Percy Jackson Filmes escrita por JkTorçani


Capítulo 47
Um dia de folga... ou não.


Notas iniciais do capítulo

Último cap. antes do hiatus.



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Ponto de Vista de Percy

Verdade seja dita, eu estava passando por uma leve fobia em relação aos taxis nova-iorquinos. Sentia que a qualquer momento eles poderiam se dividir ao meio, comigo no centro.

Mas fora isso, a viagem de volta ao Acampamento estava sendo tranquila. Grover recostara a cabeça no vidro do carro para dormir, e roncava muito.

Já Annabeth, que se sentara ao meu lado direito, se recusava a ceder ao sono, mesmo após tantos pedidos meus para que tentasse cochilar. Até usei o infalível afago no cabelo e o inocente beijo no pescoço para coagi-la a descansar, mas ela estava fazendo jogo duro. Por fim, desisti dos truques e decidi por diagnostica-la, e saber porque não fechava os olhos nem por um segundo.

— Não paro de pensar que... talvez não tenhamos sido o suficiente para ela. Por isso ela encontrou outra família.

Hum, síndrome de auto-culpa por tudo. Muito comum em pessoas consideradas controladoras.

Segurei sua mão.

— Tenho certeza de que fomos o suficiente para ela. Você foi. É a melhor amiga que Thalia poderia querer. E você ouviu quando ela disse que nós nos veríamos de novo. Ela ainda pode visitar o Acampamento.

Olhei para o banco da frente. O taxista não parecia nem um pouco interessado em nossa conversa.

O ânimo de Annabeth pareceu subir alguns graus. Ela relaxou no banco traseiro e apoiou a cabeça no meu ombro. Ainda tínhamos uns bons 30 minutos de estrada até Long Island.

Saltamos do taxi na beira da estrada. O taxista não entendeu muito bem o que uma garota e dois caras – sendo que um se apoiava falsamente em uma muleta improvisada – fariam em uma floresta ao amanhecer, mas deixamos que a imaginação dele fluísse depois de pagarmos pela corrida. O sol já havia acabado de nascer quando atravessamos as barreiras do Acampamento e passamos pelo portal de madeira.

A primeira coisa que deveríamos fazer era seguir até a Casa Grande, onde eu levaria uma bronca completa. O Sr. D já havia me poupado de um grande discurso no Olimpo antes de me chamar de Peter pela milésima vez.

Quíron fazia o seu melhor ao fingir que estava bravo, mas hora ou outra os cantos de seus lábios tremiam ao reprimir um sorriso.

— Dionísio colocou-me a par do que aconteceu, mas eu gostaria de sua versão resumida, Percy. A sua também, Annabeth, já que... bem, esteve contra a própria vontade com o Sr. Castellan.

Não foi fácil resumir tudo aquilo, mas demos o nosso melhor. Quando cheguei na parte em que Bianca...

— Ah, não – pensei instantaneamente. Quíron franziu as sobrancelhas e suspirou em compreensão. Meu emocional sofreu o segundo abalo pela morte de Bianca di Angelo. Ela deixara o irmão no Acampamento antes de se tornar Caçadora – Preciso conversar com Nico.

O centauro passou a mão pela barba rala e grisalha.

— Não sei se isso será possível.

— Por que? – perguntei.

— Me parece que o Sr. Di Angelo seguiu seu exemplo. Uma noite após partirem em missão, ele desapareceu. Acreditamos que tenha ido atrás da irmã. Mas...

— ...ele não vai encontrá-la – Annabeth terminou, abatida.

Quíron se locomoveu para o meio da sala.

— É preocupante. Alguns campistas disseram que ouviram-no murmurar algo sobre esqueletos armados enquanto se dirigia ao quiosque do refeitório. Não fez muito sentido, mas isso aconteceu horas antes dele desaparecer.

Um arrepio percorreu minha pele.

— Como...? – deixei a pergunta inacabada. Olhei para Grover e vi que ele estava tão confuso quanto eu – Não tinha como ele saber.

