! ― Gritei, mais desesperada do que revoltada.

― Oh, sim, claro. Mas isso não muda o fato que eu estarei levando você e Sara para casa.

Abri a boca, pronta para falar do clube novamente, mas ele levantou uma mão, me impedindo a continuar.

― Não adianta falar do clube, já está tudo resolvido. Tenho a pessoa perfeita para cuidar dele para mim, enquanto eu me ausento.

Quem seria essa pessoa? Contemplei, curiosa. Seja quem fosse, estava atrapalhando a minha vida.

Derrotada, desisti de caçar argumentos contra o Queen. Seria mil vezes melhor receber uma carona do lunático, do que gastar dinheiro com táxi, concluí em seguida. Estava bêbada, mas não completamente idiota!

(...)

Achava que com Sara sentada ao meu lado, naquela enorme e exagerada limusine, o Queen não me irritaria tanto. Mas ele parecia apreciar a tarefa em qualquer tempo, lugar e ambiente.

Ele estava sentado na nossa frente, trajando aquele olhar de cafajeste que só ele tinha e algo me gritava que ele e Sara compartilhavam uma piada interna ao meu redor.

Coisas de ex-namorados loucos, pensei, mordendo o lábio para não deixar o pensamento escapar.

― Srta. Smoak, está olhando demais para os meus lábios, será que quer repetir o ato de mais cedo?

Não, só estou hipnotizada demais vendo o quão ridícula sua boca fica com o meu batom. Ou seria o batom da mocréia? Franzi o cenho, desviando o olhar.

― Não faço ideia do que você está falando... ― Desconversei, me concentrando a olhar o tráfego lá fora.

― Posso te ajudar a recordar.

Ouvi Sara soltar uma risadinha ao meu lado, e eu me limitei a ficar em silêncio, assim como Diggle que era quem estava dirigindo aquela nave. Tinha medo que se eu me atrevesse a abrir minha boca naquele momento, acabasse deixando escapar algo importante ou constrangedor.

Mas, meia hora depois, pareceu que aquele medo bobo havia se dissipado e nada nunca seria capaz de fazer eu calar a minha boca - para o completo deleite de Sara, que parecia estar bastante entretida na minha tagarelice.

― Você está flertando comigo, Srta. Smoak? ― Diggle questionou divertido, após se tornar o mais novo alvo da minha tagarelice.

― Só se você souber como usar uma arma. ― Pausa ― A de verdade, não estou tentando implicar nada malicioso. Tipo, tô falando daquela que atira, não que a outra não atire também, você sab-

― Sou casado, Srta. Smoak.

OPA!

O fitei boquiaberta pelo o retrovisor do carro, e por alguns meros segundos, ele se limitou a me olhar de volta. Tinha um sorriso quase imperceptível no rosto, quando o fez.

― Ah bem, que pena, você bem que poderia se tornar minha tábua reserva de salvação. ― Falei, dando de ombros.

Ele arqueou uma sobrancelha e notei que não era só ele o único curioso com aquela história de "tábua salvadora". Sara e o Demônio Queen também pareciam curiosos.

― Tábua de salvação? ― Perguntou, não desviando os olhos do trânsito. ― Me diga o motivo de você precisar de uma.

Curvei os lábios, num sorriso atipicamente arrogante. Aprendi com Oliver!

― Preciso de alguém para me proteger quando um corno vir atrás de mim. ― Respondi, olhando significativamente para Oliver, que bufou ao final da minha explicação.

O idiota era inteligente o suficiente para saber sobre o que eu estava falando.

― Pare de ser dramática, já disse que nada vai acontecer com você. ― O Queen resmungou, não demonstrando desconforto algum por 'expor' mesmo que entre entrelinhas, aquele assunto na frente de Diggle ou Sara.

Talvez, Diggle já soubesse de toda aquela história com o trevoso e por isso não esboçou emoção alguma, ponderei. Olhei pelo canto dos olhos Sara, que parecia achar muito interessante suas unhas. Será que ela sabia daquela história também?

