I'll be Here escrita por noelleoe


Capítulo 4
A atrasada fica!




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" Eu tenho sensibilidade
Com a tristeza das pessoas
Percebo muito fácil "
Mãe, essas foram suas palavras
Como você não percebe
A angústia que me sufoca?
Sua filha morre a cada dia
Você me vê, mãe?
Me forço a acreditar que não
Ao que parece, mãe
Você enxerga e não se importa
Me vê sangrar e tapa os olhos
Prefiro acreditar que não vê
Mãe... Você se importa?
Desabo em sua frente
Me afogo em lágrimas
E você... Mãe
Você se importa?

— Lu. A

 

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"Manifestações de sentimentos não são valorizados"

Era oque estava escrito no teto do refeitório naquela manhã.

Ao contrário de tudo ao redor, essa frase não possui uma aparecia antiga, mas também não tão nova.

Como pode um ser humano escrever isso no teto de um lugar frequentado por crianças?

Penso em oque levou alguém a escrever isso... Talvez, alguma criança com saudade de casa, ou apenas querendo fugir daqui.

Fito minhas roupas.

Quando fomos acordadas, nos deparamos com mudas de roupas no pé da cama. Acredito que todas as roupas sejam doadas, já que são muitas.

— Quem vai ficar hoje? - a voz calma e reconhecida me desperta de meus desvaneios.

Como assim? - sussuro para Alex, que se encontrava ao meu lado no banco.

— Não faço ideia.

— Não tivemos problemas essa manhã, irmã Maura. - diz uma senhora idosa com vestes de freira e pele enrugada.

— Tem certeza? Ninguém demorou para levantar ou algo do tipo? - Maura não à olhava, apenas olhava ao redor.

— Não, só o mesmo de sempre.

— Bem, então quem ficará?

— Eu não acho necessário nenhuma das crianças ficar. Eu posso fazer tudo..

— Não! - Maura interrompe - Você sabe as regras, não?

— Sim, irmã Maura.

— Então poupe-me de suas opiniões fúteis. - nesse momento todos os ruídos do salão se tornaram cochichos. - Quietos!

Observo a freira idosa sumir no silêncio.

— Já que todos estão bem acordados, vou ditar as regras para as novas crianças. Prestem bastante atenção pois eu não irei repetir novamente.
" Como todos viram alí em cima - Maura disse apontando para o teto com seu indicador -, manifestações de sentimentos não serão, em hipótese alguma, valorizados. Ou seja, não tentem chorar ou gritar, vocês voltarão para casa apenas nos finais de semana. Isso se os seus pais não os abandonarem aqui.
Se por acaso isso acontecer, vocês só poderão ficar aqui até chegarem aos dezoito anos, e depois ou encontre uma casa e um emprego ou more na rua.
Condutas rebeldes não são toleradas! Se houver qualquer conflito, castigo imediatamente.
O ato sexual é totalmente inadmissível. Qualquer contato com o sexo oposto acarretará em expulsão imediata. - Maura caminhava de um lado para o outro no grande salão - Em todos os cantos do castelo tem quadros com imagens de santos, vocês podem rezar quando quiserem. Porém, se alguém for pego depois das nove da noite em qualquer lugar, já sabem o que acontecerá. - sinto um súbito calafrio e logo me recomponho. - Bem, eu acho que isso é tudo. Alguém tem alguma dúvida? Ótimo!" - ela diz sem esperar um resposta. - A atrasada fica!

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— Acabou? - eu pergunto após lavar a última panela que tinha na imensa pia à minha frente.

— É oque parece. - sussurra a pequena idosa concentrada em cortar as cenouras.

— Já terminou? - diz Maura invadindo a cozinha sem aviso prévio.

— Sim, irmã Maura - diz a senhora.

— Ótimo. Agora você vai esfregar o chão do corredor.

— O quê? Não. Eu não posso. Minhas mãos estão doendo muito. - digo sentindo meus olhos lacrimejarem.

— Emma, Emma. Existe uma coisa que você precisa aprender. - Diz Maura se abaixando e ficando de frente à mim. Seus olhos azuis cravaram nos meus de uma forma amedrontadora - Eu não sei oque você passava em sua casa, mas aqui é bem diferente. Aqui vamos te ensinar a ser bem disciplinada, e a ter respeito e boa postura perante a sociedade. E se eu estou falando que você vai esfregar o chão, você vai esfregar o chão, e não importa como estão as suas mãos.

Escravidão.

Esse é o nome do que fazem conosco.

Eu sinto raiva. Um mesclado de raiva e ódio. E esse sentimento me dá vontade de chorar.

Eu só quero correr.

Correr para o mais longe possível.

Fugir de tudo isso.

Eu quero fugir.

— Você me entendeu, Emma?

Mas minhas malditas pernas são curtas.

Eu odeio.

Ah, como eu odeio.

— Sim.


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