The Angel of Death escrita por Zenabubis


Capítulo 21
Destinatário das covas




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E nesse barco se eu cair, levarei você junto comigo. 

Imprevisível, porém eficaz. Eu sentia dores em meu corpo, minhas asas se tornaram inúteis, um peso morto em minha costas. Meu poder foi limitado, só conseguia levar as almas tranquilamente. Manipular exigia muito de mim, fazendo-me ficar sobrecarregada, quase sem forças. O básico eu ainda possuo, entretanto, incendiar um colégio não era mais tarefa para mim. 

Seguiria firme com o jogo, mesmo com tantos problemas, ele ainda é minha fonte de alegria. Nem Viktor, muito menos Mitzarel iria me impedir de prosseguir. Principalmente agora, que, os jogadores resolveram ouvir os meus avisos e agir. Cada dia que passava, ficava ansiosa com quem seria o ganhador que tomaria meu lugar de anjo da morte.

Eu ainda os observava os passos deles em progresso, sentia que deveria estar por perto, pelo menos para alimentar meu sadismo. E lá estava eles, naquele estacionamento, que seria um novo palco para o Jogo da Morte. Kentin permanecia inquieto com a situação, jamais imaginou que justo sua amiga que estudava no Cecilier era um dos participantes. Nem sabia ao certo se seria capaz de matá-la. Armou uma emboscada para ela junto com Dajan, nem precisaram fazer muito, apenas seguiram ela em um momento que não estivesse acompanhada. O que não estava nos planos era uma outra garota estar ao lado de Lynn.

— K-kentin? Mas o que você está... — Prestes a terminar de falar ouviu um estrondo — MELODY! — A garota tinha se posicionado nas costas de Lynn quando viu que Dajan iria atirar em Lynn, levando um tiro no lugar dela. Melody cai ao chão sussurrando um “me desculpe”, no fundo, Melody não aguentava toda essa pressão, ela estava se entregando agora, para não ter que mostrar sua fragilidade na frente das pessoas em um futuro próximo qualquer.

 Tudo parecia rodar em câmera lenta na cabeça de Lynn. Assustado com a cena, Kentin deixou a faca que estava segurando na mão cair também ao chão. No impulso Lynn se abaixa, verificando se Melody ainda respirava. Havia tanto sangue em volta que as roupas de Lynn trocaram de cor, dando lugar para o vermelho. Ela sentia que o garoto de cabelos rastafári se aproximava, então tentou ser rápida. O tiro que Melody levou foi fatal, a bala atingiu o coração, não tinha mais nenhum resquício de vida na menina. Me aproximei do local, inclinei um pouco na direção do corpo, e olhei para Lynn, ela fulminava de raiva. 

Passei a foice por cima de Melody, levando a alma do corpo dela. Talvez a próxima a cair fosse Lynn, iria ficar para ver a cena bem perto. Uma pena, dois contra uma.

Dajan caminhava como um ganhador, nem se importava de ter matado a pessoa errada, apesar que, caso soubessem sobre Melody ser outra participante, matariam ela de qualquer maneira, sendo assim, dois coelhos numa cajadada só. O que surpreendeu foi Lynn virar-se para Kentin subitamente e correr para pegar a faca que estava caída ao chão, em seguida ela enfiou a faca na perna dele e puxou no mesmo instante, a menina estava irada. Quando Kentin deu-se conta do que fez, olhou para Dajan, que parecia querer matá-lo junto com Lynn. O garoto urrou de dor, ele era incapaz de conseguir matar alguém, principalmente Lynn que era sua amiga.

— Nunca imaginei que você trocaria nossa amizade por um jogo. — Foi apenas o que Lynn conseguiu dizer, mesmo chorando, sua fala saiu com clareza e rispidez.

Mas ela, depois de perder tantas pessoas para o jogo, só queria acabar logo com isso, dando adeus a sanidade e lugar para a vontade de matar Kentin, que, de certa forma, havia traído ela, juntamente com o cara que estava com ele. Era exatamente isso o que o jogo fazia com as pessoas, o despertar de seu lado mais cruel.

Kentin tentou segurá-la, Dajan iria atirar novamente. Instantes antes de pressionar o gatilho, Lynn conseguiu ficar atrás de Kentin. O alvo que era para ser novamente Merman teria sido trocado por ele.

O disparo foi feito, Kentin não conseguia se equilibrar direito por causa da perna, por um ultimo momento cheio arrependimentos, ele abriu os braços para proteger Lynn. Seu corpo caiu ao chão encontrando-se com o de Melody, formando um V de cabeça para baixo com a junção dos corpos. E novamente eu me aproximei, mas desta vez, para levar a alma dele. Sorri de canto, hoje com toda certeza foi um dia produtivo. Talvez precisasse me esforçar para dar um fim aos corpos, não seria um problema, só me cansaria mais.  