― Você só diz isso porque sabe que Diggle vai proteger você! ― Ataquei, irritada.

E aquilo estranhamente, proporcionou o riso de Sara. Franzi o cenho, a olhando rapidamente.

Que merda ela achava tão engraçado ali?

― Eu pareço alguém que precisa de proteção?

Não, mas eu sim. Pensei, voltando a fitar o Queen, ele parecia deslumbrantemente ofendido com a ideia de eu o achar um ser indefeso. Bem, eu não o achava. Mas não mudava o fato de eu o achar perturbavelmente sortudo por ter Diggle e sabe-se-lá quantos mais seguranças à seu dispor.

― Não. ― Disse, com a voz arrastada. ― Mas isso não muda o fato de você ter.

Ele estalou a língua nos dentes.

― Por que você está tão incomodada assim, nós já não resolvemos esse assunto? Já falei que nada vai te acontecer e... ― Um sorriso diabólico surgiu no canto de seus lábios ―... você tem Barry para te proteger. Ele vive no seu apartamento, ou eu estou enganado? ― Inquiriu num tom quase desafiante mesclado com algo que poderia ser confundido com reprovação, e eu definitivamente, poderia até acreditar que ele estava de fato condenando minha atitude, caso, não visse os seus olhos. Seus olhos sempre pareciam rir para mim, degustando de alguma piada interna que só ele e o capeta entendiam!

― Tem razão. ― Concordei, de mal gosto e o ouvi soltar um som ilegível. 

Dei de ombros, voltando a me concentrar nos borrões de luzes que eram os postes do lado de fora. Conversar não me parecia mais tão interessante.

― OH, A RAÇÃO DO BARRY! ― Gritei, apontando para a vitrine de um Pet Shop quando Diggle parou num sinal. Sob a luz do poste, notei quando Oliver empalideceu na minha frente.

― Barry come ração? ― Sua voz saiu num grasnado incrédulo e eu não entendi nada.

― Dãããã! ― Foi a minha resposta.

Vi o seu pomo-de-adão se movimentar furiosamente, como se ele estivesse mastigando algo. Em silêncio, ele começou a procurar por algo e quando não o achou, soltou um xingamento.

― Diggle, onde é que tá a minha escova de emergência? ― Perguntou, visivelmente agitado.

Sara gargalhava alto do meu lado, achando muito engraçada a cena e eu continuava com a minha cara de babaca, não entendendo o desespero do Queen para achar uma escova.

Sara estava sentada num vibrador pra ficar rindo assim sem parar? Não era possível uma pessoa rir tanto assim do nada!

(...)

Entrei no meu apartamento com a ajuda de Sara e não fiquei impressionada ao encontrar Barry dormindo tranquilamente no sofá-cama, enquanto Barry-cão estava jogado aos pés do sofá. Não sabia se ele estava ali para vigiar Barry ou quem sabe, porque havia desenvolvido já alguma afeição ao homem.

De qualquer maneira, imediatamente me despedi de Sara com um breve agradecimento por ela ter praticamente me carregado escada a cima.

― Não foi nada, acredito que você faria o mesmo por mim. ― Sussurrou baixinho, num tom gentil.

E eu me limitei a assentir lentamente, não muito certa que faria o mesmo por ela após essa noite de cão.

― Amanhã eu te devolvo o vestido. ― Sussurrei, tão ou mais baixo que ela, com medo que Barry Jack ou Barry-cão acordassem.

Ela maneou a cabeça.

― Não precisa ter pressa.

Bem, eu tinha pressa para me livrar daquela peça e o que ela me fazia lembrar. Se eu pudesse, eu queimaria aquele vestido imediatamente, para quem sabe, apagar qualquer vestígio que aquela noite havia acontecido. Mas já que não podia...

― Tudo bem. ― Cedi, com um suspiro derrotado.

Após me desejar uma boa noite - como se isso fosse ser possível -, ela saiu silenciosamente do meu apartamento, finalmente me deixando livre para capotar na minha cama. Tirei aqueles malditos saltos e na pontinha dos pés, fui para o meu quarto e quase tive um treco ao encontrar Curtis sentado na minha cama.

