Ele Foi o Único Que Me Enxergou escrita por Luuh Lune


Capítulo 2
Dois




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/659034/chapter/2

Passam-se três dias, tudo esta normal. Como sempre as pessoas me olhando, os calouros fazendo piadas, eu no meu canto e na minha. Não contei para Luce o que Roger disse, acho que não é necessário já que ele não fez nada até agora e esta normal. Mas Luce sabe quando algo me incomoda e aquela ameaça não sai da minha cabeça.– anda, me fala logo o que tanto te incomoda – Luce se senta comigo embaixo de uma macaná-anão com lindas flores lilás.– Roger foi lá no nosso quarto e – Luce não me deixa terminar de falar e grita– o que? – ela esta com os olhos brilhando e colocou as mãos na boca perplexa – ele foi no nosso quarto atrás de você?– deixa eu terminar? – digo irritada e ela assenti – ele me chamou para dar uma volta e eu comecei a discutir com ele, ele me chamou de alone, eu dei um tapa forte no rosto dele e – respirei fundo – ele disse que não iria ficar assim – abaixei a cabeça– porque você tem que ser tão dura Mica? – Luce me abraça – ele não vai fazer nada, ele só disse da boca para fora, qualquer coisa, eu estou aqui e não vou deixar ninguém te machucar novamente– obrigado Luce, mas acho que ele vai sim fazer alguma coisa – sinto um peso muito grande no peito– quando ele foi lá? – Luce se senta novamente– três dias – digo e vejo ele passar com um olhar travesso para mim– okay não vou mentir, depois dessa acho que ele esta armando alguma coisa – Luce também o vê passar – mas esteja á um passo na frente dele, esteja preparada para o que for– e se me humilharem de novo? – pergunto com os lábios tremendo– não vão fazer isso, e Roger pode ser expulso e não pegar o diploma – Luce diz tentando me tranquilizar – acho que ele não arriscaria perder o diploma, o pai dele ficaria muito bravo se descobrir que o futuro cirurgião da família perdeu o diploma por um capricho– espero que esteja certa – suspiro pesaroso– sempre estou – ela da uma piscada e eu dou uma risada alta– que bom que eu tenho você, não sei o que seria de mim nessa universidade – Luce joga um guardanapo sujo em mim– okay, também te amo agora para de viadagem – Luce se levanta rindo – bom, sei que você vai se enfiar na biblioteca, então vou escrever para o artigo do nosso belo e justiceiro jornal – ela fala com ironia e sai.Vou para a biblioteca, torcendo para Roger não ir até lá. Estou com o espelho da Ruth na minha bolsa e o coloco em cima da mesa. Abro o livro Crescendo – Hush Hush e começo á ler. Patch é meu personagem favorito, nenhum outro de qualquer outro livro se compara á ele. E sei lá, o jeito dele me fascina e me excita. Sim sou apaixonada por um personagem, mas quem nunca se apaixonou por um?Estou tão vidrada na história que nem percebo as horas passarem, leio o livro inteiro em um dia, aliás, uma tarde. Quando enfim levanto os olhos, esta tudo escuro, menos onde a luz do poste bate. Pego o espelho da Ruth e fico me olhando por um bom tempo, ás vezes chego a desistir de tudo e viver isolada em uma ilha. Mas não posso simplesmente deixar Misha para trás. E por ele eu aguento tudo isso, pois sinceramente, da minha vida eu já desisti.Escuto alguém pigarrear, e quando olho na direção Roger esta parado na porta da sala onde estou– o que você quer? – pergunto tentando não demonstrar meu medo– eu disse que iria pagar pelo que fez – Roger diz com a voz rouca e grossa, minha nossa, se concentra Micaela– e o que você vai fazer? – pergunto me encolhendo na cadeira, bom eu estou com um short curto de Lycra azul escuro e uma camiseta justa do Nickelback preta, meus cabelos estão soltos e estou sem maquiagem, uma coisa que não uso faz muitos anos. Meu short sobe quando me encolho na poltrona de veludo vermelho– você vai aprender a nunca mais dar um tapa na cara de ninguém – ele se aproxima de mim, eu ainda estou com o espelho na mão e o viro para baixo– você que pediu – me defendo e tento colocar o espelho em baixo de mim– o que esta escondendo? – Roger se aproxima mais olhando fixo para o espelho, eu acho– é só um espelho, nada de mais – minto...– você acha que me engana? Primeiro me da um tapa daqueles, e depois quer dizer que isso não é nada. Deve ser de muito valor para estar o escondendo – Roger levanta minha mão junto com o espelho. Espelho fica da altura do meu rosto e antes que eu pudesse fazer qualquer coisa – que droga é essa? – ele pergunta olhando meu reflexo no espelho horrorizado se afastando de mim.Saio correndo na mesma hora com as lagrimas insistindo em começar a surgir, trombo em algumas pessoas, mas consigo chegar ao meu quarto á tempo e começo a chorar. Eu já devia estar acostumada com isso, mas ainda dói. Desesperada ligo para Luce, que em poucos minutos aparece em nosso quarto.