Percy Jackson Filmes escrita por JkTorçani


Capítulo 4
Estética


Notas iniciais do capítulo

Um capítulo particularmente grande.
Enjoy



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As filhas de Afrodite já estavam me irritando. Me irritando muito. A ponto de eu quase agir como uma filha de Ares, e sair correndo atrás delas com uma lança.

Mas meu autocontrole é excepcional, funciona mesmo. Bom, funciona até me ofenderem diretamente, porque meu ego é sensível a várias coisas. Como alguém dizer que é melhor do que eu em: Lutas, xadrez, estratégia, qualquer coisa envolvendo a inteligência...

Mas beleza estética nunca foi uma delas, talvez porque nunca precisei ouvir:

“Sou bem mais bonita do que aquela filha de Atena”

Se eu tivesse dois por cento do orgulho que a minha mãe tem, estaríamos queimando a mortalha de Drew Tanaka agora. Os filhos e filhas de Atena são belos. E não estou falando isso só porque diz respeito a mim e aos meu irmãos e irmãs. Apenas temos charme natural, não ficamos dez horas por dia fazendo maquiagem, cuidando da pele e falando sobre quem ficou com quem. Além disso, Atena é uma das deusas mais bonitas. E para nós há coisas mais importantes na vida. Como o aprendizado.

Então deixei o comentário pra lá... só que não. Queria muito não ter dado importância para o que falavam de mim, isso sempre acontecia ao redor do Acampamento de um jeito ou de outro. Mas quando ouvi um nome ser citado na conversa fiquei apreensiva na hora.

“...Percy Jackson... sim, o novato filho de Poseidon...”

“O que tem ele? – perguntou uma garota rindo – é o seu próximo alvo?”

Drew riu.

“Talvez irmãzinha, você sabe como eu adoro um herói”

“É, mas você sabe que ele tem dona – disse a outra filha de Afrodite.”

“Que dona? Annabeth não é namorada dele”

“Mas é amiga e está todos os dias com ele, talvez ela goste dele – comentou para a irmã.”

“Isso não me impede em nada, só porque ela acabou de conhecer ele, e saíram em missão juntos, não significa que agora ele é território dela. Além disso, qual é, sou bem mais bonita do que aquela filha de Atena, não concorda? – perguntou Drew, mas não esperou resposta – estou pensando em convida-lo para a festa do dia 5, o que você acha?”

A outra garota bufou.

“Se essa festa for igual as que as ninfas deram depois do último Capture a Bandeira, nem convida que vai ser micão – debochou ela.”

“Não vai ser que nem aquela porcaria, foram nossas irmãs que organizaram – disse Drew.”

“Então boa sorte, e não esquece de levar camisinha no dia...”

Ouvi isso tudo enquanto passava pelas águas termais perto da praia. Depois disso até quase me esqueci que estava indo para o chalé de Percy. Resolvi que era melhor ir logo, só pro caso de Drew acabar aparecendo por lá fazendo convites. Se isso acontecesse eu lhe lançaria um olhar mortal tirado lá do fundo da minha alma. Talvez até fizesse uma faca voar nela sem querer.

Mas... caramba. Camisinhas? O que essa garota estava querendo com Percy?

Nossa, para uma filha de Atena eu conseguia ser imbecil as vezes... é claro que eu sabia o que ela queria.

E sobre a parte em que ela falou sobre ser mais bonita que eu... será que isso é verdade? Deixei isso pra lá. Sem essa de me importar com coisas fúteis.

Cheguei em frente ao chalé, não tinha porta e era todo aberto, apenas com cortinas brancas para esconder o que quer que estivesse ali dentro. Então chamei pelo nome de Percy. Sem resposta. Entrei por fim. O lugar é estonteante, metade dele ficava na praia, e a outra metade no mar. Uma vista fantástica.

Encontrei Percy deitado em uma rede de balanço, o semblante relaxado. Ele usava uma camiseta azul com bermudas cargo bege, o cabelo castanho escuro e liso, despenteado. O garoto dormia como um bebê. Me fez querer desistir de acorda-lo para ir treinar, para apenas observa-lo dormir. Arrepiei com a lembrança de um quase beijo.

Aquele foi o momento mais indeciso da minha vida. Eu queria beija-lo. Tipo queria muito mesmo. Nossa, os lábios deles nos meus...