― Puta merda! ― Gritei um sussurro, tentando não gritar e acordar os Barry's na sala. ― Que merda você tá fazendo no meu quarto a essa hora da noite?

Ele me lançou um olhar irônico.

― Pergunto o mesmo para você, Felicity.

Uh-oh, eu estava em apuros.

― Eu saí. ― Falei, me sentindo estúpida por dar aquela explicação e também por tentar me explicar. Era uma mulher adulta e dona da minha vida, não deveria estar me explicando.

― Nota-se.

Mordi o lábio inferior. Por mais ridícula que fosse a situação, me sentia feito uma criança pega em flagrante por sua mãe. Como eu disse, é ridícula toda essa situação.

Em silêncio, larguei os malditos saltos num canto do quarto e me dirigi até o meu banheiro, ignorando completamente o olhar de julgamento que Curtis lançava sobre as minhas costas. Me livrando rapidamente daquele maldito vestido, vesti o meu pijama, rezando para que Curtis fosse para o seu quarto e me deixasse em paz.

Tinha medo do que talvez eu deixasse escapar pra ele.

― Onde você estava? ― Curtis perguntou, parando na porta de braços cruzados. Totalmente desarmada com a sua chegada, quase enfiei minha escova goela abaixo.

― Puta merda, você tem que parar de fazer isso! ― Grunhi, limpando minha boca toda suja de pasta. Sua resposta foi um revirar de olhos.

― E você ainda não me respondeu...

Impaciente, virei completamente para ele e sua reação foi surpreendente.

― Meu Deus, Felicity, você tá com um chupão demoníaco no olho! ― Apontava horrorizado para o meu olho direito e eu imediatamente, virei para me olhar no espelho e soltei um gritinho ao constatar que meu olho começava a ficar com cor de carne podre.

Maldita, Helena Bertinelli! Maldito, Queen!

Julguei pela luz do meu quarto ser mais fraca, Curtis não havia notado antes aquele horror na minha cara, mas agora que estávamos no claro, ele conseguia ver tão ou bem mais nitidamente o estrago que a piranha Bertinelli havia feito no meu olho. Maldita.

― Não é um chupão! ― Rangi entre dentes ― Ganhei esse presentinho de uma vadia louca.

Curtis entrou de vez no banheiro.

― Vadia, você entrou numa briga e nem me chamou? ― Deu um tapa no meu ombro ― Você é uma péssima amiga, Felicity Smoak!

Eu ia socar a cara dele.

― Eu não entrei numa briga, ― respondi, azeda ― a vaca doida que já chegou me batendo.

Okay, não havia sido bem assim, mas o que Curtis não sabia eu não sentia, né?

― Oh, claro! ― Me olhou com desdém ― Conte outra, Smoak! Ninguém ataca ninguém do nada.

Levantei a sobrancelha esquerda, a que eu sabia que não prejudicaria o meu olho-direito-cor-carne-podre.

― Oh, é mesmo? Posso provar que você está completamente errado com algum artigo de jornal. 

Ele me encarou, sem expressão.

― Você vai me contar o babado forte ou não?

Estreitei os olhos, pegando uma toalha e secando minha mão.

― Só se você me contar porque estava no meu quarto tarde da noite.

― Pensei que você havia sido traficada pelo trevoso para virar prostituta na Túrquia. ― Soltou rapidamente e eu fiquei boquiaberta ― Agora, você pode me responder, por favor?

Não.

Eu não podia o responder.

Porque se eu o respondesse, eu lembraria o que eu queria esquecer.

Nah. Definitivamente não.

Simulei um bocejo.

― Amanhã te conto todo o babado forte do motivo de eu ter sido nocauteada, Curtis. ― Tentei escapar, mas falhei miseravelmente.

― Não, Felicity Smoak, você vai me contar essa história hoje.

Oh, não. Ele tinha aquele olhar determinado que me fazia estremecer. Merda!