– que aconteceu? – Luce me vê jogada no chão perto da porta– ele....vi...viu o...o espe...pelho – digo soluçando– o Roger? – Luce pergunta me fazendo sentar na cama, apenas concordo com a cabeça – Mica se acalma, e me conta o que aconteceu – ela se levanta e me da água com quase um quilo de açúcarPego o copo com as mãos tremendo e ainda soluçando, mas já parei de chorar, só algumas lágrimas solitárias que ainda teimam em escorrer pelo meu rosto– ele foi até a sala da biblioteca – digo com calma – daí ele disse que eu iria pagar pelo tapa que dei nele. Mas na hora eu estava com o espelho na mão – respiro fundo e mais lagrimas quentes caem – e resolvei esconder o espelho, porém ele percebeu, então ele se aproximou mais de mim e levantou minha mão junto do espelho e foi ai que ele viu meu reflexo nele– o que ele disse? – Luce me trás outro copo de água com açúcar– assim você vai me deixar diabética – digo e ela gargalha alto– nem assim você deixa de ser palhaça – diz ela ainda rindo– ele perguntou o que era aquilo e se afastou horrorizado, deu para ver na expressão dele – abaixo a cabeça e coloco as mãos no rosto– espera.... estão isso quer dizer que ele não te vê igual aos outros, parece que ele te vê igual eu te vejo – Luce se levanta e começa a andar de um lado para o outro. Igual sempre faz quando esta pensando em um assunto sério, ás vezes isso me irrita.– não Luce, se fosse assim ele não... – tento achar o que falar, mas nada me vem na cabeça– pensa Mica, ele nunca te olhou igual aos outros rapazes, quando Simas te humilhou ele ficou com cara de confuso, pareceu não entender o porque daquilo. E ele se aproximou de você – Luce pensa alto – e outra, ele se assuntou com o seu reflexo no espelho, isso quer dizer que ele não te vê daquele jeito– eu gostaria muito de acreditar nisso – digo sussurrandoAlguém bate na porta do nosso quarto, olho para Luce que entende o recado, não quero falar com ninguém. Luce se levanta e abre a porta o suficiente para a pessoa do outro lado não ver nada além dela e da parede atrás dela com sua cama. A pessoa fala baixo, é uma garota. Luce assente e se vira para mim sem fechar a porta– Mica o Roger esta lá em baixo e quer falar com você – Luce olha preocupada para mim– eu não quero descer – me deito virando de costas para ela– tudo bem – Luce se vira para a garota – eu vou falar com ele– você o que? – quando me viro para ela, ela já tinha ido. DrogaOlho pela janela e vejo os dois conversando, Luce parece brava e Roger tentando se explicar. Dou risada com a cena. Aos poucos, Luce se acalma e parece explicar algo para ele, então ele entrega para ela meus livros e minha bolsa que na hora eu sai e deixei para trás. Minutos depois Luce aparece no quarto de volta e com um sorriso no rosto– ele pediu para te entregar – Luce diz calma– o que vocês conversavam? – pergunto verificando se tudo esta lá dentro– ele queria pedir desculpa, ele disse também que se assustou com a imagem do espelho. Parecia que ele estava olhando alguém de outro mundo pelo objeto – o sorriso de Luce se alarga nos lábios dela– isso não quer dizer nada – reviro os olhos– Mica, ela disse que tem um jeito que quebrar isso? A Ruth? – Luce me pega de surpresa– não ela não disse – respondo cabisbaixa– tem que haver um jeito – ela diz empolgada– eu já procurei, mas sem resultado – respondo vendo ela pegar seu notebook – porque toda essa empolgação?– se a maldição for quebrada, tudo isso acaba – responde ela se olhar para mim– vou ligar para casa, ver como estão ás coisas por lá – procuro meu celular, que deveria estar dentro da bolsa, mas acho que alguém tirou. E sei muito bem quem foi – Luce, você pode pegar meu celular com o Roger por favor?– ele pegou foi? – Luce sorri maliciosa– Luce é sério – reviro os olhos irritada– desculpe amiga. Você nunca abaixa a cabeça, vai começar agora? – Luce me desafia – seja mulher e toma seu celular dele– okay – bufo e saio do quarto.As meninas estão arrumando algumas coisas, teremos uma semana sem aula por conta da viagem dos professores á algum lugar importante que não me lembro agora. E como sempre, uma festa vai durar a semana inteira, desta vez é na irmandade Ω€. Desço as escadas e saio em direção á Hawk. Bato na porta, Simas abre a mesma e a expressão de espanto toma conta de sua fisionomia.