Mas... eu só o conhecia há uma semana. Deveríamos ser amigos antes de rolar alguma coisa, não deveríamos? Nós não estaríamos apenas ficando casualmente como todo mundo da nossa idade faz. Teria que ter um significado para mim, e iria querer que tivesse para Percy também. Não estou preparada para um relacionamento, o que é quase irônico, vendo que sempre me preparo para tudo. Malditos sentimentos.

Sentimentos. Positivos ou negativos. Ainda não disse a ele quais eram. Porque desde que voltamos da missão eu meio que gastei meu tempo digerindo o fato de Luke ter traído o Acampamento inteiro. Não conseguia pensar em rapazes sem ficar confusa e aflita.

Percy se mexeu na rede. Sorri um pouco. Ele parecia sentir minha inquietação. Me aproximei um pouco dele e toquei seu rosto suavemente.

– Percy. Percy, ei acorde – ordenei, acariciando seu rosto. Amigos podem acariciar os amigos, não podem? – Vamos lá, acorde, preciso acabar com você de novo em uma luta.

– Uhm – ele resmungou – só mais cinco minutos mãe.

Eu ri. Fala sério, isso foi tão clichê.

– Não, sério Percy. Acorda – comecei a chama-lo mais alto – temos que treinar.

– Mas o...? – ele perguntou/resmungou abrindo os olhos – Annabeth?

– Isso aí – afirmei, usando meu sorriso convencido – levante-se e lute, herói.

– Que horas são? – ele perguntou sonolento.

– São quase 8 horas – informei – aqui, nós sempre acordamos cedo para treinar. Vai ter que se acostumar. Agora, levanta e lava o rosto. O café da manhã foi há uma hora – ele se sentou e fez uma careta de horror, que saiu estranha porque ele ainda estava sonolento - mas como eu sou legal, eu trouxe um pouco de comida para você, – joguei para ele um pacote marrom – não quero que a fome atrapalhe você quando eu estiver chutando sua bunda no treino.

Ele bufou, depois olhou para mim sorrindo.

– Como você é convencida... – ele abriu o pacote – ah, obrigado pelo sanduiche e o suco de laranja...

– Tem néctar nesse suco – revelei, ele olhou para mim – é para fortalecer os campistas.

– Tudo bem, ah... eu vou... – ele apontou uma porta de madeira clara - ...me arrumar e trocar de roupa.

– Certo... sem pressa, quero dizer, com pressa na verdade, temos que treinar – disse eu. Ele ficou me encarando por uns dez segundos.

– Você vai esperar eu me trocar aqui ou...? – indagou ele, visivelmente envergonhado.

– Ah, desculpe, claro... hã... eu vou até a área de treinamento, hã... te espero lá então – respondi.

– Mas se você quiser ficar... – começou ele, mas eu o interrompi.

– Não, tudo bem. Eu tenho que checar se a minha espada está, hã, bem polida. Então eu já vou indo – disse a ele, e deixei o chalé. Isso já estava embaraçoso para mim o suficiente.

Nota mental: nunca mais ficar tímida e desajeitada perto de um garoto. Perto de ninguém.

Eu não era assim. Eu não sou assim, comigo nunca teve esse lance de ficar sem palavras ou gaguejar perto de um cara. Sou uma pessoa confiante.

Fui caminhando até a área de treinamento habitual. Ainda tinha algo que não saia da minha cabeça. O que Drew disse sobre ser mais bonita que eu... talvez... Percy também possa achar isso, e se...

“Deixa de ser trouxa Annabeth” disse meu subconsciente.

Balancei a cabeça ignorando tudo que ouvi nesse começo de manhã. Foco no treino. Foco.

A visão de Grover cruzou meus olhos. Caramba, isso me lembrou do que ele fez no Mundo Inferior. Aquela coisa toda de ficar para trás para que eu, Percy e a mãe dele pudéssemos sair de lá. Eu não o tinha agradecido ainda.

Andei até ele.

– Ei, Grover – ele se virou para me encarar abrindo aquele sorriso maroto de sempre.

– E aí Annabeth, como vai? Andou treinando? Mandando alguns campistas para a enfermaria talvez? – perguntou ele, ainda sorrindo. Eu acabei sorrindo também. Grover sempre estava de bom humor e alegrava quem não estava. Um exímio piadista também.

– Nessa manhã ainda não, mas talvez você tenha que visitar Percy depois na enfermaria. Só um pressentimento – disse eu. Ele riu.