― Você sabia que eu estou bêbada? ― Tentei a minha última jogada e que também não havia funcionado com o Queen, entretanto, resolvi me manter firme. A esperança é a última que morre, não é o que diziam? E certamente, minha cara de pau também morreria junto com a esperança.

Sua boca tremeu, tentando conter uma risada.

― E você sabia que é uma péssima mentirosa? ― Retrucou, apreciando minha clara falta de tato para conduzir a situação a meu favor.

Engoli em seco, começando a sentir minha cabeça latejar e o meus ossos estalarem. Tudo que eu queria e precisava naquele momento era de uma cama. Uma cama, uma massagem, um gelo no meu olho direito, esquecer que os lábios de Oliver Queen estiveram sobre os meus...

― Eu preciso dormir urgentemente. ― Afirmei de repente, querendo vazar o mais rápido possível para fora do banheiro.

― Felicity...

Curtis foi rápido em bloquear minha passagem, impedindo minha saída do banheiro.

E aquilo foi o suficiente para me jogar até a borda.

― Estava voltando do trabalho, encontrei Sara, ela me chamou para sair, chegamos numa boate, a boate era de Oliver e nós o encontramos. ― Soltei, numa disparada. Meus lábios pareciam frenéticos, assim como os meus olhos. ― Conversamos, como sempre ele foi um completo cretino e eu resolvi que era hora de ir embora, quando... ― Minha garganta se fechou e eu tive que engolir mais de duas vezes, até conseguir retomar a fala ―... Quando o imbecil decidiu me beijar na frente da noiva!

Despejei a verdade nua e crua, completamente angustiada. Perturbada. Aterrorizada.

Era bem pior quando saía da minha boca, constatei.

Nós compartilhamos um momento de silêncio, até Curtis começar a explodir sem som.

Ele pulava de um lado para o outro, segurando a mão contra a própria boca. Obviamente, ele estava fazendo de tudo para só permanecer gritando internamente para não acordar Barry-Jack ou os vizinhos - ou "A Vizinha" que com certeza na primeira oportunidade, nos mataria.

E eu, por minha vez, estava sentada na tampa do vaso, assistindo Curtis e o seu surto, enquanto pensava como me matar discretamente.

― Puta que pariu! Você pegou o gostosão, não acrediiiiiiito! ― Parou na minha frente, batendo palminhas e eu só queria bater palminhas em toda sua cara. Aquele era momento para surtar por eu ter sido pega pelo bofe-maravilha-ai-que-sonho-dele?

― Eu não peguei ninguém! ― Grunhi, frustrada ― Foi ele quem me pegou! E eu estava bêbada, na verdade, ainda estou. ― Acrescentei rapidamente, lamentando por ter escovado os dentes e me livrado do bafo de bebida.

― Uhum, conta outra Smoak. ― Resmungou, com um sorriso do Cheshire ― Você pegou Oliver Queen e gostou, mas não quer admitir. Por isso fica ai com essa desculpinha que tá bêbada! ― Jogou na lata, porém não me dei por vencida.

― Curtis, seu cérebro tá atrofiado? ― Bufei ― O Queen quem me pegou! Eu. Não. Peguei. Ele. ― Acrescentei pausadamente, esperando que as palavras penetrassem sua mente.

― Felicity, você ficar em estado de negação não vai mudar em nada que você pegou o Queen. ― Declarou lentamente, tentando fazer o mesmo efeito que eu. Porém, a diferença era que ele conseguira o feito.

Eu começava a repensar na cena.

"― Ótimo, então posso te avisar com antecedência que vou te pagar mais tarde, pelo que irei fazer com você agora. ― Murmurou, intensificando o aperto ao redor do meu pulso. ― E você não pode falar de forma alguma que eu tentei me aproveitar de você.

Se aproveitar de mim? Mas... O quê?!

― Hein?

― Eu te avisei. "

Cobri meu rosto com as mãos, compreendendo finalmente o que havia acontecido. Eu havia deixado o idiota me beijar. Eu não tinha colocado nenhuma resistência para o impedir.

