Perigosamente Perto escrita por Minka


Capítulo 2
Capítulo 1




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— MATTHEW! — Minha mãe gritou na porta do meu quarto. — Se você não estiver lá em baixo em cinco minutos, vai chegar atrasado.

Meus cobertores foram arrancados de cima de mim e eu abri os olhos lentamente, soltei um murmúrio de indignação enquanto minha mãe abria as janelas, deixando a luz do sol entrar, e em seguida fechando a porta com força.

Sentei na cama e observei o despertador que não havia tocado, ainda era de manhã. Pensei por um minuto o porquê da minha mãe ter me acordado a essa hora, mas aí lembrei, hoje é o temido dia, o primeiro dia de aula. Não que eu esteja indo para uma escola nova, nada mais que o normal, mas eu ainda não estou preparado para abandonar a vida sedentária que tive nas férias.

Peguei a roupa que tinha separado e vesti, indo até o espelho, vi os fios loiros caindo nos meus olhos, a franja está muito longa, suspirei enquanto tentava, sem sucesso, domar os fios rebeldes.

— Ei, você precisa cortar o cabelo — dei um pulo de susto e me virei para ver minha irmã, Olivia, na porta do quarto, penteando o cabelo.

— Muito ruim? — Dei um sorriso fraco pra invasora.

— Não tanto — ela chegou mais perto e arrumou minha camisa que, na pressa, eu tinha colocado os botões errados.

Olivia se virou e saiu do meu quarto, soltando um "vamos lá" enquanto passava pela porta.

Suspirei indo pegar os sapatos, parei subitamente enquanto vi uma movimentação na janela do vizinho, impossível, já que ninguém mora naquela casa a anos, ninguém mora ali desde que a família de Drake se mudou para sei lá onde. Cheguei mais perto da janela e vi um garoto moreno colocando a camisa, ele é muito bonito, a família de Drake deve ter finalmente vendido a casa. Dei de ombros, pronto para fechar a cortina quando o garoto moreno se virou pra mim, percebendo que eu estava olhando. Senti minha cara inteira esquentar, o moreno fofo deu um sorriso simpático antes de eu fechar a cortina com força.

Corri pelas escadas para encontrar minha mãe, minha irmã já deve ter ido, sentei na mesa, pra comer um sanduíche.

— Os Mitchell's estão de volta — disse minha mãe com um sorriso, se referindo á casa vizinha, logo se virou pra mim. — Matt, querido, você não era amigo do caçula? O Drake?

— Oito anos atrás, mãe... — respondi colocando o prato na pia e pegando minha mochila.

Parei pra pensar um minuto, então o cara que vi na janela era Drake? Não, acho que não, era bonito demais pra ser ele.

— Vai passar lá depois da aula?

— Por que eu faria isso? — perguntei, já abrindo a porta.

— Filho, você sabe que não me intrometo na sua vida, mas... Sem querer ser rude, você não tem muitos amigos, não é?

De novo esse assunto, respirei fundo.

— Eu tenho a Rebecca e a Katie.

— Sim, filho, eu sei, elas são ótimas, mas... Você não sente falta de ter um amigo, um amigo homem?

Fechei a porta e do lado de fora revirei os olhos. Não sinto. Minha mãe é incrível, mas ás vezes ela faz umas perguntas desse tipo...

Não me importo em ter amigos homens, já que a maioria dos garotos da turma só falam de futebol ou de garotas, e além disso, sou muito tímido para conversar com alguém, por isso minhas únicas amigas são Katie e Rebecca, que por sinal, eu estou apaixonado a tempos.

Suspirei e fechei os olhos, sentindo o vento no meu rosto, fui andando assim, de olhos fechados, até em parar porque algo me parou, abri os olhos para ver o garoto moreno segurando meu braço, com um sorrisinho.

— Ei, quer ser atropelado? — ele perguntou.

Olhei para frente, o sinal estava aberto, mas mesmo assim não tem muito movimento nessa rua de manhã.