– pode chamar o Roger por favor? – digo insegura, com medo de ele falar algo

– Roger – grita ele – tem alguém querendo falar com você

– estou descendo – Roger grita da escada e logo aparece na porta, Simas entra e nos deixa á sós

– devolve meu celular por favor – peço com voz vacilante, caramba Micaela o que esta acontecendo?

– não estou com ele – ele fala com olhar travesso

– esta sim, seus olhos estão te entregando – digo agora firme, isso ai

– só se você me dizer o que tinha naquele espelho – ele cruza os braços, com o mesmo olhar no rosto

– não posso te dizer – baixo os olhos e começo a brincar com meus pés

– então eu não vou te devolver – ele diz agora sorrindo

–okay, eu compro outro celular então – me viro de costas e ele me puxa pelo braço, sinto sua mão escorregando para a parte de trás do meu short onde tem um bolso pequeno. Seu toque me deixa eletrizada, meu coração fica em descompasso e arregalo os olhos – você esta louco? – dou um tapa no braço dele

– só estou devolvendo seu celular – ele massageia onde eu lhe bati

– obrigado – digo colocando a mão no mesmo lugar que ele alisou com a mão e sinto meu celular – da próxima, pode colocar na minha mão. É mais pratico – digo irritada

– não, gostei de passar a mão – ele nem termina de falar e lhe dou outro tapa no rosto

– tarado – grito e ando á passos firmes até minha irmandade

– você esta acumulando Micaela – grita ele – e quanto menos esperar, você vai pagar caro, esta só acumulando divida

– não tenho medo de você – gritei de volta antes de fechar a porta. Vou para meu quarto e vejo uma Luce vermelha de tanto rir – o que foi?

– você bateu nele de novo? – Luce volta a rir – cuidado, ele vai aprontar uma... se bem que você vai gostar dependendo do que for – ela diz com malicia

– Luce já chega – reviro os olhos – você deve estar ovulando, só pensa em sexo garota, pede para o John dar uma incrementada porque você esta impossível – quando termino ela cai na gargalhada

– amo esse seu humor – ela limpa uma lagrima que queria escorrer – até choro de rir

Á noite, Luce e John foram para a festa, e eu resolvi ver minha casa. Arrumei minha mochila com algumas roupas e sai do quarto. Fui em direção aos portões da universidade e peguei um taxi, dei o endereço e fui para minha casa.

Ela é uma casa média, toda bege por fora, ela tem dois andares e um sótão. Que eu sempre deixo trancado, morro de medo de sótão e porão, eu devia parar de assistir filme de terror, ainda mais sabendo que provavelmente vou morar sozinha aqui.

