Percy Jackson Filmes escrita por JkTorçani


Capítulo 28
Acomodações


Notas iniciais do capítulo

Galera! Antes de ontem (dia 16) foi o aniversário da minha suprema e eterna crusha, o mozão Alexandra Daddario, que completou 30 anos com rostinho de 20.



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Ponto de Vista de Annabeth

 

 

— Então... Luke traiu o Acampamento Meio-Sangue, me envenenou e tentou destruir o mundo... – Thalia tentou processar, o que eu realmente achava muito difícil.

Com uma das mãos, eu segurava o seu braço. Grover que estava do outro lado pousou a mão nas costas de Thalia. Havíamos acabado de explicar tudo à ela. Os ciclopes matando-a, a transformação em árvore, os seis anos que se passaram e... Luke.

Nossa amiga estava devastada e só queríamos confortá-la.

No primeiro momento que à vi, deitada embaixo daquele pinheiro, meu coração pulou. Eu não tive nenhuma dúvida que era ela. Com seu cabelo preto cortado até os ombros, as calças escuras customizadas e a jaqueta de couro surrada, Thalia era inconfundível.

Ainda parecia um sonho ela estar sentada bem ao meu lado.

— E onde ele está agora? – perguntou Thalia.

Suspirei. É claro que ela não obliteraria esse assunto.

— Eu não sei. Realmente – coloquei a mão em seu ombro – não o vimos desde o parque de diversões de Circe – “nem sei se ele está vivo” eu queria dizer, mas reprimi.

Thalia jogou as mãos para o alto.

— Mas... por que ele faria algo assim? Ele não é desse jeito, Annabeth. Nós conhecemos o Luke. Ele não seria capaz de...

— Nós conhecíamos. E ele é, sim, capaz de várias coisas. Não acho que exista muita coisa que o Luke não seja capaz de fazer para destruir os deuses – expus. Thalia pareceu ainda mais desolada. Ela abaixou a cabeça.

— Ele não é desse jeito... – ela murmurou pra si mesmo.

Eu deveria esperar por isso. Se eu fiquei péssima com as ações de Luke, Thalia estava cinco vezes pior.

— Ei, Thalia. Vamos esquecer isso por enquanto, ok? Você acabou de voltar e isso é tudo o que importa agora – abracei-a. Eu a considerava como uma irmã.

Grover observou em silêncio. Thalia olhou para nós dois como se só agora estivesse percebendo que não éramos mais crianças. Sua expressão mudou de triste para humorada tão rápido que chegou a ser engraçado. Ela irrompeu em um riso.

— Nossa, como vocês estão horríveis.

Grover e eu sorrimos.

— Porque você está muito linda – brincou/zombou Grover.

— Sei que por agora tudo vai ser muito estranho, mas se tiver tudo bem para você, quero te mostrar o Acampamento Meio-Sangue. Você já conheceu nosso diretor de atividades, Quíron, mas ele vai querer conversar com você depois. Uma conversa muito séria. Então, melhor um tour antes. O que acha? – perguntei à Thalia.

— Certo – respondeu ela.

Nos levantamos do sofá, e andamos até a porta da Casa Grande.

Chegando lá fora, escutei a voz de Percy, o que me fez lembrar que ele nos aguardava junto com Clarisse.

“Ah... nada” ouvi ele dizer.

Avistei os dois sentados em um banco. Um do lado do outro. Bem próximos. Conversando. E Clarisse estava... sorrindo. Não aquele sorriso do tipo “venci você, otário”, mas o... meu tipo de sorriso.

Eu não sei porque isso me incomodou. Se Percy e Clarisse estavam se tornando amigos eu deveria ficar contente, pois então não haveria mais adversidades. Mas eu não conseguia ignorar meu enfadamento e a sensação de algo se agitando no meu estômago.

Quando chegamos a 4 metros dos dois, eles notaram a aproximação. Percy foi o primeiro a se levantar. Parecia incomodado.

— Então... está tudo bem? – perguntou Percy, ansioso.

Ganchei meu braço direito com o esquerdo de Thalia.

— Bem melhor, podemos dizer. Quero mostrar o Acampamento para Thalia antes de tratarmos de qualquer outra coisa séria. Quem mais quer ir? – perguntei.

Percy e Clarisse se entreolharam.

— Vamos com vocês nessa – disse Percy, mais descontraído agora.

 

Passamos primeiro pelo refeitório porque Grover insistiu que necessitava apanhar algo de comer logo pois cairia de fome a qualquer minuto. Não refutei a ideia. Eu não havia comido nada havia horas e já tínhamos perdido o café da manhã. Por esse motivo não havia praticamente ninguém sentado nas mesas, todos estavam nas aulas.

Grover pegou três maçãs enquanto o resto de nós escolhia outras frutas. Ofereci um suco à Thalia que aceitou agradecida.