Olhei fixamente pra mão dele segurando meu braço, ele logo percebeu e soltou.

— Você é distraído? — Ele tentou puxar assunto.

— Nem tanto — respondi rápido.

— Você é o garoto da janela? — Ele perguntou ainda sorrindo.

Corei novamente e soltei um "não", apressando o passo para me distanciar dele.

— Ei! — Ele veio atrás de mim. — Eu não quis dizer aquilo, desculpe.

— T-tá — não consegui olhar para ele, então só continuei, ciente dele no meu lado, chegando na escola, eu entrei rápido e ele também.

Ele abriu a boca para falar alguma coisa no mesmo momento em que duas pessoas me puxaram.

— MATTY! — Katie gritou me abraçando, Becca também me abraçou.

Quando me virei para dar tchau para o moreno, que talvez fosse Drake, mas ele não estava mais ali. Bem, tanto faz, não conhecia ele mesmo.

— Não me chama de Matty — fingi estar irritado.

— Eu sei que você gosta — Kat falou com o dedo na minha cara.

Depois de cumprimenta-las corretamente, de conversar sobre as férias e tudo aquilo que acontece no primeiro dia de aula, o sinal bateu e fomos para a aula.

Sentei na frente de Rebecca e já fui me ajeitando, colocando a mochila na mesa para servir de travesseiro. O professor de história, Sr. Green, é um careca simpático que sempre faz piadas sem graça, ele começou um discurso sobre um novo ano e no final pediu para os novos alunos se apresentarem.

Ouvi os suspiros de algumas garotas e abri os olhos, para ver o garoto moreno levantado. Levantei as sobrancelhas, ele é da minha turma então?

— O que eu digo? — Ele perguntou, sorrindo.

— Seu nome, idade, o que gosta de fazer... — O porfessor começou.

— Meu nome é Drake Mitchell, 17 anos, eu gosto de basquete e futebol.

Ele ficou ali, sorrindo.

— Muito bem. — Sr. Green sorriu também. — Alguém tem uma pergunta para Drake?

— Tem namorada? — Katie perguntou.

— Não — ele respondeu piscando.

Não prestei atenção no resto das perguntas, mas durou alguns minutos, só peguei meu caderno e comecei a rabiscar. Então era mesmo Drake, ele cresceu bastante, nem dá pra imaginar que ele era aquela criança chorona. As perguntas continuaram e ele respondia todos sorrindo.

Uma hora acabou e o professor começou a falar sobre o ano, alguns falaram o que fizeram nas férias, não teve aula de verdade. Continuei desenhando, nem percebi o sinal da bater, só percebi quando senti alguém atrás de mim.

— Você desenha bem.

Virei e vi Drake ali, me encarando como se eu fosse a coisa mais interessante na sala, eu tinha desenhado a Rebecca sorrindo, não era o meu melhor desenho, mas não estava ruim.

— Obrigado — respondi frio e guardei o caderno, me levantando e passando por ele, indo ao encontro de Becca e Katie na porta. Eu não gosto que vejam meus desenhos.

Comi um pastel enquanto Katie tagarelava sobre o atual namorado, em breve ex namorado. O problema dela é que ela nunca para de falar. No fim as duas foram para o banheiro e eu fui voltar para a sala. No caminho fui empurrado com toda a força em um armário por ninguém além de Alan.

— E aí, Alan? Como foram as férias? — Ignorei o fato de o cadeado atrás de mim machucar minhas costas. É sempre assim quando encontro ele, até já acostumei.

Alan é o típico garoto bacaca, é aquele que pega um monte de meninas, joga no time do colégio e não conhece outro xingamento além de "gay" ou "Viadinho".

Ele não respondeu, apenas agarrou a gola da minha camiseta.

— Ei, machuca, sabia? — Perguntei.

Alan me fez bater a cabeça no armário como resposta, já estava meio zonzo quando ouvi um:

— Qual o seu problema?