Pago o taxi e entro na casa, na entrada tem uma mesa de vime com um vazo egípcio que ganhei da Dorotea ainda sem flor, e uma toalha de tricô em cima. O carpete felpudo branco se estendo até chegar á sala e ocupar ela toda. Meus sofás são de couro branco e mais uma mesa de vime no centro da sala. Minha estante é cor bege com preto e só para a televisão e alguns livros e o aparelho DVD. Ao lado da sala, fica a sala de estar, onde tem uma mesa retangular e cadeiras Boulevard. Um pouco mais á frente esta á porta da cozinha, minha cozinha é toda planejada em móveis beges e cinza. Meu fogão é embutido no balcão que tem a pia. No outro Balcão estão penduradas as panelas e outras estão dentro do armário. Minha escada também é de madeira e tem um corrimão, até porque eu sou desastrada e Misha apressado. No andar de cima a primeira porta será do quarto de hospedes, ele ainda não esta mobiliado, assim como os outros três quartos. Só meu quarto e os dois banheiros que estão mobiliados aqui em cima. O primeiro banheiro é entre um desses quartos, tem um chuveiro largo e uma Box espelhado, caso alguém entre sem bater enquanto você estiver tomando banho e a pessoa não te ver. Tem alguns tapetes, toalhas e enfeites tricotados no local. Ao meio do corredor esta á cordinha que da para o sótão, a cordinha é para puxar a escada. E como eu disse que sou medrosa, pedi para colocarem fechadura nesta porta, a chave fica com Dorotea. Meu quarto fica no final do corredor, lá tem uma cama de casal, já que sou espaçosa e Misha as vezes dorme comigo. Minha cama é Box, e a cabeceira dela é marrom trabalhado, também tenho um tapete felpudo no meu quarto, pedi para que em todos os quartos fizessem um closet grande e assim fizeram. Tem um espelho que tampa toda a porta do meu quarto pelo lado de dentro. Também quem uma escrivaninha e uma penteadeira – coisa da dona Dorotea – meu quarto cor creme e tem uma varanda grande que da para o rio Willamette River. Meu quarto é uma suíte, e meu banheiro é grande, tenho uma banheira que cabe três pessoas dentro – Misha ama tomar banho aqui – tem um chiveiro largo também, dois espelhos um maior que o outro e duas pias – pedi assim porque, sei lá. Acho que esperança de dividir o quarto com alguém – minha pia é toda de granito e branca ela é alta para impedir que a água caia no chão, só as portas do armário debaixo dela que são de madeira da mesma cor. E só meu quarto aqui em cima que esta pintando, minha sala é azul bebê, a sala de estar tem um papel de parede de flores pretas. Minha cozinha também tem papel de parede e são de tulipas amarelas e champanhe.

Depois de deixar minha bolsa em cima da minha cama, vou me preparar para tomar um banho, tiro minha roupa e entro no banheiro nua com uma toalha na mão. Abro a torneira da banheira e espero ela encher, coloco a toalha no cabide e volto para o quarto para pegar os produtos e fazer minha higiene pessoal. Fico tanto tempo dentro da banheira que saio enrugada de lá. E isso me faz pensar de novo no pegador da universidade. Será que Luce esta certa? Será que ele não me vê como aquela coisa horrível do espelho? Isso esta começando á me incomodar.

Me levanto e me seco, sai do banheiro secando o cabelo com a toalha e tomo um susto quando vejo alguém no escuro sentado na minha cama. Parece um homem... será que eu esqueci de trancar a porta? Provavelmente, ele não poderia entrar por outro lugar....

Me enrolo na toalha, já que sai nua do banheiro e dou um passo para trás afim de pegar meu estilete que esta a poucos centímetros de mim

– se é isso que quer, eu já peguei – diz o homem levantando o objeto, sua lamina brilha com a luz acesa do banheiro, o quarto só esta sendo iluminado por ela. Na mesma hora entro em pânico, é agora que eu morro

– o q.... o que você quer? – gaguejo nervosa paralisada no mesmo lugar

– sabe eu tenho pavio curto – diz o homem com voz rouca e grossa – e duas vezes já me basta – ele fala e vejo o brilhos dos olhos azuis

– sai daqui Roger – digo mais tranquila – ou eu ligo para a Policia

– com que celular? – ele levanta meu aparelho eletrônico – devia trancar a porta, poderia ser um serial Killer, ou um estuprador

– pelo menos eles iriam me livrar de ver essa sua cara – cruzo os braços

– curioso esse seu espelho – agora ele se vira de costas e pega o espelho da Ruth, droga!