Merda, eu havia deixado tudo aquilo acontecer!

Sabia que poderia ter parado o cretino no momento que os seus lábios tocaram o meu, mas havia sido fraca, estúpida e... Mil vezes merda! Por que ele tinha que ser tão bonito?

Bonito e diabólico.

―...você diz que foi ele quem te pegou, mas você tentou o impedir? Óbvio que não! ― Curtis continuava a falar, atenuando mais ainda minha situação deplorável ― Nós dois sabemos que bastava você ter socado o brinquedinho do gostosão-sarrudo, que você conseguiria se livrar do beijo eu-espero-por-Deus-que-tenha-sido-desentupidor.

Eu senti um soco no meu peito. Puta. Merda.

Eu havia beijado e sido beijada por Oliver Queen. E isso me perseguiria para sempre. 

(...)

Na manhã seguinte, acordei no automático, ignorando o olhar interrogativo que Barry Jack lançava constantemente para Curtis, como se perguntasse o que havia de errado comigo. Pela primeira vez na história, Curtis resolveu não me dedurar, o que era bom - eu não sabia se não seria capaz de jogar Curtis janela à fora, caso ele abrisse o bico. Meu estado mental estava completamente perturbado.

"― Felicity, só demos um beijo e você já age como se fosse uma namorada enciumada? ― Sorriu zombeteiramente ― Imagine se tivéssemos feito outras coisas... A senha do meu computador você já sabe."

Meu Deus, eu precisava exorcizar aquela noite da minha mente urgentemente! Suava frio só de imaginar como seria o meu dia no trabalho hoje. Oliver falaria alguma coisa? Me ignoraria? Jogaria alguma piada? Bem, com certeza jogaria.

― Felicity, está tudo bem?

Ergui os olhos, para Barry sentado na minha frente, tomando o seu café da manhã. Ele tinha um olhar tímido, porém preocupado.

Não, quis responder, mas fingi um sorriso.

― Claro, Barry. Está tudo bem, tudo ótimo! ― Soltei uma risada histérica, sem querer. Mas como não surtar naquele tipo de situação? Como?!

― Okay... ― Ele soltou devagar, me olhando cautelosamente. Provavelmente pensava que eu era uma louca e eu não o podia culpar por isso.

Resolvi me concentrar em outra coisa, ocupar minha mente.

Olhei Barry-cão aos seus pés, debaixo da mesa.

― Você e Barry parecem estarem se entendendo. ― Resmunguei, apontando o queixo em direção a Barry-cão como se ele fosse um traidor de alto nível, por estar me trocando por Barry Jack. Como se soubesse que ele era o tópico da conversa, Barry-cão começou a abanar o rabo na minha direção. Não soube interpretar aquilo direito, será que ele estava zombando de mim? Até ele? Ou eu estava só ficando paranoica?

Barry-cão latiu, me fazendo desconfiar dos seus poderes psíquicos.

― Oh, sim... Digamos que chegamos num denominador comum. ― Pausa ― Por que você está usando óculos escuro? ― Perguntou curioso, não parecendo me julgar como uma louca por estar usando óculos escuros em plena manhã e dentro de casa.

― Você não vai querer saber. ― Respondi sincera. Como Curtis mesmo havia dito, eu estava com uma chupada demoníaca nos olhos e por mais ridícula que eu me sentisse naquele momento, o único modo de sobreviver um dia sem mais humilhações, seria usando um óculos pra disfarçar aquele desastre no meu rosto.

― Oh, entendo.

Novamente, ele me presenteou com um sorriso genuíno e eu me perguntei como Caitlin havia se tornado amiga dele. Barry era uma dessas raras pessoas de coração puro que podíamos encontrar no mundo, e eu quase me senti mal por o estar arrastando - mesmo que indiretamente - para a minha bagunça de vida.

― Como você conheceu Caitlin? ― Perguntei de repente e notei quando ele deu um pulo do assento, não esperando aquela abordagem. Ele parecia adoravelmente sem jeito.