– Pega leve com o garoto, gata. Você ainda vai ter muito tempo para acabar com ele – ele me deu uma piscadela, me deixando interpretar o que ele quis dizer com “acabar”. Ah Grover – mas então... como você está?

– Eu que deveria perguntar isso, você estava no Mundo Inferior, ainda não me disse o que aconteceu lá – disse eu. O sorriso maroto voltou em seus lábios.

– Até que foi uma experiência interessante – informou ele, sonhador. Algo me dizia que eu não iria querer saber mais o que aconteceu naquele lugar.

– Você não tem jeito, mas mesmo assim, obrigada. Você não precisava ter ficado lá, foi muito nobre e corajoso da sua parte – disse eu, abraçando ele.

– Ow, Annie, nem começa. Com essa declaração e esse seu charme, vou acabar me apaixonando – disse ele depois que o soltei. Eu ri, dei um tapinha amigável no braço dele e depois disse que estava indo treinar.

O treino nesse dia até que foi interessante. Percy perdeu para mim em uma luta fascinante. Ele contou que o sol bateu nos meus olhos e fez com que ele perdesse a concentração, fala sério, quem teria que ter perdido a concentração com isso era eu. Isso me fez rir, ele é tão adorável.

Mas a parte mais interessante do dia foi a hora do almoço.

Percy, Grover, eu e um dos meus irmãos estávamos conversando normalmente em uma das mesas, quando Drew aproximou-se desfilando pelo refeitório com duas de suas irmãs atrás.

– Oi pessoal! Que ótimo ver vocês – disse Drew. Um quilo de maquiagem na cara. Grover a fixava com os olhos, sorrindo maliciosamente como sempre faz quando vê as filhas de Afrodite. Meu irmão nem sequer olhou. Percy a encarou inexpressivo como se nunca a tivesse visto, até porque ele nunca viu mesmo. E eu a olhava como se a presença dela, bem, não deveria estar presente. – como vão?

– Estávamos bem – respondi, antes que Grover se avacalhasse – Estávamos – repeti. Ela olhou para mim, como se acabasse de me notar sentada ali.

– Ah, bom, então... – ela olhou para Percy, e sorriu como Grover – eu queria fazer um convite ao nosso recente campista – Percy parecia confuso, mas se endireitou – eu e meus irmãos vamos dar uma festa domingo no salão de Afrodite que nós temos aqui, e vamos poder levar um par... – ela deixou a frase no ar para que Percy a pegasse. E ele pegou, da melhor forma que eu poderia esperar.

– Oh, hã, isso é ótimo. Obrigado. Bom, se é permitido levar um par – ele olhou para mim – Annabeth, você quer ir comigo? – o sorriso de Drew foi atropelado por uma careta de espantosa descrença.

– Eu adoraria Percy, obrigada por perguntar – respondi. Dane-se a festa, o que eu queria era ver a semente da discórdia brotar. Olhei para Drew, uma sobrancelha levantada, e a minha marca registrada: um sorriso presunçoso. A filha de Afrodite tentou se recuperar.

– Hã, na verdade, eu quis dizer que estava procurando um par... – começou Drew, usando as palavras erradas dessa vez. Percy a interrompeu.

– Ah, sinto muito, interpretei mal, você queria que eu te ajudasse a arrumar um par – quase cuspi meu refrigerante – Grover adoraria ir com você, não é cara? – queria beijar Percy nesse momento.

– Adoraria com certeza – respondeu Grover e piscou para uma Drew horrorizada. As irmãs atrás dela estavam indecisas entre segurar o riso ou olhar para os lados. Drew abriu a boca para falar, provavelmente tentando desfazer a merda já feita para o lado dela. Mas foi interrompida por meu irmão, que antes mal observava a cena.

– Como um quebra-cabeça, tudo se encaixa. Percy ajudou Drew a achar um par na festa, e como recompensa também foi convidado, e irá levar Annabeth. Isso é o mundo girando – sorri para meu irmão que retribui com uma piscadela.

– Mas eu não... – tentou uma última vez Drew. Mas eu a finalizei com um Fatality.

– Então, nos vemos no domingo na festa, – disse a Drew, já me levantando, virei para os meninos – rapazes, vocês vêm? Ainda temos o que fazer.

– Sim! – responderam eles juntos.

Enquanto caminhávamos para longe, olhei para trás só para ver Drew ainda parada com cara de paçoca.