– o que você quer, fala logo – digo seca, ele me olha de um jeito que agora sim estou com medo

– sabe – começa ele – em todos os espelhos você parece uma mulher irresistível

– mas? – pergunto com as pernas bambas, eu preciso me sentar, sento na penteadeira mesmo

– neste aqui, parece outra pessoa – ele aponta o espelho – pode me explicar o porque?

– não te devo satisfação – digo ríspida

– bom se não me falar eu não saio daqui – Roger se deita na minha cama todo relaxado, que cara folgado

– você que sabe, depois se começarem a te zoar por estar com a bruxa deformada da universidade não reclama – digo me levantando e tentando ao máximo manter minha respiração controlada, desligo a luz do banheiro

– é por isso que quero saber – Roger se levanta e vem até mim

– já disse que não devo satisfação á você – entro a passos largos no closet e o fecho por dentro

– parece que eu sou o único que vê você como uma mulher normal – diz ele do lado de fora

– hum... – digo fingindo desinteresse

Pego meu pijama, que se resume á uma regata branca e justa e um short rosa curto e justo. Destranco o closet e volto para o quarto. Sim pedi para colocarem fechadura no closet também

– bom se você não me falar eu pergunto para uma tal de – Roger lê o nome entalhado no espelho de bronze – Ruth?

– okay, você venceu seu insuportável – digo irritada

– então comece – ele se deita na minha cama novamente, folgado é apelido para ele

– quando eu tinha doze anos meus pais morreram, como os dois são filhos únicos e meus avós também morreram eu e meu irmão Misha fomos parar em um orfanato chamado Lost Angels – começo contando á contragosto – então Ruth apareceu querendo adotar meu irmão, mas Dorotea não deixou e disse que ela teria que me levar junto. Ela ficou enfurecida, ainda mais porque eu me pareço com minha mãe, então ela me jogou essa praga.... – começo á lutar para as lágrimas não surgirem – as pessoas me veem como uma mulher deformada, com a pele derretida pelo fogo e com cabelos ralos, meu cheiro é o de um idoso, minha voz de um rato e também com uma corcunda – deixo algumas lágrimas escaparem – claro que isso não é novidade para você

– na verdade é sim – Roger diz perplexo, o que? – eu nunca te vi assim... acho que é por isso que as pessoas te tratam daquela forma – ele se levanta, parece pensativo – quais são as únicas pessoas que podem te ver do jeito que é?

– bom, as pessoas que tem o coração puro e que realmente se importam comigo. Igual ao Misha, á Dorotea e a Luce – digo achando que ele esta mentindo

– bom e agora eu – Roger para onde está – qual é a do espelho?

– ela me deu para me lembrar de como as pessoas me veem – abaixo a cabeça e percebo que ainda estou de pé na porta do meu closet

– que ridícula – ele fala zangado

– o que mais me instiga no momento é – digo indo em direção á escrivaninha que fica perto da varanda, lado oposto do Closet – porque você consegue me ver normal?

– talvez eu tenha o coração puro – ele diz irônico e eu caio na gargalhada

– na onde? – digo assim que termino de rir, parece que ele não gostou

– você esta me zoando? – ele se levanta novamente

– você mesmo se zoou, viu o tom de voz que usou? – continuei sentada fingindo que nada esta acontecendo, mas o pânico toma conta de mim

– você não tem intimidade nenhuma para me zoar – ele diz sério andando até mim

– e nem você para entrar na minha casa, no meu quarto e ainda ficar deitado na minha cama – reviro os olhos e me levanto para me afastar

– você não reclamou – ele diz ainda com expressão séria, mas seus olhos em tom travesso