― Ah, bem, ela foi fazer uma visita em Central City e aconteceu de eu ter esbarrado com ela. ― Uh, aquilo me soava tão como aqueles filmes clichês onde a garota tomba contra sua alma gêmea... E blábláblá. ― Ela e Cisco estavam indo ver a mesma palestra que eu, lá nos tornamos amigos e trocamos e-mails. Desde então, não passamos uma semana sem nos falar. Ela e Cisco são ótimas pessoas. ― Acrescentou rapidamente, ainda com um sorriso gentil enfeitado no rosto.

Franzi o cenho, pensando. Definitivamente Barry Allen era um homem gentil e singular. Me perguntava se Oliver um dia conseguiria sorrir daquela maneira genuína e com tanta facilidade assim. Todos os seus sorrisos sempre eram maldosos e eu não acreditava que existia algum osso gentil naquele homem, mas... O "E se" começava a me atormentar.

E se Oliver fosse menos Oliver e mais Barry Allen? As coisas seriam menos interessantes, uma vozinha sussurrou no fundo da minha mente e eu tratei de ignorá-la.

― Vocês foram ver a palestra de Harrison Wells? ― Questionei, lembrando daquela informação importante que meses atrás Cisco havia me soltado empolgado. Só Harrison Wells para tirá-lo do campo, juntamente com Caitlin. Ambos eram loucos pelo o cara e eu os entendia muito bem, tanto que se pudesse, eu teria ido também naquela palestra, mas... Mas naquele tempo eu já estava trabalhando com o tirano-mor e certamente não tinha tempo para ir em palestras.

Ao invés de Caitlin tombando com Barry, talvez teria sido eu, refleti.

Assisti Barry confirmar minhas suspeitas e começar um assunto empolgado sobre Harrison Wells, tentava prestar atenção mas tudo que eu conseguia pensar era no "E se". E se eu não tivesse conhecido Oliver Queen? E se eu tivesse escolhido Central City para trabalhar, ao invés de Star City? No final, tomei o meu café da manhã, sem ouvir uma palavra que Barry soltara.

Eu estava perturbada. Perturbada por Oliver Hades Queen!

(...)

Previsivelmente, cheguei na QC acompanhada de Barry e ele sem perder tempo algum, foi fazer-seja-o-que-for que ele veio fazer na QC, enquanto eu me dirigia a passos lentos, para o escritório do lunático. Minhas mãos suavam em expectativa.

O que diabos ele me falaria? Ele falaria alguma coisa? Céus, eu iria ter um colapso nervoso!

Chupando uma respiração, dei as duas batidas habituais na porta do lunático e tipicamente, não ouvi nada em troca. Endireitando a coluna, entrei na sala e encontrei Diggle parado, de braços cruzados, perto da janela. Como sempre.

Examinei a sala atentamente e não fiquei surpresa por encontrar Oliver com alguns documentos enfiados no rosto. Ótimo, aquilo era bom, muito bom... Tentava me convencer, inutilmente. Sabia que cedo ou tarde, o idiota iria me atacar.

Todavia, eu tinha um plano. Um plano cheio de falhas, mas um plano.

Iria negar veemente, de pés juntos, que noite passada aconteceu. Diria que entrei em coma alcoólico se possível, mas não admitiria a derrota.

― Bom dia, Felicity. ― Diggle foi o primeiro a me saudar e reparou nos meus óculos. ― Bonito óculos.

Droga, até Diggle não iria deixar noite passada sair em branco!

― Obrigada. ― Forcei um sorriso falso, querendo demonstrar que estava tudo tranquilo, que eu não estava nem um pouco ao ponto de cair dura ali mesmo.

― Olá, Srta. Smoak.

Finalmente, finalmente, Oliver notou minha existência. Ergui o meu rosto para ele e fui atingida por um soco no intestino, pelos seus dois cristais chamados de olhos. Ele estava olhando diretamente para mim.

Tipo, direta, diretamente. Quando uma pessoa parece ao ponto de te desnudar e enxergar sua alma, seus pecados mais secretos e- Eu estou surtando! É isso.