Domingo havia chegado rápido. Rápido demais. Eram quase dez horas da manhã. Eu tinha acabado de escolher meu vestido, quando Lacy, uma outra filha de Afrodite entrou sozinha na minha cabana...

– Ei, Annabeth, eu... – ela olhou para o vestido em cima da minha cama – ah, você já escolheu o vestido? Eu soube que você vai com Percy. Maneiro.

Dei um sorriso mínimo para ela. Lacy é a única filha de Afrodite com quem me dou bem. Talvez porque ela não é uma cretina como a Drew, ou como as outras irmãs que apenas ficam fazendo topless na beira da praia.

– Eu vim devolver o livro de estratégias que você me emprestou – ela tirou um livro de dentro da bolsa e me entregou – obrigada e, hã, sabe aquele seu bracelete grego dourado e antigo que mais parece acessório de guerra do que qualquer coisa? Então, use-o. Vai ficar ótimo com o vestido, você ainda vai parecer uma guerreira, e... hã, que foi? – ela perguntou quando viu que eu a encarava – só estou dando conselhos.

– Tudo bem – passei a mão nos olhos – você tem razão. O bracelete ficaria ótimo... mais alguma coisa? – Lacy me olhou como se achasse que eu não a estava levando a sério.

– Você está brincando? – perguntou ela. Eu bufei meio cansada. Adorava planejar coisas, mas moda não era exatamente o meu forte.

– Não, não estou. Uma mãozinha cairia bem – respondi – mas sério, nada extravagante, pouca maquiagem. Não quero parecer uma palhaça falida de um circo clandestino.

Lacy apenas me avaliava de cima a baixo, como se não soubesse por onde começar. Tentei não me sentir ofendida. Então ela fixou os olhos no meu cabelo.

– Loiro – soltou ela.

– Daltônica. É castanho – revidei.

Ela colocou as mãos na testa em um gesto de: “Você por acaso é burra, garota?”

Encarei ela. Lacy, Lacy. Muito cuidado com as próximas palavras que saírem da sua boca.

– O que eu quero dizer é que deveríamos pintar seu cabelo de loiro – explicou ela.

Olhei para meu cabelo castanho liso, depois para Lacy. Fiz esse movimento umas cinco vezes.

– Não – respondi. Essa era a cor natural do meu cabelo. Eu gostava dessa cor. Ela realçava meus olhos azuis brilhantes.

– É só um experimento, Annabeth, você pode pintar de novo ou descolorir, é super fácil – insistiu ela.

– Não faz o menor sentido pintar o cabelo para depois despintar.

– É só para... sabe, a festa. Se você não gostar, pintamos de novo... a qual é, vamos lá, você não vai deixar de ser pura sedução... – ela ia dizendo.

– Pura sedução? – perguntei. Sedução? Nunca ninguém se referiu a mim usando essa palavra, nem verbalmente, muito menos substantivamente.

– Desculpe, é que você sabe, todo mundo fala, e tipo... realmente, me desculpe – disse ela desajeitada. Parecia com medo agora.

– Tudo bem Lacy, só me diga o que todo mundo fala – pedi, séria – só pra acabar com isso logo, e seja sincera.

– Ah, bom... que você é encantadora... não no sentido de simpatia, mas em beleza. Alguns caras falam que quando você está lutando, parece uma deusa da guerra e que só não te convidam para sair porque você é intimidadora – disse ela, olhando mais para a porta do que para mim. Ela não precisaria sair correndo, não fiquei nervosa com o que me disse. Gostei de saber, mais ainda da parte que eu intimidava os rapazes. Depois que Lacy viu que estava segura – só pra deixar registrado, não só porque você é minha capitã no Capture a Bandeira, eu te acho um doce...

– Lacy... – comecei meio que rindo.

– Bem açucarado com cauda de chocola...

– Lacy! – interrompi, tentando faze-la voltar ao assunto de antes.

– Desculpe, tudo bem, voltando no seu cabelo. Eu vou buscar a tinta, e já volto – disse ela indo para a porta.

– Mas eu... – tentei começar, mas ela já havia desaparecido.

Quando ela voltou, a insistência continuou firme e forte. Até que cedi. É, isso mesmo. Sim, deixei ela pintar meu cabelo. Ficamos horas, dentro do meu quarto. Quando eram sete horas, o cabelo, a maquiagem e todo o resto estavam prontos, Lacy bateu duas palmas como se tivesse acabado de preparar um prato Gourmet.