– ao contrário de você eu sou educada – retruquei chegando perto da parede

– tão educada que me deu dois tapas não é? – ele se aproxima mais

– você mereceu, e se precisar te dou mais um – digo com o pânico crescendo

– você tem que parar com isso, eu posso revidar – ele diz ríspido

– não tenho medo de você – cuspo nele – até parece que eu nunca briguei com homem, aquele orfanato era impossível

– não faz mais isso – ele limpa o rosto com uma mão e a outra aperta meu braço esquerdo

– me solta e vai embora, se quer dinheiro eu te dou, é só falar o quanto – tento me soltar

– acha que dinheiro vai adiantar? – ele me olha furioso agora, eu sempre pioro a situação, legal em Micaela

– o que quer então idiota? – perguntp irritada comigo mesma já, ele continua me olhando – fala logo cretino

– sua vadia, quem acha que é para me chamar assim? – ele aproxima mais sua face da minha

– não me chama assim – e lá vai o terceiro tapa no rosto dele, foi involuntário esse, droga – esse foi involuntário eu juro

– você me deixa irritado e excitado ao mesmo tempo, como consegue isso? – ele pergunta e eu quase engasgo com a minha saliva

– vai se ferrar – era para sair mais alto, mas eu meio que sussurrei

Quando eu terminei de falar ele me puxou pela cintura e me beijou. Nossa que beijo, um beijo quente e urgente. Ele aperta mais minha cintura, uma de minhas mãos vai parar na nuca dele enquanto a outra arranha suas costas. Ele me levanta para poder ficar com a postura ereta e me apoia na parede, bom eu sou bem mais baixa que ele, isso explica tudo. O beijo vai ficando mais quente, e nos separamos ofegantes

– para quem esta mais de um0 anos sem beijar, você esta ótima, parece que faz dias que não beija ninguém – ele diz me colocando no chão e eu fico corada

– melhor você ir, se seus amigos souberem que você esta comigo vão te zoar para o resto da sua vida – digo me afastando dele

– tem alguma coisa que possa quebrar isso? – ele pergunta apontando para o espelho, apenas faço que não com a cabeça – tem que haver um jeito

– ela não disse como eu posso fazer isso, pelo visto ela não quer que se quebre – respondo me sentando na cama

– mas ela também não disse que você não pode quebra-la – ele disse me dando um pouco de esperança, que logo morre

– não sei como fazer isso – digo me deitando – e não sei porque se importa tanto

– talvez seja por isso que eu consigo te ver como é – ele esta encostado na parede – eu posso ser o maior galinha de lá – diz ele se referindo onde estudamos – mas ainda sim, eu não gosto que fiquem julgando as pessoas. Muitas vezes elas tem motivos para serem o que são

– eu realmente não esperava isso de você – digo sincera

– nossa, doeu no coração – ele diz zombeteiro – mas é verdade

– então me explica uma coisa – eu volto a me sentar na cama – porque pega todas?

– só estou tentando achar a mulher certa – ele da de ombros

– e acha que vai acha-la assim? Ela vai é fugir de você por achar que é um babaca, que só gosta de curtir e enjoa fácil das mulheres – solto tudo de uma vez

– você pensa isso de mim? – ele arqueia sobrancelha grossa e eu me sinto culpada

– sim – digo mordendo o lábio

– não faz isso – ele fala com um sorriso malicioso – então me fala o que eu faço para acha-la?

– me fala o que você acha que vai acontecer quando acha-la, e o que as outras desperta em você? – continuo sentada, em forma de perninhas de índio

– bom... – vejo ele passar as mãos no cabelo pensando – normalmente elas só chamam minha atenção pela aparência e de vez em quando desejo – ele fala e eu reviro os olhos – eu espero uma mulher que seja diferente, tipo engraçada naturalmente, com uma risada estranha e engraçada, inteligente, com opinião própria, que não liga para o que os outros falam, que não fique forçando para chamar atenção, que isso seja natural dela, louca igual eu. Porque só um louco não dá certo – ele fala eu solto uma gargalhada alta – jeito de menina e de mulher quando precisa, uma amiga acima de tudo, que me escuta, me entende e me da bronca quando precisar. Que tenha maturidade, não para tudo, pelo menos para o básico, o resto eu a ajudo, ela pode me deixar á ponto de explodir se souber desarmar a bomba e aguentar minha chatice a falta de maturidade algumas vezes.