— Não tinha como quem saber o quê? – perguntou Annabeth, claramente perdida.

Contei à ela sobre o ataque que sofremos há alguns quilômetros da Barragem de Hoover, e como Atena salvara minha pele e a de Thalia.

Ela entreabriu a boca e estreitou os olhos, visivelmente recordando-se de algo.

— Então foi isso! – ela exclamou – Quero dizer, era sobre isso que Luke estava falando com Ethan. Os monstros que atacaram vocês... Luke os enviou. Mas quanto a Nico saber deles, isso é inexplicável.

— Certamente – Quíron murmurou devagar e baixo, o olhar vago mirava para nada em especial. Era a cara que as pessoas faziam quando juntavam as peças para chegar às conclusões mais óbvias. Ele deve ter visto que nós três esperávamos por um sinal da parte dele – É melhor que... – o centauro balançou a cabeça para se livrar de um pensamento aparentemente perturbador – É melhor vocês voltarem para seus aposentos. Estão livres dos treinos por hoje.

— Mas não vamos nem sequer fazer algo em relação a Nico? Ele está lá fora agora, sozinho – argumentei.

— Não há nada que possamos fazer agora, Percy. Eu preciso conversar com Dionísio antes que ele vá novamente para a adega. Se o encontrarem no jardim, digam que estou procurando por ele. No momento, isso é tudo.

Eu queria continuar discutindo sobre Nico. Tinha uma dívida de gratidão com a irmã dele. Mas bastou um ligeiro olhar em Annabeth para saber que aquela era a hora de afrouxar a pressão. Ela segurou meu braço, enquanto eu saia relutante da Casa Grande.

Não encontramos o Sr. D no caminho. Aparentemente, ele já havia partido para a adega de vinhos. Uma coisa que não fazia sentido, porque era como entrar em uma pizzaria para observar as pizzas sem poder saboreá-las.

— Você ainda está pensando nos di Angelo, não está? – Annabeth perguntou, examinando os antigos mapas de navegação sobre a minha mesa. Estávamos só nós dois no meu chalé, e ela havia trocado o aconchego da rede de balanço por um momento para apreciar souvenires. Típico.

Mas era muito bom que ela estivesse ali. Os tempos ruins ficavam bem menos ruins na presença dela.

— A culpa é toda minha – resmunguei um pouco débil. Ainda estava cansado, tínhamos acabado de tomar um banho e um bom café da manhã. Grover e Tyson ficaram para trás numa competição de quem conseguia enfiar mais pães dentro da boca. Mas o foco não era esse. O foco era que eu estava sem foco.

Annabeth suspirou, deixou os mapas de lado, se encaminhou para perto da rede e se sentou em uma poltrona ali perto. Bom, já estávamos fazendo progresso.

— Percy, não é culpa sua – ela afirmou suavemente, com um pequeno sorriso condescendente naqueles lábios carnudos, os olhos azuis mais brilhantes que nunca. O cabelo dela estava perfeito em uma trança única que lhe descia pelo ombro direito. Ela vestia um moletom azul escuro e calças jeans. Tiramos um dia de folga e eu estava ali, alternando entre me afogar em culpa e admirar minha linda namorada – Quíron só não quer que percamos a linha. Acabamos de voltar da missão mais complicada que já tivemos.

Ergui uma sobrancelha para ela.

Segunda missão mais complicada – Annabeth se corrigiu.

Porque nada superava Circeland. Eu ainda tenho pesadelos semanais com Cronos.

— Talvez você tenha razão... – comecei, antes de ver sua expressão de ceticismo – Como sempre – acrescentei – Mas você viu como Quíron ficou enquanto contávamos dos esqueletos armados?

Annabeth assentiu.

— Acho que ele só está desconfiado de alguma coisa – ela ajeitou a franja atrás da orelha – Vamos apenas esquecer isso um pouco, tá bom?

— Tá, eu sei de algo que pode me fazer esquecer tudo mais rápido.