– Pronto. Espelho. Agora. Capitã Chase – ordenou ela. Fui em direção ao espelho, e me olhei – então? O que achou?

– Nossa – exclamei. Eu estava em frente ao espelho, com os cabelos loiros lisos caindo pelos ombros nus, o vestido preto estilo tomara-que-caia, os braceletes dourados em cada braço, a maquiagem resumida a apenas um lápis preto nos olhos e um batom rosa passado de leve nos lábios – até que não ficou ruim.

– Deuses, sério que esse é seu comentário – disse Lacy. Virei para ela – um excelente comentário, devo dizer, acho que os críticos de moda deveriam aderi-lo e usá-lo para se basear quando fossem julgar um desfile...

– Obrigado Lacy – agradeci.

– Ah, não foi nada. Mas... – ela andou até a porta, e sem olhar para ela, a abriu para revelar Grover e Drew parados ali – a opinião de um garoto... ah, irmã? Que que você veio...

– Vim acompanhar o bode... quer dizer, sátiro, e ver como... – então ela olhou para mim – ah, oi Annabeth, você está linda – ela sorriu falsamente – até parece gente.

– Olha a minha super cara de riso Drew – disse eu, apontando para minha super cara séria. Virei para Lacy – você chamou eles?

– Na verdade, só chamei Grover por mensagem agora pouco, e porque ele é seu amigo, já a Drew... – Lacy dizia, porém interrompida por Drew.

– Vim para ver a tenente...

– Capitã – corrigiu Lacy.

– ...vestindo uma armadura de uma filha de Afrodite – continuou Drew.

– Armadura? Adoraria mesmo que tivesse uma batalha nessa festa – encarei Drew, depois virei pra Grover – ainda tenho que esperar Percy aparecer... e uau, Grover, está um charme hoje – reparei em seu traje.

Ele usava apenas um terno preto abotoado com uma camisa branca por baixo, como é um sátiro, não daria para colocar calças sócias e nem sapatos. Ele também tinha um cavanhaque em processo de crescimento. Mas o que chamou minha atenção foram seus chifres. Cara. Eu nunca tinha reparado antes. Mas chifres combinam com Grover!

Sabia que ele os tinha adquirido depois da missão, mas assim como o cavanhaque, ele estava crescendo.

– Gata, que papo é esse de hoje? Eu estou um charme todo dia – piscou Grover – e você também está deslumbrante, adorei a nova cor de cabelo. O meu garoto se deu bem - entendi que com “meu garoto” ele queria dizer Percy. Drew apenas rolou os olhos, e Grover reparando nisso se aproximou dela – Eu sei, meu amor, o ciúmes é algo que vem naturalmente quando se lida comigo, mas eu sou exclusivamente seu essa noite, então aproveita. Agora, olha só que horas são. Pessoal, precisamos ir para a festa. Quero arrasar na pista de dança – ele voltou para mim – Percy vai chegar daqui a pouco, se você quiser que a gente espere...

– Não, não, não, não. Podem ir. Tranquilo. Lacy, se você quiser ir também, seu par deve estar esperando – disse para eles. Eu já tinha ficado perto da Drew o suficiente por uma vida.

– Ok – disseram Grover e Lacy juntos, e partiram com uma Drew insatisfeita atrás.

Vinte minutos se passaram até que uma batida na porta pudesse ser ouvida. Caminhei até a porta, abrindo-a. De pé ali parado, estava Percy. O cabelo castanho escuro estava penteado para trás, mas sem gel, fazendo-os parecer rebeldes, os olhos estavam ainda mais azuis, ele usava um blazer preto em cima de uma camiseta branca com gola V, calças jeans pretas com um rasgo no joelho e um cinto com uma fivela estilo Rock, e por último, coturnos de cano alto em couro preto.

Me senti uma mendiga perto dele. É tudo o que posso dizer. Até perdi meu rumo.

– Uau você está... maravilhosa – elogiou ele parecendo entorpecido – hã, me desculpe pelo atraso, é que Grover me arrastou até dois rapazes filhos de Afrodite. Eles tentaram me dar um banho de moda. Não sei se funcionou muito bem... ah, Annabeth, você está legal?

Tentei me lembrar de uma nota mental minha. Algo sobre nunca ficar sem jeito na frente de alguém... sinceramente, não lembro bem agora.

– Percy! – suspirei – você está perfeito.