Pisquei para tentar desembaçar a minha visão, ali estava Drake encarando Alan sério.

— Eu que pergunto — Alan respondeu. — Cai fora daqui.

Drake suspirou e levantou o punho, logo em seguida acertando em cheio no nariz de Alan, que me soltou e colocou a mão no nariz, que estava sangrando. O novato chegou mais perto dele, preparando um outro soco, mas Alan o parou, dizendo "Tá, dessa vez eu saio".

Encarei ele indo embora, minha cabeça ainda doía. Arrumei a gola da camisa.

— Nada a dizer, Matty? — Drake perguntou, dando um sorriso e se apoiando no armário.

— O que quer que eu diga? — respondi.

— Talvez um "obrigado"?

— Obrigado — respondi rápido e saí dali.

Metido. Sim, metido. Querendo bancar o herói. Sentei na minha cadeira e fechei os olhos, acabei pegando no sono pelo resto da aula, só acordei com Becky me chamando.

— Você conhece o novato? — Becky perguntou se referindo ao Drake.

— Não — menti. — Por que?

— Ele perguntou sobre você, certeza que não conhece?

Ele perguntou de mim? Ri comigo mesmo.

— Nunca vi na vida — falei.

Me despedi das garotas e saí da escola apressado, agora eu iria voltar pra casa e dormir a tarde inteira.

— Ei! Matty! — Alguém segurou meu ombro, era Drake. — Vamos juntos.

— Por que? — Perguntei, ainda lembrando de ele ter me visto com Alan.

Ele pareceu meio surpreso, mas disse:

— Nenhum motivo, só conversar.

— Não vou te impedir — respondi e continuei andando, agora com ele ao meu lado.

Dava pra ver claramente que ele estava se esforçando para pensar em algo pra dizer, ele abria a boca e a fechava logo em seguida.

— Ei — chamei ele. — Não me chama de Matty.

Ele riu, mas logo voltou a ficar sério.

— Matthew, lembra quando nós fomos caçar sapos de noite?

Estranhei a pergunta, como ele se lembrava disso? E por que falou disso agora?

— Sim, você não parava de chorar.

— Na verdade eu parei, quando você... — Ele não terminou a frase.

Ele também parou de andar, olhei curioso pra ele.

— Eu o quê?

Ele me encarou sério, depois olhou ao redor, como se tivesse medo de estar sendo seguido.

Ele me puxou pelo braço e me empurrou na parede de um beco.

— Ei! — Gritei, ligeiramente assustado.

Ele colocou os braços ao lado do meu rosto, me deixando sem saída. Ele foi se aproximando e de repente...

Me beijou.

Fiquei paralisado, com os olhos arregalados enquanto a língua dele pedia passagem, que, por algum motivo, eu permiti.

O que diabos é isso?

Mesmo assustado, me deixei levar e fechei os olhos, sentindo a língua dele contra a minha. Ele beija bem. Coloquei os braços ao redor do pescoço dele e brinquei com o seu cabelo. Ele cheira a lavanda. Tentei chegar mais perto para sentir ele direito.

De repente a realidade voltou.

Empurrei ele o mais longe possível e gritei:

— Qual o seu problema?!

— Eu... — Ele parecia surpreso.

— Você é gay?!

Não tive resposta.

Logo em seguida saí correndo dali, deixando Drake boquiaberto, não parei de correr até chegar em casa, nem cumprimentei minha mãe ou irmã, porque corri escada acima até meu quarto, onde tranquei a porta e sentei na minha cama, ofegante.

O que aconteceu lá?

Toquei meus lábios, aquilo realmente aconteceu? Se tiver acontecido, ele tinha noção de que eu era um cara? E ele sabia que era meu primeiro beijo? Meu primeiro beijo com um garoto, ótimo.

Enterrei minha cabeça no travesseiro, decidido a não chorar, fechei meus olhos e me deixei adormecer.


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