— Sempre foi um otário do caralho, Kentin. Foi boa a sua parceria enquanto durou. — Dajan falou, enquanto recarregava a arma.

— Pelo visto, não teremos nenhuma consideração. — Lynn olhava para os dois corpos a sua frente, esperando o pior. Não tinha como ela se defender.

— Isso é o Jogo da Morte, o que você queria, afinal? Sobreviver sem fazer sacrifícios? Impossível.

Uma boa notícia no meio disso tudo, era que meus sentidos de percepção ainda estavam intactos. Me fazendo sentir a proximidade de alguém por perto do estacionamento.

Quem diria que depois de tanta desgraça viria finalmente algo bom para se ver. Toda aquela cena me animava por completo. O melhor entretenimento que eu poderia ter.

— Fique quieta, assim não terei tanto trabalho para te matar. — Ele novamente apontou o revólver.

— E se eu correr?

— Atirarei em sua perna, ou no seu pé. — Lynn engoliu seco, esse poderia ser seus últimos minutos em terra caso algo desse errado. Ela simplesmente fechou os olhos para enganá-lo, como se realmente estivesse se entregando.

Dajan sorriu.

E mais uma vez no dia, podia se ouvir um estrondo.

Mas a vítima da vez não era Lynn. Já tinha visto essa cena no porão do colégio. Essa garota, parecia que sempre arranjaria um jeito de escapar de mim. Outro tiro foi lançado, pois o primeiro, atingiu o braço de Dajan fazendo ele soltar a arma que apontava para Lynn.

— FILHO DA PUTA! — Dajan esperneava de dor, havia levado dois tiros, um em cada braço. Antes de Dajan ameaçá-la, Lynn tinha visto Castiel se aproximando, dando mais tranquilidade e acendendo a possibilidade de sair viva daquele “tiroteio”.

Castiel não parecia contente com apenas isso, estava preparado para lançar o terceiro tiro usando o revólver que era de Dakota. Lynn correu para abraçá-lo, acordando para a realidade, ela estava cansada. Seriam três mortes para um dia só. As vidas tiradas pareciam ter um efeito dominó em minha mente.

— Chega! Estou bem! Não precisa matá-lo! — A garota arfava e soluçava chorando.

— Não, Lynn. Se eu não fizer isso agora, cedo ou tarde terei que fazer. — Castiel beijou a nuca da garota, e depois se afastou dela indo mais para frente, onde Dajan se localizava ferido. — Adeus. — Bastou apenas isso. Dajan morreu de olhos arregalados. Um terceiro corpo caía no chão úmido de sangue. Acho que por hoje temos um basta.  

Poderia gargalhar de alegria, pular, dançar. Nada disso conseguiria demostrar como eu me sentia. Nesses momentos eu me igualava aos demônio com sua maneiras de ser cruéis, sádicos e sem amor ao próximo. Queria mostrar para eles minha satisfação, mas não podia fazer muito, o jeito era escrever uma mensagem como sempre fazia.

— O que vamos fazer com esses corpos? Iremos dizer o que para Nathaniel? — Lynn olhava para as três pessoas sem vida no chão e em seguida para Castiel, que puxava os próprios cabelos rubros como se conseguisse pensar melhor assim.

A resposta foi dada por mim, após levar a alma de Dajan, agachei-me tocando o sangue e formando palavras, onde o chão ainda encontrava-se seco.

“Deixem esse trabalho para a Morte levar, sigam em frente sem se preocupar. Assinado: M.S”

Inicialmente, hesitaram com medo de que fosse um blefe, todavia lembraram-se que eu não minto, o que fez a dupla relaxar em alguns segundos.

— Vamos. — Lynn acompanhou Castiel sem pestanejar, dando de cara com uma moto estacionada. — Pode subir, Lynn.

— Castiel... Não sei se é uma boa ideia aparecer em casa com minhas roupas nesse estado. — Ela segurou a ponta da blusa olhando para a mesma.

— Você vem para a minha casa, resolvido o problema. — Com a resposta dele, Lynn olhou para trás, encarando o local onde estavam anteriormente. 

— Castiel...

— Mas o que foi dessa vez?! Quer que eu te coloque aqui em cima também?

— Não há mais nenhum corpo no estacionamento! — Castiel olhou na direção, espantado e com a boca meio aberta. Não havia nem sangue e muito menos corpo. Eu tinha gastado toda minha energia para sumir com qualquer vestígio. Rápido e prático, porém custara caro. Podia sentir meu corpo pesar, não aguentaria fazer mais nada por hoje.

— Apenas suba nessa moto e coloque o capacete. Não quero ficar aqui nem mais um minuto. 

Continua...


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