– Hã, é muito gentil da sua parte dizer isso, você é muito legal comigo...

– Não, tipo, sério Percy. Você está perfeito – disse a ele, que pareceu surpreso com o elogio.

– Obrigado, Annabeth – agradeceu ele beijando meu rosto, arrepiando minha pele – mas ninguém pode superar sua beleza esta noite. E seu cabelo... uau.

– Obrigada, Percy – beijei seu rosto de volta – uma dama deve aceitar o elogio vindo de um cavalheiro.

Nós dois rimos.

– Mas você se arrumou tão bem só para mim? – perguntou ele com as sobrancelhas franzidas. Caramba. Esse dia todo enquanto eu me arrumava, Percy praticamente nem passou pela minha cabeça, e eu realmente nunca seria o tipo de garota que me mudaria tanto em busca da aprovação de um garoto. Claro que eu não diria isso a Percy. Mas o que diria?

– Ah, eu... não... na verdade... – comecei mas ele me interrompeu.

– Obrigado – agradeceu ele com os olhos brilhando – não iria querer que você mudasse nada sem que isso fosse apenas por você.

Sorri para ele, já era hora de ir ou perderíamos parte da festa.

– Então, vamos? – perguntei.

– Com certeza – respondeu ele, me oferecendo o braço direito no qual eu enganchei o meu esquerdo.

Chegamos na festa caminhando pelo meio do Acampamento, a música já se fazia ouvir. Encontramos o lugar, o que foi uma pena, porque Percy e eu estávamos tendo a conversa mais longa que já tivemos. Eu contava para ele tudo sobre o Acampamento, as atividades, os costumes, as pessoas e tudo que ele não sabia ainda. O salão de festas era elegante, porém mediano, dava para entender porque nem todos os campistas poderiam vir, ali iriam caber sessenta pessoas, contando com o espaço para dançar, talvez algumas mesas, e ainda quem sabe um palco para alguma coisa.

– Sabe – comecei dizendo para Percy enquanto entravamos pelas portas do salão – a pior parte dessa festa, é que ela parece um baile de formatura do colegial, a melhor parte é que não é um baile de formatura do colegial.

Percy riu. Ele já tinha me dito o quanto ele detestava o seu último colégio e que preferia ficar sentado no fundo da piscina.

– Não precisamos ficar muito tempo aqui, eu não faço questão – disse ele olhando para mim – que tal, eu trazer duas taças de néctar pra gente.

– Eu já vi esse filme antes. Você sai para pegar as bebidas, e eu acabo sumindo de repente por algum motivo – disse eu. Percy levantou as sobrancelhas – eu vou com você, tudo bem?

Ele assentiu divertido e fomos para a mesa das bebidas. O néctar estava ótimo como sempre. Eu e Percy estávamos assistindo Grover dançar Born This Way da Lady Gaga no meio da pista de dança, Drew não conseguia acompanha-lo. Ao meu lado, Percy riu.

– O que foi? – perguntei divertida.

– É como se estivéssemos de volta naquele casino, só que sem flor de Lótus e missão contra o tempo – disse ele ainda assistindo a coreografia de Grover.

– As coisas se resolvem – expressei. Percy me fitou, eu retribui.

– Não dançamos aquele dia – lembrou ele, e continuou me olhando, e a essa altura parecia que já estávamos paralisados no olhar um do outro, nada ao nosso redor.

– Temos que alterar isso – propus. Esperamos os outros campistas terminarem a sessão balada eletrônica.

Quando Far Away do Nickelback começou a tocar, Percy e eu já estávamos abraçados, movendo-se devagar como o ritmo da música exigia. O cheiro natural dele me alcançou, familiarizando a brisa do mar.

– Que sorte você não estar de salto – comentou ele em meu ouvido, e amaldiçoado seja o deus dos arrepios – porque estaríamos desiguais agora.

– A filha da deusa da sabedoria, lembra? Eu sempre penso em tudo – evidenciei, Ele murmurou um “Uhum” no meu ombro, bem perto do meu ouvido. Minha cabeça estava apoiada no seu pescoço, transmitindo seu calor para mim – Obrigada por isso Percy. Você é o melhor amigo que alguém pode ter.

– Eu sei – concordou ele ainda em meu ouvido.

Sorri. Lembraria dessa noite para sempre.

– Eu disse a você que um enorme ego não estava fora de questão.


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Notas finais do capítulo

Gostaria de dizer que adoro comentários.