Contato escrita por Aleksa


Capítulo 15
Viagem (Yura)




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Capitulo 15 – Viagem (Yura)

 

 

 

A expressão de Alice era tão fácil de ler que chegava a ser engraçado, a mente dela sempre foi tão simples, eu já sabia que ela tinha certas expectativas, francamente? Não ligo...

- Onde estamos indo?

- Pra onde os aviões de Estela ficam, tem um piloto nos esperando lá.

- Nossa... – ela disse com a expressão de alguém que nunca tinha vivido nada assim.

- O chalé é enorme, tente não se perder. – eu acrescentei sabendo como o seu senso de direção podia ser ruim quando ela estava empolgada.

- Não posso prometer nada... – ela disse como eu esperava, ela não mentia pra mim.

- Eu te dou um GPS de presente. – constatei.

Ela começou a rir, ao que parece isso havia soado como uma brincadeira...

Chegando ao hangar eu vi os olhos de Alice brilhando diante dos muitos aparelhos aéreos e carros de Estela, ela era tão fácil de satisfazer...

- Qual deles? – ela disse olhando ao redor.

- Aquele. – respondi apontado para um jatinho prateado com desenhos vermelhos.

- Que lindo!

- Vamos? – cortei, não dando muita atenção.

- Vamos. – ela disse alegre.

Dentro do avião, havia bastante espaço, o tanque era muito grande, já que não haveriam escalas, e haviam camas pois demoraríamos a chegar.

- Nossa. – Alice disse animadíssima.

Estava morrendo de tédio, e em breve eu iria dormir, Alice que não me provocasse, ou ela se segurasse a barra, mas, como eu teria bastante tempo pra isso em Aspen, decidi deixar passar.

- Vou dormir.

- Já?

- É. Se não me dê um bom motivo pra não ir...

Ela ficou em silencio, melhor assim, eu estava realmente cansado, todas essas provas tinham acabado com a minha paciência, eu precisava dormir...

- Yura... – ela disse um pouco incerta.

- Hum? – eu disse me deitando e olhando pra ela.

- Posso dormir com você? – ela ia corar com certeza, e eu adoro, então...

- Se você quiser dormir, não.

- Ah... – ela disse corando como eu pensei que seria.

- Boa noite Alice.

- Boa noite Yura...

Eu já estava com dor de cabeça, não estava mais com paciência pra conversar, e com isso eu fui dormir.

Quando acordei Alice estava deitada ao meu lado, ela era insistente de mais, mas eu avisei, se ela quer brincar comigo, que seja...

Soprei seu nome suavemente em seus ouvidos e a senti estremecer, acordando.

- Yura...?

- O que foi que eu disse?

- Eu sei só que...

Eu a interrompi dizendo:

- Shh. Não me importa, eu avisei, não avisei?

- Eu...

Eu adorava silencia-la no meio do raciocínio, beijando-a da forma que sempre fazia, eu a senti derreter nos meus braços, não era difícil faze-la perder o foco, seus olhos se perderam, e ela me abraçou.

- Yura eu... – ela disse afastando-me dela e minha língua de sua boca.

Suas mãos já estavam geladas, eu sabia que ela me queria também, eu não saberia com tanta clareza nem se ela dissesse, os olhos dela são assustadoramente fáceis de ler...

- Sim? – eu disse indiferente.

Quando eu a faria minha não importava, ela já era mentalmente dependente do meu corpo, o tempo de espera era totalmente irrelevante, só mudava a agressividade com que eu a tomaria pra mim quando eu a tivesse novamente, afinal o meu desejo é acumulativo, que eu tenha contado, já tinham umas três ou quatro vezes em que ela me parava ou algo interrompia.  

- Não fico bem fazendo isso com o piloto aqui...

- Que seja, só saia da minha cama, por favor. – eu disse tão indiferente quanto antes.

Como eu havia dito não ligo pra datas, quanto mais o tempo passasse pior seria pra ela no final. Não faço o tipo que pega leve...

- Está zangado? - ela perguntou apreensiva que depois eu fosse evitá-la ou algo assim.

- Não. – disse sem pensar muito.

- Hum... – ela não parecia ter acreditado em mim.

- Relaxe. – eu disse tirando o cabelo bagunçado de seu rosto e sorrindo.

Ela não disse mais nada, mas parecia mais calma, não estava com uma noção muito clara de onde estávamos, estão me levantei e fui falar com o piloto.

- Yura.

- Hum? – eu disse distraído.

- Aonde vai?

- Falar com o piloto, quero saber onde estamos.

- Ah. Certo. – ela disse sorrindo.

Mas pra onde eu poderia ir dentro de um avião? Sua perguntas eram sem nexo, mas eu não me importo com detalhes, apesar de notar a todos...

- Ainda vai demorar pra chegarmos? – perguntei ao piloto mascarando a expressão como sempre.

- Não, eu diria que estaremos lá em umas duas horas.

- Certo. Obrigado. – disse sorrindo amigavelmente.

Agora eu só precisaria esperar por mais duas horas antes de me enclausurar naquele chalé durante a maior parte das minhas férias, o que era ótimo, adoro me isolar em lugares sem ninguém, aquele patético teatro de fofura se tornava desnecessário.

Decidi que estava com fome, eu iria fazer alguma coisa, de alguma forma o avião tinha cozinha, e, particularmente, eu queria alguma coisa doce, quente e alcoólica...

- Yura. – Alice disse sentada em uma das cadeiras. – Ainda falta muito pra chegarmos?

- Não, mais umas duas horas... Por que está tão ansiosa assim pra ficar sozinha comigo? – sorri, maldoso.

Essa espécie de comentário é uma das coisas que eu adoro, principalmente por que depois ela tenta se explicar, sou muito maldoso, e é inevitável que eu a faça sentir assim. Até por que, se ela entende o contexto das minhas perguntas, a mente dela é tão suja quanto a minha, mas claro que ela nunca admitiria...

- N-não é isso! É que não gosto de aviões...

- Se você diz.

Eu caminhei até a “cozinha” do avião e procurei algo como um licor, depois decidi inventar algo com chocolate creme de leite e morangos, eu estava precisando de algo doce.

- Vamos flambar isso aqui... – eu conclui, sempre me dei bem na cozinha, e adoro criar coisas inusitadas e misturas estranhas, que, sempre acabam bem.

- Flambar?! – Alice disse apreensiva.

- Isso. Não gosta?

- Você pode se queimar, queimar o avião! – ela disse um tanto afoita.

- Relaxe, prometo não incendiar nada.

- Você tem certeza?

- Tenho, agora sente-se ai e fiquei quietinha...

Não estava com muita paciência pra inventar de mais, piquei todas as coisas, derreti o chocolate, e flambei os morangos com licor, nem sei se deve-se flambar alguma coisa com licor, mas que seja.

Quando eu terminei estava cheiroso e ainda alcoólico... Perfeito.

- Cheiroso. – Alice disse um pouco flutuante.

- Eu disse que não incendiaria nada. – eu disse irônico.

- Meu herói. – ela disse concordando.

- Vamos pousar. – o piloto gritou da cabine.

Durante o tempo de pousar terminei o doce, e fui pegar minha bagagem, realmente se isso demorasse mais eu iria morrer de tédio...


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