Continuamos nosso passeio, passando pela área de treinamento, apinhado com alguns campistas vestidos em suas armaduras gregas de combate.

— Aqui é o local de treino – informei para Thalia. Ela franziu a testa e baixou os olhos para a própria jaqueta, depois moveu a mão para o bolso e lentamente tirou de lá uma lâmina de bronze afiadíssima. A adaga com a qual ela tentou se defender dos ciclopes nas fronteiras do Acampamento.

Apontei um dedo para a lâmina.

— É uma boa arma, mas nos treinos de esgrima terá que deixa-la de lado.

Thalia guardou a adaga de volta ao bolso. Voltei a guia-la, me concentrando nos lugares mais essenciais, de vez em quando, eu me virava para ver como estavam Percy, Grover e Clarisse, que vinham caminhando logo atrás. Em relação a Thalia, eles só observavam, mas envolta disso, eles trocavam assunto entre si e captei um ou dois comentários engraçados vindo de Grover sobre os campistas ao redor. Voltei minha atenção para Thalia.

— Como está se sentindo?

Ela hesitou na resposta.

— Estou bem. Aquele néctar foi enérgico – respondeu ela.

— Promissor. Mas eu estava me referindo ao seu estado mental e emocional – falei.

— Pode nos falar caso não esteja se sentindo bem, estamos aqui para te ajudar – surgiu Percy, mais próximo. Thalia o encarou, notando-o por completo agora. Eles não se conheciam e isso me fez pensar em como Percy estava sendo legal e receptivo com Thalia. Sorri para ele com um “obrigada” camuflado no gesto.

— Esse é Percy, ele se apresentou para você antes. É um filho de Poseidon. E esta – indiquei mais atrás – é Clarisse, filha de Ares. Eles são ótimas pessoas, você pode confiar neles tanto quanto em mim e Grover.

Thalia pareceu começar uma discussão interna com si mesma. Mas por fim assentiu.

— Estou carregada com tudo isso. É tão... estranho. Esse tempo todo, esses seis anos, eu fui uma árvore, sem metáforas, e acordei na pele de uma adolescente que acabou de voltar a vida. É... é tão... – ela fez um gesto, como se estivesse procurando uma palavra de impacto – surreal. Eu sei que vocês querem me ajudar, mas haverá áreas em que não poderão ir para me entender, coisas que não vão compreender.

Tudo o que ela disse era verdade. Não havia nenhum de nós que poderia ouvir o dilema de Thalia e dizer “Poxa, como eu te entendo”. Mas eu também sabia que ela não se recuperaria sem nossa ajuda. Era uma questão de adaptação.

Por alguns segundos, apenas nos entreolhamos. Percy quebrou a silêncio.

— Que tal passarmos pela praia agora?

Ninguém interpôs a ideia.

— Tudo bem – confirmei.

Andamos pela a areia branca e fofa. Isso acalmou visivelmente Thalia, nem a maior das tenções poderia resistir à vista daquele belo lugar. Mais à frente estava o chalé de Percy e mais à frente ainda, havia meia-dúzia de desocupadas de biquíni tomando banho quente. Eu já conseguia sentir os olhares de Grover perfurando o grupo e se alinhando com as minúsculas peças de roupas das filhas de Afrodite. Só esperava que Percy não estivesse fazendo o mesmo. Porque... não seria legal. Olhei para trás só para conferir. Ele estava dizendo algo para Clarisse antes de notar que eu o observava, ele sorriu instantaneamente. E Thalia notou nossa troca de olhar, pigarreando.

— Podemos finalizar o passeio por hoje? Eu gostaria de tomar um banho.

— Claro. Tudo bem, você vem para o meu chalé, eu lhe darei algumas roupas. Temos pouco mais de uma hora até o almoço – falei para ela, depois me virei para os outros – e vocês?

— Vou voltar ao treino – respondeu Clarisse.

— Eu também – acrescentou Percy.

Grover parecia estar prestando precária atenção em nós.

— Eu... eu.. hã...

— Grover! – repreendi-o.

— Vou com os dois – ele apontou para Clarisse e Percy.

— Certo, nós duas encontramos vocês no refeitório – certifiquei.

Com Thalia ao meu lado, segui para o meu chalé.

— Ele é seu namorado? – perguntou Thalia, depois que fechei a porta atrás dela. Estávamos no meu quarto.

Se eu estivesse tentando digerir algo, talvez tivesse engasgado com a tração da pergunta. O caminho todo estávamos mantendo a conversa em regiões leves, informações sobre o Acampamento, dúvidas resolvidas.

— Quem? – repliquei, sabendo exatamente à quem ela se referia.

— Aquele rapaz, Percy. Ele é seu namorado?

— O que passou essa ideia à você?

— Não sei. Só passou pela minha cabeça – respondeu ela.

— Não, ele é meu amigo.