Respirei fundo duas vezes, até acalmar a minha maluquice.

― Dormiu bem? ― Perguntou, mas não deu espaço para eu o responder. ― Eu espero que sim.

Cerrei os dentes. Se eu admitisse que não dormi bem por culpa dele e daquele fatídico acontecimento, ele acabaria arruinando todo o meu plano de fingir que nada havia acontecido.

Por isso, me limitei a um manear de cabeça.

Mas percebi que foi a manobra errada, ao notar que ele pareceu satisfeito com a minha resposta e algo no meu interior gritou que ele estava satisfeito, pelas razões erradas.

IDIOTA PREPOTENTE!

― Oh, isso é bom. ― Pausa. ― Me diga, o que aconteceu com você? Sabe que não pode usar óculos de sol dentro da empresa.

Oh, ele estava fazendo o mesmo jogo! Ou simplesmente me atacando. Por puro instinto, cerrei os punhos, fantasiando acertar igualmente o seu olho direito. Assim ficaríamos quites, em partes.

― Peguei uma alergia. ― Respondi docemente, disfarçando o ódio no meu interior.

― Só isso mesmo que você pegou? ― Perguntou com um sorriso venenoso e foi impossível não notar o duplo sentido da questão.

Meu. Deus. Que. Lunático. Pervertido.

Ouvi Diggle tentar disfarçar a risada, no canto da sala.

― Sim, só isso. ― Repliquei, entre dentes.

Irritantemente, ele se debruçou sobre sua mesa, apoiou o antebraço na mesma e dolorosamente curvou os lábios na minha direção. Foi o suficiente para me fazer ter flashes sobre aquela maldita boca na minha.

Eu estava fodidamente perdida.

E ele parecia saber.

Ele sabia.

Merda!

― Presumo então, que você não esteja muito bem para o trabalho hoje?

Fui rápida em negar.

― Não, eu estou ótima para o trabalho!

Mesmo que fosse preferível eu me ver longe do sádico, não seria nada favorável para mim me afastar durante um dia. Eu tinha certeza que ele faria questão de me encher de trabalho depois.

― É mesmo? ― Seu tom agora havia se tornado arrastado, perigoso. Se um gato pudesse ser uma pessoa, seria Oliver agora. ― Não está sentindo nenhuma dor de cabeça?

― Não, nenhuma! ― Respondi prontamente e algo no meu estômago começou a se mexer. Tive que desviar o olhar do seu rosto.

― Estranho, pensava que pessoas bêbadas acordavam no outro dia com ressaca.

Meu corpo balançou para trás e respirar se tornou uma tarefa difícil demais. Oh, merda, merda, merda!

― Te peguei, Felicity Smoak. ― Ouvi o seu tom satisfeito.

E com horror, tive que concordar com sua frase. Ele havia me pego mesmo. De jeito.

― Você é uma péssima pessoa. ― Soltei, finalmente o encarando diretamente, quando recuperei minha voz. Seu sorriso cínico já estava no seu rosto me encarando.

O que me fez querer mais ainda o encher de porrada. E outras coisas. Tipo, de tiro.

― E você uma péssima mentirosa. ― Retrucou facilmente e involuntariamente, recapitulei Curtis dizendo o mesmo para mim numa situação diferente, todavia, tão igual.

Senti o suor se formar na minha testa.

― Conferi sua agenda para a próxima semana e ela está completamente limpa. ― Resolvi apelar para o lado profissional e cortar o assunto. Sabia que nada chamava mais atenção de Oliver, do que o próprio trabalho. ― Devo acrescentar algum compromisso que eu não saiba? ― Inquiri, um pouco insegura. E se ele pensasse que eu estava me metendo na vida dele, desnecessariamente?

"― Felicity, só demos um beijo e você já age como se fosse uma namorada enciumada? ― Sorriu zombeteiramente ― Imagine se tivéssemos feito outras coisas... A senha do meu computador você já sabe.""

Cacete! Não precisei ficar o encarando longamente para saber que ele havia pensado o mesmo. Eu havia acabado de abrir MAIS OUTRA brecha pro bastardo me azucrinar.