– acho que você roubou alguma obra do Shaskepeare – digo e ele ri alto – sério cara. E então, o que acha que ela vai despertar em você quando você á ver?

– bom, acho que ela vai me deixar mais irritado que tudo – ele fala e meu coração esta prestes á parar de bater – e me despertar coisas que no momento não vou saber decifrar, acho que é isso

– se você quer mesmo essa garota – digo com a voz custando á sair da garganta – você deveria parar de pegar todas, ela pode ficar insegura em relação á isso

– obrigado pelo conselho, e você – ele me observa com curiosidade – o que espera de um homem?

– que ele seja fiel, me ame muito, e que enfrente toda e qualquer dificuldade, por mais difícil que seja e não me abandone , nem que isso nos leve ao inferno – digo corando – acho que tenho que parar de ler livro com anjos

– é só isso mesmo que quer em um homem? – ele diz rindo

– sim, e ainda acho que é pedir demais – digo me deitando novamente – só achar um com essas três coisas está difícil, imagina querer mais? – digo para ele lutando para manter os olhos abertos

– você lê livros de romance que tem ficção, e caras – ele faz aspas com as mãos – perfeitos e mesmo assim consegue ser realista com o que quer

– não vivo um conto de fadas – reviro os olhos – você tem que voltar para universidade, duvido que consiga um hotel esta hora – olho para o relógio, quase meia noite

– quantos dias vai ficar aqui? – ele pergunta, e não responde a minha que tinha feito antes

– acho que três – dou de ombros – você não respondeu minha pergunta

– bom, acho perigoso sair essa hora sabe – ele fala sorrindo

– para mim seria, você não – jogo um travesseiro nele – pega uma coberta no fim do closet e dorme no sofá

– sério, acho que aqui esta mais confortável – ele se aproxima da minha cama

– não ouse, tenho uma faca debaixo do travesseiro – ameaço e ele ri

– okay – ele entra no closet e pega o cobertor – mas se aquele bicho estranho sair dali e pegar você, não me grite – ele sai do quarto dando risada

Não sou mais criança para ter medo do bicho papão, nem Misha tem medo mais. Vou tentar dormir. Me viro de um lado para o outro e nada daquele sono que eu estava sentindo voltar. Viro de barriga para cima e vejo que a porta do closet esta aberta, ele deve ter se esquecido de fechar. Tento não olhar, mas esta impossível. Uma chuva pesada começa cair lá fora, os trovões ainda estão longe, com essa chuva eu acho que consigo dormir.... quer saber? Vou fechar a merda desta porta. Me levanto devagar e percebo que tem algo se movendo lá dentro, aquele pânico volta. Deve só ser coisas da minha cabeça, que se cansa de tentar ver o que esta no escuro e inventa imagens, ainda mais com essa chuva para piorar a situação. Parece que alguém lá em cima esta entediado com minha situação. Quando chego mais perto algo passa na minha frente e um trovão alto estronda lá fora me assustando para valer. Desço as escadas correndo e me deito no sofá que esta de frente para Roger. Normalmente quando isso acontece, eu durmo junto com Misha, ou com a Luce que também é medrosa igual á mim. Mas eu não tenho intimidade para fazer isso com Roger, simplesmente me encolho, porque deixei tudo lá em cima e tento dormir. Ele esta no sofá maior, bom pela altura dele é o certo.

– vem cá – ele me chama e eu me assusto novamente

– na...não esta tudo bem – digo ainda encolhida

– vem logo, para de marra – ele fala se virando para mim erguendo a coberta, eu acabo cedendo e vou me deitar com ele, ele me cobre e envolve pela cintura, fico encolhida ali tentando me aquecer, eu deito a cabeça em seu peito e assim pego no sono.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Ele Foi o Único Que Me Enxergou" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.