Thalia se sentou na ponta da minha cama enquanto eu vasculhava minha cômoda atrás de roupas ideais para ela. Não temos exatamente o mesmo estilo, mas achei que uma camiseta do Fall Out Boy por baixo de uma blusa de moletom preto resolvesse previamente a situação. Uma calça jeans com um rasgo desproposital acima do joelho direito e um tênis de corrida branco. Encontrei uma toalha de banho e entreguei para Thalia junto com todo o resto. Apontei o banheiro.

— Tome o tempo que precisar – falei, antes que ela fechasse a porta.

Me sentei na minha cama enquanto aguardava o banho de Thalia. Fiquei pensando em tudo o que aconteceu. Que manhã cheia! E o dia ainda está pela metade.

Pensei em Quíron indo ao encontro do Sr. D mais cedo. É claro que ele não foi apenas tratar as coisas com nosso diretor. Thalia está viva, e logo Zeus saberia de tudo e... eu não sei o que vai acontecer. Frustrante.

Olhei para o meu travesseiro que cobria várias cartas que eu havia escrito para Thalia em meus momentos de solidão. Sinceramente, a única coisa que passava pela minha cabeça era queima-las, elas têm pouca utilidade agora que Thalia está aqui, o que eu tiver que dizer à minha amiga direi pessoalmente. Guardaria apenas a que escrevi para Percy.

Vinte minutos depois, Thalia deixou o banheiro em grau renovado.

— Desculpe a demora, mas foi estranhamente relaxante – disse ela.

Eu sorri.

— Nada que se desculpar. As roupas ficaram bem em você – avaliei. Thalia olhou para o que vestia e deu de ombros – aqui, seca o cabelo – passei o secador para as mãos dela.

Trinta e cinco minutos depois nos encaminhamos para o refeitório para encontrar os outros. Quando chegamos, o esperado aconteceu, praticamente todos estavam olhando para Thalia antes de cochichar algo para a pessoa ao lado. Avisei para ela que seria normal, por outro lado, esqueci de avisar sobre... Tyson. Isso seria complicado. E eu já podia enxerga-lo sentado à mesa entre Percy e Grover, o único olho já não estava encobertos pelo enorme Ray-Ban preto. Parei Thalia antes que alcançássemos a mesa deles.

— Eh, Thalia... preciso te notificar de algo.

Ela assentiu atenciosa. Eu continuei.

— Nós temos um novo campista aqui, e duas coisas precisam ser ditas. Primeiro: tenho que dizer que, mesmo depois de tantas dúvidas e discriminações minhas, ele é um ótimo garoto. Mantenha isso em mente – Thalia continuou me observando, um pouco confusa – ok, a segunda coisa: ele é um... ciclope.

Eu podia sentir a tensão no corpo de Thalia e reconhecer a perplexidade e temor em sua expressão. Talvez eu devesse ter esperado um pouco para dizer isso à ela, mas seria catastrófico se Thalia tivesse esbarrado em Tyson sem nenhum conhecimento de sua natureza ciclópica ou como Grover e Percy chamavam: “sua deficiência ocular”. O termo politicamente correto.

Confesso que em relação à Tyson, eu... errei no meu julgamento. Ele não era um monstro, muito pelo contrário. Em um ato heroico ele salvou uma das pessoas mais importantes na minha vida, Percy.

Mas ser morta por um ciclope talvez gere um nível diferente de trauma.

— Você está me dizendo que há um ciclope dócil aqui, no Acampamento Meio-Sangue? – questionou Thalia.

Sorri e levantei meus dois polegares para cima, como quem diz “Isso!!”. Thalia levou uma mão ao lado da cabeça como se estivesse sentindo dores.

— Eu peço a você, nesse momento mais do que qualquer outro, confie em mim. Acredite na minha adaptada capacidade de julgar, Tyson não é mau. Dê uma chance, por favor – pedi a ela.

Thalia suspirou. Interpretei isso como um sinal para prosseguirmos, então chegamos até a mesa. Percy acenou ganhando um sorriso meu em retribuição. Grover e Tyson estavam competindo para ver quem conseguia comer uma maçã mais rápido. Nos sentamos de frente para eles, fazendo com que os competidores de maçã nos pagassem atenção.

— E ai? – perguntou Grover sorrindo marotamente.

— Estamos bem – afirmei, virando-me para Thalia para ter certeza que realmente estávamos bem. Ela olhou duas vezes de esguelha para Tyson, desconfortavelmente.

— É, estamos – ela concluiu.

Percy, que tinha conhecimento do conflito Thalia X ciclopes e da tênue linha de paz que nos ligava, pigarreou.

— Então... querem saber como foi o treino de hoje? – perguntou.

Balancei a cabeça freneticamente em um sinal positivo.

— Adoraríamos.

 

Mesmo tendo sido um dia estranho, foi um dos melhores da minha vida. Minha melhor amiga estava de volta e isso era tudo que importava naquele momento.


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