— É alguma proposta indecente? – um sorriso presunçoso estampava seu rosto.

— Depende do ponto em que se olha – segurei na barra de seu moletom e a puxei para que subisse na rede. Ela veio de bom grado.

Pressionei tranquilamente meus lábios nos dela, apreciando cada centímetro. Ela se ajeitou em cima de mim conforme minhas mãos resvalavam pelo seu corpo.

Alguns minutos depois, Annabeth interrompeu o beijo. A boca ligeiramente vermelha e marcada com pequenas mordidas. Éramos dois jovens adultos envolvidos em um namoro há quase 6 meses, hormônios corriam soltos por cada componente de nossas células e estávamos sozinhos.

Ela ficou me observando com uma expressão satisfeita no rosto. Se deixássemos de lado o fato de meu chalé não ter paredes, muito menos porta que nos permitisse privacidade, talvez houvesse uma pequena chance de acontecer alguma coisa mais... intensa, porém Annabeth desceu da rede, e alisou a roupa amarrotada com um sorriso de superioridade enquanto mordia o lábio inferior. Ela ofereceu as mãos para mim, provavelmente querendo que eu me levantasse.

— Venha. Vamos treinar um pouco. Quero acabar com você em uma luta de espadas.

Gemi em desgosto.

— Ganhamos um dia de folga e você quer se esgotar em treinos – reclamei. Ter uma namorada que é filha da deusa da estratégia em batalha não era nada fácil.

— Me esgotar? – ela riu, sarcástica – Você não vai me dar trabalho algum.

— Subestimando minhas habilidades, né? Veremos – aceitei ser içado para cima – Vou colocar minha armadura.

— Vai, admite – pedi, enquanto tentava puxar ar para os meus pulmões – Sou o melhor adversário que você já teve.

Annabeth sorriu enquanto ofegava. Os fios de cabelo da franja lhe grudavam no rosto por conta do suor. Os outros campistas continuavam em suas batalhas ao redor da área de treinamento.

— Pode até ser o melhor, mas não significa que seja o mais difícil.

— Fala isso mesmo após perder esse último round.

Ela metade riu, metade respirou fundo.

— Eu só... me distrai.

— Claro, você transgrediu a sua primeira regra de batalha: não se distrair.

Annabeth se curvou, apoiando as mãos nos joelhos conforme recuperava o fôlego.

— É, eu mereci ouvir isso.

Cheguei perto dela. Já havia deixado minha espada largada ao chão.

— Quer me dizer o real motivo de termos vindo para cá?

A expressão dela ganhou um leve tom sério. Ela suspirou demoradamente e olhou para o horizonte à nossa direita.

— Acho que temos que estar preparados para qualquer coisa à partir de agora. Luke ainda está lá fora, cada vez mais irado e obcecado por vingança. Se ele voltar ou quando ele voltar, não quero ser surpreendida pela... quarta vez consecutiva.

— Ele machucou você? – não pude evitar a centelha de ódio por aquele cara.

— Não – Annabeth respondeu, simplesmente – Mas se ele tiver uma próxima oportunidade, ele não vai perde-la, então... – ela pegou minha espada do chão e a entregou para mim – aumentar nossas habilidades não vai fazer mal algum.

— Tem razão – concordei, já me colocando de frente para ela antes que algo cruzasse minha mente – Aliás, estou dando falta de uma pessoa. Clarisse não deveria estar treinando? Ela é tão aficionada nisso quanto você.

Annabeth revirou os olhos com o comentário.

— Ah, ela saiu em missão há algum tempo. Foi Quíron que a mandou... isso me lembra que ela já deveria ter voltado – ela disse essa última parte em um murmúrio baixo antes de olhar em volta, checando se Clarisse estava à vista. A espirituosa filha de Ares não estava – Bem, não sei.

— Certo, vamos retomar de onde paramos – apontei a espada em direção a ela – Dessa vez, não se distraia.

Ela sorriu, desafiadora.

— Não vou.

 


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