Eu só poderia estar bêbada mesmo.

― Ah, tenho a minha agenda livre, é? ― Fingiu desinteresse, mas no fundo, no fundo, eu sabia muito bem que ele já estava ciente disso. ― Que informação interessante!

Cínico depravado.

Esperei, parecendo ter uma arritmia cardíaca, suas próximas ordens.

― Bem, se é assim, agende uma viagem para mim na próxima semana. ― Ditou, voltando a se recostar na cadeira e tamborilar as mãos em cima da mesa. ― Passaremos algum tempo fora.

Passaremos? Plural? Congelei no meu lugar.

Como assim, passaremos?

― Oi? ― Fiz minha cara de babaca.

― Eu, você e Diggle vamos viajar na próxima semana. ― Explicou lentamente, como se eu tivesse algum problema. Odiava quando ele fazia isso.

Pisquei os olhos, forte.

― Bem, por que? Para onde?

Olhava freneticamente para Oliver e Diggle, esperando alguma reação negativa do guarda-costas, porém, para a minha decepção ele parecia inexpressivo. Maldição.

― Lian Yu. ― Foi a sua breve resposta e que estranhamente fez o meu corpo inteiro gelar.

Lian Yu? Que inferno de lugar era aquele? Antes que eu pudesse processar alguma coisa ou arrancar mais alguma informação, Oliver me expulsou da sala dele, mas não antes de me lançar um olhar indecifrável. Era como se ele quisesse que eu adivinhasse o que passava por sua mente naquele exato momento e eu me senti indiscutivelmente PERTURBADA com isso.

Quando saí do seu escritório e fui até a minha mesa, em passos retos, me senti febril. Tanto que eu tive que checar a minha cabeça com a mão.

Que porra estava acontecendo comigo? Eu estava alucinando? Primeiro, eu ficava tendo flashes ridículos da boca maldita de Queen sobre a minha. E segundo, pensava que ele estava me lançando sinais de sabe-se-lá-o-quê quando claramente, ele só estava querendo me irritar. Talvez eu devesse considerar seriamente me jogar na frente de um carro.

Algo me dizia que aquela minha "febre" só pioraria na próxima semana, caso eu de fato, fosse viajar para Lian Yu com Oliver Queen.

Senti minhas entranhas se revoltarem, com o pensamento. Eu estava perdida e nem sabia o porquê. Ou sabia?

Me afundei na minha cadeira, resolvendo me concentrar apenas no trabalho. É, pensar no trabalho era mil vezes melhor do que pensar na boca do Queen. Definitivamente.


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Notas finais do capítulo

1: Não desaninem com esse capítulo capenga, pois no próximo prometo melhorar. Estive sem tempo para escrever e devo dizer que: Digitei esse capítulo todo durante as madrugadas da vida. Sim, eu estava completamente sem tempo e sem cafeína, porque odeio cafeína. Bleh. Pois então, por isso, a qualidade do capítulo dessa vez caiu bastante. Mas como eu sou eu, uma pessoa irritantemente persistente, no próximo capítulo juro melhorar.

Agora quanto onde eu estava metida nesse tempo "sumido"....VOCÊS NÃO QUEREM SABER EM QUE BURACO NA TERRA EU ESTAVA ENFIADA! Acreditem, VOCÊS NÃO QUEREM. Só posso dizer que o destino é um puto sádico comigo, do mesmo jeito que Oliver é com a Felicity e eu definitivamente deveria parar de colocar a nossa loirinha pervertida em apuros. Tudo que está me acontecendo só pode ser justiça divina. Sei lá.

AGORA SOBRE O CAPÍTULO: Felicity, coitadinha, não conseguiu enganar nem a sí mesma que estava bêbada, quanto mais o Oliver que na escola da malandragem já tem doutorado...

Enfim, poderia falar mais, mas vou acabar as notinhas por aqui. Obrigada pelos reviews, recomendações e mensagens privadas. Até a próxima gente! ♥